sábado, 30 de abril de 2011
Umimachi Diary termina no Japão
sábado, 30 de abril de 2011 at 3:27 PM
Para não dizer que eu não falei do casamento real...
at 8:05 AM

sexta-feira, 29 de abril de 2011
Ranking da Taiyosha
sexta-feira, 29 de abril de 2011 at 7:29 AM

SHOUJO
1. Hoshi Wa Utau #11
2. Orange Chocolate #6
3. Switch Girl!! #16
4. Monokuro Shōnen Shōjo #6
5. Tadaima no Uta #3
6. Ao Haru Ride #1
7. Seiyuu Ka-! #5
8. Sakura Hime Kaden #8
9. Ouran Host Club #18
10. Himegimi to Sanbiki no Kemono #4
JOSEI
1. Kuragehime #7
2. Seito Shokun! Kyoushihen #24
3. Mirror Ball★Flashing★Magic
4. M – Dark Angel III #5
5. Maison de Nagaya-san #1
6. Chihayafuru #12
7. Oideyo Doubutsu Byouin! #11
8. Rush #5
9. Anoyama Koete #18
10. Nodame Cantabile #25
quinta-feira, 28 de abril de 2011
Shoujocafé no Facebook
quinta-feira, 28 de abril de 2011 at 6:29 AM

Ranking da Oricon
at 6:03 AM

12. Switch Girl!! #16
15. Hoshi wa Utau #11
19. Orange Chocolate #6
20. Monokuro Shōnen Shōjo #6
21. Ao Haru Ride #1
27. Kuragehime #7
28. Sakura-Hime Kaden #8
30. Ouran Host Club #18
quarta-feira, 27 de abril de 2011
Brindes de Nana e Gokinjo Monogatari com a revista Cookie
quarta-feira, 27 de abril de 2011 at 5:08 PM

The Borgias: Cesare & Lucrezia (Só para dar um gostinho)
at 1:51 AM
terça-feira, 26 de abril de 2011
Brindes de Glass Mask com a revista Betsuhana
terça-feira, 26 de abril de 2011 at 5:16 PM

segunda-feira, 25 de abril de 2011
Mangá de Emma, de Jane Austen, finalmente lançado
segunda-feira, 25 de abril de 2011 at 9:44 AM

domingo, 24 de abril de 2011
Ranking da Taiyosha
domingo, 24 de abril de 2011 at 2:18 AM

SHOUJO
1. Ouran Host Club #18
2. Ao Haru Ride #1
3. L-DK #6
4. HapiMari~Happy Marriage!?~ #6
5. Yamato Nadeshiko Shichihenge #28
6. Sakura-Hime Kaden #8
7. Sheryl~Kiss in the Galaxy ~ #3
8. Kimi ni Todoke #13
9. Yajikita Gakuen Douchuuki II #2
10. Kirara no Hoshi #3
JOSEI
1. Kuragehime #7
2. Seito Shokun! Kyoushihen #24
3. Mirror Ball★Flashing★Magic
4. Rush #5
5. Maison de Nagaya-san #1
6. Koisuru Hito wa Hitori
7. Nemurenuyoru no Yuuwaku
8. Ema
9. Kadafuu Raiden #2
10. Chihayafuru #12
sábado, 23 de abril de 2011
Ranking do New York Times
sábado, 23 de abril de 2011 at 9:49 AM

1. Rosario + Vampire season II #4
2. Akira #6
3. Blue Exorcist #1
4. Finder Series #3
5. Naruto #50
6. Skip Beat! #23
7. Dengeki Daisy #4
8. Black Butler #4
9. Detective Conan #38
10. Sakura-Hime Kaden #1
Newpop vai publicar mangá da CLAMP no Brasil
at 2:18 AM

