sexta-feira, 31 de julho de 2020

Live sobre a coletânea "Gênero, sexualidade e Feminismo nos Quadrinhos"


Participei de uma live com o Prof. Amaro Braga sobre meu artigo na coletânea  "Gênero, sexualidade e Feminismo nos Quadrinhos".  O livro foi organizado por ele e a Prof.ª Natania.  Meu artigo fala da Rosa de Versalhes (o mangá), de feminismo e de Revolução Francesa.  Mas a conversa foi muito mais ampla e menos objetiva, por assim dizer. Até peço desculpas por isso.  Foi minha primeira experiência com lives do Instagram.  O livro sai semana que vem.

Para quem quiser os livros que eu citei:



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Para candidato da Flórida ao Congresso Norte Americano, Dragon Ball Z é Pornografia


Dragon Ball pode ter seus momentos um tiquinho pervertidos (ecchi), como uma personagem mostrar a calcinha ou ter os peitos apalpados (*não, não vou fazer tempestade por causa disso neste texto*), mas como a média dos shounen de grande sucesso é carente de romance e, claro, qualquer sexo de fato.   Aliás, é em Dragon Ball Z que Goku prefere ficar treinando no além com os parças para não ter que conviver com a esposa, ou eu já me perdi na história?  Eu até gostava de Dragon Ball, porque ele tinha humor e umas situações inusitadas, mas, depois disso, perdi o interesse por assistir aos episódios, ou ler o mangá.

Dragon Ball Z é mais sobre lutas sem fim.
Enfim, se você encontrou qualquer coisa nesse sentido, muito provavelmente se trata de algum doujinshi hentai, não de material oficial.  Pois bem, o The Mary Sue deu destaque para um Tweet de um candidato ao Congresso pelo estado da Flórida que é o seguinte:

Ele disse o seguinte: "Agora eles estão introduzindo uma grande quantidade de pornografia de anime na matrix da Internet.  Dragon Ball Z é um dos principais problemas aqui.  Eles estão sexualizando personagens de desenhos animados para promover uma agenda depravada em nossos filhos. Qual é o próximo? Onde isso vai acabar?"  Como alguém bem pontuou, ele está pelo menos uns 25 anos atrasado se ele acredita que Dragon Ball Z é um assunto atual.

Só podia ser... 
De qualquer forma, eu fico imaginando que tipo de mente desocupada produz esse tipo de Tweet, mas lembro, então, de Damares.  Só que justiça seja feita, pelo menos Damares está antenada com os assuntos atuais e é bem competente quando o assunto é conjurar o medo de pessoas moralistas e vulneráveis à desinformação.  Dragon Ball Z, meu senhor?  Francamente... 

quinta-feira, 30 de julho de 2020

RIP: Morre Diana Russell, a socióloga e criminóloga que cunhou o conceito de feminicídio


Hoje, o Jornal italiano La Repubblica publicou uma matéria sobre o falecimento de Diana E. H. Russell, um obituário elogioso sobre uma pensadora feminista muito importante.  Que eu saiba, não há livros dela em nossa língua.  Como achei que valia a pena, decidi traduzir para o blog.

Diana Russell, a socióloga e criminóloga que cunhou o conceito de feminicídio, morreu: ativista, estudiosa e escritora feminista de renome mundial, dedicou sua vida às batalhas pela defesa das mulheres.

Diana E. H. Russell, ativista feminista, estudiosa e escritora de renome mundial, morreu em 28 de julho em Oakland, Califórnia. Ele tinha 81 anos. Para ela, socióloga e criminologista, devemos a invenção e difusão do termo feminicídio, que se tornou comum nos últimos anos para identificar claramente os crimes contra as mulheres - uma batalha à qual Russell dedicou sua vida -, mas cunhada por ela. já em meados dos anos setenta.


Nascida em 6 de novembro de 1938 na Cidade do Cabo, África do Sul, Russell cresceu em uma família de seis filhos, com pai sul-africano e mãe britânica. Após se formar na Universidade da Cidade do Cabo e se especializar em sociologia na London School of Economics, em Londres, em 1961, tornou-se pesquisadora na Universidade de Harvard, onde estudou pela primeira vez a noção de revolução, em particular inspirada por sua participação na luta contra o apartheid na África do Sul, e depois se dedicou a investigações sociológicas sobre crimes sexuais contra mulheres. Desde 1970, ela ensinou sociologia das mulheres no Mills College, em Oakland. Russell fundou a Women United Against Incest em 1993, uma associação que apoia vítimas de incesto. Ele também criou o primeiro programa de televisão na África do Sul, onde mulheres abusadas falavam sobre suas experiências e travaram batalhas contra a pornografia.

Foi em 1976 que Russell definiu pela primeira vez "assassinato de mulheres por homens pelo fato de serem mulheres" como "feminicídio", destacando o valor político da palavra que queria chamar a atenção para a misoginia como impulsionador de crimes contra as mulheres. O termo foi afirmado na campanha pela construção de um tribunal internacional sobre crimes contra as mulheres, que culminou em uma reunião em Bruxelas denunciando todas as formas de discriminação e opressão sofridas pelas mulheres no mundo. Sua antologia "Feminicídio: a Política de Matar Mulheres" é de 1992.


No Facebook e no Twitter, existem muitos grupos feministas e mulheres individuais que relembram o compromisso da autora. Valeria Valente, senadora do Partido Democrata e presidente da comissão parlamentar de inquérito sobre feminicídio também se lembra dela no Facebook: "Diana EH Russell, a socióloga feminista que cunhou a palavra "feminicídio", nos deixou na terça-feira aos 81 anos, depois de dedicar toda a sua vida ao estudo de crimes contra as mulheres, ela foi a primeira mulher a identificar um termo preciso para um fenômeno que estava (e está) tão profundamente enraizado em nossa sociedade, que é quase irreconhecível. Foi o ponto de partida para se começar a lutar. E nós, mesmo com a Comissão de Inquérito do Senado sobre o fenômeno do feminicídio e da violência de gênero, continuaremos nossa batalha. Obrigada Diana E H Russell. Terra seja luz para você."

Quais animes os japoneses gostariam que durassem para sempre?


O Gooranking fez uma pesquisa com 5.322 para saber quais os animes que deveriam durar para sempre.  Foram 61 posições.  Eu vou traduzir somente o top 20, porque há séries shoujo e josei nessa amostragem.  Acredito que depois disso, só temos Jigoku Shoujo (36º lugar com 24 votos).  Segue a lista:

1. Lupin III (ルパン三世) - 903 votos
2. Dragon Ball (ドラゴンボール) - 800 votos
3. Hidamari Sketch (ひだまりスケッチ) - 730 votos
4. Gintama (銀魂シリーズ) - 546 votos
5. Natsume Yuujinchou (夏目友人帳) - 170 votos
6. Gundam (ガンダム) - 166 votos
7. Haikyu !! (ハイキュー!!) - 123 votos
8. City Hunter (シティーハンター) - 109 votos
9. Jojo Bizarre Adventure (ジョジョの奇妙な冒険) - 91 votos
10. Boku no Hero Academy (僕のヒーローアカデミ) - 85 votos


11. Sailor Moon (セーラームーン) - 72 votos
12. Shingeki no Kyojin (進撃の巨人) - 60 votos
13. Naruto (ナルト) - 58 votos
14. Precure (プリキュア) - 57 votos
15. Hoozuki no Reitetsu (鬼灯の冷徹) - 49 votos
16. GeGeGe no Kitaro (ゲゲゲの鬼太郎) - 46 votos
17. Sword Art Online (ソードアート・オンライン) - 45 votos
17. Cardcaptor Sakura (カードキャプターさくら) - 45 votos
19. Ojamajo Doremi (おジャ魔女どれみ) - 43 votos
20. Chihayafuru (ちはやふる) - 42 votos

Saiu o trailer do dorama Watashitachi wa douka shite iru



O dorama baseado no mangá Watashitachi wa douka shite iru  (私たちはどうかしている) de Natsumi Ando.  A série, que em inglês tem o nome de Cursed in Love estreará no canal NTV em 12 de agosto com  Minami Hamabe e Ryusei Yokohama como protagonistas.  Eu comentei o início do mangá, logo que ele estreou, aqui, no blog, e ele tem como ponto de partida um assassinato que leva a mãe da protagonista, que se chama Nao, uma grande confeiteira, para a prisão.  O acusador é uma criança e seu melhor amigo, Tsubaki, o filho do morto.  

