sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Morre a desenhista Marie Severin


Faleceu ontem, aos 89 anos, a desenhista e colorista Marie Severin, uma das poucas mulheres a terem destaque no mercado de quadrinhos norte americano a partir dos anos 1950.  Ela começou como colorista e trabalhou em quadrinhos de terror, horror, crime, aqueles que sofreram pesadamente com a censura do Comics Code, posteriormente, ela fez carreira na Marvel e desenhou quadrinhos de super-heróis.  



O primeiro emprego de Severin na indústria de quadrinhos foi colorizando os trabalhos do irmão, John Severin para a EC Comics, em 1949.  Depois, ela passou a colorizar toda a linha da editora, estabelecendo o padrão do que deveria ser feito na área.  Na Marvel, ela trabalhou com Bill Everett em Doutor Estranho e em outros títulos como Sub-Mariner, Hulk, Homem de Ferro, Conan o Bárbaro, Kull o Conquistador e o Demolidor.



Em 1976, marie Severin co-criou a Mulher-Aranha, desenhando seu uniforme original.  Nos anos 1980, ela se dedicou Fraggle Rock e Muppet Babies, que foram licenciados pela Marvel.  a artista continuou trabalhando e foi incluída no Hall da Fama dos Einser Awards em 2001.  Em 2007, ela sofreu um primeiro infarto e se recuperou.  Anteontem, ela sofreu outro infarto e veio a falecer.  Se não me engano, ela aparece no documentário She Makes Comics.

LGBT pedem que congressista do partido do governo japonês se desculpe publicamente por chamá-los de improdutivos


Lembram que, tempos atrás, comentei sobre um político japonês que tinha dito que as mulheres solteiras são "um peso morto para a sociedade".  Agora, uma congressista de 51 anos, sim, uma mulher, filiada ao partido do governo, o Liberal Democrata, disse para uma revista que os LGBT - lésbicas, gays, bissexuais, transsexuais - são improdutivos e que o governo japonês não deveria perder seu tempo com eles.  A fala foi essa: "O Governo pode gastar dinheiro dos contribuintes para que os casais LGBT obtenham aprovação? Eles não fazem filhos. Em outras palavras, eles não têm 'produtividade'."

A declaração levantou indignação dos grupos LGBTs e de pessoas preocupadas com os direitos humanos, segundo o Japan Times, e há um movimento pedindo que a sujeita se retrate.  Um abaixo-assinado com 26 mil assinaturas foi entregue no gabinete do primeiro-ministro, Shinzo Abe.  A mãe de uma criança trans declarou para o JT que o que Sugita pratica é bullying.  Outros exigem que o partido do governo se posicione.  A única fala, vinda do partido, do que seria o seu vice-presidente, disse que estava colhendo evidências, mas que cada político tem direito a sua opinião pessoal.  O Japan Times esclarece em outra notícia que os tribunais japoneses tem feito valer os direitos dos LGBTs e que mio Sugita não representaria a maioria.

Foto de um dos protestos.
Olhando a foto dela, lembrei que vi um vídeo legendado dessa senhora falando contra a possibilidade de se discutir questões ligadas aos LGBTs nas escolas japonesas.  Era um programa discutindo as altas taxas de suicídio dentro dessa parcela da população. Segundo ele, não se tratava de uma prioridade.  O link tem o vídeo.  Ela parece ter uma visão das lésbicas tiradas dos mangás yuri dos anos 1970, 1980, sabe?  Garotas gostam de garotas na adolescência, trocam cartas e juras de amor, mas, se ninguém falar do assunto (*daí, ela ser contra educação sexual*), isso passa, todo mundo casa e procria feliz.  Ela também já se pronunciou sobre as mulheres do conforto, dizendo que elas se prostituíam por vontade própria.  Sim, há políticas mulheres tão babacas quanto certos homens da mesma profissão por aí...  Obviamente, é sempre melhor ter uma mulher enunciando esse tipo de absurdos contra minorias, porque legitima o discurso masculino mais retrógrado.

