Durante a ocupação japonesa na Ásia, mulheres e meninas, algumas com 10 anos de idade, foram obrigadas a prestar serviços sexuais às tropas japonesas. Poucas dessas mulheres se ofereciam para esse serviço, mas, ainda assim, dificilmente eram remuneradas. A maioria era enganada, sequestrada ou vendida por familiares para os japoneses. Sim, vendidas, não vou dourar a pílula, não. A prática de tratar mulheres e crianças como propriedade não foi inventada pelos japoneses, ou pelo capitalismo, é coisa do patriarcado mesmo.
Os japoneses chamavam as mulheres escravizadas de ianfu (慰安婦), o que, traduzido para as línguas ocidentais, virou mulheres do conforto. Coreanas, chinesas, filipinas, malaias, indonésias e mesmo ocidentais eram obrigadas a servir aos japoneses, às vezes sendo levadas para terras distantes. Estima-se que até 200 mil mulheres possam ter sido submetidas a essa condição. Já escrevi sobre isso várias vezes por aqui (*1 - 2 - 3 - 4 - 5 - 6 - 7 - 8*), pois as mulheres coreanas lutam faz tempo para terem pelo menos um pedido de desculpas, coisa que os sucessivos governos japoneses negam. Há até a resenha do manhwa Grama, que eu recomendo muito a leitura.
Muito bem, as mulheres do conforto sobreviventes estão movendo processo não contra o Japão dessa vez, mas contra o Exército Americano. Motivo? Depois da expulsão dos japoneses, mulheres continuaram sendo enganadas e/ou obrigadas a prestar serviços sexuais aos militares norte-americanos. O sistema de bordéis mantidos pelo Estado começou em 1950 e seguiu até 1980 (*há controvérsias*). Sim, você não leu errado. 1980.
Segundo, o jornal português Público, durante a Guerra da Coreia (1950-53), em torno das bases norte-americanas, "(...) criaram-se os chamados kijichon, zonas de prostituição que continham um aglomerado de bares, lojas e bordéis geridos pelo Governo coreano, de forma a atrair os soldados norte-americanos e a convencê-los a gastar dólares no país, numa tentativa desesperada de salvar a economia." A maioria das mulheres tinha sido enganada com promessas de emprego como vendedoras de loja ou garçonetes, enquanto outras foram vendidas para cafetões, elas são conhecidas por “Camptown women” e, diferentemente das vítimas dos japoneses, sobre elas foi guardado silêncio.
Segundo grupos de ativistas, o sistema perdurou até 2004, mesmo com a prostituição sendo proibida pela constituição da Coreia do Sul. E cito o The Independent: "Durante décadas, a situação das mulheres que trabalhavam em acampamentos perto de bases militares americanas permaneceu amplamente ignorada pelo público e pelas autoridades na Coreia do Sul. A conscientização pública sobre a exploração sexual nos acampamentos sul-coreanos aumentou após o assassinato brutal de uma mulher chamada Yun Geum-i por um soldado americano em 1992. Entre 1960 e 2004, pelo menos 11 profissionais do sexo foram mortas por tropas americanas, de acordo com o grupo de defesa Saewoomtuh."

















































1 pessoas comentaram:
Li um artigo científico sobre as "White horses" mulheres ocidentais que vão para a Coreia do Sul casar com coreanos. Certos grupos coreanos acham as ocidentais mais fáceis de lidar e mais puras que as coreanas. Um dos pilares do machismo coreano é chamar todas as mulheres coreanas de puta que só querem dar para estrangeiros. Eles tem mais ódio das mulheres que foram prostituída pelo Estado Japonês e estadunidense do que eles tem raivas desses países ou das pessoas desses países.
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