Corea do Sul (Daiwon C.I.)
Taiwan (Tong Li Publishing)
Hong Kong (Tong Li Publishing)
França (Viz Media Europe)
Estados Unidos (Dark Horse Comics)
Brasil (Newpop)
Alemanha (EMA)
Espanha (NORMA Editorial)
Comentando o filme Rio
at 1:21 AM
O filme Rio começa na cidade homônima, na Floresta da Tijuca, para sermos mais precisos, onde somos apresentados ao filhote de ararinha azul, Blu, que a julgar pela situação parece ser órfão. Temos então um belo balé de aves diversas – que me lembrou um pouco o clássico Você já foi à Bahia? da Disney – até que a ararinha, assim como vários outras aves, é seqüestrado por traficantes de pássaros. Blu caiu do ninho, não sabia voar, e esse trauma é fundamental para a história. Levado para os EUA, mais precisamente para o estado de Minnesota, o caminhão onde está sofre um acidente e ele cai no meio da rua. Ah, sim, o momento constrangedor da “adaptação nacional”, o único que temos condições de perceber, aliás, está ali, ao invés de traduzirem “Birds” por pássaros, um gênio qualquer optou por traduzir por “animais”. Como estava escrito, qualquer criancinha com inglês de pré-escolar percebe a bobagem. Enfim, o pequeno Blu é encontrado por Linda e a menina o leva para casa. Passam a ser companheiros e Blu se torna uma ave domesticada, que nunca aprende a voar. Quinze anos se passam até que um especialista brasileiro em ornitologia bate à porta de Linda.
Túlio, o especialista, deseja que Linda e Blu sigam para o Brasil, pois ele é o único macho restante e os cientistas desejam que acasale com uma fêmea, Jade, para tentar salvar a espécie. Linda resiste, mas acaba aceitando. O encontro de Blu com Jade não é dos mais promissores e ambos acabam sendo seqüestrados por traficantes de aves. A partir daí, começa uma corrida: Blu e Jade precisam fugir antes de serem embarcados para o exterior; Linda e Túlio precisam encontrar as aves; e, claro, precisamos de um romântico final feliz para ambas as espécies. E tudo isso se passa no período de Carnaval, pois é IMPOSSÍVEL falar de Brasil sem falar de Carnaval (*e futebol e favela, também*).
Enfim, Rio é um filme muito simpático. Acho impossível não se encantar com os bichinhos e com as piadas, mesmo as infames. Eu ri muito, me diverti muito, e não teria problemas em rever o filme. O elenco principal, as duas ararinhas, e seus coadjuvantes, os demais pássaros, e os humanos, são bem simpáticos. Toda a seqüência mostrando a amizade entre Blu e Linda é uma delícia. E as tomadas do Rio, desde o batido Pão de Açúcar, passando pelo clichê que é Copacabana, a lindeza da Quinta da Boa Vista, e culminando com a passagem (insólita) pela Sapucaí, é um deleite para os olhos. Mas é somente isso, Rio é divertimento superficial que não se aproxima, por exemplo, do já citado Procurando Nemo.
Quando li as críticas, vi o quanto elas eram contraditórias, algum louvavam (*com ânimo de torcedor fanático*) o diretor brasileiro Carlos Saldanha, como se Rio já estivesse com o Oscar de animação na mão e fugisse de todos os clichês sobre o Brasil; outros ignoravam a diversão que é o filme e focavam nos pontos “negativos”, quer dizer a forma carnavalesca com que o Brasil é representado. Enfim, eu queria ver um filme americano, porque é isso que Rio é, que não recorresse ao Carnaval para mostrar o Brasil e que fosse além desse tipo de representação rasa daquilo que nós, especialmente os nascidos do Rio de Janeiro, parecemos ser: uma gente cheia de gingado natural, que curte praia e futebol e, claro, acredita que tudo termina em samba. Sinceramente? Eu esperava um tiquinho mais de Rio. Mas Saldanha ficou no lugar comum. E até ofendeu a minha inteligência na seqüência final da Sapucaí com os bandidos inserindo o carro alegórico falso (*e horroroso*) no meio de um desfile de escola de samba do Grupo Especial. Sinceramente? Eu pensei que eles iriam entrar em um desfile de rua como o da Rio Branco. Seria engraçado e cheio de emoção do mesmo jeito, e não seria ridículo... Aliás, e fomos da Sapucaí para o meio da selva em um salto... Realmente poderíamos passar sem isso. Mas, para os americanos, ainda estamos intrinsecamente ligados aos filmes do tempo de Carmem Miranda. Vide a menção óbvia na fantasia do cachorro Luís.
Agora, o que me incomodou mesmo – até porque as representações sobre o Brasil e seu povo são lugar comum e até nossos cineastas usam e abusam de estereótipos, vide o lamentável Olga – foram duas coisas em que não vi os críticos profissionais tocarem. A primeira é a questão racial. Me incomodou muito que todos os moradores da favela fossem negros e/ou mulatos; pior ainda, que todos os bandidos do filme fossem negros. Tínhamos três bandidos, um deles poderia ser (socialmente) branco, mas, não, são todos negros. Já o Dr. Túlio, claro, é branco. Os mocinhos são brancos, os bandidos são negros e confirmamos o estigma do mau caratismo (*além da burrice*). Sim, mas há o menininho, que termina sendo adotado, ele se salva, isso é legal, mas não me permite esquecer da lambança racista light do filme. O outro ponto é a desproporcionalidade entre personagens femininas e masculinas no elenco principal. Estou considerando elenco principal, os animais com nomes e papéis importantes, e somente um deles é fêmea, Jade; e os humanos, bons e maus, onde só temos uma fêmea, que é Linda. Como tinha assistido ao último Feminist Frequency sobre o “Princípio de Smurfette” (*e nem gosto de lembrar do trailer de Smurfs que vi antes de Rio*), não pude deixar de perceber como Rio segue o padrão.
Jade é uma personagem tipo, a fêmea durona e independente que, no final, se apaixona pelo protagonista e se torna doce e indefesa. Pode ser que alguém considere isso um terrível spoiler, então, pode parar de ler aqui, afinal, minha crítica já está completa. Vai continuar? Enfim, em todas as cenas que Jade tenta voar carregando Blu, ela é incapaz de fazê-lo, ele é pesado demais, ele é trapalhão e eles quase morrem. Mas quando Blu – que derrota o vilão usando sua inteligência – consegue voar para salvar Jade (*sim, fêmeas sempre precisam ser salvas*), ela a carrega com uma facilidade incrível, sem sobressaltos, sem dificuldade, afinal, ele é MACHO. Não sei se esperava mais em questões de gênero, afinal, a série Era do Gelo, os dois primeiros filmes que assisti, pelo menos, são muito piores em questões de representação de gênero. Hollywood continua devendo.
Ah, sim! Alguém além de mim lembrou dos lêmures de Madagáscar quando viu os micos bandidos de Rio? Alguém além de mim achou que o Nigel, o pássaro vilão do filme, tinha algo de gay (*a dublagem do Guilherme Briggs tinha muito daquilo que ele fez com o demônio Ele das Meninas Super Poderosas) o que acaba aproximando Rio de O Rei Leão, onde os vilões eram negros e gays? Sei lá, quanto mais eu penso, mas coisas incômodas me vêm a cabaça... Obviamente, Rio não cumpre a Bechdel Rule, porque na natureza de Rio, há uma terrível desproporcionalidade entre machos e fêmeas, ou, talvez, como o que mantém o nosso mundo funcionando bem é a amizade entre os machos, elas, as fêmeas, não precisem aparecer em tela.
Voltando ao início, Rio é um filme divertido, do tipo rasinho, sem compreensão em camadas. Qualquer criança pode entender e qualquer adulto, desde que bem disposto, irá achar uma gracinha. Os bichos e humanos são simpáticos, as musiquinhas (dubladas) não são ruins, o visual é o grande trunfo. A dublagem nacional tem a qualidade que hoje só é cedida para desenhos da Disney e da Pixar, e em lugares como o Rio de Janeiro, ainda é possível assistir legendado em alguns lugares e horários (*que é o mínimo que eu exijo*). Assista e tire as suas conclusões. Como disse, minhas críticas não perdem isso de vista. Eu achei Rio muito legal, mas é só isso, sem nenhum aprofundamento, sem romper com as representações sobre os brasileiros, sem fugir do Carnaval e sem questionar papéis de gênero.
sexta-feira, 22 de abril de 2011
Guest Post: Bara Mangá – A Arte Gay Do Japão
sexta-feira, 22 de abril de 2011 at 10:21 AM