Estátua em memória das mulheres do conforto.
O Japão luta contra a baixa natalidade faz tempo, mas, como eu já comentei várias vezes, é lento em promover reformas que promovam a igualdade de gênero, ou melhores condições para que as mulheres, especialmente, possam ter filhos e manter suas carreiras.  Do outro lado, adotar, no Japão, não é uma opção vista com bons olhos, nem estimulada pelo Estado (*1-2*).  De qualquer forma, este tipo de opinião serve para ilustrar que o país não é tão acolhedor em relação aos LGBTs como muitos animes, mangás e outros produtos midiáticos japoneses fazem muita gente acreditar.  As coisas por lá são pesadas e muito para quem não se enquadra no modelo heteronormativo, ou, pelo menos, finge se enquadrar.

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Ranking da Oricon


Saiu o ranking da Oricon e estou postando o das duas últimas semanas.  Chihayafuru manteve a mesma posição duas semanas seguidas. Eu esperava que estreasse em sétimo e subisse para o top cinco.  Deve ter mais duas semanas de sobrevida.  De qualquer forma, a última semana está pobre e o trio estava na semana passada, também.    Kaichou wa Maid-sama!  Marriage estreou semana passada, mas não sobreviveu.  Enfim, não há muito o que comentar.

7. Chihayafuru #39
13. Haru Matsu Bokura #10
15. Wotaku ni Koi wa Muzukashii  #6

SEMANA 06-12/08 
7. Chihayafuru #39
8. Wotaku ni Koi wa Muzukashii  #6
11. Haru Matsu Bokura #10
18. Hana Nochi Hare ~Hanadan Next Season~ #10
23. Omoi, Omoware, Furi, Furare #9
26. Kaichou wa Maid-sama!  Marriage

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Notícias da revista Cheese: Mangá sobre adolescente que tem ELA chega ao final no Japão


O Comic Natalie trouxe um post com algumas notícias da revista Cheese.  A primeira é que o mangá 10 manbun no 1 (10万分の1), de Kaho Miyasaka, chegou ao seu final com direito à capa da revista.  O ponto de partida da série parece lugar comum: "A estudante do 2º ano Rino Sakuragi está apaixonada pelo Ren Kiritani, alguém do seu círculo de amizade desde o primário. Rino não consegue amar nem a sua própria personalidade e nem o seu próprio corpo, além de ficar incrivelmente tímida quando se depara com o popular Kiritani." (via Union Mangás


Só que a série lida com questões mais dramáticas como uma doença que pode levar à morte e coisas do gênero... Daí, uma amiga, a Ana Beatriz me esclareceu o seguinte: "Sobre o mangá 10 manbun no 1 (10万分の1) a tradução dele é 1/10.000 ou "Uma chance de 10.000" (tradução livre minha com a ajuda de uma amiga rs) e o que significa isso? É a probabilidade mínima de uma pessoa desenvolver ELA - Esclerose Lateral Amiotrófica, que é a doença da protagonista."  Acredito que deve rolar muito drama e muitas lágrimas... 


Além disso, temos um Drama CD, Suijin no Hanayome (水神の生贄), ou Bride of the Water God, de Toma Rei, que traz mais do que uma rádio novela, mas quer deixar os fãs da série muito felizes.  O mangá chega ao seu final na próxima edição.  Se entendi bem o CN, uma prévia do material que vem no disco está disponível para degustação na página da revista.

Akagami no Shirayukihime chega ao seu 100º Capítulo na revista LaLa


Akagami no Shirayukihime (赤髪の白雪姫) de Akizuki Sorata chegou ao seu capítulo 100 e a revista LaLa está comemorando essa marca.  Segundo o Comic Natalie, além da capa, há ilustrações especiais e uma espécie de matéria listando as melhores cenas do mangá até agora.  A série teve uma animação com 24 episódios, entre 06/07/2015-28/03/2016, além de um OAV.


