quinta-feira, 31 de agosto de 2023

Novo Shoujocast no Ar! Watashi no Shiawase na Kekkon 9: o anime comete seu primeiro grande erro

Chegamos ao episódio 9 e Miyo está sendo consumida por pesadelos, enquanto Kiyoka sofre em ver a noiva definhar sem conseguir descobrir uma saída para a situação.  Arata, por outro lado, se aproxima da mocinha e insinua que ele pode ajudá-la a resolver seu problema.  Por fim, Hazuki, a irmã de Kiyoka, revela para Miyo o motivo para que seu casamento não desse certo.

Foi um bom episódio e Miyo e Kiyoka estavam particularmente bonitos, comparado com o capítulo anterior, parece que a animação foi ainda mais cuidadosa.  De resto, tornaram a cena da varanda, que já era muito bonita no livro, linda e de uma delicadeza de aquecer o coração.  A criação de uma cena em que Kiyoka e Hazuki conversam sobre a saúde de Miyo foi excelente para aprofundar a nossa compreensão da relação dos dois.  Gostei bastante.  Agora, mudaram muito a história do casamento fracassado de Hazuki e a culparam pelo fracasso que não era de forma alguma responsabilidade dela.  

O marido pediu o divórcio, supostamente para preservar a saúde mental da jovem esposa, que era perseguida pela sogra.  Além disso, cortaram o filho que ambos tiveram.  Com o divórcio, o filho fica com o pai, é continuador da linhagem dele.  O sofrimento de Hazuki foi apagado.  Odiei isso.  Mas o vídeo está abaixo e lá comento melhor certas questões.  Obrigada por assistirem e seus comentários serão bem-vindos, assim como o like, ou dislike.

terça-feira, 29 de agosto de 2023

Barbie se consolida como maior sucesso do ano e como filme de mais lucrativo da Warner Bros.

Barbie vem acumulando uma série de recordes, além de ser a maior bilheteria de uma diretora de todos os tempos, foi noticiado ontem que o filme se tornou a maior bilheteria mundial da Warner Bros.  O filme dirigido por Greta Gerwig superou Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2.  O filme também está para superar a bilheteria de Super Mario - o Filme, o que colocará Barbie entre as 15 maiores bilheterias de todos os tempos.  Como o filme está para ser relançado em IMAX e com possível cena pós-créditos, é questão de dias.  Barbie não estreou nesse tipo de sala de cinema, porque todas estavam reservadas para Oppenheimer, que estreou no mesmo dia.

Todos os links nos nomes de filmes são para as resenhas que eu fiz para o Shoujo Café.  Abaixo, está o vídeo do Shoujocast que eu gravei sobre Barbie para complementar (mal) o texto que escrevi para cá.  E recomendo muito o vídeo que o Sociocrônica fez sobre Barbie e as jogadas de marketing de Hollywood.

domingo, 27 de agosto de 2023

Comentando o livro Watashi no Shiawase na Kekkon 3: desejo, amor e uma seita revolucionária agitam a vida de Kiyoka e Miyo

Faz quase duas semanas que terminei o terceiro livro de Watashi no Shiawase na Kekkon (わたしの幸せな結婚), escrita por Akumi Agitogi e ilustrada por Tsukiho Tsukioka.  Para quem não sabe, a série de livros esta sendo adaptada para mangá, teve filme live action em março deste ano, peça de teatro, e, agora, está no ar na Netflix em formato anime.  Só pelo número de adaptações, vocês sabem que o material é um sucesso.  Fiz resenha do livro 1 e um texto sobre o livro 2, mas não organizei uma resenha de verdade.  Antes de ir para o livro 3, um resumo situando quem caiu e paraquedas aqui.

Estamos em um Japão de história alternativa, no início do século XX, em que algumas pessoas tem dons, poderes à serviço do imperador para destruir as chamadas grotesqueries, um tipo de youkai.  Miyo Saimori nasceu em uma família aristocrática, fruto de um casamento planejado para produzir uma criança com um dom, só que ela não tem nenhum.  Quando sua mãe morre, o pai de Miyo se casa com a antiga amante, a mulher que ele amava.  Deste segundo casamento nasce uma criança com o dom.  

Miyo, que já era rejeitada pelo pai, agora, perde seu status de filha da casa e é tratada como se estivesse abaixo da criadagem.  É a cinderela da casa.  Aos 19 anos, seu pai a chama e comunica a ela e sua irmã que ambas vão se casar;  Kaya, a caçula, se casará com Kouji, o vizinho que gosta de Miyo, sempre a amou e é o único que a trata bem, já a protagonista se casará com Kiyoka Kudo, conhecido por expulsar todas as noivas que lhe enviam.  Só que Miyo não tem para onde voltar e precisa fazer deste arranjo um casamento feliz.  

No geral, considero este livro melhor que o segundo, pode ter sido minha leitura apressada, mas o livro dois me pareceu confuso e um tanto fragmentado.  O terceiro volume é bem mais fácil de seguir, temos a apresentação dos pais de Kiyoka, a tentativa de Miyo de conquistar a estima da sogra, a investigação de um incidente que pode ter sido causado por grotesqueries e o aprofundamento da relação entre Kiyoka e Miyo.  A mocinha descobre o desejo (*ainda que ela não saiba o que está acontecendo*) e o mocinho toma consciência de que ama e que este sentimento é bem-vindo em sua vida.  Se você continuar a leitura, não me responsabilizo pelos spoilers.  E vou usar imagens do anime, filme, mangá e imagens de divulgação, pois ilustrações do livro mesmo, só a capa.

Logo no início do livro, conhecemos o pai de Kiyoka, Tadakiyo Kudo, um homem de meia idade, bonito como o filho, bem humorado e gentil, mas com uma saúde muito debilitada.  Ele encontra Hazuki e Miyo nas ruas de Tokyo.  Somos informados que ele arranjou o casamento entre Kiyoka e Miyo, que acredita que ele se enganou e o casamento deveria ter sido com sua irmã menor, Kaya.  De qualquer forma, o engano, se ocorreu, foi positivo para ambos os jovens.  Todas as noivas anteriores tinham sido arranjadas pela mãe do rapaz.

Tadakiyo, que tem muitos poderes, assim como o filho, abriu mão de sua posição como chefe da família, porque sua saúde estava declinando.  É explicado que isso pode acontecer com alguns dos dotados, o poder pode destruir a saúde do indivíduo.  Tadakiyo cumpriu com seu dever, mas chegou um momento em que a coisa se tornou pesada demais para ele. O que fica claro desde o início é o quanto a relação dos filhos com o pai e a mãe é disfuncional.  Kiyoka parece se ressentir o pai, e mostra irritação com sua presença, além de ter ciúmes de Miyo com ele.  É clichê esse tipo de coisa, mas Tadakiyo não se comporta como um velho pervertido de anime e mangá, ele simplesmente acolhe Miyo como filha e se congratula da escolha que fez.

