sexta-feira, 1 de maio de 2020

Live action de Hércules da Disney, Jane Austen, Colin Firth precisa fazer terapia e outras aleatoriedades


Estou com uma série de coisas girando na minha cabeça esses dias e nenhuma dela daria um post só, ou um post decente.  Vamos misturar tudo?  Vamos!

Esta semana, ontem, ou anteontem, a Disney anunciou que irá transformar Hércules, desenho da série Herói do Estúdio, de 1997.  Surpresa?  Não, estão transformando tudo em live action.  Eu não assisti Hércules no cinema, assistia o seriadinho de TV e achava divertido, o filme animado mesmo só fui ver o desenho com a Júlia uns dois anos atrás.  E, sim!  Hércules é legal!  Merecia ser visto nos cinemas.  

Espero que Zeus seja tratado como merece
no live action... mas não será, claro!
Claro, limparam a mitologia grega, ou melhor, tornaram Zeus um pai responsável e marido fiel, mas é Disney, nada fora do esperado aí.  pode ser que, para o filme, algumas correções sejam feitas nesse sentido.  OK, por mim, já escrevi isso, deixavam os desenhos em paz, mas, vá lá, não vou ficar me remoendo por isso.  Enfim, a Disney anunciou que os Irmãos Russo (Joe e Anthony), responsáveis por vários filmes dos Vingadores, irão dirigir a produção.  Boa notícia?  Sim, mas e o elenco?  Daí, pulamos para Jane Austen.

Estava eu em um grupo estrangeiro de Jane Austen, isso antes de anunciarem Hércules, e alguém começou a comentar que já estava na hora de uma nova filmagem de Persuasão.  A última foi em 2007 (*Capitão Wentworth era uma tor bem fraquinho*).  Concordo que já é hora, prefiro que seja minissérie para TV e se entregarem nas mãos do Andrew Davies que alguém fique de olho no velhinho, tipo as filhas e o neto do Benedito Ruy Barbosa fazem com o pai.  Depois de Sanditon, nunca se sabe, não é mesmo?  Mas eis que alguém sugere Benedict Cumberbatch como Capitão Wentworth.

O ator é ótimo, mas Capitão Wentworth não dá mais.
A maioria disse "Não!  Não!  Não!".  Realmente, não faz muito sentido.  Ele estaria bem fora da idade da personagem que, no livro, ele deve ter entre 31 e 33 anos de idade, Cumberbatch vai fazer 44.  "Ah, mas isso não importa!"  Eu diria depende.  Não consigo olhar para o autor e ver o Capitão Wentworth, quer dizer, até consigo imaginar a voz dele como espetacular em um audiobook, mas estamos falando de um filme, ou série.  Mas eis que alguém fez uma boa sugestão, que tal Leo Suter, que fez Mr. Stringer the younger em Sanditon.

Achei a ideia muito boa.  Suter é bom ator, é bonito, tem porte, até que essa filmagem saia, se sair, ele terá idade próxima a da personagem e, bem, se podem escalar um ator mais velho, e fazem essas coisas o tempo inteiro, é possível escalar alguém um pouco mais jovem.  E eu não estaria traindo a minha regra de que se o sujeito interpretou um Austen's boy em uma produção, não pode aparecer em outra adaptação em papel semelhante.  Eu escrevi isso em minha resenha de Emma (2009 - Parte 1), porque um dos motivos pelos quais Jonny Lee Miller como Mr. Knightley não me desce é esse.  

Por mim, ele seria o próximo Wentworth. 
E ele é bom ator, também, não é como
o Rupert Penry-Jones (2007), que é só embalagem.
Pois bem, Sanditon, a série de TV, não é Jane Austen para mim, e o pobre do Mr. Stringer é esnobado pela mocinha que prefere ficar com o mocinho egocêntrico e que não se barbeia só para ser trocada por uma noiva rica no final.  Fechado aqui?  Leo Suter poderia ser o próximo Capitão Wentworth.  E nem precisam tirar a roupa do moço, eu abro mão disso, porque uma das minhas raivas fúteis em relação à Sanditon é que todos os homens da série aparecem pelados, os que a gente quer ver, os que a gente realmente não se importa, menos o Leo Suter.

