segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Desafio dos Filmes: Explicando o meu "15 Filmes em 15 Dias" - Parte 1/3


Houve uma brincadeira no Facebook na qual as pessoas teriam que listar 15 filmes que marcaram a sua vida.  Enfim, 15 é muito pouco, mas eu participei e fiz a minha lista.  A gente não podia postar o nome e, bem, houve dias que ninguém descobriu qual o filme que eu tinha colocado. Por conta disso, pensei que daria um bom post para o blog a explicação do motivo pelo qual tais filmes me marcaram.  Sugeriria todos os filmes, claro, ainda que um deles eu tenha assistido muito tempo atrás e precise rever.  Aliás, eu vou tentar fazê-lo nas férias, porque baixei o filme e trouxe para as férias.  Sempre  que tiver resenha, ou post sobre o filme no blog, eu irei colocar o link.

Kirk Douglas em um de seus grandes papéis.
Dia 1  Glória Feita de Sangue (Paths of Glory1957)  – Direção: Stanley Kurick –  88 minutos. 

- "Em 1916, durante a Primeira Guerra Mundial, Mireau (George Meeker), um general francês, ordena um ataque suicida e como nem todos os seus soldados puderam se lançar ao ataque ele exige que sua artilharia ataque as próprias trincheiras. Mas não é obedecido neste pedido absurdo, então resolve pedir o julgamento e a execução de todo o regimento por se comportar covardemente no campo de batalha e assim justificar o fracasso de sua estratégia militar. Depois concorda que sejam cem soldados e finalmente é decido que três soldados serão escolhidos para servirem de exemplo, mas o coronel Dax (Kirk Douglas) não concorda e decide interceder de todas as formas para tentar suspender esta insana decisão." (*Adoro Cinema*)

Morrer para que um General disfarçasse
 sua incompetência e falta de compaixão.
- Acho que vi Glória Feita de Sangue duas vezes,a última mais de 25 anos atrás.  Gravei da Globo de madrugada. Era época do VHS e a gente deixava programado. Assisti com meu irmão.  O grande destaque do filme, a atuação de Kirk Douglas, que ainda vive com seus 102 anos, e toda a discussão sobre honra e como as vaidades dos generais valem mais do que a vida dos soldados.  A I Guerra Mundial, cujo fim completou 100 anos este ano, é notável pela carnificina, pela forma insensível como foram tratados os soldados.  A II Guerra (1939-1945) matou muito mais, mas a Grande Guerra, como a Primeira foi chamada, matou proporcionalmente mais europeus e mais britânicos e ingleses em termos absolutos.  Mas não se engane, é mais um filme de tribunal, já que esta era a profissão da personagem de Kirk Douglas, que tenta salvar da morte os  soldados que deveriam ser sacrificados no altar da pátria, do que um filme de guerra.

Melodia Interrompida foi um filme importante em sua época.
Dia 2 – Melodia Interrompida (Interrupted Melody, 1955) –  Direção: Curtis Bernhardt – 106 minutos.

- "A história traça a longa e dura estrada de Marjorie Lawrence (Eleanor Parker) da sua infância pobre na Austrália até se tornar uma das grandes cantoras de ópera de sua geração.  Quando estava no auge, ela conhece o médico norte-americano Thomas King (Glenn Ford) e se casa com ele.   Sua carreira chega a uma encruzilhada, uma prima-dona deve viajar pelo mundo, a esposa de um médico de classe média, deve ficar ao seu lado, ser seu suporte. Lawrence tenta se acomodar, cantar localmente, sacrificando parcialmente sua carreira.  Ele, no entanto, cede e ela vai para uma turnê  na América Latina.  Enquanto estava no México, em 1941, Lawrence é acometido de poliomielite, que não apenas termina abruptamente sua carreira, mas a rouba brevemente da vontade de viver.  Seu sonho, ser Isolda na ópera de Vagner parece impossível de ser realizado."

