sexta-feira, 18 de junho de 2021

Comentando o resto da 1ª Temporada de A Discovery of Witches: Confirmei que é ruim, mas eu acabei gostando

Domingo comecei a assistir A Discovery of Witches no Globoplay e fiz minha resenha do primeiro capítulo na segunda-feira.  Acho que foi um dos meus recordes assistindo uma temporada de qualquer coisa, talvez, só perca para O Gambito da Rainha.  Mas muito bem, A Discovery of Witches entrou naquela gaveta onde coloco com carinho séries, animes, filmes, livros, que são ruins, mas eu gosto.  Porque A Discovery of Witches tem seus momentos, alguns muito bons, mas o universo apresentado na série, e não vou jogar a culpa na autora dos livros, porque pode se rum caso como True Blood, é muito problemático.  Vou retirar o resumo geral da primeira resenha e trazer para cá, depois, sigo comentando os capítulos.  Teremos spoilers, eles são inevitáveis.

A Discovery of Witches é uma série de fantasia baseada no romance de mesmo nome da trilogia All Souls, escrita por Deborah Harkness. A atriz Teresa Palmer interpreta Diana Bishop, uma historiadora que descobre um manuscrito enfeitiçado, o Ashmole 782, na biblioteca Bodleian, na Universidade de Oxford. Enquanto ela tenta desvendar os segredos que este livro contém sobre criaturas mágicas, ela é forçada a voltar ao mundo da magia, cheio de vampiros, demônios, bruxas e amor proibido. Formando uma aliança improvável com o geneticista e vampiro Matthew Clairmont, interpretado por Matthew Goode, que  ajuda Diana a tentar proteger o livro e resolver os enigmas dentro dele, enquanto ao mesmo tempo evita ameaças das criaturas do mundo mágico.

Vamos começar dizendo que comecei a assistir a série por puro fanservice.  Mathew Goode está lindo, elegante e sexy em A Discovery of Witches.  Depois que descobri através de um vídeo que Diana e Mathew não demoravam tanto para se entenderem, decidi continuar.  Não tenho mais idade para lenga-lenga amoroso, salvo se muito bem construído, o que é raro.  Pois bem, no mundo de A Discovery of Witches convivem quatro espécies distintas, ou subespécies humanas, não sei, a nossa, os vampiros, os demônios e as bruxas.  Mathew, o vampiro cientista e professor em Harvard, e seus auxiliares no laboratório, Miriam (Aiysha Hart) e Marcus (Edward Bluemel), estudam o DNA das criaturas e estão mapeando a perda de poderes e capacidades de vampiros, bruxas e demônios.  Cada uma a sua maneira, elas estão desaparecendo e, em breve, em temporalidade vampiresca, estarão extintos.

A série tenta dar uma explicação científica aos seres sobrenaturais.  Acredito mesmo que a explicação com as bruxas e com os demônios, que não sei quais poderes têm e parecem ser a casta mais baixa dentre as espécies poderosas, ficou bem arrumadinha.  Eles se reproduzem de forma sexuada, passam, no caso das bruxas isso é evidente, seu poder para a sua prole, salvo se houver algum problema. O que é algo que ocorria no mundo de Harry Potter, também.  Nossa mocinha, por exemplo, foi diagnosticada, depois de exame feito pelo bruxo vilão da história, Peter Knox (Owen Teale), como uma bruxa sem poderes, o que, obviamente, não é verdade, mas não vou dar o spoiler completo aqui, porque o desenrolar dessa parte da trama é interessante.

Agora, quando chegamos aos vampiros, e eu amo histórias de vampiros, há uma tag no Shoujo Café para eles, vejam só, temos o problema.  Se os vampiros são uma espécie, se eles comem, dormem, respiram, tem uma expectativa de vida longuíssima, mas são seres vivos, eles precisam se reproduzir de forma natural, ou todo o argumento supostamente científico vem abaixo.  E a ideia do vampiro que se reproduz existe principalmente nas animações, vide Dom Dracula e Hotel Transilvânia, que chega até a mostrar uma vampira casando com um humano e procriando.  Pois bem, em A Discovery of Witches, os vampiros se reproduzem somente pelas vias vampirescas normais, isto é, mordendo alguém e lhe dando seu sangue para beber.  Se isso não é um problema de coerência dentro do mundo mágico criado, não sei o que é.