Antes de começar, agradeço ao convite da Valéria para escrever esse texto. Eu não me considero algum especialista em bara como alguns falam. E não, não é falsa modéstia, eu quero muito ser um estudioso da arte homoerótica japonesa, mas sei que ainda há um longo caminho para que eu me considere assim, muito para se ver e ler... Mas sei o suficiente para ser considerado um... fã. Um fã bem curioso, e ansioso por espalhar o que sabe e assim conseguir aprender mais.
Espero que este texto consiga, além de divulgar mais informações para aqueles que já tem certo conhecimento do gênero, que desmistifique algumas ideias que muitos utilizam para diminui-lo. Vamos lá!
Bara: a história
Para começo de conversa, já fique avisado de duas coisas: primeiro, o termo bara atualmente refere-se aos mangás (e também pode englobar todo um universo de produção criativa como fotografia, ilustrações, jogos etc) feitos de homens para homens... gays. Quem achar o assunto “inapropriado” pode parar de ler por aqui. E não, o gênero não é algum desdobramento ou subgênero do yaoi/BL, é algo bem distinto. Ao decorrer da leitura vocês vão saber o porquê.
Aliás, ao estudar as origens de cada gênero já se percebe o quanto são diferentes. O yaoi surgiu basicamente com doujinshis em que as mangakás faziam paródias de mangás shounen – lembrando que já havia histórias de amor entre garotos pipocando no shoujo desde a década de 70. Já o bara tem uma origem um pouco mais antiga. Ora, se pararmos pra pensar, a arte homoerótica existe já há um bom tempo, afinal, é arte! E a arte em si, essa necessidade de “materializar sentimentos e situações”, está aí há tempos, como mostram algumas antigas ilustrações no estilo ukiyo-e, é só pesquisar para ver. Porém, a arte gay moderna que viria a se consolidar como o que conhecemos de bara teve origem na década de 1960.
Reforçando o dito anteriormente, bara é associado ao mangá homoerótico hoje em dia, especialmente no ocidente, mas bara no Japão pode se referir a toda uma produção artística gay, assim como qualquer coisa considerada “gay”. Seria para identificar a possível homossexualidade de algo sem ser muito direto, como dizer que alguém é “entendido”, “fã da Cher”, por aí... Enfim, a alcunha pegou por causa de uma série de fotografias do artista Eikoh Hosoe retratando o escritor Yukio Mishima seminu. O ensaio foi entitulado “Bara-kei” (Provação das Rosas). Futuramente sairiam as revistas Bara (de origem independente) e Barazoku (primeira publicação gay distribuída em bancas), que reforçariam o termo.
A primeira revista que traria ilustradores que posteriormente inspirariam artistas atuais foi a Fuzokukitan, apesar de trazer também conteúdo erótico hétero e lésbico. Todavia, do nativo Go Mishima até Tom of Finland, a arte homoerótica acabou ganhando cada vez mais espaço na revista. Em 1964 foi criada uma revista de circulação limitada chamada Bara, que é considerada a origem de todas as publicações gays subseqüentes. Em 1971 surgiu a famosíssima Barazoku (Tribo da Rosa), que foi a primeira publicação gay mainstream, oficialmente distribuída em bancas. Foi aí que o termo “bara” foi consolidado de uma vez. A revista de mais ou menos 300 páginas tinha todo tipo de conteúdo, até mesmo artigos para o público em geral, pois seu editor Bungaku Itō queria que a publicação não fosse segregada. Apesar de ter pornografia, ela não era considerada uma revista pornográfica, mas seria muita cara de pau negar que grande parte do atrativo da revista eram os romances homoeróticos (um dos publicados foi escrito por Yukio Mishima, utilizando o pseudônimo Tamotsu Sakakiyama), a seção de anúncios pessoais (é sabido, inclusive, que as maiores vendas da revista vinham de locais mais isolados do Japão), e as fotos e ilustrações de homens bem afeiçoados e despidos. Porém, a revista sempre tentava dar foco nos artigos. Para se ter uma ideia, na primeira edição, havia somente seis páginas de foto de nudez. As histórias em quadrinhos apareciam, mas ainda não eram destaque. Com o sucesso desta, outras revistas num mesmo modelo apareceram, como a Sabu e Adon por exemplo.
A coisa mudou com o surgimento de revistas como a Badi e a G-men nos anos 90. A cena gay agora estava mais “à vontade”, e tais revistas surgiram como resposta, já que elas abraçavam de uma vez o rótulo de ser uma “revista 100% gay”. Tratavam de assuntos em comum à cena gay japonesa e mundial, como a preocupação com sexo seguro, divulgação de clubes e lugares gay-friendly, paradas gays... A visibilidade então parece ter sido bem aceita pelos leitores. Outro destaque delas é que ao contrário das revistas como Barazoku, investiu pesado em produções de mangás gays, especialmente a G-men. Esta publicação, inclusive, foi a responsável por mostrar pela primeira vez mangás gays que tivessem continuações (antes as produções eram basicamente oneshot) e por comercializar as primeiras antologias – tankobon – de suas histórias, criando um mercado dos mangás bara.
Consequentemente, publicações anteriores declinaram as vendas e tiveram sua produção encerrada. Os motivos foram vários. A Adon havia mudado sua linha editorial, passou a ter mais artigos políticos, sérios, exterminando os trabalhos eróticos: cavou seu próprio túmulo. A Barazoku ainda resistiu por mais tempo, teve a publicação interrompida por motivos financeiros algumas vezes e se reergueu, três vezes. Porém acabou entrando num beco sem saída: percebeu-se que os anúncios pessoais já não atraiam tantos leitores, já que para isso agora havia a internet. O interesse dos leitores já tinham sido dispersos para as publicações mais novas, e em sua publicação de número 400, teve sua produção encerrada. Ainda assim, a Barazoku é a revista gay de maior periodicidade do Japão até hoje, de 1971 até 2004. Seu legado é inegável.
Mangakás bara em foco
Os artistas que enviavam seus trabalhos para a Barazoku inicialmente se dedicavam a fazer ilustrações, não necessariamente histórias em quadrinhos. Isso veio a acontecer, obviamente, mas primeiramente os desenhistas das revistas ganhavam notoriedade apenas por suas peças individuais de arte.
A Fuzokukitan foi o berço de novos artistas como Go Mishima, Go Hirano e Tatsuji Okawa... Porém pouco podemos falar dos desenhistas dessa geração, só podemos analisar suas obras. A maioria destes artistas são completos desconhecidos até hoje, eles entregavam os trabalhos na editora sem se identificarem formalmente. Creio que não preciso nem dizer o porquê. Para se ter uma ideia, Tatsuji Okawa chegou a ter um relacionamento com Hiroshi Mamiya, um dos responsáveis pela Barazoku. Todos os trabalhos de Okawa eram entregues aos editores por meio de Mamiya. Bungaku Itō nunca chegou a conhecê-lo.