-  Assisti este filme mais de 30 anos atrás e não voltei a revê-lo.  Devia ter 10, ou 11 anos.  Por que este filme me marcou?  Resposta: Tristão e Isolda.  Eu tinha assistido ao anime Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda e estava obcecada por lendas  arturianas. E o filme termina com Marjorie Lawrence (1907-1979) fazendo Isolda em uma montagem adaptada, porque ela não podia se levantar. E Isolda e Tristão morrem no fim!  E não tinha internet e eu queria saber o motivo.  E, no amigo oculto de fim de ano, eu ganhei a adaptação da Coleção Elefante da lenda medieval.  E eu li em duas horas e chorei e chorei e passei a devorar tudo que me caia as mãos e queria ler As Brumas de Avalon,mas demorei alguns anos para ganhar... Bem, bem, foi por causa desse rolo todo que eu acabei indo fazer História e me especializando em medieval.

Cantando para soldados ajudou Lawrence a sobreviver.
- Procurando informação sobre esse filme, acabei descobrindo que ele foi indicado a três prêmios Oscar: Roteiro Original (Ganhou), Atriz e Figurino em cores.  Embora  minha memória esteja falhando,  e eu não revi o filme ainda, estou com ele no pendrive, o machismo que permeava a história me marcou, também.  O marido-médico tem ciúme da esposa, embora ela já fosse muito famosa quando ele a conheceu, ele deseja a cantora somente para si, faz  a concessão para que ela cante localmente, o que, para uma estrela, é quase só se apresentar para os amigos.  Outra coisa  que o incomoda é que ela é rica, ganha mais que ele.  Se é um problema para muitos ainda hoje, pense nos anos 1950... Enfim, e há a tentativa de suicídio, uma cena forte.  Sessão da Tarde era bem mais interessante que hoje em dia... 

Richard Harris,  meu Arthur favorito.
Dia 3 – Camelot (Camelot, 1967) – Direção: Joshua Logan  – 179 minutos.

- Aqui,vocês conhecem a história, trata-se da lenda do Rei Arthur (Richard Harris) com um grande foco em sua esposa Guenevere (Vanessa Redgrave) e seu melhor cavaleiro e amigo, Lancelote (Franco Nero).  É meu musical favorito, tem músicas maravilhosas, mas ele me marcou, porque tem uma sequência centrada em Arthur, quando ele tem que decidir-se  entre agir como rei, isto é, punir o adultério de sua esposa com seu melhor amigo, ou se calar e salvar as duas pessoas  que ele mais ama nesse mundo.  

- Eu tinha assistido antes Excalibur e realmente tinha me enervado a falta de energia, ou de sofrimento do Arthur desse filme.  Richard Harris, não,ele mostra todo o drama de Arthur,seu sofrimento,como ser corno poderia ser menos doído do que perder a companhia das duas pessoas que mais amava.  E  o Lancelote do filme acredita-se invulnerável  e perfeito, a queda dele é doída, também.  Já Guenevere  confunde a  paixão por Lancelote com ciúme do marido e antipatia.  Tenta se livrar dele e acaba caindo em sua cama, por assim dizer.

Franco Nero lindo como Lancelote.
- Mais tarde, descobri que Harris era o único que cantava mesmo. Redgrave e Franco Nero foram dublados.  Descobri, também,graças ao filme Jackie, que era o musical favorito do presidente Kennedy ( "Don't let it be forgot/That once there was a spot/For one brief shining moment/that was known as Camelot."), daí chamarem o período presidencial dele de Camelot.  Eu gostaria de ver o musical, porque há músicas que foram excluídas do filme, tem Morgana e mais de Merlim, mas o filme, que foi indicado para 5 prêmios Oscar, é muito bonito.  E certas analogias podem se aplicar ao Brasil, também, é  um filme muito válido mesmo.

Só descobri por causa da brincadeira que o
 Matthew Goode fazia o companheiro do Colin Firth.
Dia 4 – Direito de Amar (Single Man, 2009) – Direção: Tom Ford  – 100 minutos.

