domingo, 24 de abril de 2022

Satoko to Nada e a importância do voto: Não desperdice a sua chance em 2022!

Satoko to Nada (サトコとナダ), que eu já comentei aqui, mas não fiz a resenha do volume #1, que é o que eu tenho em casa, conta a história da amizade improvável de duas alunas de intercâmbio, uma japonesa e uma saudita que dividem o mesmo apartamento.  O volume que li é bem interessante, ainda que o traço de Yupechika nada tenha de atraente, ele é bem simplezinho mesmo.  

Na série, Satoko é uma jovem japonesa de classe média, que conhece muito pouco do mundo, e que passa a abrir seu horizonte ao conviver com a complexa Nada, uma moça moderna e, ao mesmo tempo, apegada às tradições e costumes do seu país, um dos que tem uma das leituras mais fechadas a respeito do Islã.  Para além do que considero falta de senso crítico e sensibilidade da autora, como colocar uma jovem afegã, que mantém um relacionamento muito apimentado com o marido e adora vestir roupas bem reveladoras, envergando orgulhosamente sua burka na universidade.  Sim, burka, não o hijab simples, ou mesmo o niqab, a série tem boas discussões e a amizade de Nada e Satoko são um dos pontos altos da série.

Um dos grandes destaques do volume #1 é o processo de Nada para tirar sua carteira de motorista, na época ainda proibida às mulheres em seu país (*a permissão foi dada em 2018 e há uma notinha na edição norte americana*), e como ela salva Satoko de um sujeito, porque a japonesa aceita uma carona imaginando-se segura, quando não estava.  E há outras personagens na série para além da amiga afegã de Nada.  Há um rapaz de ascendência japonesa que estuda com Satoko e quer ser fluente em japonês e é apaixonado por anime.  Nada também é, ela comenta sobre a censura aos animes em seu país em um dado capítulo.  E temos Miracle, a amiga cristã que interage com as duas.  A série é divertida e educativa, ainda que eu tenha ressalvas.

Muito bem, em dado momento do volume #2, Satoko observa a movimentação eleitoral nos Estados Unidos.  Ela presencia um rally (comício) e fica fascinada pelo entusiasmo dos jovens norte americanos, porque, em seu país, os velhos dominam a política e os jovens tendem a se manter alienados do processo, eles e elas sequer se interessam por votar.  Satoko, por exemplo, nunca pensou em votar, ela pondera, também, que os jovens podem votar mais cedo nos EUA do que em seu país, que ainda estava discutindo a redução da idade de voto dos 20 para os 18 anos.  No Japão, como na maioria das democracias modernas, o voto é facultativo.

A jovem japonesa conversa com Nada sobre o tema e a jovem saudita, em um raro momento no qual critica qualquer aspecto de seu país, comenta com Satoko que as mulheres sauditas tinham conquistado recentemente o direito ao voto.  Elas só puderam votar nas eleições dos conselhos municipais em 2015.  A saudita conversa com Satoko sobre a importância de participar das decisões de alguma forma e que o caminho seria o voto.  Ela fica surpresa que Satoko não valorize o que, para ela, uma saudita, foi fruto de muita luta e espera  A partir daí, Satoko pensa consigo mesma que precisa rever sua atitude em relação à política a partir do que está vendo nos Estados Unidos e da conversa com a amiga.

Não vou comentar mais o mangá, mas aviso que vale a leitura, só tem quatro volumes (*Disponíveis no Amazon*) e tem scanlations de quase tudo em inglês, até em português tem alguma coisa.  Enfim, a minha pergunta é você está com o seu título regularizado?  Pretende votar este ano?  Tem entre 16 e 18 anos?  Esta é uma das faixas etárias que participa cada vez menos do processo eleitoral.  A Justiça Eleitoral brasileira possibilita que você tire o seu título, ou o regularize, pela internet.  É um momento muito sério da história de nosso país para que você deixe de opinar.  As eleições presidenciais são somente a ponta do iceberg, 1/3 do senado será renovado, há a câmara dos deputados e as eleições estaduais.

Políticas públicas importantes podem ser definidas na próxima legislatura.  Seu direito a ter uma universidade pública, a própria existência do ensino público superior.  A reversão de aspectos daninhos da reforma trabalhista, uma reforma tributária que não pese sobre os mais pobres e as classes médias.  O avanço do fundamentalismo religioso e das políticas que favorecem o crescimento da miséria e que as armas sejam consideradas mais importantes que o pão na mesa das pessoas. E, claro, se você concorda com o rumo atual da política brasileira, regularize sua situação e mostre que o Brasil está no caminho certo. O fato é que os jovens deveriam se preocupar mais com decisões que terão impacto direto sobre a sua vida.  

Enfim, é uma meia resenha e um post político.  Eu precisava fazê-lo, porque o título eleitoral foi o primeiro documento que tirei sozinha.  Completei 16 anos em uma quarta-feira, no dia seguinte, peguei o ônibus para Vilar dos Teles, onde ficava a prefeitura e os órgãos públicos da minha cidade, São João de Meriti, e fui tirar meu título.  Tinha sido muito frustrante não ter idade em 1989, nas primeiras eleições presidenciais depois do fim da Ditadura Civil Militar (1964-1985) e eu queria votar.  O voto é um direito e uma arma, deve ser usado das duas formas, precisa ser usado.  É triste ver os jovens tão desinteressados da política e deixando que os velhos, ou a abstenção, decida seu futuro.  Sim, o FUTURO de VOCÊS.  Se puder, não deixe de votar. Para maiores informações de como regularizar a sua situação eleitoral, clique aqui.

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