Hazuki também tem reservas em relação ao pai, há algo no passado dessa família que eu espero que a autora esclareça.  Concluída a leitura e conhecendo Fuyu, a mãe dos dois, fico imaginando se o pai foi negligente e deixou a educação dos dois nas mãos de uma mãe dominadora e cruel, ou se há outra coisa...  Fiquei imaginando que uma mulher como Fuyu culparia Hazuki pelo fracasso de seu casamento, por isso, ela talvez more sozinha em Tokyo e, não, com os pais no interior.  Já Kiyoka não consegue trocar palavras amigáveis com a mãe e chega a ameaçá-la de morte quando a mulher humilha Miyo no primeiro encontro das duas.

Miyo deseja se dar bem com a sogra, um dos pontos importantes do livro é o esforço da jovem para receber a aceitação da mãe do marido, suplicando que Kiyoka a eixe lidar sozinha com o caso.  Ele aceita, mas muito a contragosto.  Como a função das sogras dentro de algumas culturas é oprimir as noras, não surpreende que a autora do livro tenha investido nessa linha dentro do livro, o diferencial é que Miyo tem Kiyoka incondicionalmente do seu lado, ele jaais ficaria do lado da mãe contra ela.  O fato é que Fuyu não escolheu Miyo, provavelmente, ela selecionou mulheres parecidas com ela mesma para o filho (*no livro 1 Kiyoka chega a comentar sobre isso*) e o rapaz deseja tudo, menos uma noiva parecida com a mãe.  

Fuyu ofende Miyo de várias maneiras.  Ela a chama de velha (*a moça só tem 19 anos!!!*) e que o filho deveria ter uma noiva mais jovem, ela considera que a educação de Miyo é deficiente (*no que a mocinha concorda*) e diz que ela não é bonita.  Na ausência de Kiyoka, chega a ordenar que Miyo coloque o uniforme das criadas e faça trabalhos domésticos.  Miyo aceita como uma forma de interagir com a sogra e lhe dar motivos para estimá-la, mas nada ocorre.  Em um dado momento, Fuyu quase bate em Miyo, o que é evitado pelo marido, é o único momento do livro no qual Tadakiyo intervém e mostra quem é o senhor da casa.  Pode parecer que não, mas ele tem poder sobre a esposa e, não, o contrário.  Trata-se de uma sociedade patriarcal.

Fuyu só passa a olhar para Miyo como alguém minimamente aceitável, quando descobre que ela tem o dom e a moça a enfrenta para tentar ajudar um camponês que parecia enfeitiçado.  Ele poderia ser a chave para que Kiyoka compreendesse o que era o ser que estava atacando a vila, Miyo poderia entrar na mente do homem e arriscou sua vida por Kiyoka.  Esse tipo de atitude Fuyu é capaz de valorizar. Nesta parte, tivemos um problema.  Miyo tenta usar o seu dom, mas não é muito bem sucedida, ela está sendo treinada por seu primo, Arata, e não tinha permissão para tentar entrar nos sonhos de outras pessoas sozinha sem que estivesse pronta. 

 Arata chega bem na hora em que ela está fracassando, o príncipe o tinha enviado para apoiar Kiyoka usando o dom dos Usuba (*controle de mentes e similares*), ele a repreende e termina por ajudá-la a terminar o que começou.  Assim como na batalha da tumba, não vemos nada, a autora não descreve os acontecimentos.  Se houver uma segunda temporada do anime, sei que será uma das sequências que irão aparecer, talvez, esteja no mangá.  Essas lacunas da autora são bem complicadas, porque não fazem sentido mesmo.

E há a interessante discussão sobre a ameaça da vila.  Logo no primeiro dia de Miyo e Kiyoka no interior, ele não a deixa para trás e a leva junto.  Ele queria falar com as pessoas e tentar entender o que estava acontecendo.  Por conta disso, ele explica algo interessante para Miyo.  Todos os lugares têm lendas folclóricas, a divisão liderada por Kiyoka não investiga esse tipo de coisa. Agora, se a descrição do fenômeno parece fora do padrão conhecido, a coisa é diferente, porque pode ser uma grotesquerie e elas se alimentam do medo.  Isso foi explicado no primeiro livro, a ciência e a educação têm eliminado o medo e a ignorância enfraquecendo esses seres mágicos que se alimentam desse tipo de sentimento, mas a discussão ficou fora do anime até agora.

Pois bem, havia uma grotesquerie envolvida nos ataques, mas havia o envolvimento de uma seita chamada de "Nameless Order" (Ordem sem Nome) e que quer derrubar o imperador.  Eu desconfio que os sujeitos que romperam o selo da tumba no anime possam já ser este grupo e a animação adiante a apresentação deles.  O fato é que a seita é contra o contato com os estrangeiros e as inovações científicas, além disso, eles defendem que todos podem ter os dons, basta introduzir os fluídos corporais as grotesqueries em pessoas comuns.

Temos duas questões aí, a primeira é que por tudo de ruim que acontece neste livro, a ideia de produzir os dons artificialmente é uma grande furada.  Os contaminados não se tornam dotados, mas parecem zumbis e correm risco e vida.  O outro ponto é que a ideia de democratizar os dons parece absurda para Kiyoka, seu pai e Arata.  O Japão de Watashi no Shiawase na Kekkon é extremamente hierarquizado, ter dons é um privilégio que garante muita distinção social.  A ideia de igualdade e democracia não é muito popular entre essa elite da nobreza, por assim dizer.  Fora isso, os membros da Ordem sem Nome querem derrubar o império.  Seriam fanáticos religiosos, terroristas, ou revolucionários?

Neste volume temos vários combates com Kiyoka exibindo os seus dons, assim como os seus oponentes tem seus poderes descritos. Kiyoka e seu pai enfrentam os membros da Ordem sem Nome, além disso, na cidade, Godou e outros soldados estão investigando as ações do grupo.  No final do livro, há um atentado que pode ter tirado a vida do segundo em comando de Kiyoka.  Não acredito que irá acontecer, Godou deve continuar vivo.  De qualquer forma, o gancho final do livro foi muito bom e voltarei a ele daqui a pouco.

Falemos agora dos sentimentos de Miyo e Kiyoka.  Logo de início, eles são colocados no mesmo quarto e há somente uma cama enorme e a mocinha fica imaginando como poderá dormir ao lado de Kiyoka.  Isso é clichê de séries josei, especialmente, quando o casal protagonista finge que é casado, ou que namora, e vai visitar os parentes que não sabem.  Eles sempre acabam ficando no mesmo quarto mesmo, embora nada aconteça.  No livro, quando ambos estão se preparando para dormir, Miyo tem uma crise de pânico e sai correndo do quarto para pedir que lhe preparem outro.