Voltando para Hércules, porque eu não me perdi no raciocínio, quando apareceu na minha TL do Facebook, olhei para a foto do Hades e deu um clique.  "Caramba, a personagem do desenho tem um formato de rosto que lembra a do Benedict Cumberbatch!".  Sim, eu estou torcendo para que o ator seja escalado para ser o vilão de Hércules, ele é bom fazendo comédia e que mantenham as músicas, claro.  E poderiam colocar o Benny para cantar, porque ele canta, basta pegar o primeiro capítulo de Parade's End (*recomendo a minissérie*) e comprovar isso.

Ele não parece com o Benny?
Já quase no fim, Orgulho & Preconceito de 1995 está fazendo aniversário.  Vinte e cinco anos é muita coisa, não é mesmo?  Enfim, por conta disso, Colin Firth, que fez Mr. Darcy na série da BBC, foi entrevistado pela revista Good Housekeeping que é, como o próprio nome diz, voltada para as donas de casa.  E, bem, parte considerável do fandom de Jane Austen se enquadraria aí.  Não tive acesso à entrevista para a The Good Housekeeping, mas às repercussões no The Guardian e no The Daily Mail.  São dois veículos de comunicação com perfis bem diferentes, mas os dois disseram basicamente o mesmo, Colin Firth acredita que o papel como Mr. Darcy  atrasou sua carreira.  🧐

A gente para, ri um pouco e continua comentando. É claro que Mr. Darcy teve um efeito gigantesco sobre a imagem que as pessoas tem tanto da personagem, quanto do ator que o interpretou.  É loucura, ou ignorância negar isso.  Segundo consta, a primeira vez que alguma coisa quebrou a internet inglesa, ou de qualquer parte do mundo, foi quando esse homem apareceu de camisa molhada.  E não é só a camisa, é a situação, a construção da sequência, porque lá no capítulo 2, se bem me recordo, ele aparece tomando banho.  Vinte cinco anos depois e não conseguir lidar com o fato de ser sexy é caso para terapia.

O motivo do trauma.
Vamos lá, sou fã de Colin Firth e sei que sua vida como ator não começou em 1995.  Ele já tinha uma longa e sólida carreira no cinema, teatro e TV antes disso.  O primeiro filme de Colin Firth no cinema, Another Country (*resenha*), entraria no meu top 20 de filmes favoritos.  A Hora do Porco, ou O Advogado, ele tem os dois nomes, é anterior à Mr. Darcy e um dos melhores filmes que se passam na Idade Média da década de 1990.  Preciso resenhar esse filme, já deveria ter feito isso anos atrás.  Agora, no momento em que Orgulho & Preconceito foi lançado, ele estava migrando para Hollywood e eu vou defender até o fim que, pelo menos nos primeiros anos, ele teve ZERO impacto em projetá-lo como símbolo sexual, ou o que valha.

No mesmo ano de Orgulho & Preconceito, antes da série estrear, Firth fez um papel em Hollywood, acredito que o seu primeiro: Três Amigas e Uma Traição (Circle of Friends).  Foi a primeira vez que eu percebi a existência dele em tempos antes da internet.  Qual o papel de Firth?  O do vilão, ou mais próximo disso que temos em um filme.  Se bem me lembro, ele é o homem mais velho, que engravida uma moça no fim da adolescência e a abandona.  O filme se passa na católica Irlanda do final dos anos 1950.  


Garanto para vocês que a função dele em
Shakespeare Apaixonado não era ser sexy.
Podem prestar atenção que quando importam um ator europeu, em condições normais, ele é colocado nessa gavetinha.  Ou seja, antes de Mr. Darcy, ele já tinha sido notado, mas poderia ser empurrado para a vala comum.  Segundo filme em que notei o Colin Firth?  Shakespeare Apaixonado (1998).  Papel dele?  Vilão (*e, para mim, a melhor coisa daquele filme*).  E isso, porque eu não vi O Paciente Inglês (1996) até hoje (*shame on me*), mas, até onde eu sei, Firth faz outro sujeito de caráter duvidoso.