Anos depois, Nao retorna formada em confeitaria e com outra identidade.  Ela se emprega com uma falsa identidade na mesma empresa familiar tradicional onde sua mãe trabalhava.  Ela quer desvendar o crime, conseguir sua vingança, talvez, mas acaba se apaixonando por Tsubaki, a quem nunca havia esquecido.  O trailer me pareceu bem interessante.  Ele está abaixo:

quarta-feira, 29 de julho de 2020

Yuu Watase fala em retomar Arata Kangatari OUTRA VEZ


O ANN fez um post comentando que Yuu Watase anunciou em seu Twitter  segunda-feira que está trabalhando para retomar seu mangá Arata Kangatari (アラタカンガタリ).  O mangá está em hiato faz cinco anos.  O último capítulo foi publicado em julho de 2015, isso depois de 17 meses de interrupção.  E foi publicar o capítulo e parar de novo.  Segundo o ANN, ele já tinha feito anúncio semelhante em julho do ano passado  e Watase está trabalhando em uma edição remasterizada do mangá que já vai no volume #12.  Para que mesmo?  O povo quer ver é o final da história.

Arata Kangatari foi o primeiro mangá shounen da autora de Fushigi Yuugi (ふしぎ遊戯).  A série começou a ser publicada em 2008 na revista Shounen Sunday e já estava com 24 volumes quando entrou em hiato.  Em 2013, houve uma série animada com 12 episódios.  A série foi publicada pela Panini em nosso país como A Lenda de Arata.  Se o mangá voltar, será que a publicação será retomada?   Difícil saber.

terça-feira, 28 de julho de 2020

Nova estátua em Memória das "Mulheres do Conforto" gera conflito entre Japão e Coreia do Sul


Recentemente, duas estátuas foram erigidas no  jardim botânico em Pyeongchang, na Coréia do Sul, uma menina representando as mulheres e meninas coreanas sexualmente escravizadas pelos japoneses durante a ocupação  do país e a Segunda Guerra, e outra de um homem curvando-se em sinal de desculpas.  O porta-voz do governo japonês, Yoshihide Suga, se pronunciou indignado e argumentando que se as tais estátuas forem verdadeiras, elas irão impactar as relações entre os dois países.  Segundo o Japan Times, um ponto importante da questão é que o "homem genérico" seria muito parecido com o primeiro-ministro Shinzo Abe.

O governo japonês urge que a Coreia do Sul cumpra um acordo firmado em 2015 e que criou uma organização que desse suporte às mulheres sobreviventes.  O governo coreano atual dissolveu a organização que era criticada por ter sido criada sem ouvir as principais interessadas, as mulheres. Kim Chang-ryeol, chefe do jardim botânico, defendeu a obra argumentando que se trata de um homem genérico, pode ser tanto o agressor, quanto o pai da menina que não pode protegê-la do pior.  Ele também argumentou que cabe ao Japão se desculpar até que a Coreia aceite, afinal, isso seria uma demonstração de arrependimento.  Eu digo que arrependimento é algo que a gerontocracia japonesa não parece demonstrar mesmo.


As opiniões na Coreia do Sul estão divididas.  Alguns defendem a obra e outros argumentam que o homem parece com Shinzo Abe (*eu concordo*) e que é uma descortesia com o país vizinho.  Enfim, eu já escrevi várias vezes sobre as mulheres do conforto, da última vez quando foi anunciado que a editora Pipoca & Nanquim lançaria Grama, uma graphic novel autobiográfica narrando a experiência de uma dessas mulheres. Visite o post, por favor! Outra coisa importante, não foram somente coreanas as escravizadas, mas filipinas, chinesas, indonésias, malaias e até algumas ocidentais em menor número.

Netflix cancela série turca após governo exigir remoção de personagem gay e algumas palavras sobre Hagia Sofia


No domingo, quando escrevi um post sobre a morte da Olivia de Havilland, citei o caso Hagia Sofia, mas não publiquei nada sobre isso, na verdade, não publiquei nada sobre o caso e já estava com esta matéria do Hollywood Reporter sobre a série If Only da Netflix.  O programa tinha sido anunciado em março como uma série romântica em oito partes.  Pode deixar que eu vou conectar as duas cosias e o Brasil.

Começando pela Netflix, segundo o HR, o governo turco negou licença para as filmagens da série If Only no país, caso uma personagem secundária homossexual não fosse tirada do roteiro.  Alguém poderá dizer, "Mas é um país muçulmano, oras!".  Sim, a Turquia é um país muçulmano, porém laico e a homossexualidade não é crime no país desde 1923.  E o que aconteceu neste ano?  A criação da República da Turquia sob o comando de Mustafa Kemal Atatürk.  Atatürk promoveu um processo de modernização e laicização do país,  e dava exemplo em sua própria casa, porque uma de suas filhas foi a primeira mulher piloto militar do mundo.  

Primeira mulher piloto militar foi uma turca.
As mudanças envolveram, entre outras coisas, a abolição da poligamia, a concessão do direito de voto às mulheres e a descriminalização da homossexualidade, ainda que, e ninguém se engane sobre isso, as práticas sociais não mudem de estalo em um aspecto como esse.  O HR fala inclusive de leis sobre decência pública que podem e são usadas contra a comunidade LGBTQ+, mas só da lei maior do país não lhe negar o direito de existir, acredito que é algo importante.

Até encontrei um bom resumo da questão no site The Indian Express "Embora a Turquia seja mais liberal do que alguns de seus vizinhos no que diz respeito aos direitos LGBTQ e a homossexualidade tenha sido legal na história moderna do país, ativistas dizem que o cenário está mudando sob o atual governo.".  Ou seja, apesar dos costumes islâmicos não serem pró-LGBTQ+, o laicidade do regime garantia que os homossexuais não seriam publicamente perseguidos.  

Após a censura de "If Only", muitos fãs internacionais
apontaram o governo turco  objetou a representação
da homossexualidade, mas fecha os olhos para programas
que mostram mulheres sendo torturadas, ou sofrendo
outras formas de violência.
O Middle East Eye deu voz aos líderes religiosos, um deles perguntou se a Netflix estava esperando um pedido de desculpas, e ao atual presidente (*falo dele daqui a pouco*), os homossexuais tem sido publicamente acusados de serem uma ameaça ao Islã, que trazem doenças e corrompem a juventude.  As marchas do Orgulho, que tinham começado em 2003, foram proibidas e bloqueadas de forma violenta pela polícia.  O clima da Turquia mudou muito nos últimos anos.  

O fato é que ao longo das décadas, o judiciário turco e os militares se tornaram guardiões da manutenção da laicidade do Estado mantendo os religiosos sob controle e dentro dos limites traçados pela própria legislação do país.  E quando as coisas começaram a ficar esquisitas? Quando o religioso Recep Tayyip Erdogan, fundador do partido Partido da Justiça e Desenvolvimento, tornou-se primeiro-ministro em 2003.  Ele havia sido anteriormente  prefeito de Istambul e promoveu uma política populista apoiando-se nos mais pobres e religiosos.

Cartaz sufragista de Quebec (Canadá) falando que as
mulheres iriam votar pela primeira vez na Turquia
em 1930.  No Quebec, isso só seria possível em 1940.
Ele venceu outras eleições, em  2007 e 2011, em 2014, ele se tornou presidente  também por via eleitoral.  o que eu li na segunda vitória dele em um jornal britânico foi o seguinte, Erdogan não era apreciado pelos setores progressistas, ou que prezavam o laicismo, porém, as eleições eram em feriados, o voto não era obrigatório, e quem não gostava do então primeiro-ministro ia para a praia, ou para a montanha, já os pobres e religiosos ficavam nas suas cidades e vilas e iam votar.   Deu no que deu.   