O fato é que, e isso aparece em outros mangás de época (Haikara-san ga Tooru, Waltz Wa Shiroi Dress De), a mocinha vai morar na casa do noivo para aprender os costumes da família dele.  Fica meio que evidente que se algo mais acontecer entre os dois, se o noivo tomasse liberdades (*porque precisa partir dele*) isso não será um problema, porque o casamento estava apalavrado, ou, caso seja cancelado, a mocinha estava em uma posição tão inferior que não seria um escândalo.  Resumindo, se Miyo e Kiyoka fizessem sexo, ninguém teria a ver com isso.  Mas eles não farão e, quando e se acontecer, a autora será econômica nos detalhes, eu aposto.

No dia seguinte, Kiyoka está indo para a vila sozinho e se perguntando do motivo do ocorrido, do desespero de Miyo, para, logo em seguida, entender e se recriminar.  Ele tinha sido insensível e Miyo poderia imaginar que ele era um homem vulgar e que tomaria liberdades com ela, logo, suponho que Kiyoka tenha alguma experiência sexual anterior e retiro o que escrevi na minha resenha do livro 1.  Aliás, mais para frente, ele fica fazendo um jogo de sedução com a pobre protagonista. Porque Miyo, na verdade, não imagina nada, ela recebeu uma educação insuficiente e deve ter tido zero informação sobre o que se passa na intimidade entre um homem e uma mulher.  Ela sabe que algo acontecerá, mas não o quê.  Talvez, Hazuki tenha lhe dito alguma coisa, mas os livros não mostram.  

A própria sogra a recrimina por não se importar em ficar sozinha com o homem enfeitiçado.  Ela diz que não tem medo de ser agredida, a sogra termina por deixar claro que não seria decente, nada tem a ver com o tipo de perigo que a mocinha imagina. Miyo fica envergonhada.  Na noite anterior, Kiyoka a tinha chamado para se sentar ao lado dele debaixo das cobertas e ela fica rígida e se afasta, o rapaz insiste e a enlaça, de forma muito carinhosa e respeitosa, que fique claro.  Miyo termina por aceitar, mas não entende por qual motivo se sente febril.  Enfim, imagino que essas situações aumentem nos próximos livros.

Naquela mesma noite, Kiyoka e o pai conversam e o velho lhe adverte que ele está amando.  Kiyoka acha a ideia ridícula.  Ele sabe que tem sentimentos por Miyo, mas amor não é algo que ele entenda ainda, tampouco é um sentimento que precise estar presente em um casamento, ou assim ele julgava.  O pai de Kiyoka mostra muito afeto publicamente pela esposa e ela se irrita com isso, talvez, seja uma forma de defesa da parte dela e provocação da parte dele, mas Miyo acaba descobrindo que Kiyoka tem mais da mãe do que do pai.

Enfim, Kiyoka termina por se declarar para Miyo neste livro.  Primeiro, ele a beija.  Beijo casto e leve, mas o suficiente para Miyo não se lembrar nem como chegou em seu próprio quarto e não conseguir olhá-lo nos olhos no outro dia.  Ela acha que pode ter sonhado, ou que Kiyoka estava bêbado, ou ainda que o beijo não tinha sido de fato importante para ele.  Percebendo o embaraço da noiva, Kiyoka se aproxima dela e sussurra em seu ouvido que a ama e que tudo o que fez e disse foi real.  Ele é muito direto e franco, isso é bom.  Só que Miyo não sabe como lidar com aquilo.  Ela vai se casar com ele em poucos meses e não consegue entender seus sentimentos, como lidar com eles, por assim dizer.

Já quando eles estão partindo, Miyo usa pela primeira vez um vestido ocidental. Exatamente por este motivo eu fiquei insatisfeita com o que fizeram no anime.  Ela está indecisa e sem confiança e é a sogra, da sua forma enviesada, que termina por lhe dar um empurrão, o figurado e o literal, porque ela praticamente atira Miyo entro da sala.  Ela não é gentil, mas a ideia que o livro quer passar é que Fuyu, assim como o filho, nem sempre consegue se expressar da forma correta o que estão sentindo, ou costumam negar o que de fato sentem.

Quando Miyo finalmente consegue ser vista pelos homens da casa, ela é elogiada por Tadakiyo, Arata (*que continua sendo alvo dos ciúmes de Kiyoka*) e pelo noivo.  Todos a elogiam e Kiyoka não se contém e termina dizendo que ela está "cute", imagino que, em japonês, ele tenha usado "kawaii".  Fuyu fica indignada e diz para o marido que não educou o filho para servir ao imperador e vê-lo usando esse linguajar ridículo.  Kiyoka nem ouve a mãe, ele está absolutamente absorvido por Miyo.

Voltando à Ordem sem Nome, Arata havia feito uma revelação para Miyo e Kiyoka, o líder e fundador do grupo é um dos Usuba, Naoshi Usui.  Ele é um sujeito muito poderoso e havia sido noivo da mãe de Miyo.  Ele se revoltou contra a família e o imperador quando este obriga a jovem a se casar com alguém da família Saimori.  O ódio ao imperador deriva daí.  Quando Kiyoka, Arata e Miyo chegam de trem a Tokyo, Naoshi Usui fala com eles através de telepatia.  Isso é pouco depois do atentado e ele chama Miyo de filha.  

Como não acredito que a mãe de Miyo tenha traído o marido, ou algo semelhante, talvez Naoshi acredite que Miyo deveria ter sido sua filha por direito por ele ser o noivo de Sumi e por amá-la loucamente.  Provavelmente, ele vai tentar tirar Miyo de Kiyoka.  Se a autora quiser ser ousada, e não acredito nisso, talvez ele possa realmente ser o pai de Miyo.  Os Usuba controlam a mente das pessoas, talvez, ele tenha conseguido se infiltrar na casa dos Saimori e enganado a própria Sumi.  Afinal, foi assim que em algumas versões da lenda, Uther Pendragon se deitou com Igraine e gerou o rei Arthur com a ajuda de Merlin.  

