Estava meio à margem da discussão, apesar de ter visto alguma coisa no Twitter sobre as redes sociais da editora terem sido inundadas por comentários sobre o mesmo tema. A questão, em linhas gerais, é a seguinte. A Panini anunciou Demons Slayer, aquele mangá que tirou One Piece do topo das vendagens depois de doze anos. A editora anunciou que o mangá sairia em papel offwhite. Lembram das lições de inglês? "Off" dá a ideia de distância, então, não é o papel super branquinho, mas aquele encorpado e em tons mais para o amarelo. O Youtuber prefere o offset, aquele super branco, que é bem mais caro.
Enfim, o Youtuber em questão, que tem quase 1 milhão de seguidores, fez sua declaração de ódio a qualquer papel em tons amarelos, atiçou seus seguidores a irem perturbar a editora e pedir papel offset. "Não escreva branquinho, escreva offset.". Veja, não é como se eu, aqui no Shoujo Café, iniciasse uma campanha, minha base de público é muito menor, é um Youtuber com um número bem grande de seguidores. Ainda assim, qualquer pessoa que tem alguma relevância na internet, precisa ter responsabilidade naquilo que escreve. Quanto maior a sua audiência, maior a sua possibilidade de fazer o bem, ou o mal.
É o mangá da moda, mas acho que é moda que passa rápido. |
Pois bem, soube dos detalhes da história pelo Mais de Oito Mil (*que completou dez anos e eu achei que estava se despedindo, me enganei*) e assisti ao vídeo do Comix Zone comentando o incidente, ele virá no final. Eu sabia que papel, assim como as licenças, é orçado em dólar e qualquer um minimamente informado sabe que a moeda norte americana passou a barreira dos 4 reais. Encontrei um texto de 2015 (*procurei mais recente e não achei*) comentando detalhes sobre papel, mangá e tipos de papéis usados em mangá. O que o texto e o vídeo me explicaram é que é que o papel offwhite é mais barato que o offset e que a escolha do papel impacta o preço do produto final para o consumidor.
Há toda uma discussão sobre o papel de mangá ser sempre amarelado, ou de múltiplas cores quando falamos das antologias e, não dos encadernados. Tenho muitas edições de mangás japoneses e outros tantos publicados na Itália, Estados Unidos, Espanha e França. Sim, na maioria das vezes o papel tenta seguir o padrão mais comum no Japão, que é amarelado, mas, mesmo no Japão, vide os bunko que tenho em casa, há o papel branco, também. Então, digamos o seguinte, o mais comum é que o papel não seja branco, mas ele efetivamente pode aparecer, mesmo em material publicado no Japão. Se houver interesse, posso fazer um vídeo mostrando isso. De qualquer forma, eu prefiro, pessoalmente, ler no papel que não seja branco, é mais cômodo para mim.
Gostei da capa? Não, mas o mangá está OK.
Minhas escolhas pessoais, no entanto, não podem pautar o mercado. O que eu acho, não pode determinar como as editoras publicam seu material. Agora, quando você tem quase 1 milhão de seguidores, talvez você possa criar um problema. Tendo tão grande número de gente me acompanhando, com certeza, eu poderia pagar preços mais altos, afinal, ainda que o Youtube atrapalhe os produtores de conteúdo, alguns tem a possibilidade de se sustentar somente com o material que produzem para a plataforma. Se eu contasse 1/3 desse número de seguidores e tivesse mais tino comercial, eu compraria a edição norte americana do mangá da Rosa de Versalhes sem pestanejar. Ia ser leve no meu bolso.
De novo, falando por mim, o que define a qualidade de uma publicação nacional são outros fatores: tradução/adaptação, respeito pelo sentido de leitura oriental e que não se censure o original. Por exemplo, meu descontentamento com a edição da Rosa repousa em fatores estéticos, as capas poderiam ser mais bonitas e eu queria as páginas coloridas. Isso invalida o trabalho feito pela JBC? Claro que não! Já no caso de Fruits Basket da JBC falhou em dois dos quesitos fundamentais para mim. A tradução/adaptação não foi revisada e continua sendo a que a JBC fez lá atrás e o mangá saiu com a mesma censura ao texto de quando lançaram o mangá pela primeira vez. Não vou continuar comprando a série. O papel tem peso pequeno na minha equação, mas, claro, um material decente e compatível com os preços cobrados é o mínimo que a gente espera. Papel, sobrecapa e outras firulas é o de menos.
Eu realmente não gosto do papel branquinho para os mangás. |
P.S.1: Vocês acham fácil o vídeo do moço, assisti completo, inteirinho, bem, fazia tempo que não me submetia a uma tortura tão longa. é um caso extremo de umbiguismo sem nenhuma base razoável de argumentação. Sem mais.
P.S.2: A Panini vai manter o papel offwhite e a matéria do R7 não traz somente essa informação, mas é uma leitura bem instrutiva, especialmente, para entender sobre papéis, o que o moço não explicou no seu vídeo. Vale a leitura.
P.S.2: A Panini vai manter o papel offwhite e a matéria do R7 não traz somente essa informação, mas é uma leitura bem instrutiva, especialmente, para entender sobre papéis, o que o moço não explicou no seu vídeo. Vale a leitura.
4 pessoas comentaram:
Ele não tem um milhão de seguidores, e a questão levanta foi que os mangas em offset e offwhite estavam vindo com quase o mesmo preço. E concordo que em papel branco os tons de cinza dos desenhos do mangá ficam melhores.
Nossa, que preguiça desses "sommeliers de papel" como o Fábio já falava lá no Mais de Oito Mil! Essa galera parece não ter nada de útil, agregador ou interessante pra postar, porque não é possível!
Os papéis da família offwhite como o rapaz do vídeo mencionou, são maravilhosos e muito cômodos para ler, seja quadrinho ou livro, na minha opinião. E no caso dos mangás, faz muito mais jus quanto aos encadernados tanko. Eu entendo que os japoneses escolham os papéis da família do offset em edições especiais, que é o caso do kazenban de HANADAN que possuo: offset brilhante e de gramatura superior, páginas coloridas, ilustrações extras, sobrecapa, enfim cheio de firulas, DEFINITIVAMENTE NÃO É uma edição qualquer, daí a escolha por um papel mais caro, acredito.
Falar coisas sem responsabilidade, impondo apenas a sua vontade, é o eco do obscurantismo que estamos vivendo neste país.
Corrigi os 1 milhão, mas, de resto, é isso mesmo. E que ele tente pegar condução ou comprar qualquer coisa e não ter dois ou três reais para completar o valor. Faz diferença. De resto, é gosto e achismo dele. E o sujeito nem leva em consideração os preços de licenciamento.
Se até eu, que tenho emprego e ganho bem, já estou cortando mangas, que dirá o pobre coitado que mal paga as contas.
O cara tem 1 milhão de seguidores no Youtube, então, deve ganhar uma bela grana para comprar os mangazinhos dele, no papel mais bonito que tiver. Mas a editora não pode se dar a esse luxo, nem o público consumidor. Mas infelizmente vai ter trouxa caindo nessa história.
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