quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Falei de Sherlock Holmes com uma das minhas turmas hoje... E, sim, foi bem legal!


Faz tempo que não falo de Sherlock Holmes, mas quem frequenta o Shoujo Café há muito tempo, sabe que sou fã da personagem.  Enfim, hoje, falei de Sherlock Holmes em uma das minhas turmas e vários alunos e alunas eram leitores. E é sempre uma delícia descobrir isso, adolescentes fãs de Sherlock Holmes, porque eu comecei a ler os contos da personagem lá com meus 13 anos e por causa do filme O Enigma da Pirâmide.  

Eles e elas me perguntaram quais eram meus contos favoritos (*Um Escândalo na Boêmia, A Ponte de Thor, As cinco Sementes de Laranja, O Vampiro de Sussex*), acabei esquecendo de citar o Pé do Diabo, um dos que eu mais gosto, da Ciclista Solitária e de outros, mas eu estava no final da aula e precisava ir para outra turma.  Mas aproveitei para recomendar Arsène Lupin para eles. É tão divertido quando esse tipo de coisa acontece.

O seriado soviético das aventuras de
Sherlock Holmes é muito bom.
Mas tudo começou "on topic", por assim dizer, eu estava mais uma vez dizendo que estudar História não pode ser como abrir um gaveteiro. Você usa o que tem dentro da gaveta e esquece. Infelizmente, muitos professores devem induzir os alunos e alunas a pensarem desse jeito.  Sempre digo que você precisa navegar como em um computador, clicando nos links, fazendo as pontes e voltando para onde estava. 

E por qual motivo lembrei de Holmes? Porque ele é um mau exemplo nesse caso, ele dizia que fazia questão de esquecer de tudo o que aprendia e não tinha a ver com seu trabalho, porque o cérebro não é um sótão para ficar entulhado.  Procurando a citação completa (*acredito que está no Estudo em Vermelho*), acabei tropeçando em um texto que elogia essa atitude com um "foque no que te faz feliz".  Ser feliz é importante, mas veja a encrenca que é não saber a História do seu próprio país. A passagem de Holmes é essa:

Um Estudo em Vermelho é a estreia do detetive,
mas recomendo começar pelos contos.
"Eu considero que a mente humana é originalmente como um sotão vazio que você usa para estocar mobília de acordo com a sua escolha. Um tolo pega tudo de qualquer coisa, de forma que o conhecimento que poderia ser útil para ele fica amontoado, ou no máximo, misturado a um monte de outras coisas, o que torna difícil que coloque suas mãos nele. Mas o trabalhador hábil é cuidadoso com o que leva para o sotão do cérebro. Ele não terá nada, a não ser as ferramentas que possam ajudá-lo a fazer o seu trabalho, e dessas ele tem uma grande variedade, e todas na mais perfeita ordem.  É um erro pensar que um quarto pequeno tenha paredes elásticas e possa distender-se a qualquer tamanho. Dependendo disto, chega uma hora que para cada adição de conhecimento, você esquece alguma coisa que sabia antes. Isto é de grande importância, ou seja, não ter fatos inúteis acotovelando para fora os úteis."

Mas se quiser um Sherlock Holmes inglês,
procure o seriado da BBC com Jeremy Brett. 
De novo, a questão não é acumular informações, mas ser capaz de fazer as relações corretas.  Saber tudo de tudo é impossível, seria um exercício vão, afinal, o conhecimento é construído o tempo inteiro, mas não se pode, pelo menos em História, ou quando você está se preparando para os exames, achar que as coisas podem ser compartimentadas e esquecidas.  

E como esse papo doido começou?  Falávamos de tratados de limites, mais especificamente dos Tratados de Utrecht e se eles tinham a ver com o Marquês de Pombal.  Expliquei que tinham a ver com a Guerra de Sucessão ao Trono de Espanha e, claro, vi as caras de "De que ela está falando mesmo?".  Enfim, espero que minhas aulas não sejam loucas demais para os meninos e meninas do 1º Ano.

1 pessoas comentaram:

Adorei!!
Lembro que apenas no cursinho, por ser tudo mais rápido e condensado, que tive essa visão de histórias ligadas. Antes era história do Brasil uma coisa, história da Europa, outra.

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