Anos depois, nas décadas mais atuais é que alguns mangakás começaram a assumir seu trabalho. Creio que o que mais se beneficiou com isso foi Gengoroh Tagame, o que mais se expõe atualmente. Mas isso não é privilégio de todos. Outros autores atuais ainda utilizam pseudônimos e evitam ser fotografados, mas na maioria das vezes é mais para se resguardar do que por medo de homofobia. Um caso interessante é o do Jiraiya, que utiliza um pseudônimo por causa de seu trabalho “em escritório”, segundo ele próprio. Imagem ainda conta muito no Japão. Porém, todos eles não hesitam em defender a causa gay.
O estilo dos homens retratados nessas revistas varia muito, de acordo com a segmentação da publicação. Porém percebe-se que na maioria das vezes os desenhos mostram homens de 20, 30 anos... Mesmo que ainda não utilizassem um estilo mais “muscle bear” que é bem comum hoje em dia, a masculinidade era valorizada no traço, com jovens de corpo atlético, e por vezes com pêlos. Essa é uma diferença entre o traço bara e yaoi que é fácil de perceber.
Eu não tenho conhecimento do primeiro mangá bara no “molde” como o conhecemos, como história em quadrinho: a gei comi, mas percebe-se que a Barazoku já os exibia em suas páginas desde os anos 80. A infame história Kuso Miso Technique de Junichi Yamakawa é um exemplo.
Gengoroh Tagame é sem dúvida o mangaká bara mais conhecido, por inúmeras razões. Seja por ser um grande estudioso da arte homoerótica do Japão, dando palestras em universidades e por ter livros sobre o tema publicados; seja por ser um dos autores de mangá bara que mais tem volumes publicados pelo mundo afora, trabalhando desde meados da década de 80; seja pelos temas pesadíssimos que trata em seus mangás. Sério, quando alguém diz que um mangá do Gengoroh Tagame é algo para pessoas de estômago forte, não é mentira. Outro artista bara, Susumu Hirosegawa inclusive declarou que as histórias do Tagame não são profundas, chamando-as de “teatro sadomasoquista”. Por vezes, algumas histórias do Tagame chegam mesmo a apresentar um plot mais fino que papel de seda, e devo concordar que muitas histórias dele são apenas explorações de temas hardcore, mas é um dos artistas top em se tratando do traço.
Outros mangakás bastante conhecidos por lá e no ocidente são: Jiraiya, praticamente um discípulo do Tagame - mas que tem histórias bem melhores e mais agradáveis - que já tem mangás publicados na Espanha. Takeshi Matsu, que até onde sei não teve nenhum mangá publicado em outro lugar além do Japão, mas ele é sem dúvida um dos autores mais lembrados de bara, talvez só esteja abaixo do Tagame em questão de popularidade. Tsukasa Matsuzaki foi um mangaká de BL antes de migrar para as revistas gays, e tem vasta coleção de tankohons publicados, alguns ele divide a autoria com o Matsu. O já citado Susumu Hirosegawa também migrou do BL para o bara, e suas histórias focam bastante no plot.
Além destes, podemos destacar também os seguintes artistas (de mangás ou apenas ilustrações), seja desta ou de gerações mais antigas: Sadao Hasegawa, Bem Kimura, Inaki Matsumoto, Shunpei Nakata, Mentaiko, Shotaro Kojima, Ichikawa Kazuhide, Satoru Sugajima...
Bara e yaoi: duas visões de um mesmo amor
Chegamos então ao ponto mais polêmico da história. Mangá bara e mangá yaoi ainda são frequentemente confundidos. Já vi muito scanlation de yaoi que tem alguns bara disponíveis em seu acervo, já me deparei com muitos blogs com conteúdo exclusivo bara que os chama de “yaoi bara”. Mas eles tem sim suas diferenças, desde o traço até o conteúdo das histórias. Eu mesmo confundia o tempo todo, só depois que fui entender, normal, e nem é algo para se condenar ou xingar alguém.
Eis o que acontece: o bara é feito em sua maioria por homens homossexuais e são dirigidos para homens homossexuais enquanto o yaoi é feito por mulheres e suas leitoras são mulheres. É algo bem distinto, geralmente os gays japoneses rejeitam o yaoi, assim como algumas mulheres não apreciam muito os mangás bara. Os motivos para isso são vários, atrelados às diferenças dos mangás. Embora cada mangá tenha seu “estereótipo”, é bom ter consciência que às vezes acontecem exceções, mas basicamente tais mangás seguem sempre esse padrão que a maioria conhece.
Enfim, eis algumas características de mangás yaoi e bara em comparação:
• Físico dos personagens – Essa é a diferença que mais “grita” ao verificar os mangás. O yaoi preza por mostrar homens de físico bem esguio. Magros, esquálidos. E muitas vezes alguns chegam a ser andróginos mesmo. Isso se explica pelo fato que esse é o tipo físico que mais atrai as mocinhas japonesas – vide os idols. Já o bara ressalta a masculinidade: muito pêlo, muito músculo, muito tecido adiposo em certos casos. Outra diferença é no detalhamento desse físico. Enquanto um pênis é desenhado de modo bem simples no yaoi (e mesmo que às vezes nem pareça um, é censurado de modo absurdo), no bara os detalhes são indispensáveis. O mesmo para a parte “traseira”, que eu raramente vi desenhada em yaoi, mas aí não sei se é censura ou omissão mesmo.Interessante observar que, se existe tamanha crítica entre algumas pessoas, algumas se preocupam em ler os dois mangás sem muita preocupação. Percebe-se no Brasil, por exemplo, que quando o yaoi foi descoberto e começou a se popularizar, o público de homens e jovens homossexuais que liam as histórias sempre foi grande, não há uma rejeição como acontece no Japão, por exemplo, onde até mostrei em meu blog uma introdução de uma história do Jiraiya em que ele se desculpa por fazer uma história muito romântica – ou seja, “para mulheres”. O bara tem pouquíssimo tempo de exposição no país, e possivelmente só chegou aqui porque alguém achou que fosse apenas mais um tipo de “mangá yaoi”. Parece-me que agora que tais termos são devidamente conhecidos e explanados, esse grupão que gostava dos “mangás com casal gay” acabou se separando um pouco. Mas acho que a própria exposição do público aos dois acabou fazendo isso, pois suas diferenças não passam despercebidas. Daí, cada um parte para o que mais gosta.
• Plot – É aí onde muitas leitoras de yaoi defendem sua rejeição ao bara. O bara, por se encontrar quase sempre em uma revista adulta erótica (falo isso em consideração aos que produzem direto em seus sites), obviamente foca na relação sexual dos personagens. E por a sua maioria ser apenas curtos oneshots, não há muito espaço para se desenvolver uma história mais profunda entre os personagens. Mas esse fato não quer dizer que todo mangá gay seja raso. Ou que todo yaoi seja tão profundo e bem desenvolvido. O BL naturalmente emula muitas “firulas” do shoujo – as “pausas dramáticas”, por exemplo – já que o BL é uma parte desse gênero, já o bara é mais direto na “ação”.
