terça-feira, 2 de maio de 2017

Comentando Os Guardiões da Galáxia vol. 2 (Guardians of the Galaxy Vol. 2, 2017)


Quinta-feira assisti Os Guardiões da Galáxia vol.2 (Guardians of the Galaxy Vol. 2) e não resenhei ainda.  Motivo?  Muito trabalho (*feriado, tenho Júlia para mim*) e distrações, como três volumes de mangá e três episódios de The HandMaid’s Tale que terminei de assistir.  Enfim, mas antes que minha memória comece a faltar, digo que o novo filme da Marvel é muito divertido e que se eu tivesse tempo, assistiria de novo, manteve o nível do primeiro e não me decepcionou.  Foi bom rever as personagens e, ainda que o miolo da trama não seja nada criativo, saí plenamente satisfeita.  O filme, em linhas gerais, é sobre família, de sangue e eletiva, sobre como as pessoas que amamos e nos amam, seja lá de qual forma for, são importantes em nossa vida.  E tem o baby Groot, se você ainda não se convenceu a dar uma olhadinha.  

A história começa na Terra, em 1980, com uma mulher e um homem namorando, o sujeito mostra uma planta muito especial que parece vinda de outro planeta ou dimensão, corta a cena.  Peter Quill (Chris Pratt), Gamora (Zoe Saldana), Drax (Dave Bautista), Rocket (Bradley Cooper) e Baby Groot (Vin Diesel) são Os Guardiões da Galáxia.  No início do filme, eles estão bem ocupados, foram contratados por uma raça muito avançada, os Soberanos, para defender suas baterias (*sei-lá-de-quê*) de um monstro de outra dimensão que queria roubá-las.  Vencido o monstro, em uma sequência bem legal e com muita música, marca do filme, eles recebem a irmã de criação de Gamora, Nebula (Karen Gillan), como pagamento.  Eles pretendem entrega-la aos Kree e receber compensação por isso.  Tudo muito bom, tudo muito bem, mas Rocket, por força do hábito, rouba algumas baterias miniatura dos Soberanos e eles passam a ser perseguidos.


Soberanos.
Na fuga, a nave dos Guardiões sofre pesadas avarias e eles ficam presos em um planeta.  Lá, são contatados por Ego (Kurt Russell), um Celestial, que se diz pai de Quill.  O rapaz não quer segui-lo até seu planeta, mas acaba ouvindo Gamora. Eles deixam Rocket com Baby Groot consertando a nave e seguem para o planeta que tem o mesmo nome do sujeito, Ego.  Enquanto isso, Yondu Udonta (Michael Rooker) recebe uma visita de seus antigos companheiros, que o baniram por fazer tráfico de crianças, e é contratado por Ayesha (Elizabeth Debicki), sacerdotisa suprema dos Soberanos, para caçar e capturar os Guardiões.  A partir daí, a história segue e terminamos por descobrir que, nem o pai de Quill é esse doce todo, nem Yondu é tão mau assim, e que família é quem a gente ama e ama a gente.

Ótimos efeitos visuais, piadas que realmente fazem rir, a despeito de serem mais pesadas que a média, uma trilha sonora carregada de sucessos dos anos 1980 e presença de astros dessa década fazendo preciosas pontas, caso de Sylvester Stallone e David Hasselhoff.  Eu não me divertia tanto com um filme da Marvel desde... desde... O primeiro Os Vingadores e, claro, o próprio Guardiões da Galáxia!  As personagens, quando tem tempo em tela, se mostram mais complexas do que a média.  Nada dos bonzinhos e mauzinhos tradicionais, tampouco, o filme mergulha na vertente de vender que heróis contemporâneos são sempre anti-heróis.  Todos têm falhas, mas, também, têm virtudes.  O melhor caso é o de Yondu Udonta, o mercenário, bandido perigoso que, bem, tem lá dentro um coração.


Papai lhe ama!
Confesso que a trama do Celestial, um super ser que toma forma humana e sai procriando pelo universo e, depois, decide recolher seus filhos para testar qual deles herdou seus poderes, é um tanto chatinha, mas o entorno da trama, a interação das personagens, a gracinha da Mantis (Pom Klementieff), tudo isso ameniza as situações clichê.  Na verdade, Ego não é quem parece ser e, sim, Quill, o Star Lord, herdou os poderes do pai.  A maior descoberta é saber o que Ego fez com os filhos “defeituosos” e o motivo de estar tão interessado em Quill.  Acabou spoilers.  Agora, será que Quill realmente precisa de um pai como ele?