Erdogan, desde o início, trabalhou para modificar as leis que limitavam a intromissão dos religiosos na política, ou que impunham o laicismo, como a proibição do véu islâmico em repartições publicas, por exemplo. Minha atenção foi despertada por isso, afinal, em uma virada religiosa, e esta rolando uma discussão na Turquia para permitir que estupradores casem com suas vítimas (*sim, é possível em outros países islâmicos, mas, não, na Turquia*), as mulheres só tem a perder.  Enfim, foi assim, de passinho em passinho até 2016. Neste ano, Erdogan alegou uma tentativa de golpe para encarcerar, dar sumiço, perseguir e censurar a oposição.  

Mais de 100 generais foram presos depois do "golpe" de 2016.
A tia Lela, que acompanha Erdogan desde sua primeira eleição, não acredita que houve tentativa de golpe, na verdade, quem deu o golpe foi ele no que restava de resistência à destruição do legado de Atatürk.  Hoje, a Turquia é uma democracia no nome, por assim dizer e recomendo o livro Como as Democracias Morrem para maiores reflexões.  Enfim, todos os programas da Netflix passam sem censura no país, porém, isso pode mudar a qualquer momento, ou, talvez, nem mude, mas a produção audiovisual turca terá que se conformar aos ditames da política religiosa do presidente.

O HR comentou que houve acusações de que a Netflix já tinha cedido antes com a série turca Love 101, só que a empresa nega a censura e diz que nenhuma personagem LGBTQ+ foi cortada do show, porque não havia nenhuma.  A matéria ressalta ainda que a Turquia é um dos mercados que mais crescem quando o assunto é serviço de streaming, então, há interesse da Netflix em fazer séries turcas.  Falemos de Hagia Sofia agora.

Os protagonistas da série Love 101.
A Basílica de Santa Sofia, também conhecida como Hagia Sophia ou Hagia Sofia, é um imponente edifício construído entre 532 e 537 pelo Império Bizantino para ser a catedral de Constantinopla.  Quem acompanha meu blog, sabe que já escrevi sobre Teodora e Justiniano, mais sobre ela verdade.  Foi no governo desse imperador que a basílica foi construída. Com a conquista de Constantinopla pelos turcos em 1453, a basílica foi transformada em mesquita.  Os mosaicos bizantinos foram cobertos, acréscimos foram feitos ao conjunto arquitetônico, mas a base da construção é romana e feita para durar pela eternidade.

Santa Sofia permaneceu mesquita até que, em 1931, Atatürk decidiu transformá-la em um museu.  Depois de reformas e restaurações, ele foi aberto em 1935 e permaneceu como o maior museu da Turquia até duas semanas atrás.  Hagia Sofia foi declarada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO em 1985, mas desde a década de 2010 (*vejam as datas de eleição de Erdogan*) havia campanhas, inclusive de cristãos, para que o museu retornasse ao seu estado de templo religioso.  Em 2018, Erdogan assumiu oficialmente a bandeira e o equivalente da Suprema Corte do país decidiu em 20 de julho pela reversão, ignorando apelos de estudiosos de todo o mundo e da UNESCO.

Os minaretes são acréscimo á estrutura original. 
A reversão foi saudada por grupos de extremistas religiosos como uma vitória do Islã, um direito de conquista.  Um deles, um importante líder religioso do país, fez um pronunciamento na  reabertura da mesquita, com a presença de Erdogan, dizendo que aqueles que converteram Santa Sofia em museu estariam no inferno.  Ora, quem fez isso foi Atatürk, pai da república da Turquia.  Vejam só!  No mesmo dia, o presidente da Turquia afirmou que se tratava de uma reconquista e que a próxima seria a da Esplanada das Mesquitas (Al-Aqsa), em Jerusalém. É uma bravata, mas percebem o raciocínio? Erdogan conhece seu público, dentro e fora de seu país.

Enfim, um dos meus sonhos é visitar Santa Sophia, o museu.  Sei que não devo realizar esse desejo, imagino ainda que, agora, que não é mais museu, passear por lá não será a mesma coisa.  Os riscos de dano ao prédio são grandes, também.  De qualquer forma, vejam que não se trata de converter igreja em mesquita, mas um museu.  Trata-se de desprezo pela ciência e pela História do país, afinal, a basílica era um museu, não uma igreja ou mesquita, ou outro templo qualquer.  E não faltam mesquitas em Istambul, a própria Mesquita Azul, ao ser construída, tirou parte do status de Santa Sophia.

Orações no exterior de Hagia Sophia em 10 de julho.
O que eu quero dizer é que o que está acontecendo na Turquia é um exemplo claro da deterioração das instituições democráticas, que nunca foram muito fortes no país, verdade, e do laicismo.  É uma tentativa de apagar todo o esforço dos líderes turcos no início do século XX para trazer o país para o mundo moderno.  Os religiosos perderam relevância no espaço público a partir de 1923?  Sem dúvida, mas ganharam em bem estar social.  Enfim, toda essa destruição está sendo feita pelo voto e aparentemente por vias democráticas.  Erdogan não é tolo, seu fanatismo religioso é temperado com cálculo político.  E, bem, ele está sendo bem sucedido em seu país.  E, aqui, no Brasil, parece que as coisas podem caminhar para algo bem semelhante, afinal, foi o voto evangélico que definiu as últimas eleições, mas sem o toque de nacionalismo turco.

Terceira temporada de Aggretsuko estreia em agosto


Aggretsuko, ou Aggressive Retsuko (アグレッシブ烈子), é uma série da Sanrio, criadora de Hello Kitty, sobre uma panda vermelha de 25 anos, que é uma OL (Office Lady), e leva uma vida muito estressante trabalhando em um escritório e convivendo com chefes e colegas muitas vezes altamente problemáticos.  Como ela relaxa?  Soltando sua voz no karaokê e cantando death metal, ou seja, ela coloca sua raiva para fora.

A série estreou em 2016 na TBS (Tokyo Broadcasting System Television) e, em seguida, se tornou sucesso na Netflix.  Houve uma segunda temporada em 2019 e, segundo o ANN, a terceira temporada vai estrear em 27 de agosto e sserá muito bem-vinda.

segunda-feira, 27 de julho de 2020

Comentando uma Lista de Filmes Históricos que apareceu no Facebook


Ontem, me deparei com uma montagem de sugestões de filmes, séries e até musicais históricos em um grupo sobre Jane Austen, que despertou a professora de História que habita em mim e me deu vontade de sair corrigindo tudo com canetão vermelho.  Não sei se quem fez a lista é britânico, ou norte americano, mas é alguém fascinado pela Inglaterra e que fica usando umas periodizações esquisitas, o que torna tudo um tanto confuso. Vou colocar a imagem a lista abaixo e sigo comentando.  


Não sei quem fez a lista, mas pela data das produções, e fui atrás de cada uma delas com a ajuda do Google para as que eu não reconheci, imagino que essa lista tem por volta de 10 anos.  Motivo?  A produção mais novinha que aparece nela é a 1ª Temporada de Donwton Abbey, ela é de 2010.  Se fosse mais recente, eu tenho certeza que Game of Thrones estaria em Medieval, também.  Então, temos nosso corte temporal.  E, salvo por um musical francês para o teatro, é tudo britânico, americano, ou canadense nesta lista.  Língua inglesa, o que é um indício da autoria.   Enfim, o que me chamou a atenção de imediato foram duas coisas, há uma inversão de períodos em um determinado momento, porque o "Georgian" é anterior ao "Regency", na verdade, nem isso, porque a Regência faz parte do período em questão.  Quando for comentar a seção, vocês vão entender o motivo da pessoa ter separado.