• Sexo – Acho este um ponto que merece discussão também para complementar a informação acima. O sexo no bara, por ser destaque, é desenhado com ricos detalhes, e me perdoem se beiro o exagero, mas às vezes é até mais do que um hentai... Isso talvez assuste as mulheres que não se interessam tanto pela estimulação visual, ao menos isso que é descrito por algumas. O mangá yaoi quando tem cenas de sexo não as mostram com tantos detalhes, às vezes nem as mostram, só dão sugestões. E enquanto no yaoi a cena de sexo é uma “refeição completa”, no bara isso não acontece. No bara, não precisa nem ao menos ser na cama, e pode muito bem se resumir à masturbação ou preliminares.
• Visão do amor homossexual – Aqui é onde reside A grande diferença. E se o plot raso é a queixa favorita das moças, o retrato dos homossexuais é objeto de enorme crítica dos gays. Comecemos com o padrão do mangá yaoi de mostrar em seu casal um seme (ativo) e uke (passivo) do tipo “até a morte”, e mostrando o uke com um visual mais andrógino: tal manifestação acaba sendo uma representação de um amor heterossexual. Em muitos mangás yaoi se encontra um personagem que nunca se identifica como homossexual, o que piora a situação. Além disso, poucas são as situações, expressões ou trejeitos que possam ser identificadas de fato pela cultura queer. É algo que soa, por mais que as intenções tenham sido boas, meio falso... sabe quando se assiste um filme sobre o Brasil sendo que a ótica é 100% americana e o brasileiro não se vê naquele filme? É isso que acontece. No bara se trabalha melhor a apresentação de uma vida gay, suas agruras e prazeres. Em um exemplo bem fácil de se ver: os papéis de ativo/passivo quase sempre são rejeitados, com o casal mostrando-se basicamente versátil. E nem sempre o casal precisa se amar para ficar junto. Sexo no bara não significa necessariamente “amor consumado”, como no yaoi.
Porém isso não quer dizer que um gênero é melhor que o outro, ou que sirva para discriminação. Uma coisa que acontece hoje que irrita muitas fãs de BL é quando a mídia gay se apropria do mangá yaoi, deixando de citar que quem cria as histórias são mulheres e que esse é o seu público majoritário. A misoginia também é observada em alguns que, por preferirem histórias de conteúdo mais lascivo, taxam as histórias bara mais leves como “mangá de mulherzinha”. E da mesma maneira acho que tratar os mangás bara como algo menor por não ter muita profundidade seja algo injusto, já que eles têm grande significância para homossexuais pela verossimilhança. É uma expressão legítima nossa, e de certa forma acho desrespeitoso no sentido que muitos manga-kás bara se esforçam para fazer histórias com profundidade, sim! Sabe-se que as editoras das revistas viram que as histórias continuadas trazem um público fiel, ansioso por acompanhar seus personagens favoritos. Quanto ao tipo de traço ou de físico que é mostrado, “esse físico é mais bonito, esse não”, aí é algo muito subjetivo, e, portanto nem vale a pena discutir por longo tempo.
E repetindo o que disse, essas “regras” têm suas exceções. Existe, por exemplo, o mangá conhecido como “gachi muchi”, que é um BL construído com personagens de físico mais masculino, mais parecido com o utilizado no bara. Tal mangá tem autores gays, e é dirigido para mulheres, embora tenha um bom número de leitores homens gays. E no gei comi podemos destacar Tetsuzo Okadaya, que apesar do pseudônimo masculino, é uma mulher, e já teve vários trabalhos publicados nas revistas gays, como a G-men.
Nota-se que no Brasil já tenha uma breve noção dessa diferença, mas mesmo quando o bara estiver bem difundido, acho que vai ser difícil ocorrer grande segmentação entre o público. Na pesquisa que a Tanko, administradora do site Blyme, fez sobre o yaoi, uma pesquisa sobre o bara constava que 41% do público do site – maioria de pessoas do sexo feminino – não compraria uma publicação bara. Mas há de se observar que as opções com “Sim”, mesmo que com ressalvas (“...eu prefiro yaoi ao bara”, “...só se for um título/autor que eu goste”), juntas representam 56%. E considerando justamente essas ressalvas, observa-se que o público fujoshi mostra-se aberto, assim como alguns homens gays – o responsável por esse texto, por exemplo – acham divertido ler BL. No fim, a questão não é de qual é melhor, ou mais bem sucedido, é simplesmente questão de escolha e identificação. Ambos são mangás, e ambos estão disponíveis a qualquer leitor.
Bara no Brasil???
Para encerrar, a grande questão: seria possível uma editora se interessar em publicar uma gei comi no Brasil? Bem, seria algo difícil, MUITO difícil considerando a indústria editorial brasileira hoje, mas não impossível.
O grande empecilho na publicação do bara em outros países é justamente suas histórias. É óbvio que um país onde pessoas são tratadas como inferiores por sua sexualidade não encara ainda muito bem peças homoeróticas explícitas, por mais que elas estejam lacradas e bem no alto das prateleiras de livrarias ou bancas. Vide o número baixo de revistas direcionadas ao público homossexual e a resistência que elas encontram para ser vendidas até hoje em determinados locais.
E para se ter uma noção, nos EUA, onde as vendas do BL são fortíssimas, até onde saiba, no momento não houve nenhuma publicação bara. Grande parte do público dos Estados Unidos fã de bara depende de scanlations. Mas na Europa alguns mangás do tipo já foram publicados oficialmente, como Espanha, Itália, França... e em sua maioria foram em edições de luxo. Falando nisso, esse talvez seja outro empecilho, de fato determinadas obras, especialmente as do Gengoroh Tagame, não tem um padrão ideal para ser vendido em banca, no formato revista comum (aquele impresso em “papel jornal”), e uma edição de luxo, geralmente direcionado a colecionadores, obviamente encareceria o produto que, por ora, já pertence a um público “restrito”. E embora seja “restrito” isso não quer dizer que o público não esteja disposto a pagar. Sabe-se muito bem que o público gay costuma apoiar os produtos dirigidos para sua comunidade (aquilo que no mundo dos negócios chamam de “pink money”). Enfim, a publicação de gei comi no Brasil é algo que ainda pode ser explorado algum dia, só espero que esse dia não demore demais. Eu aprecio muito os mangás em geral, e ter em mãos um mangá que represente algo que surgiu de alguém “entendido”, alguém com quem compartilho gostos, me identificar, é algo imensamente agradável.
Enfim, acredito que essas publicações ainda aparecerão no Brasil, seja nas mãos de editoras de mangás já conhecidas, ou por trabalho independente da comunidade gay mesmo. Enquanto isso, faço meu trabalho de formiguinha divulgando mais o gênero, para que, quem sabe, “esse dia” possa chegar.
Ranking da Oricon
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23. Seito Shokun! Kyoshi-hen #24
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28. Kimi ni Todoke #13
quinta-feira, 21 de abril de 2011
Akiko Higashimura participa de um talk show no Japão
quinta-feira, 21 de abril de 2011 at 2:25 AM

