Fumiyo Kouno é conhecida no Brasil pelo mangá Hiroshima, a Cidade da Calmaria ( 夕凪の街 桜の国/Yuunagi no Machi, Sakura no Kuni) publicado pela JBC. especializada em mangás slice of life históricos e profundamente humanos, ela alcançou fama mundial com a adaptação para animação de Kono Sekai no Katasumi ni (この世界の片隅に), que, assim como Hiroshima, trata do dia-a-dia de pessoas comuns durante a 2ª Guerra Mundial. Recomendadíssimo, claro.
Agora, a mangá-ka publicou uma biografia de Lise Meitner (1878-1968), física nuclear, precursora das pesquisas que resultaram na bomba atômica, judia de família austríaca, que fugiu para a Suécia para não ser morta no Holocausto. Ela foi a primeira mulher a conseguir licenciatura plena em física em uma universidade alemã, mas perdeu seu posto em 1935 com as Leis de Nuremberg. Enfim, segundo o Comic Natalie, o mangá sobre a cientista intitulado Lise to Genshi no Mori (リーゼと原子の森). Genshi no Mori é algo como floresta de átomos, ou floresta atômica. Se entendi bem, trata-se de uma história fechada (one-shot) publicada na revista Comic Zenon.
Meitner é um dos casos de cientistas preteridas pelo prêmio Nobel, porque apesar de ter desenvolvido as pesquisas sobre fissão nuclear junto com os cientistas Otto Robert Frisch e Otto Hahn, somente este último foi agraciado com o Nobel de Química em 1944. Meitner reconheceu o talento do colega, mas criticou o fato de Frisch e ela terem sido ignorados. A cientista também foi crítica aos colegas que permaneceram na Alemanha e trabalharam com os nazistas, caso de Hahn, o que deve ter pesado contra ela, obviamente, porque muitos cientistas nazistas continuaram a vida como se nada tivessem a ver com isso. inclusive gente que colaborou ativamente com o Holocausto, o que não deve ter sido o caso de Hahn.
Meitner recebeu vários prêmios em vida, mas não o nobel. Em 1990, os registros do comitê que concedeu o prêmio para Hahn foram abertos e provocaram indignação em vários cientistas e jornalistas que consideraram injustas as avaliações. O termo correto deve ser machista, ou até misógino, e, por essas e outras, é que gente,homens, normalmente (*como esse macho escroto aqui*), vem de cara dura dizer que as mulheres em nada contribuíram para o desenvolvimento da ciência. Os homens apagam as mulheres, obstruem seu aprendizado e carreira, depois, dizem que elas nada fizeram. Enfim, a cientista recebeu vários prêmios póstumos, e teve um elemento químico batizado com sue nome em 1992.
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