O livro terminou exatamente neste ponto e vou começar o livro 4.  Apesar de me aborrecer em ver Miyo sendo tratada como criada, não houve retrocesso no amadurecimento emocional da moça.  Ela ainda tem problemas de autoconfiança e se acredita inferior, mas ela sabe que Kiyoka a escolheu como esposa, pois poderia mandá-la embora sem problema nenhum, e quer ficar ao lado dele.  Miyo acredita que, com o tempo, suas deficiências poderão ser minimizadas e, bem, nós sabemos que Kiyoka a ama como ela é.  Enfim, a autora conseguiu entrelaçar bem as coisas nesse volume.  Houve romance, drama, suspense e um final que obriga a gente a correr para o próximo livro.  Se você leu o texto e não está sabendo, eu estou comentando todos os episódios da animação no meu canal do Youtube.

sábado, 26 de agosto de 2023

HBO está preparando uma novela "color blind" de Dona Beja? Eu bem que queria saber.

Nada tenho contra material "color blind", isto é, filmes e séries que escalam um elenco diverso sem levar em consideração a etnia das personagens originais, porque é como se NINGUÉM tivesse cor.  Muito Barulho por Nada do Kenneth Branagh é assim e é muito bom.  A série do Channel 5 de Ana Bolena, que eu resenhei aqui, é desse jeito e é ruim, porque não deveria separar os bons e os maus da história a partir da sua cor de pele, sugerindo sentidos que não deveriam estar lá.  O novo Persuasão da Netflix é ruim, mas ser "color blind" nada tem a ver com isso.  E Bridgerton da Netflix não é "color blind", simplesmente se passa em um linha do tempo de história alternativa no qual o racismo desapareceu, mas somente ele, continuamos tendo machismo, homofobia e diferenças de classe social.  Gosto de Bridgerton com muitas ressalvas. Estabelecido isso, uma das notícias que estou na fila para comentar é a escalação de Grazi Massafera e David Junior como protagonistas de Dona Beja, primeira novela brasileira da HBO-Max que está em produção.

Já faz mais de ano que anunciaram que Dona Beja estava em pré-produção e que Massafera seria a protagonista.  Até agora, não ficou claro para mim se será realmente um remake da novela da antiga Rede Manchete (*que tinha "i" no nome Beja*), exibida com grande estrondo em 1986, ou será uma nova aproximação em relação à personagem histórica, Ana Jacinta de São José (1800-1873).  Vou começar comentando a história da personagem em linhas gerais e seguirei para a minha questão do titulo.

Ana Jacinta de São José não nasceu em Araxá (MG), mas chegou à cidade com os avós e a mãe em 1805.  Quando estava na adolescência e noiva (*na novela o nome do rapaz é Antônio, mas o real era Manoel Fernando Sampaio*), o ouvidor da rainha D. Maria I, Joaquim Inácio Silveira da Motta, cai de amores por ela e a sequestra, no incidente, seu avô é morto.  A moça, então com 15 anos, é obrigada a se tornar sua amante.  Sua beleza é notória e ela consegue acumular grande fortuna, presente do ouvidor e de outros homens (*na novela, ela se vinga colocando-lhe os chifres*).  

Dois anos depois, o ouvidor é chamado ao Rio de Janeiro por D. João VI e decide "libertar" Beja, que retorna para Araxá com grande fortuna, mas é recebida, especialmente, pelas mulheres da cidade como uma ameaça, uma sedutora que, entre outras coisas, causou a morte do próprio avô.  Impossibilitada de se casar de forma honrada, seu noivo a trocara por outra e não iria se unir a uma mulher manchada, e furiosa com o tratamento recebido, ela decide montar um salão sendo a sua única cortesã.  Todas as noites receberia homens na Chácara do Jatobá e ela escolheria se passaria a noite com um deles.  A Beja original teve duas filhas, uma com o antigo noivo e outra com outro homem.  Beja se envolveu nas revoluções liberais dos anos 1840, que agitaram Minas Gerais e São Paulo no início do governo de Pedro II, e terminou sua vida de forma obscura e convencional na cidade de Estrela do Sul.  Já temos muito de romance e fantasia nesse resumo que eu fiz, porque História e lenda se entrelaçam no caso da personagem, mas Beja de fato existiu.

A novela da Manchete foi um grande sucesso e era proibida na minha casa, porque boa parte da propaganda era em cima do apelo sexual de Maitê Proença.  Lembro de ter visto um capítulo escondido com os meus dez anos de idade e só fui ver a novela adulta.  Ela nem era tão escandalosa assim, mas fazia discussões que eram muito mais avançadas do que as que apareciam nas novelas da Globo, especialmente, em relação à papéis de gênero e falsa moral, além de ser muito mais crua e realista em alguns aspectos, algo típico das produções da Manchete.  A emissora também capitalizou em cima do par Maitê Proença e Gracindo Jr., que já tinham atuado junto na minissérie A Marquesa de Santos (1984).  Logo, Maitê Proença estaria associada a duas mulheres "malditas", a Marquesa e Beja. OK.  O tempo passou, temos a tal proposta de remake de Dona Beija.

Tudo muito bom, acho ótimo, mas eis que a manchete é "David Junior é escalado como galã de Dona Beija e revive casal com Grazi Massafera.", ambos foram par romântico em Bom Sucesso, novela anterior da autora de Vai na Fé (*e meu texto sobre a novela ainda não está pronto*).  Ele será Antônio, o noivo de Beija.  Ora, Antônio era um poderoso latifundiário, criador de gado e dono de escravos (*assim como Beija*), homem branco, ou que assim era considerado, portanto.  Como escalar um ator negro para o papel sem que a novela seja "color blind"?  Estou reclamando, não.  Para mim, que venham muitas séries, filmes e novelas históricos em que o elenco não seja escolhido para atender critérios étnicos-raciais, o que quero saber é outra coisa.

Se não criarem um Brasil alternativo Bridgerton like, o que vou achar uma pobreza absurda, e estivermos em nossa linha temporal, como irão tratar a escravidão.  Pensem comigo, se membros das elites brancas forem interpretados por negros, por qual  motivo não colocar atores e atrizes brancos como escravizados?  Eu gostaria de ver a ousadia de colocar a atriz louríssima como escravizada, falando de suas raízes no continente africano e sendo abusada por um senhor negro (*talvez?*).  Eu acho que irão fazer isso?  Não.  E não imagino como essa escolha de um ator negro para ser Antônio possa dar certo sem que seja "color blind" de verdade.

Agora, é muito menos complicado criar um material "color blind" em um ambiente no qual não exista escravidão, ainda que tenhamos diferenças de classe, ou status social.  Não se cria o mal estar salvo entre os racistas assumidos, ou que não ousam assumir que são.  Eu estou pensando em algo mais amplo, como essa história irá se organizar.  Porque mesmo um Amor Perfeito, esquecível novela das seis da Globo, estamos em um mundo pós-escravidão.  Lá, o racismo é subdimensionado, esquecido até, mas não havia mais a instituição jurídica da escravidão.  Em Dona Beija estamos muito, mas muito longe mesmo, da abolição.  Vai ser bem estranho isso.