De qualquer forma, o que a autora está chamando de Georgian Era (Georgiano) se estende da subida ao trono do primeiro rei chamado George na Inglaterra,  em 1714, até o final do governo do último membro da casa de Hanover,  George IV,  em 1837.  O período Regencial seria uma sub-partição dentro dessa Era Georgiana e corresponderia ao governo do Príncipe de Gales em nome de seu pai, George III, dado como incapaz, indo de 1811 até 1820.  A maioria das obra de Jane Austen é colocada nesse período, porque foram publicadas a partir de 1811.  Agora, em termos artísticos, arquitetônicos e literários, há quem defenda que o período Regencial se estenderia de 1795 até 1837, pois apresentaria uma espécie de unidade nesses aspectos.  Resumindo, o quadro está errado, mas a discussão poderia render muito.

Muitas mulheres encarnaram o papel de Elizabeth I
 e há muitas produções que retratam a rainha.  

Aliás, a melhor delas, Glenda Jackson, 
nem está nesta montagem.
Outras divisões também ficaram confusas.  Por exemplo, os ingleses e norte americanos normalmente esticam a Idade Média até o fim do governo de Elizabeth I (1603), daí essa coisa de falar de Caça às Bruxas, que, para a nossa historiografia é um fenômeno muito mais da Idade Moderna (1453-1789), séculos XVI-XVII, como "medieval".  Mas é comum que se refiram à última fase da Idade Média DELES como "Tudor Era" (1485-1603), mas a pessoa preferiu chamar de Renascença (séc. XV-XVI).  Quando a pessoa usa Baroque Era, eu suponho, mais uma vez, que ela esteja se remetendo a um recorte artístico-literário-arquitetônico, que pegaria o século XVII inteiro até a primeira década do século XVIII, o que uniria certinho ao período Georgiano, so que, em alguns lugares, é possível esticar o Barroco, mesmo na Europa, até por volta de 1740.

Obviamente, a historiadora vai dizer que o Renascimento já pode ser percebido no século XIV na Itália, que lá, ele acabou em meados do século XVI e que o Maneirismo (1515-1600) veio depois com o Barroco meio que se sobrepondo a ele, por isso, as pessoas nem notam os artistas maneiristas, vários deles, aliás, eram mulheres.  Mas quando é o auge do Renascimento na Inglaterra?  Exatamente o governo de Elizabeth I (1558-1603).  Percebem o atraso em relação ao Mediterrâneo?  Pois é... Outra coisa, eu nunca imaginaria alguém chamando o que vem depois do governo de Eduardo VII (1901-1910), de "Pós-Eduardiano".  É tipo meter no mesmo saco tudo o que vem a partir da 1ª Guerra Mundia.  Vai entender... Mas vamos aos períodos, começando com Antiguidade.  Ah, sim!  Filmes linkados tem resenha no site.


A lista começa com a Antiguidade.  Primeira coisa, o que estamos chamando de Antiguidade?  Tradicionalmente, na nossa historiografia, esse período vai da invenção da escrita, mais ou menos, 3.500 a.C., até a Queda do Império Romano do Ocidente em 476.  Um longuíssimo espaço de tempo e com várias civilizações sem escrita nesse período.  Aliás, para essa fase da História humana há de se levar em conta que saber trabalhar com metais, como o ferro, poderia definir uma disputa muito mais do que saber escrever.  OK, a escolha dos filmes foi bem conservadora: 
  • Jesus de Nazaré (Gesù di Nazareth/Jesus of Nazareth, 1977) do Franco Zefirelli, uma dos filmes sobre Jesus mais amados e odiados, porque ele apresenta aquele Cristo caucasiano típico que se tornou meio que motivo de discórdia, afinal, dificilmente um judeu daquela região teria cabelos alourados, pele de porcelana e claríssimos olhos azuis.  Na minha infância e adolescência, ele era sempre exibido na Semana Santa.  Não lembro quando foi a última vez que eu assisti, mas faz muito tempo.
  • Ben Hur (1959) de William Wyler.  Outro filme de Semana Santa, um clássico do cinema com a espetacular sequência da corrida de bigas e cheio de mensagens subliminares para o público gay (*sim, pegue o documentário The Celluloid Closet, ele discute bem a questão*).  É um ótimo espetáculo, não se sustenta tanto como filme histórico, mas é excepcional se você quer falar de arrependimento e conversão ao cristianismo.
  • Troia (Troy, 2004) de Wolfgang Petersen.  Um filme mediano e que elimina todo o elemento mágico da Ilíada, ou seja, perde boa parte da graça.  Fora isso, os sujeitos não colocam capacetes para não cobrir os rostos bonitos dos atores.  Mesmo com Eric Bana fazendo o Heitor, minha personagem favorita da Ilíada, com muita dignidade, não perderia meu tempo vendo de novo.
  • Os Dez Mandamentos (The Ten Commandments, 1956) de Cecil B. DeMille.  Foi o primeiro filme que eu fiquei assistindo até alta madrugada, eu tinha 9 anos de idade.  De novo, trata-se de um grandioso espetáculo, um dos grandes filmes do cinema americano de todos os tempos, mas tem pouco de filme histórico.  Em termos de relações entre as personagens, ele fala mais sobre os anos 1950 do que sobre a (*suposta*) época de Moisés.   Gosto muito desse filme.
  • Jesus - A História do Nascimento (The Nativity Story, 2006) de  Catherine Hardwicke.  Acho um filme bonitinho, que tem o compromisso de tentar retratar de forma realista as condições materiais do período do (*suposto*) nascimento de Cristo.  O elenco é bom com destaque para  Keisha Castle-Hughes (Maria) e Oscar Isaac (José).  Mas  por qual motivo colocar dois filmes sobre Jesus na lista?  Três, na verdade, se contarmos com Ben Hur.
  • Cleópatra (Cleopatra, 1963) de Joseph L. Mankiewicz. Outro filme espetáculo.  Eu nunca consegui ter paciência para vê-lo inteiro, acho que é o único desses clássicos que me cansou, mas é a celebração da beleza e do esplendor de Elizabeth Taylor.  Nesse ponto, destaco o maior mérito do filme aos meus olhos, que é ser uma grande produção que está toda em função de uma atriz, algo muito raro na época, apesar de ter sido muito comum nos anos 1930 e 1940.
Por esse critério de inclusão, que no caso da Antiguidade nem está subordinado ao romance, eu me perguntaria onde está onde está Spartacus  (1960)?  Porque se eu coloco Ben Hur e Os Dez Mandamentos, filmes espetáculo por excelência, eu enfio Spartacus nesse balaio, com certeza.  E se tem esses três, caberia Quo Vadis (1951), também. Mas, vamos lá, se o critério é espetáculo, tiraria Troia e colocaria 300 (2006), porque é melhor como filme, mais empolgante e melhor produzido.  O fato é que achar filmes históricos passados na Antiguidade é sempre um exercício complicado.  

Semana passada mesmo, discutia com um colega o quanto é complicado encontrar bons filmes sobre a Antiguidade, que muita coisa é muito datada e subordinada demais aos critérios de produção de sua época, cheia dos anacronismos de sempre, o elenco todo branco, enfim.  Mas a pessoa que fez a lista nem pensou em séries de TV como Eu, Cláudio (1976) ou Roma (2005-2007).  Filmes para TV, como Helena de Tróia (2003), que é muito mais interessante que Tróia, ou Átila, o Huno com o Gerard Butler.  E, bem, nenhuma lista que eu fizesse sobre filmes sobre a Antiguidade deixaria Ágora ou o Spartacus de 2004 de fora.


