sexta-feira, 17 de maio de 2024

Finalmente estreou Bridgerton, mas já me irritou logo no começo: Resenha do episódio #1

Isso ainda não é uma resenha da primeira metade da terceira temporada de Bridgerton, que estreou ontem, afinal, só assisti o primeiro episódio e é dele que vou falar. Enfim, a nova temporada é protagonizada por Penelope (Nicola Coughlan) e Colin (Luke Newton), cuja história é contada no quarto livro, Os segredos de Colin Bridgerton (Romancing Mr. Bridgerton).  Penelope está magoada com Colin, porque o ouviu dizer que nunca a cortejaria, além disso, ela está sofrendo por ter perdido a amizade de Eloise (Claudia Jessie), pois a Bridgerton proto-feminista descobriu que a melhor amiga está por trás da cronista da alta sociedade, Lady Whistledown (Julie Andrews)

A mocinha da temporada também está chocada com o fato de Eloise ter se tornado BBF da virulenta Cressida Cowper (Jessica Madsen).  E eis que Penelope decide que precisa se casar para escapar de um futuro sombrio como uma solteirona (*ainda que cheia do dinheiro que ganha com os panfletos de Lady Whistledown*) ao lado da mãe.  E Colin volta, queimado de sol e malhado de sua grand tour, um grande giro pela Europa que era comum entre os jovens aristocratas entrem o século XVII e XIX, ou de mais uma delas,  afinal, as Guerras Napoleônicas terminaram, mesmo que isso nem seja mencionado na série.

Colin, agora, flerta com as debutantes e é um homem desejado, mesmo não tendo título e, provavelmente, herdando muito pouco, já que praticamente tudo deve ir para Anthony.  Só que ele quer retomar a amizade com Penelope e não entende o rancor da vizinha, tampouco sua ruptura com Eloise.  Logo nesse primeiro capítulo, ele declara seu ódio à Lady Whistledown e Eloise, que se faz de durona, fica com o coração na mão, porque teme que ele descubra a identidade secreta da fofoqueira.  A novidade da temporada é a estreia de Hannah Dodd como Francesca com a desistência de sua interprete anterior, Ruby Stokes.

Dodd é muito parecida fisicamente com Phoebe Dynevor, que interpretou a irmã mais velha da família, Daphne, talvez a grande ausência da temporada.  Francesca é a debutante da temporada.  Tímida, afixionada por música, ela não parece muito interessada nos jogos amorosos.  Ela quer se casar, compreende que este é o seu destino, mas parece mais interessada em ter a sua própria casa do que em se apaixonar.  E, sim, Anthony (Jonathan Bailey) e Kate (Simone Ashley) apareceram bastante no primeiro capítulo, na maioria das cenas, eles estão fazendo sexo, ou declarando o seu amor.  Gosto muito dos dois juntos e eles são lindos.  Ver gente bonita em papéis simpáticos pode ser reconfortante, ainda que o figurino de Kate não tenha me agradado neste primeiro episódio.

Aqui, houve algo interessante, Lady (Violet) Bridgerton (Ruth Gemmell) precisa, pelos costumes da época, deixar a casa principal para a nova viscondessa. Ela deve ir para uma "casa de viúva" (dowager house).  Só que Kate está mais interessada em encomendar um herdeiro do que em ocupar o lugar da sogra na sociedade.  Além disso, ela explica para Anthony que, na Índia, a residência da família comporta várias gerações e que a mãe morar com o filho casado não é um problema, é comum.  Ela quer unir o útil ao agradável e percebe o desconforto da sogra frente a necessidade de se mudar.

Voltando para Penelope, ela decide se reinventar e encomenda vestidos novos, fugindo da palheta de cores berrantes usada pela mãe e pelas irmãs, que estão casadas.  Os melhores vestidos do episódio são de Penelope, em especial, o verde que ela usa no baile.  Ela causa muito impacto na chegada para, logo em seguida, inexplicavelmente se mostrar incapaz de conversar com os rapazes.  Achei forçado com o agravante de voltarmos a uma mesma situação que tivemos na primeira temporada.  Colin, assim como o Duque, irá se oferecer para ajudar a amiga a conseguir um pretendente.  Obviamente, ele acabará descobrindo-se apaixonado e morto de ciúmes.