Agora, há uma questão importante que fica sugerida nessa primeira temporada, coisas estranhas estão acontecendo com essas espécies não-humanas e, talvez, nossa mocinha engravide de seu vampiro.  Aliás, é o que eu acho que vai acontecer. Por qual motivo estou dizendo isso?  Há uma demônio, Sophie Norman (Aisling Loftus) que nasceu de pais bruxos.  Ela está grávida do marido, Nathaniel (Daniel Ezra), e desconfia que está esperando uma bruxa.  Tudo isso seria impossível dentro da lógica da série e a sogra de Sophie, Agatha (Tanya Moodie), desconfia que isso possa trazer problemas caso chegue aos ouvidos da Congregação.

O que é a Congregação?  É uma espécie de conselho com amplos poderes, inclusive de julgar, condenar e matar, criado a 900 anos e com três representantes de cada espécie, vampiros, bruxas e demônios.  Presidido pelos vampiros, representado pelo chefe da casa dos Clermont, Baldwin (Trystan Gravelle), é um serpentário onde vampiros e bruxas se odeiam, no caso dos vampiros, eles se odeiam entre eles, e os demônios, o baixo clero desse arranjo todo, ficam meio que como expectadores.  É através da congregação que algumas questões de gênero e raça são discutidas na série, que tem um elenco bem diverso.  Agatha é negra e, em dado momento, quando Satu (Malin Buska) é admitida como membro da Congregação representando os bruxos, ela comenta que é bom ter mais mulheres já que faz 900 anos que os vampiros só indicam homens brancos.  Dada a longevidade dos vampiros, são os mesmos caras desde a fundação, talvez, não, Domenico (Gregg Chillin), mas os outros dois, com certeza. 

Bem, o vilão Peter Knox é o chefe dos bruxos e Satu (Malin Buska) é outra personagem vilanesca, já falei deles na primeira resenha.  No caso de Baldwin, ele parece um chefe de família mafiosa.  Odeia o irmão, Mathew, talvez por ele ser o queridinho dos pais, desagradou o pai, Philippe, o chefe do clã dos Clermont à época, ao entrar para a Congregação, mas é capaz de quebrar qualquer regra para preservar a família.  Diana e e Mathew só se salvam de umas boas na primeira temporada porque ele decide ajudá-los e quase paga com sua vida por causa disso.  O outro líder vampiro é  Gerbert D'Aurillac (Trevor Eve), que parece ser velhíssimo, é muito, muito mau, e já foi o papa Silvestre II.  E, sim, todos os vampiros que apareceram na série, até agora, são católicos praticantes, de andarem com crucifixo no pescoço.  É algo que me incomoda, mas se tem vampiro católico, tem que ter vampiro protestante, aliás, daria uma boa fonte de conflito.

Gerbert e Knox meio que se aliam para conseguir capturar Diana e destruir o poder dos Clermont.  Para isso, eles vão usar de todos os recursos, nem sempre trabalhando juntos.  Domenico, o terceiro vampiro na congregação, faz seu próprio jogo, hierarquicamente, ele está abaixo de Gerbert e Baldwin, mas parece apaixonado por Juliette (Elarica Johnson).  A vampira, que é cria de Gerbert, é abusada por ele e foi adestrada para seduzir Mathew.  Há um momento em que Gerbert a envia atrás do protagonista e ela é confrontada por Miriam que lhe diz que a eternidade é muito tempo apra ficar correndo atrás de um homem que não lhe quer.  O fim de Juliette não é dos melhores.