Aqui, temos a parte galhofa, porque a seleção TODA é muito triste, muito, e não é por falta de filmes medievais minimamente decentes.  O pior é que pontua baixo tanto no aspecto histórico, quanto no cinematográfico mesmo, com o bônus de ter SENHOR DOS ANÉIS.  É como eu escrevi lá em cima, se a lista fosse feita mais tarde, aposto que teríamos Game of Thrones.  Lembrei de um colega professor, lá quando eu ainda morava no Rio e lecionava em uma escola pública em Duque de Caxias, que passou Conan, o Bárbaro como filme medieval para a turma de 5ª série (6º ano).  Além de Senhor dos Anéis, que me recuso a comentar, temos:
  • Rei Arthur (King Arthur/2004) de Antoine Fuqua.  Por qual motivo alguém lembra desse filme?  Não que não existam filmes piores ainda sobre o Rei Arthur, mas qual a necessidade?  E como a pessoa não parece ser fã de Keira Knightley, ou Orgulho & Preconceito (2005) entraria em Regência, não entendo mesmo.  Lembro que quando assisti, meu marido e eu concordamos que o filme era ruim, mas o Stellan Skarsgård,  que interpretava o líder saxão inimigo, fazia valer todas as cenas dele, mas somente as dele.  De resto, pontua baixo como cinema e como História.
  • Tristão & Isolda (Tristan & Isolde, 2006) de  Kevin Reynolds.  Eu esperei muito por esse filme, afinal, sou apaixonada pela história desses dois, mas foi fiasco e uma das primeiras resenhas de cinema para o Shoujo Café foi sobre essa produção.  Trata-se de uma péssima adaptação de Tristão e Isolda e com uma escalação totalmente equivocada do Rufus Sewell para ser o Rei Marcos, o marido velho e obtuso da mocinha.  Acabou ficando igual ao Fantasma da Ópera (2004) do  Joel Schumacher com as pessoas (*que se deram ao trabalho de assistir ao filme, claro*) torcendo para o cara errado, porque, vamos combinar, um Rufus Sewell, ainda mais colocado como galante, honrado e gentil, vale muito mais do que um  James Franco.  Ah, sim, o filme eliminou todo o elemento mágico religioso e, também, a mãe de Isolda, que era uma feiticeira  poderosa e sábia.
  • The Princess Bride (1987) de  Rob Reiner.  Excelente e delicioso filme de Sessão da Tarde da minha época de adolescente, recomendo muito, mas é um filme de fantasia medieval, não um filme histórico medieval.  Só está na lista, porque quem coloca Senhor dos Anéis como filme histórico não tem critério algum.
  • Coração de Cavaleiro (A Knight's Tale, 2001) de Brian Helgeland.  Livremente baseado em Os Contos de Canterbury, uma das grandes obras da literatura inglesa medieval, é divertido e bem executado e não vai desapontar ninguém, especialmente, os fãs do Heath Ledger.   Agora, seu status como filme histórico é muito questionável.  Muito.
  • Robin Hood (BBC, 2006-2009).  É uma série ruim, que não se sustenta como produção histórica e se afasta muito de qualquer lenda sobre Robin Hood.  No início, eu odiava a série com todas as minhas forças, depois, com as fãs do Richard Armitage, que fazia o vilão, Guy de Gisborne, me atazanando para que eu desse uma segunda chance ao seriado, eu me rendi.  Entrou na minha lista de "É ruim, mas eu gosto.".  Tem Armitage andando com roupa de couro sintética preta absolutamente anacrônica para cima e para baixo, o vilão, aliás, tem mais química com a mocinha do que o mala do Robin Hood, só que Gisborne mata Lady Marian em um dado momento da história.  E, pasmem, a série ganha fôlego a partir daí com o vilão descendo ao inferno (*sentido figurado*) e passando por um processo de redenção realmente convincente e o final do seriado é bem corajoso.  É Robin Hood?  Não.  É uma série histórica?  Não.  Tem seus méritos?  Tem.  Vale ver só as cenas do Richard Armitage?  Vale.
Essa lista de produções medievais é terrível e não é por falta de opções, é desleixo e escolha mesmo. Se alguém quiser e pedir, posso fazer um post sobre filmes medievais, mesmo filmes ruins que sejam melhores que esses. Sigamos adiante, então.


Aqui, temos uma salada de filmes bons com uns bem mais ou menos, um filme histórico de verdade, um que finge ser e engana bem, e mais uma produção de fantasia no lugar errado.  Aliás, como alguém monta uma lista de filmes que se passam no Renascimento de Romeu e Julieta (1968) de Franco Zefirelli, ou Agonia e Êxtase (1965)?  Como colocar A Outra, se temos Ana dos Mil Dias  (1969)?  Como uma pessoa conhece tanto o cinemão clássico norte americano quando se trata de História Antiga e o ignora em outras épocas?  E Mary Stuart?  Como falar desse período sem colocar um filme, ou série no qual ela tenha alguma proeminência?  Cadê um filme sobre as Reformas Religiosas?  Poderia ser A Rainha Margot (1993), por exemplo.  E nenhuma lista minha de filmes desse período deveria esquecer de O Homem que não Vendeu a sua Alma  (1966).  Nenhuma.
  • Cinderela (Ever After, 1998) de Andy Tennant. Ah, eu adoro esse filme! Drew Barrymore é minha Cinderela favorita.  Assisti no cinema, tenho o DVD, mas não é filme histórico.  Poderia usar em uma turma de Ensino Fundamental para discutir algumas questões?  Sem dúvida, mas é um filme de fantasia e feminista como bônus.  Eu recomendo muito e até para vocês verem que sorte foi o Dougray Scott ter se machucado e tido que deixar o papel de Wolverine para o Hugh Jackman.  Desculpem, eu tinha que escrever isso, seria outro Wolverine e seria de qualidade bem inferior.
  • Shakespeare Apaixonado (Shakespeare in Love, 1998) de  John Madden.  É um filme super simpático, gosto dele, não deveria ter levado todos os prêmios que levou, mas a Academia raramente é justa.  Dá para discutir várias questões históricas usando esse filme e ele tem uma cena em especial entre a mocinha burguesa e o noivo nobre falido que explica o Antigo Regime com perfeição. Judi Dench, Geoffrey Rush, Colin Firth e Rupert Everett valem o filme, mas eu não o colocaria na minha lista.
  • 1492 - A Conquista do Paraíso (1492: Conquest of Paradise, 1992) de Ridley Scott.   Bom filme sobre Cristóvão Colombo e a sua viagem rumo às Índias que fracassou levando-o para um novo continente, a (*futura*) América.  É um filme um tanto arrastado, não vou mentir, e tem uma perspectiva pró-Colombo.  Ele é o herói da história e a maioria das bobagens e crueldades são atiradas nas costas costas de outras personagens, mas é uma produção que pontua muito alto e faz sentido ela estar em uma lista fe filmes históricos desse período.   Sigourney Weaver  interpreta a única personagem feminina relevante da película, a formidável Isabel de Castela.  Já passei para uma turma uma vez, logo que cheguei em Brasília.
  • Elizabeth (1998)  de Shekhar Kapur.  Apesar da atuação impecável de Cate Blanchett, é um filme ruim sobre Elizabeth I, mas que, exatamente por causa da atriz e da riqueza da produção, parece ser bom.  Historicamente é mais furado que um queijo suíço.  Apesar de Blanchett, a grande estrela do filme, pelo menos para mim, é Geoffrey Rush, mas ele faz um tipo de personagem que poderia estar em vários outros, é a sombra do protagonista, capaz de fazer qualquer coisa por ela.  Qualquer coisa, claro, implica matar, se livrar de provas, assumir culpas alheias.  Nesse ano, ele foi indicado merecidamente por Shakespeare Apaixonado e por Elizabeth ao Oscar de Melhor Coadjuvante.  E, detalhe, Joseph Fiennes estava em ambos os filmes como protagonista e/ou par romântico da protagonista e passou em brancas nuvens, porque ele é um ator muito medíocre.
  • A Outra (The Other Boleyn Girl, 2008) de Justin Chadwick.  Grande elenco (Natalie Portman, Scarlett Johansson e Eric Bana), produção elaborada e muita propaganda para produzir um filme sobre Ana Bolena que assume como verdadeiras as acusações feitas por Henrique VIII para se livrar de sua segunda esposa.  Eu não sou "Time Ana Bolena", sou "time Catarina de Aragão", a primeira esposa do rei, e nem Eric Bana seria capaz de me fazer achar Henrique VIII desejável, mas o que me ofende nesse filme baseado em um livro de Philippa Gregory é que ele é uma difamação mesmo.  Não me desce e historicamente não se sustenta.  Agora, tudo o que Gregory escreve vende bem e várias de suas obras são adaptadas para cinema e TV.  O próprio The Other Boleyn Girl já tinha sido transformado em filme pela BBC, em 2003, ou seja, pouco antes do filme para o cinema.  A mais recente adaptação de uma obra de Philippa Gregory é sobre Catarina de Aragão e, mais uma vez, o livro (*eu tenho, eu comprei quando saiu no Brasil vários anos atrás*) joga infâmia sobre mais uma personagem feminina que foi vítima de Henrique VIII.  Assim, não recomendo, não é um bom filme histórico, e ainda assume como verdade as acusações horrorosas contra Ana Bolena que por si mesma já é uma personagem controversa, mas extremamente importante e corajosa.