Gosto muito mesmo da Nicola Coughlan desde a época de Derry Girls, que eu deveria ter resenhado e nunca o fiz.  Penelope é uma personagem gostável, mas não queria vê-la reduzida a uma desastrada, sempre a li como tímida, profundamente observadora e intimidada pela família, que a deprecia de várias formas.  Ela é inegavelmente gorda e, ainda que os padrões de beleza fossem outros, ser gorda de verdade não era visto como uma virtude a seu favor.  No entanto, aos 19 anos, ela não seria uma solteirona ainda, não na Inglaterra.  E, bem, ainda acho que o segredo da personagem deveria ter sido mantido por mais tempo.

Agora, de todos os irmãos Bridgerton adultos, Colin é o que me parece mais desinteressante e o ator não é bonito, também.  Esse retorno com ar de homem vivido, coisa que ele não é, só por ter batido calçada no continente, o que a maioria dos jovens de sua classe fazia, não me convence.  Terem puxado a história de Colin e Penelope em quase dez anos, porque, se não estou errada, o desfecho dos dois seria em 1824, não ajuda a convencer que a personagem cresceu, afinal, ele viajou anos e anos, na série, passaram-se somente meses.  De qualquer forma, é Colin que temos dessa vez.

E, agora, minha teoria sobre terem pulado o terceiro livro.  Acredito que o fizeram, porque há uma indecisão sobre o que fazer em relação à sexualidade de Benedict (Luke Thompson).  Na primeira temporada, sugeriu-se que ele era queer e, claro, deve haver uma queda de braço entre oferecer diversidade (*algo que existia na época, não foi inventado no século XXI*) e seguir o original mais de perto.  Aliás, até onde sei, a mocinha que faz par com o Benedict é uma das mais queridas dos fãs dos livros, daí, se decidirem pelo queer, vai ser uma grita generalizada.

Agora, o que me aborreceu muito neste primeiro episódio foi a referência à Jane Austen.  Em sua primeira cena importante no episódio, Eloise recusa um livro que Colin lhe traz, porque estaria lendo  Emma, de Jane Austen, que é de 1815.  Ele debocha dela, porque ela estaria lendo um livro para mocinhas casadouras e, claro, desmioladas.  Uma intelectual como Eloise, não iria se rebaixar a essas coisas.  Ela concorda e deixa claro que pretende se conformar ao que esperam que ela seja.  

Eu fiquei esperando alguma retratação, comentário, que pudesse fazer crer que Eloise considera Austen uma escritora de valor e só quis despistar o irmão de alguma forma, mas esta cena não veio.  Virá depois, ou alguém achou divertido ridicularizar Jane Austen e reduzir sua obra ao que ela nunca foi, uma espécie de livro-manual para conseguir marido.  É muito decepcionante ver uma série com forte assinatura feminina e que se propõe, ainda que pelas beiradas, a questionar os padrões, caindo nessa vala logo de início.  E, sim, houve uma excelente cena de Cressida confessando suas inseguranças para Eloise e como as mulheres são atiradas umas contra as outras, principalmente, depois que se tornam debutantes.  

Não vou abandonar a série por causa da cena de Austen, mas, efetivamente, aquilo me decepcionou muito.  Vamos ver como as coisas se desenrolam nessa próxima remessa de episódios.  Devo conseguir assisti-los no final de semana, ou assim espero. No próximo texto, comento alguma coisa do figurino, mas a Modista do Desterro já fez um vídeo excelente sobre o tema.  Saiu ontem. Eu fiz várias resenhas de Bridgerton para o Shoujo Café (*1 - 2 - 3 - 4 - 5 - 6*), vou acabar criando uma tag para agrupá-las melhor.   

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