domingo, 20 de março de 2022

Ainda sobre a compra da JBC pela Companhia das Letras e a teoria de que a editora não publica títulos importantes faz tempo

Esta semana, tal e qual uma bomba, anunciou-se que 70% da JBC tinha sido comprada pela editora Cia das Letras, uma das maiores do mercado nacional.  Vi muita gente por aí comentando que a JBC estaria em crise, o que deve ser verdade, ou não teria sido vendida, isso é meio óbvio, para mim.  Aliás, até imagino que certas escolhas de publicação da editora possam ter pesado nisso, como a elitização dos lançamentos, com a opção de itens de colecionador que custam muito caro e, nem sempre, como no caso de Fruits Basket, fazem justiça ao que custam.  Mas isso é uma teoria minha, coisa que já coloquei em textos e em vídeos, porque me parece muito estranho que em um momento de crise econômica, aliás, prolongada, esses volumes caríssimos sejam uma opção segura.  

Informações detalhadas não tenho, por isso mesmo, estou aqui jogando palavras ao vento, não tomem como verdade.  Agora, o argumento de que a JBC estaria publicando material que ninguém quer, mangás que não se justificam, ah, isso não se sustenta MESMO.  Fui até a página da editora na página da Biblioteca Brasileira de Mangás para confirmar o que a editora está lançando agora de séries de ponta, isto é, que aparecem SEMPRE entre os mais vendidos do Japão e que são publicados em vários países com ótima aceitação.  O que já escrevi mais de uma vez, é que muita gente toma seu gosto pessoal como medida para o sucesso e esquece que o mundo não gira em torno do seu próprio umbigo e que as editoras precisam ter lucro.  

Muita bem, neste momento, a JBC publica três títulos muito fortes: Haikyu!!, My Hero Academy e Tokyo Revengers.  Esses três são sucessos inquestionáveis.  Outro título importante é Card Captor Sakura ~Clear Card-hen~.  Faz sucesso e sendo CLAMP, deve vender.  My Broken Mariko foi disputado pelas editoras e a JBC deve ter tido a preferência, talvez, por contratos anteriores. Só esses títulos já são evidência de que a JBC não está excluída, ou se excluindo, de disputar e publicar grandes títulos, coisa que deveria dar dinheiro. That Time I Got Reincarnated As A Slime é outro título forte no momento e está em primeiro lugar do ranking dos mais vendidos do Japão esta semana. Eu publico essas coisas exatamente para saber o que está vendendo bem no Japão.  Agora, as nossas editoras de mangá são ruins de propaganda, sempre foram e não parecem interessadas em melhorar isso.

Em seguida, com menos peso por motivos diversos, temos: Blue Exorcist é um título forte, também, ainda que não com tanta repercussão neste momento.  Silver Spoon talvez tenha sido lançado tarde demais, mas é Hiromu Arakawa e é shounen, teve anime, e tudo mais.  Outro que veio com atraso foi Chi’s Sweet Home, ainda com um preço trabalhando contra ele. Fruits Basket veio no timing certo, mas com um preço alto e sem nova tradução, ou correção no que tinha sido feito errado na primeira edição.  Dededededestruction é Inio Asano e vem bem credenciado pela crítica.  Meu marido compra as duas edições, a americana e a da JBC e adora a série, mas não deve ser campeão de vendas.  O resto em publicação, são títulos, salvo por ignorância minha, de menor destaque, ou coisa voltada para o fã que tem dinheiro para gastar.  Por exemplo, Hokuto no Ken, ou mesmo Hunter x Hunter.  Agora, há coisas que não se explicam mesmo, como quando a JBC lançou a continuação de Gunsmith Cats, que continua sendo um mangá interessante, sem ter lançado o original.  Mas essas gafes são exceções e, não, regra.

Enfim, lamento que a JBC precise se associar a outra editora, uma que não tem experiência com mangás, para sobreviver, porque, não se enganem, é disso que se trata.  Agora, a JBC publica títulos de ponta e não são poucos, ainda mais levando-se em conta o mercado brasileiro.  Onde foi o erro, se nessas publicações de luxo, na elitização dos mangás em geral, excluindo boa parte dos fãs interessados (*falta dinheiro, falta emprego, adolescente não tem como consumir, normalmente, Turma da Mônica é mais barato que qualquer mangá etc.*), se nas republicações ao gosto dos editores (*talvez*), se na falta de propaganda direcionada (*que poderia ser feita até de graça, como foi no caso de Haikyu!! durante as Olimpíadas*), nunca saberemos.  Espero, claro, que o casamento entre JBC e Cia das Letras garanta a continuidade da publicação dos títulos que já estão no mercado e que outros continuem chegando.  E, repito, o fato de eu não consumir a maioria das coisas que a JBC publica, não quer dizer que o material não faz sucesso, ou é bom, só não é para mim.  

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