quarta-feira, 20 de abril de 2011
Autora de Skip Beat! quer ajuda dos leitores em seu mangá
quarta-feira, 20 de abril de 2011 at 10:05 PM

terça-feira, 19 de abril de 2011
A Rosa de Versalhes vai para a cozinha
terça-feira, 19 de abril de 2011 at 8:41 AM

Comentando o filme de Ōoku (Japão/2010)
at 1:47 AM
Japão, 1716, mas não estamos na nossa linha de tempo, mas de uma história alternativa. Neste Japão, uma doença chamada varíola vermelha dizimou boa parte da população masculina e o país agora é governado por mulheres. Mizuno (Kazunari Ninomiya) é um rapaz de 19 anos, filho de uma família de samurais empobrecidos. Ele é apaixonado por O-Nobu (Maki Horikita), sua amiga de infância, mas o casamento dos dois é impossível, pois além de pertencerem a classes diferentes, já que ela é filha de mercadores, a família do jovem é muito pobre. Mizuno ajuda mulheres que não tem marido e estão desesperadas para conceber sem cobrar nada em troca, mas sabe que é um peso para a família que, ao contrário de muitas outras na época em situação semelhante, não prostituiu o belo filho. Sem querer se casar por interesse, Mizuno decide entrar para o harém da Shogun, o tal Ōoku, do título, conseguindo assim os recursos para ajudar sua família e permitir que sua irmã se case. A decisão de Mizuno deixa O-Nobu arrasada e o rapaz acaba descobrindo que o Ōoku é um lugar torpe.
O Ōoku por si só é uma demonstração do poder e da riqueza da soberana, afinal, poucas mulheres têm um homem para chamar de seu, já que 75% da população masculina morreu e, reza a lenda, a Shogun teria 3000 ao seu dispôr. A rotina do harém é modificada quando a nova Shogun, chamada Yoshimune (Kou Shibasaki), assume o poder. Austera, desinsteressada dos luxos e vaidades, e preocupada com a situação de seu povo, ela vê a estrutura do Ōoku como uma ofensa em um momento de grave crise econômica. Concomitante à ascensão de Yoshimune, Mizuno sobe na hierarquia do Ōoku e, na primeira visita da Shogun ao harém, ele atrai a sua atenção. Sem saber qual era a tradição de Ōoku, tanto Yoshimune, quanto Mizuno, são pegos em uma armadilha, pois o primeiro homem com quem a Shogun se deitar, deve morrer. Mizuno agora tem certeza de que foi usado como joguete pelos poderosos do Ōoku, que conhecendo os gostos da nova soberana queriam alguém para o sacrifício, e ciente de que só tem poucas horas de vida, lamenta não ter passado a noite com sua amada O-Nobu pelo menos uma vez...
Basicamente, o filme de Ōoku é muito fiel ao mangá e, ainda assim, consegue inovar e ter sua própria força, ou seja, ele consegue ser uma adaptação ideal e quem não leu o mangá pode assisti-lo e curtir a história integralmente. Sem fugir da trama do primeiro volume, afinal, adaptar tudo seria impossível, o roteiro acrescenta detalhes (*como o excelente segundo duelo entre Mizuno e Tsuruoka, uma das melhores cenas do filme*) e deixa de fora questões que conduzirão à trama principal que começa segundo volume, isto é, como as mulheres chegaram ao poder e o mundo é da forma como é nos dias de Yoshimune. Todo esse bom senso, uma obra respeitosa com o original e, ao mesmo tempo, independente, com princípio, meio e fim. Fora isso, cenários, figurino e música – grandiosa, comovente – combinam muito bem, ou seja, se conseguisse esquecer o mangá original totalmente, a minha nota é dez com louvor. Eu comecei a assistir e não consegui parar até o desfecho e estou me esforçando para não sentar para assistir novamente. Acho que farei isso na Semana Santa.
Eu não confiava em Kazunari Ninomiya, pois, em primeiro lugar, ele não se parece com o Mizuno do mangá, mas o rapaz conseguiu defender com extrema competência a personagem que é honrada e luta para manter sua sanidade e dignidade em um ambiente corrompido. Ele crítica o luxo e ao desperdício que era ter homens confinados, quando tantas mulheres não tinham maridos, a começar com a escolha da roupa preta enquanto os outros pareciam borboletas enfeitadíssimas. As cenas dele com O-Nobu são muito comoventes, ainda que o beijo de despedida dos dois tenha sido muito superior no mangá. Aliás, foram três cenas de beijo, um exagero em filme ou dorama japonês. Todos os três estavam no original.
Um ator que eu achei que trabalharia pouco, afinal, no mangá a personagem é relativamente pequena, era Tamaki Hiroshi, o Chiaki de Nodame Cantabile. Mas a personagem acabou tendo o seu papel ampliado no filme. E não foi um exagero, pois tornou tudo mais interessante. Conspirando sempre, elegante e polido por fora, mas frio e cruel por dentro, seu Matsushima ainda é dono da última frase do filme, onde admite que a Shogun os derrotou. Todas as cenas do Tamaki Hiroshi foram ótimas, aliás, e eu destaco o desprezo sutil e direto que ele demonstra por Tsuruoka, seu jovem amante, quando ele é derrotado em duelo por Mizuno.a primeira vez. Esta cena, de humilhação extrema e elegante, foi criada para o filme, assim como o segundo duelo e o fim trágico do moço. E outra coisa que eu queria destacar é que Tamaki Hiroshi parece muito maduro, envelhecido até, mais do que a personagem pedia, inclusive, pois o Matsushima do mangá parecia bem mais jovem... ou, como muitos no harém, assim queria parecer. E são de Tamaki Hiroshi a maioria das cenas homoeróticas. do filme, pois além de amante de Tsuruoka, ele freqüenta a cama do vice-chanceler. Tudo estava no mangá.