Outra discussão do filme, que nunca se afasta do tema família, é o confronto e acertar de contas das irmãs Nebula e Gamora.  A primeira guarda rancor em relação à heroína, porque a cada derrota – e foram mutias – seu pai, Thanos, lhe impunha um implante cibernético.  Aqui, também, temos a discussão do verdadeiro sentido de família. Fora isso, Gamora confronta Quill sobre o tema, “pensei que nós éramos uma família”, só que, nesse caso, a moça costuma recuar quando se trata de discutir a relação dos dois.  “Umas pessoas, dançam, outras, não”, é o que diz Drax. Os que dançam, para ele, são idiotas, como Quill.


Por causa do Rocket, Júlia achou que era filme para criança.
Paralela a trama do planeta Ego, temos Yondu enfrentando um motim e tendo que se aliar à Rocket e Baby Groot.  Há cenas violentas, como os mercenários fiéis à Yondu atirados para morte, baby Groot sendo torturado, e cenas divertidas para equilibrar.  Rocket não se intimida nem quando seu pescoço está em risco e não perde uma piada.  Já Baby Groot só não é eliminado pelos amotinados, porque, bem, “ele é fofinho demais para ser morto”.  É exatamente esse fofinho que consegue ajudar Yondu e Rocket.  Sem ambos, Quill, Drax e Gamora estariam ferrados.

Não vou comentar mais detalhes da trama do Celestial, porque vou dar muitos spoilers mesmo.  Seria inevitável, mas, por outro lado, não vejo necessidade de grandes discussões sobre ela.  A questão básica nessa trama é “será que um pai biológico é sempre melhor que um pai adotivo?”.  Fora a velha situação provocada pelo poder absoluto, Ego, e o nome não é esse à toa, é incapaz de não se sentir muito superior aos meros mortais.  Ele é egoísta e cruel por trás de um sorriso cativante.


Yondu não é tão mau assim, quer dizer, é,sim.
Continuando, achei bem interessante a caracterização dos Soberanos, a raça superior, muito avançada, que se reproduz sem contato sexual.  Quill estava doidinho para prestar uma assessoria para a sacerdotisa nesse aspecto.  E essa piada já é um eco da questão de Ego com sua parceira humana, a mãe de Quill.  Já a relação de Mantis com Drax é muito engraçada.  Para o grandalhão, Mantis seria feia por fora e linda por dentro.  Assim como a cena em que a empata – ela pode ler sentimentos – tenta ler Gamora e é ameaçada de morte.

O filme cumpre a Bechdel Rule?  Um... Temos várias personagens femininas com nomes, algumas delas conversam entre si.  Nebula e Gamora, Ayesha e Gamora, Mantis e Gamora... Agora, eu realmente não saberia dizer se o assunto não seria um homem.  Agora, todas as personagens femininas com nomes são interessantes e, salvo por Mantis, nenhuma é passiva.  Ainda assim, é Mantis, tratada por Ego como um bicho de estimação, que conta o segredo do Celestial para os Guardiões, ou seja, ela é capaz de pensar por si mesma e reagir.  A mãe de Quill, Meredith, mal tem tempo em tela e é a personagem feminina frágil, por assim dizer, anda que tenha papel indireto no desenvolvimento da trama e no desenlace do filme.  Coisa interessante, há tantas mulheres piloto quanto homens entre os Soberanos, mas todos os mercenários de Yondu parecem ser homens.  E, bem, eles aparecem mais e têm falas.  Enfim, mesmo sem cumprir a Bechdel, mesmo com uma maioria de personagens masculinas, Guardiões da Galáxia pontua alto equidade de gênero.


Muito fofo para matar.
E é isso.  Se puderem, assistam Os Guardiões da Galáxia.  É muito divertido, é despretensioso, tem uma mensagem positiva sobre valores familiares, e tem uma trilha sonora fantástica.  Fora isso, o Chris Pratt está lindo, não lembrava que ele era tão interessante do outro filme, e tem Baby Groot, que em uma cena pós-créditos, são cinco ao todo, já aparece adolescente e problemático.  Mal posso esperar pelo terceiro filme.


1 pessoas comentaram:

Quando vi o diálogo das irmãs, lembrei do teste bechdel e apesar das discussões delas serem interessantes e terem ajudado elas a ficarem mais próximas (ou talvez um pouco unidas) elas falavam muito do pai que as torturavam obrigando elas a competirem entre si, e o pai (mesmo sendo falado de forma crítica pela maneira como as tratava) é uma figura masculina, quer dizer, levando ao pé da letra eram duas mulheres falando de um homem, então talvez não passaria no teste.

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