Mas, por enquanto, são somente as minhas encucações. Eu gosto da Dona Beija original.  É uma novela com muitos méritos que vão muito além de Maitê Proença imitando Lady Godiva e cavalgando nua pelas ruas de Araxá.  Revisitar uma novela que foi subversiva em sua época poderia se prestar a uma série de coisas,  inclusive mostrar o quanto as nossas produções se tornaram menos corajosas para levantar alguns temas.  Enfim, vamos esperar.  Tenho HBO-Max e devo dar uma olhadinha quando estrear.  E é bom conseguir escrever um post robusto para o blog.  Estou tão cheia de trabalho, que estou sendo negligente com o Shoujo Café.

Kaleidoscope: Livro comemora os 40 anos de carreira de Yumi Tamura

Yumi Tamura está em alta por causa do sucesso de Mystery to Iu Nakare (ミステリと言う勿れ) e completa este ano 40 anos de carreira.  Dentre as comemorações temos um livro que deve ser um tesouro.  Ele traz ilustrações raras, manuscritos, 4 mangás one-shots, curso de desenho com a autora, diálogo dela com outras mangá-kas (Moto Hagio/Fumi Yoshinaga/Kanoko Sakurakoji/Masaki Suda), uma longa entrevista com Tamura e muito mais.  Infelizmente, imaginar esse tipo de livro no Brasil é um sonho que não será realizado.  Quem sabe ele sai nos Estados Unidos, não é mesmo?  A JBC anunciou Mystery to Iu Nakare, espero que saia logo.  Para maiores informações sobre o livro, clique aqui.

sexta-feira, 25 de agosto de 2023

Autora de Honey & Clover compara o mangá a um incêndio que consumiu sua vida

Honey & Clover (ハチミツとクローバー), de Chica Umino, acompanha o dia-a-dia de um grupo de estudantes universitários, sua amizade, e como cada um deve encontrar o seu caminho na vida.  É uma das minhas séries favoritas, tanto o mangá, quanto o anime, foram muito bem executados.  Muito bem, a autora anunciou no Twitter que a série estará disponível gratuitamente no  site da revista Young Animal e teceu uma série de comentários sobre os efeitos da série na sua vida.  O ANN traduziu para o inglês e eu estarei fazendo a tradução da tradução, o que sempre é ruim.

"(...)  Honey & Clover foi o feitiço que usei para atiçar continuamente o fogo em minha vida. Todo tipo de coisa foi consumida pelas chamas e naquele campo queimado [que era minha vida], só restara Honey & Clover. É uma história que eu guardo no meu coração".

"Quando desenhei o capítulo final – quando o volume final foi lançado – Honey & Clover era a última coisa que restava naquele campo queimado. Os personagens viviam dentro dele, mas todos estavam presos nas páginas daquele livro agora fechado. Fiquei sozinha em meu escritório, sem conseguir falar. É um sentimento que realmente não consigo colocar em palavras. Eu não conseguia me mover."

"Honey & Clover entrou em hiato duas vezes. Arrumei minha mochila cheia de impressões de revistas e procurei [por outras editoras]. A serialização continuou em três revistas diferentes e conseguiu chegar ao seu fim. É uma história verdadeiramente feliz."

"Você sempre apoiou Honey & Clover. É tudo graças a vocês, leitores [que foi um sucesso]. Mesmo agora, vocês continuam a valorizá-lo. De verdade, muito obrigada."

"Enquanto faziam isso, Honey & Clover começaram três vezes e terminaram três vezes. Acabou ficando como esta casa antiga com um formato estranho. Acho que, ao lê-lo pela primeira vez, é uma leitura difícil. Me desculpe por isso. Mas até o fim, eu continuei sem nenhuma preocupação com as aparências. Honey &Clover é tão importante para mim – e tão doloroso – que nem eu consigo abri-lo."

Honey & Clover foi publicado entre 2000 e 2006, durante este percurso, duas das revistas onde a serie era publicada foram descontinuadas, primeiro, a Cutie, depois a Young You.  A série terminou sua publicação na revista Chorus (*atual Cocohana*) contando com dez encadernados.  Mesmo com esses percalços, Honey & Clover foi um sucesso e sua animação foi a primeira do bloco Noitanima, voltado para adultos, em 2005. Além da animação, que teve 24 episódios e dois OAVs, Honey & Clover teve filme para o cinema (2006) e dorama (2008).  O mangá foi publicado no Brasil pela Panini.

Se você não conhece a série, recomendo muito.  Garanto que dificilmente você irá se arrepender.  Ela não é perfeita, há um problema grande lá no final, aliás, ainda assim, isso não impacta a qualidade da obra que acompanha o amadurecimento de um grupo de jovens e sua amizade apesar das diferenças.  É uma série que me comoveu muito, chorei em vários momentos, porque me fez recordar da minha época de faculdade, dos meus amigos, de como foram tempos felizes.  Há resenha da série no blog, é só clicar aqui.

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Shoujocast no Ar! Watashi no Shiawase na Kekkon 8: o perigo ronda Miyo #netflix #myhappymarriage


Miyo começa a receber aulas de Hazuki, irmã de Kiyoka, pois deseja se tornar uma dama digna de se casar com seu noivo. No entanto, os pesadelos da protagonista se tornam cada vez mais agressivos e sua saúde começa a declinar. Kiyoka se preocupa com Miyo e sabe que há algo errado, mas não encontra rastro da família Usuba, o clã da mãe de sua noiva e um incidente de grandes proporções o obriga a mergulhar no trabalho, pois precisa conter uma série de grotesqueries que foram libertadas. 


(Peço desculpas pela extensão do vídeo, minha intenção é que ele tivesse por volta dos 15 minutos, mas ele ultrapassou bastante o padrão dos anteriores.)

terça-feira, 22 de agosto de 2023

O Shoujo Café está lento, mas logo voltará ao normal

Pessoal, não pensem que eu estou abandonando o blog, na verdade, estou muito cansada esses dias e com uma carga de trabalho mais pesada do que de costume.  Junta ter que dar aulas presenciais, gravar outras em casa, preparar slides e exercícios, aplicar prova até no sábado e ainda ter que estudar com a Júlia para as provas dela.  Domingo, 22h30 estava formatando provas, porque o colega que tinha que mandar algumas questões só me enviou mais e 21h.  