Além dessa celebração, temos um drama CD com episódios de quatro séries de destaque na LaLa: Sabaku no Harem (砂漠のハレム), Mizutama Honey Boy (水玉ハニーボーイ), Onee Danshi, Hajimemasu (オネエ男子、はじめます。) e Tendou-ke Monogatari  (天堂家物語).  


Além disso, estreou na revista o mangá Tensei Okusho no Kurorekishi (転生悪女の黒歴史), e eu espero ter transliterado corretamente, de Fuyunatsu Akiharu.


Orgulho e Paixão e BL: Comentando o Amor de Luccino e Otávio


Era para ser um Shoujocast, cheguei a gravar o programa, mas decidi escrever um texto mesmo, porque o áudio ficou longo, prolixo e eu não teria como editar, iria ter que gravar tudo de novo.  Enfim, desde sexta-feira passada, se não me engano, a novela Orgulho & Paixão vem apresentando o drama de duas personagens que vivem um amor quase impossível.  Elas poderiam ser de classes sociais muito distintas, poderiam ser de grupos étnico ou religiosos divergentes, poderiam ser de séculos diferentes (*vide O Tempo não Para*) poderiam ter, mil impedimentos que a gente vê todo dia nas novelas, mas o obstáculo maior, neste caso, é o fato de serem dois homens no Brasil do início do século XX.  

Curiosamente e para a alegria de quem acompanha a novela, uma (*muito*) livre adaptação de vários livros de Jane Austen, de coração aberto e sem uma muralha homofóbica, a relação do mecânico Luccino (Juliano Laham) e do Capitão Otávio (Pedro Henrique Müller) tem sido desenvolvida de forma muito sensível e humana pelo autor, Marcos Bernstein.  Ambos não são protagonistas, as personagens centrais da novela são mulheres tomadas de empréstimo de vários livros de Austen, ou criadas para a novela, mas, como o autor é generoso, eles ganharam uma história própria e tiveram cenas muito comoventes nos últimos capítulos.  Outras virão, com certeza.

Mário foi o primeiro amor de Luccino?
Luccino desde o início era uma personagem positiva e simpática, guardião dos segredos de personagens mais importantes que ele e vítima da violência do irmão mais velho e truculento, que faz parte do grupo dos vilões, por assim dizer.  Era uma espécie de fiel escudeiro do Coronel Brandão (Malvino Salvador) e, depois, passou a apoiar Mariana (Chandelly Braz) no seu sonho de pilotar motocicletas.  Para isso, ela se disfarçou de homem e Luccino a ensinou a se comportar como um homem.  Nesse momento, algumas pessoas começaram a aventar que Luccino seria gay, porque ele parecia interessado em Mário, a versão masculina de Mariana.  Eu discordei, afinal, tratava-se de uma reedição do Mito da Donzela Guerreira e, a rigor, não seria coerente um sujeito se apaixonar por um homem que ele sabia ser mulher. Mas, enfim, o rolo Mariana-Mário não é para ser crível, nem a novela se apresenta como realista, ainda que, infelizmente, não se assuma como fábula, paródia, ou o que seja.  Se fosse, desde o início, assumida como um Cordel Encantado, ela seria bem melhor.  

Enfim, não acredito que o autor planejou um Luccino gay desde o início. Ele viu as possibilidades e se aproveitou delas, da mesma maneira que Walcyr Carrasco fez com Niko e Félix, só que, como as fujoshi (*fãs de BL-Yaoi*) não parecem ter percebido a novela das seis, afinal, o horário é cada vez mais ingrato, porque muita gente ainda está fora de casa ainda, ou por simples preconceito, a coisa tem passado meio batida.  Há quem creia que novelas das seis são piores que as demais, mais simples, água com açúcar, menos reflexivas e chatas.  Enfim, fosse novela das nove, a de maior visibilidade e audiência (*normalmente*), muita gente estaria comentando as bonitas e inesperadas cenas e torcendo pelos dois como o fariam com uma das nove.  Fora que tanto Otávio, quanto Luccino, estão sofrendo muito esses dias.  Aquela sequência na chuva foi destruidora... Já o toque de mãos furtivo no jantar foi para aquecer o coração.

