terça-feira, 22 de abril de 2025

RIP Papa Francisco: o homem que tentou arrastar a Igreja Católica para o século XXI

Ontem, foi um dia complicado para mim, postei sobre a morte do Papa Chico no Instagram, mas não coloquei nada aqui no blog, mas preciso. Até explicando minha ausência por aqui, se nada acontecer de estranho, opero catarata amanhã e precisava colocar minha vida em ordem, isto é, corrigir todos os trabalhos dos meus alunos, fechar notas e tudo mais que estiver pendente. Enfim, admirava muito o primeiro papa jesuíta, que muita gente imagina que era franciscano por abraçar o nome Francisco em homenagem ao santo de Assis.  Quem conhece o blog de muito tempo, e este ano esqueci de comemorar os 20 anos do Shoujo Café em 23 de março,  sabe que trabalhei na graduação, mestrado e doutorado com a Ordem Franciscana nos seus primórdios,  o século XIII.  Considerava Francisco um estadista, o maior do século XXI até o momento, alguém que mostrou empatia pelos fracos, pelos pobres, pelos que sofrem, pelos que não tem voz e já o fazia na sua Argentina natal, onde se preocupou em criar um apostolado junto aos moradores das favelas de Buenos Aires.  

Francisco, antes Jorge Mario Bergoglio, era um homem controverso em seu próprio país e eu comentei sobre isso na minha resenha do filme Dois Papas, mas, pelo menos nos últimos anos, seus inimigos, seus detratores, eram pessoas que não estão do mesmo lado que eu estou no espectro político.  Mas eu já estava esperando a partida do Papa Chico, em um dos meus Shoujocast, eu comentei sobre isso.  Agora, é o Conclave e eu preciso fazer a resenha do filme, que eu assisti imaginando que ele tinha algo de premonitório, desenhando muito bem as facções em disputa pelo Vaticano.  além de ser excelente.  Enfim, espero que não seja o fim de uma Era e que o próximo papa seja pelo menos um moderado que conserve os avanços do pontificado de Francisco.  E deixo, agora, o que escrevi no Instagram, porque o texto de lá ficou bom e deve ser preservado aqui:

"Em sua última aparição pública, em sua mensagem de Páscoa, Papa Chico fez um último pedido, pediu pela paz em Gaza, pelo fim do genocídio.

Não sou católica, sequer fui batizada, nasci em um lar protestante, mas tenho profunda admiração por Francisco pelo que fez e pelo que não conseguiu fazer. Qualquer pessoa que tenha estudado minimamente a História da Igreja Católica sabe que a instituição sobreviveu porque soube se adaptar ao longo de séculos. Por outro lado, é preciso ter a percepção de que a igreja não se vê somente como algo terreno, mas uma instituição com uma dimensão espiritual, fora do tempo e, portanto, com toda a eternidade para repensar e mudar questões que, para os seres humanos, são urgentes.

Francisco tentou apressar algumas dessas questões que poderiam ser empurradas para a eternidade, era um homem limitado, como todos são, papas não podem fazer tudo, nunca puderam, a igreja tem uma estrutura que é pesada demais, mas ele buscou acolher, consolar, trazer a instituição para o século XXI, deixando para trás a tentativa de seu antecessor de arrastá-la para o século XIX.

Enfim, ele era um estadista em um tempo em que eles estão em falta. Espero que as forças dentro do Conclave se equilibrem para eleger pelo menos alguém que mantenha o seu legado, mas algo me sugere que, talvez, vejamos ser eleito o primeiro papa africano e, portanto, ultraortodoxo, ou um reacionário europeu ou norte-americano."

E termino com Ilze Scamparini, correspondente da Rede Globo na Itália, falando sobre os últimos momentos de Papa Francisco. 

Não tenho dúvidas de que papa Chico sabia que estava partindo e não de ontem, no entanto, como um agente político que sabia o tamanho que tinha, se esforçou por esse último ato, não somente o "Urbi et Orbi", o que liturgicamente é importante, mas de mandar uma mensagem de paz e da necessidade de tomada de posição para o mundo. E o mundo, neste caso, não se resume aos católicos, mas todos os que têm boa vontade.

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