Semana passada, mal consegui gravar o Shoujocast comentando o episódio de Watashi no Shiawase na Kekkon (わたしの幸せな結婚) da semana passada em tempo.  O resultado, aliás, não ficou como eu queria. O texto fazendo o balanço da novela Vai na Fé nem foi concluído ainda, quando sair, ninguém mais deve querer ler. O ranking da Oricon está super atrasado, também.   Enfim, passado o turbilhão, isto é, na semana que vem, devo voltar a ter posts diários, ou quase.  É isso.  Preciso ir dormir agora.  5 da manhã preciso levantar.

sábado, 19 de agosto de 2023

Também na "Rosa de Versalhes" e em "Glass Mask"... Como é excêntrico o comportamento de meninos com amor não correspondido!? (recomendação de texto)

Não leio japonês, vocês sabem, mas achei esse texto tão curioso e engraçado que eu precisava recomendar.  Vai que você consegue ler, não é mesmo?  O título original do artigo do site Futaman é “Berusaiyu no Bara” ya “Garasu no Kamen” ni mo… kataomoi danshi no kikō! ? Omowazu tsukkomitaku naru 70-nendai shōjo manga de egaka reta “koisuru otoko”-tachi (『ベルサイユのばら』や『ガラスの仮面』にも…片思い男子の奇行!? 思わずツッコミたくなる70年代少女漫画で描かれた“恋する男”たち).  

É um texto em que o autor, ou autora, comenta cenas icônicas e a forma como os homens de três mangás, Rosa de Versalhes (ベルサイユのばら), Glass Mask (ガラスの仮面) e Haikara-san ga Tooru (はいからさんが通る), explicitavam os seus sentimentos não correspondidos, ou que não poderiam ser expressos, acredito que no caso do Masumi é mais por aí.

Enfim, mesmo usando somente o Google Translator, a compreensão do texto é tranquila, porque eu conheço o contexto.  "Quadrinhos românticos são sempre populares. Em particular, o comportamento comovente de um homem bonito em relação a sua paixão não correspondida faz meu coração bater mais forte. No entanto, no auge dos shoujo mangás brilhantes nos anos 70, havia muitos comportamentos excêntricos de homens que me faziam pensar: "Normalmente, as pessoas fazem essas coisas!?"  A ideia é mostrar o quanto eram (*e eram mesmo*) os dramas amorosos e como as personagens expressavam seus sentimentos nos shoujo mangá nos anos 1970.

A autora começa por André e como ele expressa seu sentimento por Oscar, um amor que não pode ser correspondido por causa das diferenças de status, ele é plebeu, ela é nobre, e, também, porque por boa parte da história, a protagonsita julga amar outro homem, o Conde Fersen.   Ela descreve a dramática cena o quase estupro, que é muito impactante tanto no mangá, quanto no anime, mas, na animação, a forma como Oscar, a protagonista, é atingida é bem diversa.  E a cena em que um André frustrado, por saber que Oscar iria se casar com outro, se joga no chão e chega a comer grama.  Sabe que eu não me lembro claramente desta cena?  Imaginei que a pessoa fosse descrever a sequência do veneno.

Depois, o texto segue para Glass Mask e a relação entre Masumi e Maya.  Um dos pontos que a autora levanta é do quanto poderia ser impróprio um amor como o ele, afinal, ele era 11 anos mais velho (*Eu sempre pensei 10, ela começa a história com 13 e ele tem 23.  Será que estou errada?*).  Eu diria que, no começo, ele não sabia que estava apaixonado e, antes que alguém comece a estrebuchar, absolutamente nada acontece entre os dois até que ela cresce e, ainda assim, nada continua acontecendo de verdade (*sim, eu tenho raiva disso.*).  

A relação entre Masumi e Maya é um misto de Orgulho & Preconceito, porque ele se comporta como um Mr. Darcy que é assumidamente tsundere e Papai Pernilongo.  Uma das minhas cenas favoritas, que não é dessas de sofrimento amoroso escolhidas pela autora, que é quando Maya está treinamento para ser Helen Keller, que era surda e cega, e ele vai ver como ela está, a menina reconhece seu benfeitor, mesmo sem que ele fale nada e o abraça.  Eu acho essa cena uma das mais lindas e intensas de toda a história.  E ele está sofrendo, claro.

Durante uma boa parte do mangá (*e o texto descreve várias dessas cenas, como a de Maya ensaiando o papel de menina lobo*), Masumi trata Maya com frieza e até com desdém em público, mas, em segredo, ele a protege e envia rosas púrpura (*Ela a chama de "murasaki no bara no hito".*) mostrando como aprecia o seu crescimento como atriz e termina pagando os estudos da garota.  Mesmo quando a confronta, às vezes, o objetivo é provocá-la para que ela coloque para fora o melhor que ela pode oferecer em uma atuação.  

Eu não irei perdoar a autora se, depois de tanto sofrimento, eles não ficarem juntos.  Masumi teve um relacionamento muito complicado com o pai e tem uma noiva arranjada e acredita que precisa cumprir o compromisso assumido pelo patriarca.  Você pode não conhecer Glass Mask, mas trata-se de um mangá que é publicado desde o ano do meu nascimento, 1976, e ainda não encerrado.  Eu até consigo suportar certa sofrência, mas tudo tem limites!

Por fim, o texto fala de Tousei, o chefe de Benio em Haikara-san ga Tooru e de como ele expressa seu sofrimento de forma muito esquisita.  Ele é dono de um jornal, ele contrata Benio como repórter, porque ela é insistente e é a única mulher que não desperta a sua alergia.  Ele a pede em casamento, ela aceita, porque ele é um bom homem, mas, também, por ele ser dono da promissória da casa de seu antigo noivo, Shinobu, que ela crê estar morto.  Mas eis que, no dia do casamento dos dois, Shinobu recuperou a memória e aparece.  Há um grande terremoto, que aconteceu de verdade e arrasou Tokyo, Tousei salva Ranmaru, melhor amigo a amaa, enquanto Benio o larga no altar sem piscar duas vezes. 

Daí, a autora comenta que Tousei dá a promissória da casa de presente de casamento para Benio.  "Só eu que acho que como o noivado foi rompido no dia do casamento, seria bom receber uma mansão como prêmio de consolação?"  Depois, o artigo ainda comenta o gaiden, no qual um magoado Tousei está viajando pela Europa e conhece um adolescente que lhe lembra Benio e se apaixona por ele.  Sim, temos um BL no final de Haikara-san ga Tooru.

"Nos shoujo mangá dos anos 70, há muitas cenas de um homem apaixonado que foi um pouco longe demais. Frustrado, ele bate no chão e diz falas grosseiras com grama na boca... No entanto, tais excentricidades exageradas são memoráveis, pois estão em cenas cenas impressionantes. E mais do que qualquer outra coisa, acho que o bom dos mangás shoujo antigos é que você pode genuinamente curtir cenas muito ridículas como essas."  Como eu amo o drama, o exagero sentimental do shoujo clássico, eu não reclamo.  Sim, as coisas às vezes parecem ir longe demais, só que a história era tão bem amarradinha que a gente esquece e a combinação as imagens e do texto termina até me comovendo.