Um quase beijo, por assim dizer.
E eu nem pensava em escrever nada, mas um amigo de longa data, o Alex, postou uma das cenas dos dois no grupo do Facebook do Shoujo Café e muita gente veio comentar.  Eu, que estava atrasada uns dois capítulos, coloquei as coisas em dia e, sim, precisava falar de Luccino e Otávio.  E o caso deste último é bem peculiar.  Otávio é um caso raro de personagem inútil que ganhou densidade e vida própria na trama. Aconteceu com ele exatamente o inverso do que houve com o coitado do Murilo Rosa, que deveria ser um dos protagonistas, já que era o Mr. Knightley, par de Emma (Agatha Moreira), e virou coisa nenhuma. Se ele e a Amélia, personagem de Letícia Persiles, outra excelente atriz, fossem para a Europa, ninguém sentiria falta, porque eles não têm lugar na trama.

No caso do Otávio, ele fazia parte do núcleo cômico normalmente atrelado à Lídia (Bruna Griphao), uma das irmãs Benedito.  Ele era um de seus pretendentes.  De repente, mas não de maneira forçada, o Capitão passou a ser uma personagem completa, alguém que vivia fugindo do que sentia, que não conseguia mais fingir que se interessava pela mais assanhada e desmiolada das Benedito, na verdade, ele descobriu que não compreendia o que ele mesmo era.  Sair do armário, ou, pelo menos, compreender que se está no armário, é coisa das mais difíceis e, por mais que a novela seja frouxa em relação aos usos e costumes de época, seria ainda mais complicado descobrir-se gay.  Mesmo hoje, ser homossexual e militar parece, na cabeça de muita gente, algo incompatível.

Otávio quase casou com Lídia..  Quase...
Otávio não tem família e tem poucas amarras, salvo sua profissão, deseja dar o salto que Luccino não é capaz de dar.  Não ainda.  Quando Luccino e o Capitão são descobertos pelos pais do primeiro, a gente esperava que ele fosse até agredido pelo pai (Jairo Mattos).  Fosse uma novela das 23h, o violento patriarca talvez tentasse matar o filho.  Agora, não acredito que ninguém que tenha visto a cena com o coração aberto, com empatia pelo menos, não tenha sentido a dor do silêncio da mãe, Dona Nicoletta (Rosane Gofman), uma personagem do bem, por assim dizer, que fria, ou em choque, dá as costas para o filho sem dizer palavra.  Comportamento absolutamente normal e mais corriqueiro do que a gente imagina até hoje.  Fala-se do passado, em filmes, novelas, seriados de época, para se falar do presente, também, não se enganem.

Agora, enfim, é o momento da angústia, do sofrimento, que daria, sim um excelente mangá.  Alguém pode dizer, e com razão, que é exagerado o acolhimento que o Capitão e Luccino recebem de algumas personagens.  Mariana, como uma transgressora por excelência, foi a primeira a compreender, ou começar a perceber, pelo menos, que Luccino é diferente, ela poderia aceitar sem maiores problemas. Já, o Coronel Brandão, talvez se fosse um homem real, não um tipo de novela, fosse mais duro, menos compreensivo.  Não pensem, no entanto, e isso é o que mutia gente deseja acreditar, que a homossexualidade foi inventada ontem, ou que em certos círculos, desde muito, muito tempo, sabia-se bem quando alguém era “diferente”, o importante, muitas vezes, é que essa pessoa cumprisse com seus deveres, isto é, casar, procriar, se ajustar a maioria, ser discreta.  O Coronel já se mostrou um homem conhecedor do mundo, mas, reforço, ele é por demais acolhedor.