Mas Diana e Mathew se entendem até muito rápido para meu gosto, quer dizer, ele deveria resistir mais sendo um vampiro tão experiente, ainda que, e eu peguei spoilers da segunda temporada, há um porém da relação dos dois.  De qualquer forma, eles estão unidos por uma profecia e isso está claro desde o segundo, ou terceiro capítulo.  O fato é que Diana quer dar uns pegas no vampiro desde o final do primeiro episódio e ele se rende de verdade no quinto capítulo, depois que Mathew leva a bruxa para Sept Tours, a casa ancestral de sua família como uma forma de protegê-la.  Depois de fugir e voltar, ele propõe à Diana que eles pratiquem bundling, que é uma espécie de namoro que consiste em dormir totalmente vestido com outra pessoa, sem praticar uma relação sexual completa. Não conhecia a palavra, nem a prática, mas ela existiu e, talvez, ainda exista.  Só que eu vi os dois sem roupa, então, fiquei bem surpresa com essa história.  O fato é que ele está enrolando Diana sem que ela saiba, ela não será sua parceira (mate) enquanto eles não tiverem uma relação sexual completa.  Ele só teve uma parceira humana (*e talvez vampira*) na vida, a esposa que faleceu.

É crime, segundo as regras da Congregação, relações entre espécies.  Ele sabe disso, Diana, que não recebeu uma educação formal de sua família bruxa, não sabe. Ele já amou duas mulheres que não eram vampiras e causou sua morte, ou não pode protegê-las, não fica claro.  Ele teme não se controlar e machucar Diana.  Antes que alguém venha reclamar, e vi uma resenha tocando nisso, que o vampiro é uma metáfora para o macho tóxico e que coisas como A Discovery of Witches seriam uma versão para adultos de Crepúsculo, bem, quem se mete com vampiros sempre corre riscos, seja homem, seja mulher.  Os vampiros desta série matam pessoas.  Só não o fazem, só preferem caçar animais, porque eles não podem sair dando bandeira por aí.  E Diana vai descobrindo seus poderes durante esta primeira temporada e aprendendo a usá-los.  Ela não é indefesa, mas é ignorante por ter se mantido à margem dos costumes e regras desse mundo das bruxas, vampiros e demônios.

A mãe de Mathew, Ysabeau (Lindsay Duncan), uma vampira super chic e elegante, até tenta demover o filho e Diana.  Ela mostra para a moça como os vampiros caçam, ela conta parte do passado de Mathew.  Mas não adianta.  E queria falar de Ysabeau, porque as tias de Diana, Emily (Valarie Pettiford) e Sarah (Alex Kingston), querem que ela saia de Sept Tours o mais rápido possível, porque Ysabeau seria uma assassina de bruxos, ela teria caçado e chacinado vários deles na América do Sul.  Daí, ficamos sabendo dos motivos, eram bruxos nazistas, que tinham assassinado o marido de Ysabeau, e, como tantos nazistas, tinham fugido para a América do Sul.  Eu não vou condenar Ysabeau e acho que o comportamento das tias de Diana não é muito diferente do das feministas que acham que a Nise Yamaguchi é uma de nós e merece nossa sororidade, mesmo participando ativamente de um projeto genocida.

Enfim, por Ysabeau ficamos sabendo que Mathew é um vampiro de 1500 anos.  Eu realmente acho que essa idade é muito respeitável para um vampiro e que ele deveria ser mais jovem, porque continua se comportando de forma muito impulsiva em alguns momentos.  Fora isso, o ano 500 é bem início da Idade Média e não seria o melhor dos momentos para se estar vivendo, por assim dizer.  E foi  engraçado quando Ysabeau mostra a igreja que ele construiu, porque ele era um artesão, um pedreiro.  Ele morreu em 537.  A quantidade de igrejas cristãs na Europa do norte nessa época é mínima, deveriam tê-lo colocado nascendo um pouco depois.

O fato é que Knox espalha para todo mundo que Mathew sequestrou Diana e obriga a Congregação a se posicionar.  Pelas costas de Baldwin e Knox, Satu e Gerbert se unem para capturar Diana.  Lembrem-se do tal livro que somente ela pode conjurar.  Gerbert não pode invadir Sept Tours, ou seria guerra, mas Satu pode.  Ela tortura Diana, ela tenta fazer com que seus poderes se mostrem, ela marca a protagonista à ferro como uma forma de humilhação, e ela se exaure no processo.  E joga a moça em um fosso.  Satu termina descobrindo o segredo de Gerbert, ele mantém uma bruxa cativa desde o século XI, na verdade, somente a sua cabeça, que repete uma profecia sobre uma bruxa, que pode ser Diana, ou não.  Como Satu não é totalmente má, ele faz alguma coisa pela colega.