E, mesmo depois de Mr. Darcy com sua camisa molhada, ainda houve espaço para um filme barra pesada como Verdade Nua (Where the Truth Lies/2005) na carreira dele.  Arrisco dizer que a maioria das fãs de Mr. Darcy não assistiria esse filme MESMO.  Agora, se para cada filme diferente que ele fez, Firth aceitou reviver de alguma forma a cena da camisa molhada, e é culpa dele.  Ele já tinha uma carreira sólida o bastante para recusar.  Em alguns casos, ele já tinha idade o suficiente para se sentir ridículo tentando incorporar Mr. Darcy outra vez.  



Teve Bridget Jones (*e eu nem sabia quem era Mr. Darcy quando vi o filme, conheci Austen tardiamente*), teve Saint Trinnian's (*que ele fez por amizade ao Rupert Everett*) com paródia da cena da camisa molhada (*vídeo acima*), além d e outros.  Ele se valeu da imagem de Mr. Darcy o quanto quis e pode.  

E não pensem que eu não acho Colin Firth hoje um sujeito desinteressante.  Ele é um homem maduro que continua bonito aos meus olhos, mas não é mais o mesmo sujeito de Orgulho & Preconceito, ou o menino bonito de Another Country.  Cada coisa em seu lugar.  E, bem, ele conseguiu construir uma carreira bem diversificada, não ganhou o Oscar pelo filme que merecia, A Single Man (*resenha*), mas levou por outra grande atuação em O Discurso do Rei (*resenha*)


Firth pode até estar sexy em Verdade Nua,
mas duvido que seja para consumo
das leitoras de The Good Housekeeping.
Retornando? Em que a camisa molhada atrapalhou a careira dele?  NADA.  E ele fez uns filmes bem porcarias, como todo bom ator, ou atriz faz, que em nada se remetiam à figura de Mr. Darcy.  Agora, me lembro de críticas na época do primeiro Kingsman (*resenha*) que se perguntavam por qual motivo nunca tinham cogitado Firth para o papel de 007, quando ele tinha idade para isso, claro.  Pois é, se eu olho a filmografia dele, não encontro nenhum filme de ação que pudesse vendê-lo desse jeito.  Se a série Spooks, que foi criada em 2002, já existisse nos anos 1990/80 teria rolado, porque praticamente todo galã da BBC passou por ela em algum momento.

Enfim, há atores que ficam prisioneiros de uma mesma personagem, lembro de um artigo velhíssimo (*eu era adolescente, a matéria era de 1989*) falando da disputa para ser Scarlet O'Hara e de como Bette Davis ficou frustrada em não conseguir o papel.  A mesma matéria, no entanto, dizia algo assim "mas cinquenta anos depois, Bette Davis é Bette Davis, já Vivien Leigh será sempre Scarlet O'Hara".  É pesado esse negócio, será que Colin Firth realmente se vê em uma situação semelhante?  Pior, parece que o que o incomoda é a objetificação que ele acredita sofrer.  Moço, desencana, Mr. Darcy é mais do que isso e você é muito mais que um homem vestindo uma camisa molhada.

Emma (1995) - 1, Emma (2019) - 2,
Orgulho & Preconceito (1995) - 3 e 6,
Razão e Sensibilidade (1995) - 4 e 5.
Mas vamos caminhar para o final.  Alguém postou essa montagem acima perguntando qual a noiva mais bonita.  Sim, eu acredito que aconteceu um casamento duplo no final de Razão & Sensibilidade (1995), ainda que ninguém tenha efetivamente certeza.  No livro, Elinor se casa antes da irmã, mas vestidos de noiva antes da Rainha Vitória não eram brancos obrigatoriamente e, normalmente, eram roupas práticas e que poderiam ser reutilizadas. Lembrem do caráter de Elinor.  De qualquer forma, a minha noiva favorita, levando-se em consideração a beleza da roupa, é a de Emma (2019), porque, bem, o objetivo do filme é esse, encher os olhos com a beleza do figurino.

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