Antes de qualquer coisa, eles são humanos.
Voltando a um ponto que esqueci, uma das coisas importantes que o autor fez foi antes de apresentar Luccino e Otávio como homossexuais, e permitido que o público os colocasse em suas caixinhas de representações sociais sobre o que é, ou não, ser gay, o autor os apresentou como homens como quaisquer outros.  Como pessoas.  Daí, ao revelar que eles são, por assim dizer, outsiders, eles já eram gente como qualquer outra.  Um dos problemas da representação de gays e lésbicas em peças de ficção é que eles e elas são construídos a partir da sua orientação sexual e, de certa forma, ficam prisioneiros dessa característica.  Porque, e acredito que já discuti isso, se você não diz qual a orientação sexual de alguém, essa pessoa é, por princípio, hetero.  Se você não a descreve, ela é, obrigatoriamente, branca, e por aí vai...   

Outra questão, nenhum dos dois moços têm nada dos tipos efeminados (*e nada contra os gays efeminados, é que é um clichê*) das nossas novelas.  Eles são homens como quaisquer outros, isto é, se comportam dentro da média dos papéis de gênero esperados, e, bem, uma parte considerável dos homossexuais em tempos passados deveria ser exatamente assim.  Muitos gays hoje, também.  Luccino é mecânico.  Otávio é militar e sabe manejar muito bem as armas.  Revi a pouco o meu primeiro texto de Liberdade Liberdade e vi como aproveitaram mal o André (Caio Blat).  Ele era exatamente esse gay afetado, mas ser assim não o impediria, no século XVIII, de ser um espetacular atirador e espadachim.  Enfim, outro ponto para Orgulho e Paixão.

Qual o homossexual que a maioria costuma ver?
 O estereotipado, o maniqueísta, o inofensivo.
Já e encaminhando para o final, o autor construiu de forma muito sensível a situação de descoberta da (homo) sexualidade dos rapazes e o fez de forma mais competente do que a maioria dos autores de telenovelas e em um horário cheio de limitações.  Vide como Walcyr Carrasco tratou o tema em sua última novela e o que está sendo feito por João Emanuel de Carneiro.  Como não gosto de nenhum dos dois e os vejo como superestimados, não é surpresa alguma.

Falando como mulher cis hetero, ou seja, alguém que se vê representada o tempo inteiro na TV, que vê cenas de romance envolvendo pessoas como eu o tempo inteiro, não vejo nada de menos no romance de Luccino e Otávio, muito pelo contrário, o autor vem driblando as limitações e colocando em tela toda a tensão gerada pela repressão dos sentimentos e, mais ainda, pela dúvida real em como expressá-los.  Eles não precisam se beijar, duvido que o façam, para entender todo o afeto que os move.  Eles não precisam aparecer lado a lado em uma cama (*o carro da oficina fez as vezes de cama, vocês não acham?*) para que a gente entenda que há desejo entre eles.  É possível até falar de sexo (*e eles não fizeram nada, é certo*), sem mostrar o ato.  Subentendidos, olhares, toques de mão, um abraço podem ser tão ou mais expressivos.  Não sei se vocês concordam, mas é assim que eu vejo e se aplica, também, a muitos romances hetero. 

Murilo Rosa e Letícia Persiles não tem
mais função na novela... É faz tempo!
E para quem acredita piamente que em 1910 não havia homens e mulheres homossexuais, informo que o fato deles e delas serem invisibilizados, não quer dizer que não existissem.  Afirmo ainda que muita gente se incomoda – da mesma forma que muita gente torce por eles – porque está acostumado a tolerar o gay caricato, feito para rir, e tem baixa ou nenhuma tolerância quando eles são apresentados como seres humanos da mesma forma que os heterossexuais são.  Aliás, para os críticos das novelas há duas coisas que parecem incomodar mais que tudo, uma é que as mulheres façam sexo sem culpa, que não lamentem o prazer que sentem, outra, é essa agora, termos um casal gay surgindo com força e confiança em uma novela das seis de época.