Vamos lá, já me estiquei demais.  O fato é que a França não é mais segura e Mathew e Diana fogem para a América.  Emily os recebe bem, mas Sarah não quer um vampiro debaixo do seu teto.  A mocinha tinha liberado seus poderes, não por causa de Satu, mas pela intervenção de seus pais mortos, esta é minha teoria pelo menos.  Diana já estava tendo visões com seu pai e sua mãe desde muito tempo e a coisa se torna mais intensa.  A casa, que é enfeitiçada bem ao estilo Harry Potter, começa a passar mensagens.  O pai de Diana era um time walker (*um viajante do tempo*), ela também é.  Qual o melhor lugar para se esconder da Congregação e tentar aprender a dominar seus poderes?  Onde ela pode encontrar o livro da Vida completo, a razão de a estarem caçando?  Pois é, no passado.  E a segunda temporada se passa no final do século XVI.

Só que antes de viajar no tempo, Diana precisa aprender a fazê-lo.  A série introduz a ideia de que você precisa de três objetos do passado, do momento para o qual você deseja ir, para poder viajar.  Sophie está de posse de um deles e demônios, bruxas e vampiros se unem nessa Congregação paralela, só para usar o termo que está na moda no Brasil.  O que eu fiquei me perguntando se não seria necessário levar três objetos do presente para poder voltar.  Enfim, vamos ver como eles se viram.

Agora, comentarei três cenas realmente ridículas dessa primeira temporada.  Spoilers que você pode evitar.  A primeira delas, a do fosso.  Diana está no buraco e ferida.  Ela não sabe voar, alguns bruxos voam, como Satu, outros, não.  Mathew e Baldwin a encontram, mas não podem salvá-la.  Olha, a série afirma que vampiros não voam, só podem correr muito rápido, tem super força, reflexos e sentidos (*um olfato apuradíssimo*) melhores.  Mas achei bem ridículo que com super salto e super força Mathew não pudesse pular no buraco e saltar de volta com Diana nos braços.  Achei bem méh.

Outra cena muito ruim, ainda que a sequência em si não seja, Mathew e Diana estavam treinando.  Ela precisava usar seus sentidos de bruxa para pressenti-lo em uma floresta.  Ela efetivamente pressente um vampiro, vai ao encontro dele, mas o vampiro era um invasor, era Juliette.  Que Diana se confunda, OK, eu entendo, mas Mathew não conseguiu pressentir a invasora.  Foi algo muito absurdo, porque as criaturas todas se reconhecem como ele não percebeu a invasão e estando tão perto.

A terceira cena é mais complicada ainda, porque pode prenunciar que a história de viagem no tempo vai exigir muita suspensão de descrença.  Diana tem que treinar a viagem no tempo.  Ela começa com segundos, minutos até passar para dias.  Mathew propõe que viagem para Sept Tours alguns dias antes.  Ele quer se despedir da mãe.  Só que, nessa época, eles estavam lá.  Diana pergunta para Mathew se eles não corriam o risco de se encontrar.  Ele diz que não.  Mas como assim?  

Essas são as três cenas mais problemáticas mesmo.  E somado ao fato dos vampiros não se reproduzirem, é muito problema para uma série só.  Ainda assim, eu gostei, as personagens são interessantes e vou continuar assistindo.  Só que fiquei com vontade de olhar os livros.  Foi o mesmo impulso da época de True Blood, o problema é que quando comecei a ler os livros, tomei raiva da séria de TV.  Minha pergunta, caso você tenha lido a trilogia (*e espero que a série tenha somente três temporadas MESMO*) é o quanto a série se afastou do original e se vale a pena ler, ou não.  É isso.  Acabou a resenha.  Devo começar a assistir a temporada 2 no final de semana.

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