quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Comentando Thor: O Mundo Sombrio (Thor The Dark World, 2013)


Antes que a coisa acabe como com The Wolverine, que eu nunca resenhei, melhor fazer o texto sobre o segundo filme de Thor.  Aliás, não fiz antes, porque meu tempo está bem curto, apertado, nem sempre consigo sentar no computador e me concentrar para escrever coisas mais longas.  Sim, são as tribulações da maternidade, especialmente quando se tenta assumir a carga sozinha.  Enfim, assisti Thor: The Dark World no CineMaterna na terça passada e comentei aqui das peculiaridades da sessão. Isso, de certa forma, atrapalha um pouco a forma como você apreende o filme, para piorar, estava tão cansada que dei uns cochilos na seqüência que protagonizada pela Rene Russo, que faz a mãe do Deus do Trovão.  Daí, me perdoem se me escapar alguma coisa.  Mas vamos ao resumo rápido:  

O filme tem como centro da ação a tentativa de Thor (Chris Hemsworth), ajudado pela Dr.ª Jane Foster (Natalie Portman) e outros aliados de impedir que o elfo negro Malekith (Christopher Eccleston) possa utilizar uma arma poderosíssima chamada Éter para destruir o universo (*sim, todos os nove mundos*).  Esse super vilão havia sido previamente derrotado em uma era remota pelo pai de Odin (Anthony Hopkins), Bor, que havia selado o Éter.  Toda a raça dos elfos negros tinha sido massacrada, salvo por poucos exemplares, um deles o próprio Malekith.  A ação do filme se passa cronologicamente depois do primeiro filme dos Vingadores e cerca de dois anos após o primeiro Thor.  



Nesse ínterim, a Jane sofre por não ter notícias de Thor e o deus – que não é deus nesses filmes – a observa de Äsgard quando volta ao lar entre uma aventura e outra para restaurar a paz e o equilíbrio nos nove mundos.  As passagens entre eles estão instáveis por conta de um raro fenômeno de confluência, que é estudado por Jane, sua antiga estagiária Darcy Lewis (Kat Dennings) e o Dr. Erik Selvig (Stellan Skarsgård), que tinha sido alvo dos poderes de Loki no filme dos Vingadores. 

Enquanto isso, Loki foi encarcerado por Odin e uma cela de segurança máxima e deixado quase incomunicável.  O pai dos deuses deseja que Thor assuma o trono, conforme o planejado, mas ele reluta.  Um belo dia, Heimdall (Idris Elba), que guarda os portões de Äsgard e observa os nove mundos, avisa o herói que Jane está desaparecida.   A cientista corria perigo, pois em um dos esgarçamentos do espaço-tempo causados pela confluência, havia encontrado e sido possuída pelo éter.  Thor a encontra e leva para Äsgard, mas Malekith, que se preparara por um período grande demais para ser contabilizado, ataca tentando se apossar dela.  



A situação se torna insustentável com a aproximação da confluência, o risco de vida que Jane corre e os danos causados por Malekith.  Thor precisa ir até o Mundo dos Elfos enquanto há tempo, mesmo contra a vontade de seu pai e tendo que recorrer à ajuda de seu irmão, Loki (Tom Hiddleston).  Ainda assim, nada garante que Malekith será derrotado e o universo poderá ser salvos caso ele se aposse do Éter.

Acho que poucas vezes fiz um resumo tão capenga... enfim, queria evitar dar muitos spoilers, de qualquer forma, como de costume, o texto deve ficar carregado deles.  No geral, gostei do filme tanto quanto do primeiro.  A vantagem de um filme dois é não precisar apresentar personagens.  Salvo para quem vive fora do mundo do cinema e dos quadrinhos, todas as personagens, mesmo as secundárias e terciárias, já eram devidamente conhecidas.  



A tal trama de destruição total, algo que sempre me parece sem sentido se pensarmos no que o vilão ganha com isso, dá para o gasto, mas não consegue ser convincente.  Malekith acaba sendo derrotado de forma muito tranqüila, deixando a desejar como super vilão.  Porque, bem, o super arquirrival do herói era e continua sendo Loki, ainda que, neste filme, ele possa ser um aliado de ocasião.  De resto, eu gosto de histórias que trabalhem com o esgarçamento do espaço-tempo e essa possibilidade de transpor mundos.  A questão poderia ser melhor desenvolvida e escapado das piadinhas, mas conseguiu convencer.

Um dos pecados do filme, ainda que não tenha estragado o prazer de assisti-lo, foi o excesso de piadinhas.  Tudo era motivo para tentar encaixar uma gracinha.  No primeiro filme, essa parte ficava meio que a cargo de Darcy, mas em O Mundo Sombrio a tentativa de produzir o riso vem de todos os lados.  Jane, por exemplo, dá tapa na cara de Thor, por sumir dois anos, e, depois, na cara de Loki, pelo que ele fez com Nova York. Jane não era uma personagem cômica ou dada a criar situações de humor, nem o próprio Loki era excessivamente piadista.  Já a personagem de Stellan Skarsgård faz sua primeira aparição em surto dançando pelado em Stonehenge... Vai para o hospício e lá temos a participação de Stan Lee, que sempre marca presença nos filmes da Marvel.  Algumas piadas funcionam, a maioria é somente razoável, faltou equilíbrio neste aspecto.  Acredito que somente Odin,  Frigga (Rene Russo) e Heimdall se salvaram das piadinhas... Se bem que nem estou muito certa quanto ao último...