Terminando, contarei um causo.  O professor que trabalha comigo no terceiro ano teve que pegar umas turmas no segundo ano do Ensino Médio.  Nós, no Colégio Militar, usamos um dos livros do MEC atualmente, é mais econômico para os alunos e alunas.  Nosso livro atual é feito por um grupo de professores badaladíssimos da UFF (Universidade Federal Fluminense), encabeçados por um especialista em estudar gente invisibilizada e excluída, Ronaldo Vainfas.  E qual não foi nossa surpresa por descobrir que, no capítulo sobre independência do Brasil, não se fala do papel de D. Leopoldina no processo.  Há uma frase sobre ela dizendo que era austríaca e esposa de D. Pedro I.  Em contrapartida, temos um box enorme sobre Domitila para falar que era a amante, reduzindo-a a isso.  Se você é capaz de apagar a Leopoldina, imagine outras personagens... 

Sessão do Conselho de Estado,
Georgina de Albuquerque, 1922.
Vejam que se não fosse esse meu colega um sujeito muito competente e perceptivo sobre o papel das mulheres na História, ele não falaria nada sobre Leopoldina, mas ele está falando e os olhinhos das meninas estão brilhando.  E, mais ainda, ele não está inventando nada, está usando as fontes que, ao que parece, não foram consideradas importantes pelos autores e autoras do livro.  O que eu quero dizer?  Um aluno, ou aluna, pode estudar o ensino Fundamental e Médio inteiros sem saber que houve mulheres, gays, negros importantes na História, que eles e elas podem ter sido protagonistas, que não era somente vítimas ou coisa que valha.  

De novo, parabéns para o autor, Marcos Bernstein, por Luccino e Otávio, aos atores, também, aliás, por ter feito deles seres humanos e estar conduzindo tão bem essa inesperada história de amor.  Obrigada por apresentar a diversidade do humano e, não, colocar todo mundo na mesma forminha.  Mais ainda, eu entendo a raiva dos conservadores, dos reacionários, e dos homofóbicos, enfim, porque deve ser muito difícil deixar de fingir que pessoas LGBT existiam em outras era e, mais ainda, não eram somente caricaturas de gente como outras obras de ficção nos mostram o tempo inteiro.  E vocês, fujoshi que não conhecem a novela, não sabem o que estão perdendo.

terça-feira, 28 de agosto de 2018

Momento Fangirl: Boatos sobre o novo Batman e a série de Arsène Lupin da Netflix


Ontem, me deparei com duas notícias que me deixaram animadíssima, a primeira é o boato de que Oscar Isaac pode ser o novo Batman,  segundo, é sobre a série da Netflix sobre Arsène Lupin.  Primeiro ao que é boato, sabe-se que Oscar Isaac, que é um ator que eu gosto muito (*e acho ele muito bonito, também, especialmente de toga*), vai estar no próximo filme do Batman.  Ninguém revelou seu papel no filme.  Eu não me importo com o Batman, não sou fã da personagem, mas se alguém me disser que Oscar Isaac vai interpretar o papel do Homem-Morcego, eu estarei na estréia.  Imagino que alguma revelação sobre isso apareça nos próximos dias.  Minha fonte é esta aqui, mas está em todo lugar.

Oscar Isaac de toga em Alexandria.
A segunda notícia é certeza: teremos uma série sobre Arsène Lupin na Netflix em 2020.  Segundo o site Variety, ela foi encomendada ao estúdio francês Gaumont Television e se passará nos dias de hoje.  Alguém pensou Sherlock?  Enfim, o ator que interpretará o ladrão-cavalheiro será Omar Sy, de Intocáveis (Intouchables, 2011), que fez sucesso no mundo inteiro.  Acho que a escolha é bem interessante e é mais fácil fazer Arsène Lupin funcionar no século XXI do que um Sherlock Holmes, por exemplo.

Arsène Lupin para os nossos dias.
Lupin, e o do anime seria seu neto, daí o "terceiro" no nome, foi criado em 1905 por Maurice Leblanc.  Ele era filho de uma mulher da nobreza que rompeu com sua família para se casar com um operário.  O amor dos dois não durou muito, porque o pai morreu, e sua mãe acabou sofrendo humilhações por parte de gente mesquinha e preconceituosa.  Daí, o menino Lupin desenvolve um intenso senso de justiça e os seus roubos normalmente atingem gente desclassificada e cruel que usa da riqueza para achar que é melhor que os outros.  Lupin age, também, como detetive e mesmo sendo um ladrão, muitas vezes faz mais bem do que mal.  Ele, também, é a primeira personagem da ficção a lutar Jiu-Jitsu.  