Outra seleção muito complicada, se, claro, a gente está falando de filmes históricos.  Senti muita falta de produções sobre a Inglaterra do período, e havia várias como Cromwell (1970),  Morte ao Rei (To Kill a King, 2003), O Outro Lado da Nobreza  (Restoration, 1995), ou mesmo de alguma das séries de TV sobre o governo dos Stuarts.  E como apareceu um musical francês, poderiam olhar para o cinema espanhol, porque O Rei Pasmado e a Rainha Nua (1991) merecia estar nesta seção.  A década de 1990 e 2000, preferência de quem montou a lista, não é pobre sobre filmes sobre o período, estranho mesmo. 
  • Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra (Pirates of the Caribbean: The Curse of the Black Pearl, 2003) de  Gore Verbinski.  É filme histórico?  Não.  É um filme pipoca de fantasia que tem um figurino interessante.  Eu realmente não tenho certeza de que a pessoa que fez a lista é fã da Keira Knightley, mas eu não tenho dúvidas de que é fã do Orlando Bloom.  
  • Le Roi Soleil (2005) de Kamel Ouali.  Eu olhei a foto e fiquei me perguntando o que era isso, até imaginei que fosse algum filme sobre Luís XIV, ou sobre Carlos II, mas era um musical e, coisa curiosa, para o TEATRO.   Não achei críticas muito positivas sobre ele (*mas não procurei muito*) e nem acho que ele deveria estar em uma lista dessas. (***Meu amigo Luiz fez a defesa do musical nos comentários.  Ele é uma pessoa sensata, mas concorda que não é uma produção histórica***Achei o musical e, bem, é muito legal, conseguiu me conquistar sem esforço.***).
  • Os Três Mosqueteiros (The Three Musketeers, 2011) de Paul W.S. Anderson.  Vi esse filme no cinema, é um filme pipoca satisfatório, tem até barcos voadores, vejam só!  Excelente para quem gosta de video games, e é fã da Milla Jovovich, ou do Orlando Bloom.  Não tinha como funcionar comigo.  Enfim, é um péssimo filme histórico e a pior adaptação dos Três Mosqueteiros, um dos meus livros favoritos, que eu já assisti.  Me fez refletir sobre os méritos da versão de 1993, que mesmo sendo historicamente ruim, pelo menos fez uma discussão consistente sobre quem é o narrador da história e foi corajosamente feminista em sua abordagem da personagem Milady.  
  • Vatel - Um Banquete Para o Rei (Vatel, 2000)  de Roland Joffé.  Finalmente, um grande filme, historicamente relevante, porque permite uma visão bem precisa da sociedade de corte francesa e das desigualdades inerentes a ela.  O figurino é de primeira linha e é um filme em que a comida tem uma função importante  (*food porn de primeira*), afinal, o Vatel (Gérard Depardieu) é um  excepcional cozinheiro que precisa preparar um banquete perfeito para o rei Luís XIV (Julian Sands) e seus 2 mil convidados.  O filme cria um romance impossível entre o plebeu Vatel e a personagem de Uma Thurman, mas tudo coopera para essa discussão da sociedade de corte e, bem, a gente fica com raiva e torcendo para que a Revolução Francesa não demore muito e ponha tudo abaixo.  Roland Joffé cometeu algumas barbeiragens em seus filmes de época, mas, quando acerta, é maravilhoso.
  • Confissões de uma Irmã de Cinderela (Confessions of an Ugly Step Sister, 2002) de Gavin Millar.  Filme da Disney para a TV, eu nunca tinha ouvido falar dele.  Achei elogios ao livro, que foi publicado no Brasil, mas as resenhas do filme não são positivas, apesar dos elogios ao figurino.  Eu imagino que seja a história da irmã da Cinderela que, em algumas versões, não na da Disney, mas na da Drew Barrymore, por exemplo, não era má, só um pouco maria vai com as outras.  De qualquer forma, deve estar mais para fantasia do que filme histórico.
  • Perdido em La Mancha (Lost in La Mancha, 2002) de Keith Fulton e Louis Pepe.  Não vi essa versão de Dom Quixote, na verdade, vi poucas adaptações dessa obra e a mais marcante foi uma animação que passava na TVE.  Ela é bem avaliada, mas eu realmente não conheço.  

Primeira seleção quase perfeita, porque eu só deixaria de fora, talvez, um filme do qual eu gosto muito para ceder lugar para uma produção que não poderia faltar nesta seção, Ligações Perigosas (1988).
  • Aristocrats (BBC, 1999) de David Caffrey.  É uma série britânica que, quando eu procurei muito, nunca consegui encontrar toda para baixar.  Vou ver se encontro agora, já que lembrei dela.  Se você for atrás de resenhas, vai encontrar somente comentários positivos, uma unanimidade.  A série é uma espécie de retrato da vida da alta nobreza britânica nas últimas décadas do século XVIII, girando em torno do destino de um grupo de irmãs.  A foto de abertura do post é desta série.
  • Jornada pela Liberdade (Amazing Grace, 2006) de Michael Apted.  Um filme que eu gosto muito e acompanha a luta de William Wilberforce (Ioan Gruffudd) e seus companheiros pela abolição do tráfico negreiro e da escravidão na Inglaterra.  De quebra, mostra a amizade entre Wilberforce e o mais jovem primeiro ministro que a Inglaterra já teve, William Pitt, the Younger (Benedict Cumberbatch), e como a política e suas necessidades prejudicaram a relação dos dois.  É um filme cheio de discussões importantes, principalmente, porque na escola a tendência é repetir a ladainha de que a escravidão foi abolida por interesse  econômico dos industriais blá-blá-blá.  Amo esse filme.
  • Maria Antonieta (Marie Antoinette, 2006)  de Sofia Coppola.  Está longe de ser minha abordagem favorita da vida de Maria Antonieta, não vou dizer que é um excelente filme, ele comete erros factuais e é pobre em muitos sentidos, mas tem um belo figurino, um bom elenco e funciona como filme.  É visualmente bonito, também.  Serve para discutir Sociedade de Corte, as limitações impostas às mulheres, mesmo da nobreza, e outras coisinhas.
  • John Adams (2008) de Tom Hooper.  Elogiadíssima série sobre a vida do segundo presidente dos EUA e sua família, especialmente, sua formidável esposa Abigail Adams.  A série ganhou todos os prêmios que pode e é oura unanimidade, como Aristocrats.  Confesso que não me senti muito estimulada a assistir quando ela estava na boca do povo, mas o Frock Flicks fez uma série de posts sobre o figurino em cada um dos sete episódios e eu até fiquei com vontade de dar uma olhada.
  • A Duquesa (The Duchess, 2008) de Saul Dibb.  Filme sobre a vida de Georgiana Cavendish, Duquesa de Devonshire, uma mulher realmente muito importante em sua época, não acho que o filme faça justiça à personagem.  Keira Knightley como a pobre mocinha rica de filme histórico, mas profundamente infeliz, porque casada com um homem super insensível interpretado por Ralph Fiennes. Depois de algumas lágrimas, ela arranja um amante, se mete em política e se torna uma espécie de árbitra da elegância, tem uma vida movimentada, enfim.  O figurino é deslumbrante e é possível fazer boas discussões com o filme, feministas, inclusive, mas não é uma produção que eu considere marcante, não.
  • Escarlate Pimpernel (The Scarlet Pimpernel, 1982) de Clive Donner.  OK, outro filme do qual eu gosto muito.  O Scarlet Pimpernel é um dos meus heróis de capa e espada favoritos, mas não sei se essa produção divertida seria um filme que eu colocaria em uma seleção tão restrita, ainda mais junto com filmes sérios.  Dá para discutir os abusos do período jacobino?  Dá, mas é um filme galhofa, muito mesmo.  De resto, o figurino é muito bom.