Sadao Abe também está muito bem como Sugishita, uma das minhas personagens favoritas no mangá, mas fisicamente, ele é o que menos se parece com o original. Sugishita era um homem bonito com seus trinta e poucos anos, mas sem perspectiva de subir na hierarquia do Ōoku. E ele não encontra com a Shogun como noimangá. É a única coisa que eu realmente lamento, pois Yoshimune o toma como serviçal e amante. A última cena da personagem é de desalento diante do fim trágico de Mizuno. Uma pena mesmo. Mas quem mostra a maior tristeza é o costureiro que chora copiosamente sobre a roupa do protagonista. É uma cena bem tocante, especialmente se você não leu o mangá...
E chegamos a Yoshimune, a personagem mais forte do filme. Mizuno é o protagonista, isso é indiscutível, mas é Yoshimune que domina todas as cenas onde aparece. E como Kou Shibasaki estava perfeita! Ela se tornou a Shogun, passando a força necessária que a persoangem exigia, e ainda temos cenas externas com ela, montando a cavalo, andando incógnita por Edo, coisa que não está no volume original. Enfim, faltou um pouco da luxúria da Yoshimune do mangá, mas isso estava na parte que foi descartada, o último capítulo. Tiraram um pouco do humor de Yoshimune e da sua paixão por homens feios e pobres, mas sobrou dignidade. Me lembrou um pouco a mudança que fizeram com Oscar, da Rosa de Versalhes, na adaptação do mangá para o anime. No entanto, todas as cenas dela foram perfeitas, começando com a expulsão da cortesã (*que aqui não é sinônimo de prostituta*) amante do luxo, passando pela primeira audiência no Ōoku, e culminando com as cenas com Mizuno. O mangá ganhou vida diante dos meus olhos! Aliás, a sensação era essa mesmo, e foi a melhor adaptação desse tipo de material que eu já vi.
Outra atriz que merece destaque é a que faz a ministra Kano Hisamichi. Ela não parece com as personagens gordinhas de Fumi Yoshinaga, mas estava muito bem como a personagem que fala manso, é toda bom senso, mas sabe exercer o poder que tem. A moça que fez O-Nobu é bonita, comovente na sua dor, mas, enfim, é só isso mesmo. Ela até apareceu mais do que no mangá, já que o aspecto história de amor é enfatizado, mas as cenas dela como Mizuno poderiam ser um pouco melhores... Não sei, eles pareciam um pouco travados juntos. E a atriz que faz a mãe do Mizuno, apesar de ser uma pontinha só, é espetacular.
Enfim, Ōoku ultrapassou todas as minhas expectativas. Eu já tinha amado os trailers, mas o filme em si foi muito, muito, muito melhor. E ainda incluíram várias coisas legais, sem cortar passagens realmente importantes. Claro, que se eu não tivesse lido o mangá, talvez fosse um pouco mais emocionantes, afinal, eu não saberia o destino de Mizuno... Eu imagino que iria me debulhar em lágrimas, porque a tensão e a angústia vão crescendo, crescendo, crescendo, até a cena da execução... Acho que foi uma das primeiras vezes que lamentei ter os spoilers... ^_^ Bem, se você ainda tem dúvida se o filme vale a pena, saiba que vale e muito. Não deixe de baixar o arquivo.
Primeiro, logo no início do filme, é O-Nobu que propõe de forma muito séria que Mizuno passe uma noite com ela. No mangá, é o inverso e o rapaz faz a proposta em tom de brincadeira... claro, que para esconder o que sentia, mas, ainda assim, o objetivo era tornar Mizuno mais sério no filme. E conseguiram! Outra questão importante é que o passeio da Shogun pelo exterior, só pode ser explicado se considerarmos que a província governada por Yoshimune ficava no interior, pois ela teve toda a chance de conhecer o país, afinal, viveu no mundo exterior durante toda a sua vida. Essa passagem da Shogun passeando com um guarda-costas vem, se não me engano, do terceiro volume. A Shogun, neste caso, era Iemitsu, que tinha crescido reclusa no Ōoku.
Em Edo, Yoshimune vê vários homens doentes e é dito que a contaminação pela varíola vermelha voltou a crescer. Isso não acontece no primeiro volume, mas o objetivo era mostrar como a doença se espalhava, mostrar a cidade, a população, os costumes. Aliás, o sujeito desfilando pelo bairro do prazer como uma oiran, foi uma das cenas mais impressionantes do filme inteiro, porque inverte as imagens associadas aos papéis de gênero. O último capítulo do mangá foi cortado. Não reclamo, ele era uma introdução para o que viria depois, Yoshimune querendo descobrir o porquê das mulheres usarem títulos masculinos, mas é exatamente neste capítulo que a Shogun é apresentada como uma mulher cheia de luxúria, só que direcionada para homens que não são bonitos ou nobres... ela catava os criados mesmo, “aqueles que não eram dignos do olhar do Shogun” e fugia do protocolo do Ōoku. Pois bem, exatamente por causa disso, a Shogun não encontrou com Sugishita. Queria que Sugisshita tivesse o mesmo final do mangá. É minha única grande reclamação.
A opção de terminar com a dissolução do Ōoku foi boa, afinal, o filme é sobre o harém. No entanto, não fica claro – ou a legenda omitiu – se os sujeitos foram dispensados com dote, como no mangá, para que pudessem se casar. Eu estou ressaltando isso, pois quando Iemitsu, a primeira Shogun, dispensou parte dos homens do harém, eles foram mandados para o distrito do prazer e prostituídos à força. Isso fica claro que Yoshimune não fez, mas não se fala em indenização. Enfim, foi um detalhe que escapou, mas é somente isso mesmo.
segunda-feira, 18 de abril de 2011
E se os meninos fossem os protagonistas?
segunda-feira, 18 de abril de 2011 at 11:28 AM