Omar Sy fica bonitão com roupas de época, também.
A primeira adaptação de Lupin para o cinema ocorreu em 1917.  Em algumas de suas aventuras, Lupin enfrente Herlock Sholmes, a quem chama de "mestre".  Na primeira aparição do detetive, Leblanc usou o nome Sherlock Holmes e foi acionado por causa dos direitos autorais.  De qualquer forma, o Holmes de Leblanc tende a ser menos brilhante que o original, mas seria um sonho (*olha a fangirl surtando*) ter um crossover entre a série da BBC e esta francesa que ainda nem nasceu.

Poderiam fazer a Valéria feliz.
Falando em personagens clássicas que eu amo de paixão, já está mais que na hora de uma nova adaptação de The Scarlet Pimpernel e ninguém faz.  Vão esperar o quê?  O Tom Hiddlestone ou o J.J. Feild para o papel de  Sir Percy Blakeney?  Raios... 

Apêndice de Banana Fish com a revista Flowers


A última edição da revista Flowers trouxe um apêndice de Banana Fish com  um bate-papo entre a autora, Akimi Yoshida, e os dubladores dos protagonistas, Yuma Uchida (Ash Lynx) e Kenji Nojima (Okumura Eiji).  Segundo o Comic Natalie, são quatro páginas, mais um gaiden de Umimachi  Diary (海街diary).  


A capa da edição é do novo mangá de Yuki Kodama (Sakamichi no Apollon), Ao no Hana Utsuwa no Mori  (青の花 器の森).

Exposição comemora os 10 anos de carreira de Asumiko Nakamura


Asumiko Nakamura se consagrou pela sua arte peculiar, assim, é estranha e é bonita e é bonita por ser estranha, ou sei lá, e elegante.  Sua especialidade é BL, mas ela faz de tudo, seinen, yuri, enfim, tudo que ela cismar de fazer, ela faz.  De qualquer forma, a propaganda dos dez anos de exposição é muito centrada em seu mangá Doukyuusei (同級生), que é publicado na revista BL Opera.  



Falando nisso, descobri que há uma figura dos protagonistas dessa série.  Olha que bonitinho!  Só achei meio esquisito não ser corpo inteiro.



Enfim, segundo o Comic Natalie, a exposição irá de 1 até 9 de setembro na loja Toranohana Akihabara, em Tokyo.  Produtos com a arte da autora serão vendidos em uma lojinha.  Fotos aqui (*1-2*).

Luto no Mundo do Mangá: Morre a autora de Chibi Maruko-chan


Chibi Maruko-chan (ちびまる子ちゃん) é, junto com Doraemon (ドラえもん) e Sazae-san (サザエさん), uma instituição no Japão.  E eu fiquei muito triste e surpresa ao saber que sua criadora, Momoko Sakura, faleceu com 53 anos de câncer de mama no dia 15 de agosto.  53 anos, par auma japonesa, é pouco mais que metade da vida... É a segunda ou terceira mangá-ka que morre dessa doença nos últimos meses.  


Chibi Maruko-chan estreou na revista Ribon em 1986 e 1996, contando com quinze volumes encadernados.  A série retratava a vida da menina Maruko e sua família no ano de 1974 tendo caráter autobiográfico.  Entre 1990 e 1992, foi exibida a primeira série de TV com 142 episódios.  Uma nova série animada estreou em 1995 e continua até hoje somando mais de mil episódios.  Além da série de televisão, houve dorama, filme animado e filme live action, enfim, várias produções baseadas na obra original.  Houve continuações de Chibi Maruko-chan, uma ou duas delas publicadas em uma das revistas seinen da família Big Comics.