- Finalmente um que eu resenhei e o único que assisti no cinema mesmo.  E segue o meu resumo "o filme se passa em 1962 e conta a história do último dia na vida do professor universitário George Falconer (Colin Firth). O drama de Falconer começou oito meses antes quando recebeu uma ligação avisando que seu companheiro de 16 anos, Jim, havia morrido em um acidente de carro. A ligação, dada furtivamente por um dos primos de Jim, anunciava a desgraça de ser homossexual naquele contexto: os pais do rapaz não queriam que Falconer fosse avisado, ele não era bem-vindo aos funerais e, claro, para o bem da sua imagem pública, ele não poderia expressar o seu luto, pesar e desespero. Invisível na sua dor, Falconer decide que não pode e não quer mais viver e planeja meticulosamente o seu último dia de vida."

Um homem só.  Ser homossexual em uma
sociedade repressiva, violenta e hipócrita não é fácil.
- Para mim, o melhor desempenho de Colin Firth junto com o seu Mr. Darcy e uma das melhores resenhas que eu já escrevi para o Shoujo Café, qualquer coisa que eu escreva aqui não vai se  igualar ao texto original.  É um filme que fala de intolerância, de repressão, de falta de amor ao próximo, da paranoia anti-comunista e, ao mesmo tempo, de como ainda há esperança e como a vida merece ser vivida.  Outro filme que falaria muito para nós nesse momento em que vivemos.  Foi um filme que me fez chorar, mas não durante a projeção,o choro veio 15 minutos depois dele ter acabado. Colin Firth merecia o Oscar por este filme, mas não dariam prêmio de melhor ator para outro papel de homossexual.  No ano anterior, Sean Penn tinha recebido por Milk.  Colin Firth recebeu o Oscar em 2010  pelo Discurso do Rei.  Foi justo?  Sim, mas teria sido mais justo se fosse por George Falconer.  E esse título "Direito de Amar" é um desserviço.


Henrique VIII detestava ser contrariado. 
Thomas Morus o contrariou muito.
Dia 5 – O Homem que Não Vendeu a sua Alma (A Man for All Seasons, 1966) – Direção: Fred Zinnemann  – 120 minutos.

- "Na Inglaterra do século XVI, Henrique VIII (Robert Shaw) planeja se separar de sua primeira esposa para se casar com Ana Bolena (Vanessa Redgrave), mas não recebe a aprovação de Thomas More (Paul Scofield), um fervoroso católico que se tornou Lord Chanceler, um altíssimo posto que ele preferiu renunciar a trair suas convicções. Entretanto, a importância de Sir Thomas é tão grande que mesmo após sua renúncia o rei continua lhe perseguindo. Até que surgem "provas" que o incriminam como alta traição, um crime punido com a morte." (*Adoro Cinema*)

- Quanto vale a sua consciência? Essa é a temática desse filme.  Bastaria que Thomas Morus – autor de A  Utopia e um dos grandes intelectuais de sua época – assinasse um papel admitindo a nulidade do casamento de Henrique VIII e Catarina de Aragão, seu casamento com Ana Bolena e que o rei era o chefe da nova igreja.  Morus não assinou.  Perdeu seu cargo de chanceler.  Perdeu sua paz.  Perdeu sua fortuna.  Perdeu sua liberdade.  Perdeu sua vida, mas não vendeu a sua alma.  Voltaremos a essa mesma ideia em outro dos meus filmes marcantes.  E que interpretação de Paul Scofield! É quase uma peça  filmada, porque é originalmente uma peça. 

Basta assinar o seu nome.  Por  que morrer por tão pouco?
- Eu sempre passava para os meus alunos de História o Cristianismo 2, quando dava aula na faculdade teológica.  Agora, que me mandaram de volta para o primeiro ano do Ensino Médio, poderei sugerir para as turmas quando estivermos falando de reformas religiosas.  Fred Zinnemann dirigiu outro filme que eu gosto muito, Uma Cruz à Beira do Caminho (The Nun's Story) com Audrey Hepburn.  Se fossem 20 filmes, acho que este filme estaria na lista, também.

Como minha conexão está rateando e começou a chover forte por aqui, vou partir esse post em três partes.  Como são 15 filmes,vai ficar certinho.  A maioria das pessoas não conseguia descobrir meus filmes, ainda que bastasse jogar a imagem no Google,então, vale comentar, eu acredito.  E a maioria, eu assisti em casa, não no cinema.  Espero que seja um post divertido de se ler, porque é divertido e trabalhoso de escrever.

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