Abe Hiroshi & Ueto Aya são os protagonistas de Thermae Romae
at 9:55 AM

Passei no Nippon Cinema e vi que há outros dados da produção, as filmagens começaram em 14 de março na Itália, nos estúdios da Cinecittà (*UAU!*). Além disso, o site traz uma fala da autora, Mari Yamazaki dizendo que acredita que a adapt’’cão será monumental e irá superar o seu original. Segundo ela, “Abe-san está realmente magnífico como o romano antigo Lucius. O elenco italiano está murmurando ‘Parece um genuíno romano’ em ação.” Vamos esperar. A estréia é em 2012.
Morre o diretor Osamu Dezaki
at 5:45 AM

Se eu tenho muitas críticas as mudanças que ele fez nas adaptações – boa parte delas machistas, diga-se de passagem – ele era imbatível na técnica. Em Ace Wo Nerae a cor que explodia em fractais na tela, a capacidade de suspender a passagem do tempo, os cortes rápidos que escondiam a precariedade da animação; ele fez mesmo em Ashita no Joe, aliás, já na Rosa de Versalhes, auxiliado pelo character design inspirado (*que ele mesmo não conseguiu destruir de todo quando chamou seu colega Akio Sugino para assumir a chefia*), ele criou algumas seqüências brilhantes, como a do quadro, que superou o que Ikeda fez no mangá; e em Oniisama E... ele coneseguiu fazer de três volumes de mangá 39 episódios inesquecíveis de anime, escorregou no final, mas já falei que ele fazia mudanças machistas, mas fez uma homenagem à Rosa de Versalhes dentro da outra série de Ikeda, criando seqüências dramáticas e angustiantes que, bem, não estavam no original, mas eram tão Riyoko Ikeda que a gente até não acredita que fossem dela quando vê o mangá original... Enfim, foi corrido o texto, mas o que eu quero dizer é que eu não seria tão fã de anime, não teria tão boas lembranças, se não fosse Osamu Dezaki. Ele é um dos deuses do anime e será eterno.
domingo, 17 de abril de 2011
Filme de Ōoku para baixar!
domingo, 17 de abril de 2011 at 10:32 PM

Voltando às 2h37 min para fazer uma pequena atualização: Acabei de ver o filme. É muito bom mesmo. Melhor do que eu poderia esperar. Só lamento terem cortado uma pequena parte, que comentarei na resenha. No entanto, ainda assim, eu daria nota 10 para o filme. Até beijo convincente tem e, bem, em um filme ou dorama japonês isso é muito, muito, muito difícil. Se eu não tivesse lido o mangá, teria me arrebentado de chorar na última parte do filme. Apesar do Nino do ARASHI não se parecer em nada com o Mizuno do mangá, ele conseguiu se sair tão bem que eu esqueci disso. Ele me convenceu... Mas vamos dormir, que eu já vou ter menos de três horas para descansar antes de sair para o trabalho.
Chega ao fim Boku to Kanojo XXX
at 8:52 AM

sábado, 16 de abril de 2011
Autoras da revista Flowers publicam na Gessan
sábado, 16 de abril de 2011 at 9:34 PM

Mangás curtos de Fumiko Tanikawa lançados em dois volumes no Japão
at 8:48 PM

Revista You traz booklet do dorama Hagane no Onna
at 8:24 PM




















