Acredito que todo o Japão esteja de luto pela autora nesse momento.  Realmente, é muito triste dar essa notícia.  Segundo o Comic Natalie, haverá mudança na exibição do anime com especiais animados da série sendo reexibidos como forma de homenagear a autora.  Se entendi bem, 2 de setembro será exibido um especial de 2011 que foi uma espécie de remake do primeiro episódio da série a ir ao ar em 1990.  Eu realmente fiquei muito triste com a morte dessa autora. O câncer pode levar qualquer um, mas, na minha vida, essa doença sempre leva algumas das pessoas mais queridas.

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Mangá fala da frustração de uma esposa sem vida sexual

Foi lançado dia 23 no Japão um mangá chamado Jitsu wa Watashi Sexless de Nayandemashita  (実は私セックスレスで悩んでました).  Se entendi o resumo do Comic Natalie, trata-se de uma espécie de essay manga, baseado na experiência da própria autora, talvez, ou de outras mulheres, mas que conta, também, a história de uma esposa frustrada, porque seu marido não tem interesse por uma vida sexual ativa.  Até pelo título que fala de "segredo", parece que é um mangá que se propõe a discutir um tema que ainda é tabu no país.  




Agora, ano passado publiquei uma pesquisa japonesa que apontava que quase metade dos casais do país não faz sexo, ou seja, é tabu, mas não é tanto assim.  Enfim, a mangá-ka (*acho que é mulher*) se chama Togame, o Bakaupdates registra como josei, mas saiu na Comic Flapper, então, é seinen.  O tema em si é importante, é do interesse das mulheres, mas o traço, pelo que eu observei das amostras, é pensado para ter apelo para os homens, também.  Atenção ao decotão e a pose da moça quando ela começa a fantasiar que está agarrando um entregador... Mulheres fantasiam com essas coisas?  Algumas, sim, mas pode ser coisa de filme pornô, também.  Dêem uma olhada no CN, porque há várias imagens do mangá.

domingo, 26 de agosto de 2018

Coletânea de trabalhos de Mutsu A-Ko lançado no Japão


Foi lançado no Japão uma coletânea com os trabalhos clássicos da mangá-ka Mutsu A-Ko com o nome de Mutsu A-Ko Otome Chick Collection (陸奥A子おとめちっくコレクション).  A maioria são trabalhos curtos da autora publicados na revista Ribon nos anos 1970 e início dos anos 1980, além do último mangá publicado pela autora.  



O volume, segundo o Comic Natalie, vem com brindes (furoku) ao estilo dos que saem com a Ribon, como adesivos, coisinhas de montar.  O traço da autora é bem fofinho, deve ser um livro bem legal de ter em casa.  


Falando nisso, algumas das meninas dela me lembram as da  Chika Umino, pode ser somente impressão, claro.

Mangá sobre jovem médica é a nova aposta da revista Asuka


A nova aposta da revista Asuka, dada a propaganda que eu estou vendo no Twitter da revista, é a série Gekkakoku Kiiden (月華国奇医伝) de Tooru Himuka.  Se entendi bem o Comic Natalie, a série se passa em um reino ao estilo China medieval (*uma da sambientações favoritas das autoras de shoujo*), onde a medicina é atrasada e a maioria das pessoas depende de práticas de magias e orações em caso de doença.  O jovem príncipe herdeiro sai, então, em uma comitiva em busca de um renomado médico em uma região montanhosa, que não sei se é dentro, ou fora de seu reino.  um dos seus companheiros é ferido e ele precisa urgentemente de socorro.  






Termina descobrindo que, na verdade, o médico é uma mulher, na verdade, uma adolescente, guardião das tradições da medicina de sua família.  Se ela é praticante de magia, não sei, mas o fato é que o príncipe manda levá-la para seu reino, onde, pelo que eu entendi, há uma praga em andamento.  E nem adianta reclamar, se um moleque de 15 anos pode instintivamente pilotar um mecha, uma menina, ou menino, da mesma idade pode ser gênio da medicina, sim!  O primeiro volume acabou de sair e com grande alarde.  No CN há imagens do mangá.  O traço é bonito.  Sendo da asuka, há possibilidade de virar anime e, talvez, seja derivado de algum romance (livro).