Concluindo, a autora (*acho que é autora*) assina como Dekai pengin (Penguin grande) e parece ter uma coluna sobre mangá.  Os últimos três textos são sobre shoujo mangá, o atual, um sobre Patalliro (パタリロ!) e outro sobre Yuukan Club (有閑倶楽部), mas na bio, a pessoa diz que cresceu lendo Shounen Jump, mas sua mangá-ka favorita, Aemin Okada, só fazia shoujo.  Enfim, acredito que seja alguém que tenha mais ou menos a minha idade.  

sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Shoujocast no Ar! Watashi no Shiawase na Kekkon 7: um Pouco de Calmaria e já Começa a Tormenta

 

Ontem, coloquei no ar o vídeo resenha do episódio 7 de Watashi no Shiawase na Kekkon (わたしの幸せな結婚).  Começamos a adaptação do segundo livro com a apresentação de Hazuki, irmã de Kiyoka, a despedida de Kouji e a assinatura (*cena inventada para o anime*) do contrato de noivado dos protagonistas.  Foi um episódio com muitos eventos, talvez, até desconexos, mas que foi bem agradável de assistir.  Miyo gargalhou pela primeira vez e Kiyoka chegou a sorrir, aliás, a personagem foi desenhada de forma muito bonita neste episódio.  

Por outro lado, houve a ruptura de um cemitério que guardava almas de gente muito perigosa e Kiyoka é convocado para resolver o problema, além disso, o protagonista começa a sentir uma presença espiritual em sua casa de forma mais intensa.  O que seria?  A barreira continua intacta, Miyo não tem poderes... ou ela tem?  E nossa mocinha começa a estudar para ser uma dama, ao mesmo tempo em que seus pesadelos se intensificam.  O vídeo está logo abaixo:

quarta-feira, 16 de agosto de 2023

Shoujocast Extra: Mais uma vez falando do filme da Barbie

Assisti ao filme Barbie na estreia, escrevi minha resenha, voltei ao cinema para vê-lo de novo com a Júlia, mas houve quem me pedisse um vídeo.  Não acho que ficou o melhor vídeo possível, deveria ser mais curto e objetivo, mas se não tivesse feito agora, não faria mais.  Não coloquei imagens, os links para as informações que passei no episódio estão na página do Youtube, é só checar lá.  A resenha está melhor organizada, basta clicar aqui.

terça-feira, 15 de agosto de 2023

RIP Léa Garcia: Perdemos uma gigante da dramaturgia brasileira

Léa Garcia faleceu na última terça-feira, não teremos mais o seu expressivo olhar e sua fala sempre firme conosco. Foram 90 anos de vida, ela desejava chegar aos 100, infelizmente, ou talvez fosse hora, ela não chegou lá.  Em uma entrevista quando do seu aniversário, ela comentou de seus problemas de saúde e planos para o futuro.  Teve a bênção de ver o nascimento de uma tataraneta. A atriz morreu em Gramado, cidade do maior festival de cinema do país, seria uma das homenageadas do dia.  Seu neto recebeu o seu merecido troféu.  

Léa Garcia estreou aos 18 anos e o site Extra-Classe fez um excelente memorial de sua carreira.  Em 1957, foi indicada ao prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cannes por sua personagem em Orfeu Negro, filme vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro naquele ano.   Conquistou quatro Kikitos no Festival de Gramado, com Filhas do Vento, Hoje tem Ragu e Acalanto. Manteve-se atuante nos últmos anos, apesar de problemas para se locomover. Em 2022, atuou nos longas Barba, Cabelo e Bigode, Pacificado e O Pai da Rita.  Ela iria assinar com a Globo para participar do remake de Renascer.

A atriz participou do Teatro Experimental do Negro e militava contra a discriminação racial dentro e fora dos palcos.  E é bom marcar isso, porque estamos em uma época de produções açucaradas que tentam mascarar o racismo violento e atroz de outras épocas, por falta de vergonha ou reflexão, ou para atacar mesmo pelos que militam pela igualdade racial.  E o Arts And Culture me trouxe uma informação a mais sobre Léa:

"Apesar de atuar no teatro, cinema e televisão, Léa Garcia ao longo de sua carreira foi também servidora pública no Ministério da Saúde. Na década de 1960, ela ingressou no Departamento Nacional de Endemias Rurais, indo em seguida trabalhar no Hospital Psiquiátrico Philippe Pinel, no Rio de Janeiro, onde permaneceu até a década de 1990. Diante da inconstância do trabalho nas artes cênicas, o emprego público ofereceu-lhe estabilidade financeira e melhores condições para criar seus filhos. No Pinel, ela desenvolveu atividades de teatro terapia com os pacientes, possivelmente inspirada naquelas realizadas pelo TEN para aliviar os efeitos do racismo."

Ser artista no Brasil, quando não se nasceu em berço de ouro é difícil, ser artista neste país tendo nascido pobre e negro é desafio maior ainda.  Enfim, eu conheci a atriz pelo seu trabalho em Escrava Isaura (1976), ela foi Rosa, a escravizada que usava de todos os meios para sobreviver sem ser tortura, que gostava (*sim*) de sexo e que era o contraste com a casta mocinha.  Rosa personificava as estratégias possíveis em um mundo de violências contra as mulheres e, ainda mais, contra as mulheres negras e escravizadas.  Foi odiada, a morte da personagem foi celebrada e a atriz falou sobre isso em várias entrevistas.  

Outro papel que me impressionou foi o de Dona Cida do remake de Anjo Mau (1997).  Olha, eu lembro quase nada da novela, não gostava dela inclusive, mas a cena em que Léa Garcia finalmente expõe que era mãe de uma filha socialmente branca que a escondia de seu marido, foi incrível.  Sua neta racista era interpretada por Alessandra Negrini, que discriminava e perseguia a personagem de Taís Araújo.

"Rest in Power", grande Léa Garcia.  Não queria estar fazendo tantos "RIP" este ano.  E eu estou postando na quinta com data retroativa, porque minha vida está muito agitada (*trabalho, semana de provas da Júlia e por aí vai*).  

domingo, 13 de agosto de 2023

Watashi no Shiawase na Kekkon é um dos animes favoritos da temporada de verão!