A pessoa claramente abriu esta seção para poder enfiar as produções baseadas em Jane Austen, mas sempre é bom lembrar que a autora oferece farto material para discutir preconceitos de classe, limitações impostas às mulheres, além das mudanças sociais lentas dentro da pequena nobreza inglesa (gentry) no início do século XIX.  Fiquei somente curiosa com algumas escolhas boas e ruins.  Outra coisa, a partir daqui a pessoa praticamente só irá escolher séries, ou filmes românticos ou dramas familiares, posso questionar a qualidade, mas é isso.
  • Orgulho & Preconceito (Pride & Prejudice, 1995) de Simon Langton.  A pessoa recuperou um pouco do meu respeito por ter escolhido a versão da BBC.  Bem se vê que a pessoa não é fã hardcore de Keira Knightley, mas ela pode ser, na verdade, uma fã extremada de Colin Firth.  Não sei.  De qualquer forma, esta é a melhor adaptação do livro mais conhecido de Jane Austen e tem o Colin Firth, sem mais a comentar.
  • Brilho de uma Paixão (Bright Star, 2009) de Jane Campion, diretora de O Piano.  É um filme visualmente muito bonito sobre a vida do poeta ultrarromântico John Keats e seu amor não consumado, porque sua vida foi tragada pela tuberculose.  Enfim, qual dos poetas desse movimento, ainda mais os ultrarromânticos, escapou da tuberculose?  Preciso rever para resenhar, porque é uma produção importante.
  • Persuasão (Persuasion, 2007) de  Simon Burke.  Versão do romance de Austen feita para a ITV.  Se ganhou estrelinhas com Orgulho & Preconceito, perdeu umas duas aqui, porque das adaptações mais recentes do livro, a melhor é a de 1995.   Sally Hawkins não tem culpa, mas o roteiro é pobre, o filme é muito curto e Rupert Penry-Jones pode ser lindo, mas é um ator de qualidade muito duvidosa.
  • Emma (1996) de Douglas McGrath.  Há quem ame esta versão, há quem odeie e o motivo normalmente é Gwyneth Paltrow, mas ninguém nunca vai me ver criticando um filme que me ofereça o Gwyneth Paltrow com roupas de época.  Não é minha versão favorita de Emma, mas tem meu segundo Mr. Knightley favorito.
  • Razão & Sesibilidade (Sense & Sensibility, 1995) de Ang Lee.  É a melhor adaptação para o cinema de uma obra de Jane Austen, quase impecável.  Pontua alto como cinema, pontua alto como adaptação de Austen.  Eu fiz uma resenha recente, então, basta clicar no nome do filme e ir até lá.

De novo, mesmo que sejam materiais que ofereçam muitos temas para discussão, o foco é no romance mesmo, ou na família.  Não há, por exemplo, nenhum filme de guerra, ou sobre imperialismo, ou sobre as classes operárias, ou sobre mulheres caídas, ou homem rico vagabundo.  A lógica é conservadora mesmo, nem Jane Eyre, qualquer versão, nem estou sendo exigente, aparece na lista.  Charles Dickens também mandou lembranças, nenhuma adaptação de obra do autor.  Nenhuma.  E, só para marcar o tempo, o período Vitoriano vai de 1838, com a coroação da Rainha Vitória, até a sua morte em 1901.  Normalmente, as pessoas associam essa época à repressão sexual (*eu não coloco minha mão no fogo, não*) e hipocrisia social, ao mesmo tempo que muita gente fica suspirando pelos vestidos e tudo mais.  
  • A Jovem Rainha Vitória (The Young Victoria, 2009) de  Jean-Marc Vallée.  Gosto bastante desse filme açucarado que acompanha o final da adolescência e os primeiros anos do governo da Rainha Vitória.  O figurino é o ponto alto desse filme e os protagonistas - Emily Blunt e Rupert Friend - estão lindos, lindos, lindos.  Mark Strong está mais que perfeito como o vilão que atormentou a vida de Vitória antes dela se tornar rainha.  
  • Daniel Deronda (2002) de Tom Hooper.  Uma das minhas séries favoritas da BBC, daquelas em que nada está fora do lugar.  O figurino é maravilhoso.  Oferece farto material para discussões sobre a sociedade inglesa de sua época no geral e sobre o papel das mulheres, também, e, dado o drama pessoal do protagonista, sobre antissemitismo.  E o vilão é perfeito, melhor papel do Hugh Bonneville.  Deveriam escalá-lo para papéis vilanescos com mais frequência, mas o povo acha que ele tem cara de bonzinho.
  • Adoráveis Mulheres (Little Women, 1949) de Mervyn LeRoy.  Primeira versão de Little Women que eu assisti em formato live action.  Gosto bastante dela e não resenhei ainda para o blog.  As discussões possíveis seriam sobre o papel das mulheres, diferenças de classe e Guerra da Secessão, neste último caso, bem de longe mesmo.
  • Sarah, Plain and Tall (1991) de  Glenn Jordan.  Produção para a TV da Hallmark, que faz aqueles filmes para "toda a família".  Eu não conhecia, mas ele tem no elenco Glenn Close, como a noiva (mail-order bride) que vai para uma região de fronteira dos EUA, e Christopher Walken, no papel do viúvo que precisa de uma nova mãe para seus filhos.  A protagonista se descreve pelos seus defeitos, ser sem atrativos (plain) e tall (alta).  Deve ser um negócio bem lacrimogêneo, mas me senti atraída e tem no Youtube.
  • Os Pioneiros (Little House on the Prairie, 1974-1983) de Ed Friendly.  Famosa série baseada nos livros autobiográficos de  Laura Ingalls Wilder e que mostra a vida de uma família na fronteira oeste dos Estados Unidos.  Enfim, série para toda a família, eu lembro como fiquei impressionada quando uma das irmas fica cega, eu deveria ter uns seis, sete anos quando assisti alguma coisa dessa série.
  • The Buccaneers (1995) de Philip Saville.  Baseada no romance inacabado de Edith Wharton (A Era da Inocência) conta a história de quatro herdeiras norte americanas, uma delas filha de mãe brasileira, que são mandadas para a Inglaterra para conseguir casamentos com homens da nobreza meio falidos, porque se não fossem, casariam com mulheres da própria nobreza.  Quase uma prequel de Downton Abbey.  A prática era muito comum nas últimas décadas do século XIX.  Essas moças eram chamadas de Dollar Princesses, mas a autora as apelida de Bucaneiras (Piratas).  Algumas das moças acabam sendo felizes, outras, nem tanto... 
  • Norte & Sul (North & South, 2004) de Brian Percival.  Série baseada no romance de Elizabeth Gaskell.  Essa versão é a com o Richard Armitage lindo de morrer.  É uma produção impecável, tanto em roteiro, quanto em figurino.  E dá para discutir uma série de questões, como o papel das mulheres, o impacto da 2ª Revolução Industrial sobre o antigo sistema fabril, e a questão operária, também, só para contradizer o que eu escrevi na introdução.  A cena em que aparece a fábrica pela primeira vez, eu sempre mostro para as minhas turmas.
  • The Inheritance (1997) de Bobby Roth.  Nunca tinha ouvido falar desse filme, mas é baseado em um livro de Louisa May Alcott (Little Women), que eu nunca li e é o primeiro romance que ela escreveu, quando ainda era adolescente (!!!!).  A mocinha da história é uma órfã que foi levada para a Inglaterra para ser acompanhante dos filhos de uma senhora nobre.  Só que, ao que parece, ela se apaixona pelo sujeito que era destinada a uma das filhas da sua benfeitora.  Tem no Youtube, eu encontrei.

