sábado, 9 de março de 2024

RIP Akira Toriyama: Março começou muito triste

A última coisa que li quinta-feira, antes de dormir, foi essa triste notícia, Akira Toriyama, o criador de Dragon Ball (ドラゴンボール), faleceu no dia 1 de março.  A família comunicou oficialmente o falecimento de Toriyama, aos 68 anos, em virtude de um hematoma subdural agudo.  Não é tão comum que as notas de falecimento de mangá-kas sejam tão detalhadas e eu fui procurar informações sobre essa condição.  Ela é causada por "(...) uma pancada forte na cabeça, que faz com que os vasos sanguíneos estourem, gerando um acúmulo de sangue na cabeça que pressiona o cérebro, podendo causar sequelas. Pessoas com mais idade, ou que usam medicamentos que afinam o sangue, ou que abusam do uso de bebidas alcoólicas têm um risco maior e são mais suscetíveis ao hematoma subdural após uma pancada.".  Toriyama sofreu algum grave acidente?  Será que foi isso? Alguém me disse que Toriyama tinha problemas de saúde faz tempo, eu não tenho informações sobre isso.

De qualquer forma, Toriyama, através de seu Dragon Ball, teve um papel imenso na difusão do mangá, e em uma nova popularização dos animes, no Brasil.  Foi extremamente importante nos Estados Unidos, também.  O governo japonês reconheceu a importância de Toriyama para a difusão da cultura do país em uma nota, vários chefes de estado (*El Salvador declarou luto oficial*), ministros e nosso vice-presidente se pronunciaram e até o Jornal Nacional parou para noticiar a morte do autor. Foi meio capenga, olhem o vídeo abaixo, mas vejam a grandiosidade de Akira Toriyama e como o mangá e o anime que ele criou é reconhecido mundialmente.

Mesmo que gente como eu, que já era adulta quando Dragon Ball chegou por aqui, tenha cansado em algum momento de assistir a série, conhece as personagens, lembra das aberturas mais icônicas de DB e DBZ e riu bastante em alguns momentos, porque o humor era uma constante na obras do autor.  Quando a Conrad começou a publicar Dragon Ball no Brasil, lá em 2000, eu passei pelo centro de Duque de Caxias indo trabalhar e comprei dois exemplares, na época, era meio tanko, e levei para sortear nas minhas turmas de 5ª série (6º ano).  As crianças ficaram eufóricas.

Observando as reações à morte de Toriyama, e esse texto não saiu ontem, porque me perdi no meio de tanta informação, todas reconhecem a importância da sua obra, que vai além de Dragon Ball.  Por exemplo, houve duas matérias falando das homenagens de times do futebol brasileiros (*destaque para o meu Fluminense*) e internacionais.  Além de Dragon Ball, Toriyama fez vários mangás, participou da produção de animes e games.  Uma de suas maiores obras, Dr. Slump  (スランプ), saiu por aqui, também, lamentam a perda e enfatizam a importância dele para a divulgação do mangá no mundo.  

Houve quem falou que ele reinventou o shounen mangá, não diria que é para tanto, mas que ele mexeu em fórmulas básicas da demografia e criou um fenômeno. Iniciado em 1984, Dragon Ball nunca conseguiu terminar, sendo revigorado de tempos em tempos.  As próprias falas de mangá-kas (*matéria extensa em japonês*) que estão no auge hoje sobre a morte do mestre, apontam para a importância de Toriyama e Dragon Ball, em especial, para sua formação e de como ele era acessível, que sua obra foi pensada para ser consumida por crianças e adultos.  Eles eram crianças, ou adolescentes quando a série estava nas suas primeiras fases. Mangá-kas shoujo também comentaram a morte de Toriyama, mas eu teria que ir pinçando no Twitter, as matérias deram destaque, como não poderia deixar de ser, para os autores de shounen e, em especial, da Shounen Jump, revista que publicou Dragon Ball.

Houve também quem ressaltou que Toriyama foi um dos primeiros autores da Shounen Jump a mostrar seu rosto, fotos de família, mostrando que era um ser humano completo.  Há quem se engane, mas ser mangá-ka de grande sucesso é sempre lucrativo, mas a profissão não era tão bem-vista assim como muita gente acha que sempre foi.  Fora questões de privacidade, Toriyama tornou-se muito cedo uma celebridade.  Outra coisa, Toriyama era fã de Ayrton Senna, uma foto dos dois juntos foi resgatada.  Algo que a Petra Leão comentou no Twitter é que seria hora de republicar o livro que o mestre lançou sobre a carreira de mangá-ka.  Ele saiu aqui pela Conrad.

Enfim, Akira Toriyama partiu muito cedo.  68 anos para um japonês é muito pouco.  E, o mais triste, é que estamos perdendo vários mangá-kas no últimos meses.  Eu queria não ter que dar mais nenhum RIP de autores de mangá.  Este, em especial, me deixou muito triste, me fez dormir mal.  Espero que Toriyama tenha partido cercado por gente que o amava e em paz, sei que muita gente no mundo se sente mais triste hoje por saber que ele não está mais nesse mundo.

Um acréscimo, no mesmo dia do anúncio da morte de Akira Toriyama, faleceu uma dubladora muito importante no Japão, ela se chamava Tarako e foi durante 34 anos a única dubladora da protagonista de Chibi Maruko-chan (ちびまる子ちゃん).   A nota de falecimento não fala das causas, mas ela só tinha 63 anos.  O fato é que eu achei vários fanarts de Maruko com Goku  e demorei a entender o que estava acontecendo.  

1 pessoas comentaram:

Fiquei muito triste com a notícia da morte do Toriyama. Como você mesncionou, a obra dele fez parte da minha infância e asseguro que se não fosse DBZ e Card Captor Sakura, eu não nutricia a paixão por animes e mangás que tenho até hoje.
Dr. Slump conheci o mangá depois de adulta, mas é uma obra de humor leve e agradável independente da idade.
Talvez o falecimento de Toriyama tenha gerado, também, um impacto maior em nós do que o pioneiro Osamu Tezuka, justamente pelas gerações alcançadas por suas obras dentro e fora do Japão. Enquanto meu irmão de 39 anos alcançou Astro Boy no auge da popularidade, a obra não chegou até mim 8 anos depois da mesma maneira. DBZ DB-GT, por sua vez, alcançou do meu irmão mais velho até minha irmã que hoje tem 24 anos. A popularidade gerou uma repetição absurda das temporadas do anime, então até mesmo quem não virou fã, não poderá dizer que não conheceu.

É realmente uma perda para o cenário dessa arte.
Quanto ao falecimento de dubladoras/es, tenho até receio de pesquisar, porque alguns a gente se acostuma tanto com as vozes, que já lamento saber que alguns deles poderão não estarem mais no cenário. Pensar não ouvir mais vozes como a de Kenjiro Tsuda é uma perda pra dublagem.

Related Posts with Thumbnails