Watashi no Shiawase na Kekkon (わたしの幸せな結婚), ou My Happy Marriage, chegou a metade da sua jornada na semana passada.  O episódio 6 encerrou o primeiro livro com Kiyoka resgatando Miyo das mãos de sua madrasta e irmã depois de derrotar o vilão desta parte da história, o pai de Kouji.  Não pense, no entanto, que Miyo estava lá simplesmente esperando, torturada, ela mostrou sua força, isto é, ela não cedeu, como sempre fez, ela não recuou, ela suportou a dor e o abuso, porque sabia que valia a pena.  E valeu.  É um excelente episódio, ainda que eu prefira o quarto.

Toda semana o site Animetrendz revela o resultado da pesquisa sobre melhor série, melhor personagem (feminino e masculino) e melhor casal.  Para votar, clique aqui

sexta-feira, 11 de agosto de 2023

Prefeitura de Fukushima cria grupo de idols com o objetivo de conectar gerações

Normalmente, quando pensamos em grupos de idols, pensamos em meninas adolescentes, ou pouco mais que isso, cantantes e dançantes, além de capazes de atuar no cinema e TV, se necessário.  Raramente, uma idol permanece em evidência para além dos seus 30 anos, na verdade, a maioria se aposenta bem antes disso.  Pois bem, o Jornal Mainichi noticiou que o grupo Genkai Toppa Generation estreou em 9 de julho com o objetivo é romper limites e integrar gerações.  Os membros do grupo são mulheres com idades de 17 a 59 anos e que trabalham e residem na prefeitura de Fukushima.  Seus nomes artísticos são Moe, Chiro, Kokotan, Ayase, Onpu-chan e Yukko.  

Acredito que o Mainichi só falou do grupo por ele ter esse caráter curioso, que rompe com o que seria um grupo de idols tradicional.  Segundo a matéria, em sua estreia, no dia 9 de julho, o grupo tocou músicas novas e antigas, incluindo "Toshishita no Otokonoko" lançado pelo famoso trio musical Candies em 1975, "365 Nichi no Kamihikoki" lançado pelo popular grupo ídolo AKB48 em 2015, e o recente sucesso música "Idol" do superduo Yoasobi.  O Genkai Toppa Generation também está trabalhando para criar uma música original e sonha em tocar em todo o país.

quinta-feira, 10 de agosto de 2023

Está no ar o novo Shoujocast! Watashi no Shiawase na Kekkon 6: Nossa Mocinha Mostra sua força!

O anime de Watashi no Shiawase na Kekkon (わたしの幸せな結婚) chegou em um momento muito importante.  Miyo foi sequestrada e será torturada para abrir mão do seu compromisso com Kiyoka.  Já o rapaz será capaz de tudo para recuperar sua noiva.  O episódio 6 é o clímax da primeira metade da série e dá pistas do que virá depois.


Links do Episódio:

quarta-feira, 9 de agosto de 2023

A peça de Watashi no Shiawase na Kekkon estreia neste fim de semana

Neste fim de semana estreia a peça de Watashi no Shiawase na Kekkon (わたしの幸せな結婚), comentei sobre isso quando a série foi anunciada.  Enfim, hoje o capítulo de Watakekkon deve fechar o livro 1 e eu acredito que a história que vai aos palcos será incorporada ao anime, porque é a batalha que é referenciada no livro 2, mas não é mostrada.  Exatamente por isso, algo que eu achei absurdo, Miyo não está listada na peça, ela não estava presente.  E eu percebi que o irmão do Kouji, o Kazushi, está com a aparência que ele tem no anime, não com a que lhe deram no mangá.  Acho que é um indício, também.  É isso, só queria falar de My Happy Marriage.  Daqui a pouco, o episódio estreia na Netflix.  

terça-feira, 8 de agosto de 2023

Saiu o novo trailer do dorama de Ao Haru Ride


Ao Haru Ride (アオハライド), série de grande sucesso de Io Sakisaka lançado pela Panini no Brasil, terá um dorama estreando no Japão no dia 29 de setembro na TV WOWOW. Eu havia comentado o anúncio, que incluía já o projeto de duas temporadas, em junho. Não lembro de ter postado o primeiro trailer, mas este é o segundo. Como está bloqueado no Youtube, porque eu chequei no Comic Natalie, estou postando direto do Twitter da conta Animes in Japan:

Novela Direito de Amar voltará no Canal Viva

Uma das minhas novelas favoritas irá retornar no dia 4 de dezembro no Canal Viva.  Trata-se de uma das minhas novelas favoritas e eu fiz quatro posts no blog sobre ela, só para vocês terem uma ideia: Novela que daria excelente Shoujo Mangá  (2007), O Direito de Amar (2008), Sobre Castro Alves e Direito de Amar (2010) e 30 anos de O Direito de Amar (2017).  Eu queria reprise, ou remake, virá a reprise finalmente.  

A novela de Walter Negrão é inspirada em uma rádio novela de Janete Clair e tem como centro a história de Rosália (Glória Pires), uma jovem prometida em casamento sem seu consentimento e sem seu conhecimento (*pelo menos no início*) por seu endividado pai ao banqueiro Sr. de Montserrat (Carlos Vereza).  Ele concorda em esperar que a moça, que tem somente 15 anos, termine os estudos, ou seja, ela seria sua esposa de fato somente três anos depois.  Só que na noite de Ano Novo de 1900, a jovem conhece um rapaz em um baile de máscaras, o tal moço é Adriano, um jovem médico recém chegado da França e que vem a ser o único filho do Sr. de Montserrat, que exige que Rosália vá para um internato.  Só que ela adoece e quem vem atendê-la é Adriano.  

Os dois terão alguns momentos de felicidade, mas logo a jovem recebe a notícia de que já é uma mulher casada e Adriano acaba conhecendo a futura esposa do pai, o que gera muita culpa, mas, também, rancor, porque o rapaz se julga enganado.  Só que Montserrat, na verdade, não poderia se casar com ninguém, afinal, ele não estava livre para isso, mas o segredo, que tem toques de Jane Êyre, só será revelado muito mais adiante na trama.

Além da história central, há muitos personagens e outras tramas que se passam no Rio do início do século.    Há a febre amarela, o Bota-Abaixo que modifica totalmente o centro do Rio de Janeiro, perseguição aos anarquistas, discussões sobre os costumes e as limitações impostas às mulheres etc.  Vamos ver qual será a minha impressão ao rever a novela, que será a única que estarei assistindo, porque quando Vai na Fé terminar, serão meses sem nada que me interesse do gênero para acompanhar.

Espero que eu tenha o mesmo prazer em assistir Direito de Amar que tive quando estava com 11 anos.  E eu achava o Lauro Corona tão lindo nessa novela, mal sabia eu que ele já estava doente e viria a falecer pouco tempo depois,  Será que depois de O Direito de Amar haverá coragem para resgatar Vida Nova, a última novela do ator?  Eu acredito que não.