Estamos no século XX e a tônica do material selecionado é o romance e a crítica de costumes.  Produções para o cinema e para TV e, de novo, talvez por ser um favorito, a autora da lista volte a pegar um clássico do cinema.  Os ingleses parecem esticar a Era Eduardiana até a 1ª Guerra, o que até faz sentido.  Eduardo VII era chamado de "o Pacificador" e sua ação ajudou a retardar a Grande Guerra.  Agora, engraçado é que existe uma série excelente sobre o rei e que não entrou na lista.  Fora, claro, Fall of Eagles, que poderia estar em Vitoriano e Eduardiano sem problema, afinal, ela cobre de 1848 até 1918.
  • Downton Abbey (1ª Temporada) de Julian Fellowes (autor).  Esta temporada de Downton Abbey cobre de 1912 (*naufrágio do Titanic*) até às vésperas da 1ª Guerra, em 1914.  Bem, eu adoro essa série da ITV e ela permite uma série de discussões como a ascensão de elementos das classes trabalhadoras às camadas médias, a modernização dos costumes X o apego às tradições, a luta pelos direitos das mulheres, homossexualidade... e tem romance, claro, muito mesmo.
  • The Lost Prince (2003) de  Stephen Poliakoff.  É um especial em dois capítulos feito pela BBC contando a história do príncipe John, filho caçula do rei George V e da rainha Mary.  O menino sofria de um caso grave de epilepsia, e, talvez, outros problemas de saúde.  A criança foi afastada do convívio da família real e criada em uma casa no interior, longe dos olhos do público.  Ele morreu em 1919, aos 13 anos de idade.  É uma série muito boa, mas bem triste, também.
  • Armadilhas do Coração (The Importance of Being Earnest, 2002) de Oliver Parker.  Filme delicioso e baseado em uma obra de Oscar Wilde, mas não se passa no período Eduardiano, a peça original é de 1895.  Eu gosto do filme, ele é muito espirituoso, no trailer é dito "Estamos na Inglaterra, mas não na Inglaterra de Jane Austen", mas não deveria estar aqui.  Há muitos filmes Eduardianos DE VERDADE, como Uma Janela para o Amor (1986) ou Howards End (1992) ou The Wings of the Dove (1997), por exemplo, ou até Mary Poppins (1964), já que quem fez a lista não parece muito preocupada com aspectos históricos mais rígidos mesmo.
  • Titanic (1997)  de  James Cameron.  Dispensa apresentações, não é mesmo?  Vi duas vezes no cinema.  Eu não sou fã, não colocaria em uma lista de filmes históricos, mas a ênfase passou a ser romance, ao que parece.
  • Minha Bela Dama  (My Fair Lady, 1964) de George Cukor.  Filme musical baseado na peça Pigmalião de George Bernard Shaw.  Uma moça pobre, simples, vulgar, que é "adotada" por um professor de linguística, um homem bem mais velho que ela, que aposta que vai transformá-la em uma dama.  Audrey Hepburn linda, mas não a deixaram cantar, e Rex Harrison, já muito velho, e recitando as letras das suas músicas.  Foi injusto, Hepburn já tinha cantado lindamente em Sabrina (1954) e Bonequinha de Luxo (1961), ela ficou triste com essa imposição.  Não é um filme que me encha os olhos, salvo pelo figurino, mas gosto de algumas músicas.  Conteúdo para estar em uma lista de filmes históricos?  Eu não colocaria.
  • Anne os Avonlea (1987) de Kevin Sullivan.  Série canadense baseada nos livros de Lucy Maud Montgomery que continua os eventos de Anne of Green Gables (1985).  A história tem 4 episódios e se passa em 1902-1903.  Não sei se foi exibido no Brasil.

Não entendi o motivo de chamar de Prós-Eduardiano, poderia ser Pós-Primeira Guerra, por exemplo.  De qualquer forma, como o tempo passa, a gente pode considerar como históricos filmes que se passam nos anos 1970, até 1980.  Eu tenho 44 anos, a década em que nasci já está mais de 40 anos atrás.  De qualquer forma, me espanta que não tenham incluído nessa lista filmes como A Primavera de uma Solteirona (1969), para ficar somente com um exemplo.  Sei lá, vamos aos filmes que a pessoa selecionou.
  • O Violinista que Veio do Mar (Ladies in Lavender, 2004) de Charles Dance.  Olha, eu conhecia o filme de nome, nunca assisti, mas me surpreendi em saber que o Charles Dance (Tywin Lannister) é diretor, também, e roteirista, no caso desse filme.  E é uma produção com Judi Dench e Maggie Smith, vou ver se assisto.  O título em português revela o início da história, duas irmãs idosas encontram um náufrago, o moço é um violinista e meio que abala a vida na cidadezinha à beira mar.
  • Vestígios do Dia (The Remains of the Day, de 1993) de James Ivory.  Foi um dos filmes mais aclamados do início dos anos 1990 e discutiu a presença de fascistas na Inglaterra nos anos 1930 e como um mordomo (Anthony Hopkins) abriu mão de sua vida em prol de seus patrões.
  • The Magic of Ordinary Days  (2005) de Brent Shields.  Mais uma produção para "toda a família" da Hallmark.  Achei um resumo: Durante a Segunda Guerra Mundial, grávida e solteira, uma jovem universitária é pressionada por seu pai a aceitar um casamento arranjado com um fazendeiro solitário  que mora em uma região remota dos EUA.  Já o rapaz a aceita a moça depois do pastor lhe contar sua história. A jovem se submete, mas pretende escapar e reencontrar o pai da criança que espera.  Pretende, mas não vai.  Eu tenho medo desse tipo de filme da Hallmark, muito provavelmente, essa moça vai se apaixonar pelo fazendeiro e se acomodar no campo.
  • A Noviça Rebelde (The Sound of the Music, 1965) de  Robert Wise.  Eu amo A Noviça Rebelde, faz uma semana que reassisti o filme, comentei os musicais para a TV, mas eu não usaria o musical como filme história modelo, porque os aspectos históricos estão bem diluídos na trama.  Agora, em tempos como os nossos, a cena do Capitão Von Trapp rasgando a bandeira nazista é bem-vinda.
  • O Despertar de uma Paixão (The Painted Veil, 2006) de John Curran.  Não vi este filme, mas parece aquela coisa bem melosa, bem dramalhão, enfim... O resumo simplificado é esse "Kitty, uma jovem inglesa superficial e egoísta conhece o jovem Dr. Walter Fane quando está sendo pressionada pelos seus pais a casar-se. Com a paixão proveniente por parte do bacteriologista, eles se casam e vão morar em Xangai onde o doutor é pesquisador do governo inglês. O casamento é fadado ao fracasso, e após problemas conjugais (*ela arruma um amate*), eles seguem para viver num povoado remoto da China onde está acontecendo uma epidemia de cólera.".  Parece que o filme mudou MUITO o romance original dando um final feliz para o casal.  Parece que não rola paixão nenhuma no livro.  Olhando por alto, acho que dá para discutir alguma coisa sobre o papel das mulheres, mas o filme parece de segunda.
  • Foyle's War (2002-2015) de Anthony Horowitz.  Não conheço a série, mas o que descobri é o seguinte, a história se passa na Inglaterra da Segunda Guerra Mundial e tem como protagonista um chefe de polícia.  Ele investiga crimes que podem, ou não, estar ligados ao conflito.  Pode ser uma série interessante.
Só para constar, quais são os atores e atrizes que mais aparecem nessa lista?  Orlando Bloom (*Tróia, Senhor dos Anéis, Três Mosqueteiros, Piratas do Caribe) e Keira Knightley (*Rei Arthur, Piratas do Caribe e A Duquesa*).  Nem sei por qual motivo comecei a fazer esse post, o fato é que gastei um tempão pegando as imagens pequenininhas, procurando os filmes, fazendo os comentários.  Enfim, acho que gasto mal o meu tempo, porque duvido que este post vá receber visitas proporcionais ao trabalho que tive.  De qualquer forma, espero que seja útil para alguém.