Quando vamos para o desempenho dos atores, bem, Chris Hemsworth continua dando conta de Thor.  E há fanservice à vontade, com uma cena de Hemsworth que teve função zero salvo fazer a gente arregalar os olhinhos e suspirar. Imagino que muito sujeito inseguro deva ter se incomodado... Natalie Portman continua funcionando como Jane, mas é um papel muito aquém das suas capacidades.  Convém aqui pontuar que o romance das duas personagens não comove nem mobiliza, eu até acredito que exista, mas não consegue ser central para a trama.  Anthony Hopkins é sempre impressionante como Odin, encarnado toda a majestade que a personagem pede.  Rene Russo foi melhor aproveitada, assim como Jaimie Alexander, sua Sif teve falas e presença mais relevante.  Idris Elba continuou bem, ainda que não tenhatido que fazer grande coisa no filme.  O excelente Stellan Skarsgård, Kat Dennings e o estagiário ficaram meio que confinados às situações de humor. E teve o Tom Hiddleston...

Hiddlestone e seu carisma conseguem dar à Loki um peso maior do que ele tem na história.  O ator brilha e consegue mostrar tanto o lado debochado e traiçoeiro, quanto o sofrimento real da personagem quando da perda da mãe, porque o único vínculo afetivo maior de Loki no filme é com Frigga, mesmo que ele tente negar isso.  Sem Hiddlestone, os filmes de Thor não teriam graça e se quisessem fazer um filme solo dele, coisa que não acho muito viável, acredito que os fãs do ator garantiriam o lucro.  



Mesmo o protagonista, Chris Hemsworth, rende melhor nas seqüências com Hiddlestone e as cenas de Loki e Thor no filme, os diálogos, e a batalha contra Malekith foram a melhor parte do filme para mim.  E, ao final do filme, a coisa fica em aberto, com Loki virando a mesa em cima de todo mundo... Pezinho para o fechamento da trilogia.  Uma coisa curiosa no filme, e que caiu muito bem, foram os privilégios de Loki na prisão.  Mesmo isolado, deserdado e rejeitado pelo pai, ele recebe uma celinha 5 estrelas.  Compare com as condições dos outros presos.  Ou seja, papai continuava gostando dele, ou mamãe tinha mexido os pauzinhos para garantir conforto ao filho traiçoeiro.

De resto, o filme cumpre a Bechdel Rule. Temos quatro personagens femininas com nomes (Jane, Darcy, Frigga e Sif), Jane e Darcy conversam entre si e não somente de Thor, eçlas conversam sobre ciência.  O filme também acerta ao mostrar mulheres cientistas, algo raro, competentes e, bem, com senso de humor. Já em Äsgard são mulheres – ainda que eu ache que não tenham falado seus nomes – que aparecem examinando Jane.  Não se sabe se são médicas ou outro tipo de cientistas, mas passavam a imagem de competência.  Frigga e Sif mostraram, também, o caráter guerreiro das mulheres.  A participação maior das duas personagens foi muito bem-vinda.  


Thor: O Mundo Sombrio continua sendo um filme majoritariamente masculino, mas marcou mais pontos que outros filmes da Marvel em questão de representatividade feminina.  A Marvel e Natalie Portman lançaram inclusive um concurso para incentivarem as meninas do Junior High e High School a mostrarem seu interesse por ciências.  A pergunta chave era “Você tem as características necessárias para ser a próxima Jane Foster?”.  E não se trata neste caso de se tornar a namoradinha do herói.  Foi uma grande bola dentro da Marvel.

É isso.  Filmes da Marvel não vão mudar a sua vida, mas são legais e divertidos.  Thor pontua alto por reunir um elenco de grandes atores e atrizes que se mostram competentes ao encarnar personagens que poderiam se tornar esquecíveis.  Aguardo ansiosamente o próximo filme dos Vingadores e o terceiro filme de Thor, que deve fechar o ciclo da personagem.  Enfim, o saldo geral do filme foi positivo e rever Tom Hiddleston em seu papel de Loki é sempre um prazer. :)

2 pessoas comentaram:

Ótima crítica ;)
Eu li outras e o pessoal gostou das piadas. Em um site eles disseram que nos quadrinhos é assim. Eu não li os quadrinhos então sei. Mas não achei ruim e ri um bocado naquela parte que o Loki imita a aparência do Capitão América. Com certeza o Loki é o melhor do filme. É engraçado como a gente acaba torcendo por ele mesmo sabendo que ele não tem as melhores intenções.

Bianca, eu não sou leitor assíduo, mas acompanho esporadicamente os quadrinhos da Marvel. Às vezes até tem algum humor, dependendo do autor ou do personagem, mas não me lembro de nenhuma aventura do Thor nos quadrinhos que tivesse o mesmo estilo "metralhadora de piadas" que usaram no filme.
Mas esse parece ser o estilo dos filmes da Marvel: tudo leve e divertido, cinemão pipoca mesmo, sem vergonha de se assumir.

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