quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Ranking da Oricon


Mais uma vez, deixei de publicar um ranking da Oricon, então, são dois ao mesmo tempo.  O da semana passada teve Chihayafuru no topo e me espantei com a queda rápida.  Normlamente, a série fica em primeiro e vai caindo devagar.  Espero que não seja o primeiro sinal de esgotamento, ainda que eu acredite que com #36 volumes, a série já está na hora de terminar.  Kuragehime, o último volume, apareceu sema passada e sumiu.  Acabei de olhar o último capítulo e a série terminou bem, seria muito legal ter essa série por aqui.  Esta semana, o mangá em melhor colocação é Tsubaki-chou Lonely Planet , mas destaco o último volume de Anata no Koto wa Sorehodo .  Comentei a série aqui no Shoujo Café, ela teve dorama e espero que terminem as scanlations.  É isso!

8. Tsubaki-chou Lonely Planet  #9
10. Chihayafuru #36
11. Takane to Hana  #9
19. Anata no Koto wa Sorehodo #6
20. Soredemo Sekai wa Utsukushii  #17
26. Fukumenkei Noise #14

1. Chihayafuru #36
10. Boku to Kimi no Taisetsu na Hanashi  #3
11. Kuragehime #17
29. Mairimashita, Senpai  #3

A Disney já tem sua Mulan


Ontem foi anunciado o nome da atriz chinesa Liu Yifei, ou Crystal Liu, cmo também é conhecida, para ser a Mulan do live action da Disney que estréia em 2019.  Apesar de parecer novinha, ela é nascida em 1987, e tem uma carreira sólida dentro do seu país e fora dele.  Uma das exigências da Disney - que vem sendo pressionada para evitar whitewashing - é escalar um elenco etnicamente ajustado às personagens, mas a empresa exigia uma atriz que soubesse artes marciais e atuasse em inglês.  

Liu Yifei, que atuou em filmes de Jack Chan, é capaz de fazer tudo isso e, provavelmente, muito mais.  Além disso, é uma atriz muito popular em seu país e a China vem se firmando como o mercado mais importante para o cinema norte-americano depois do doméstico.  Não entendeu?  Antes, um filme era um sucesso se rendesse bem nos Estados Unidos, hoje, os americanos estão cientes que o mercado chinês pode salvar uma produção que não renda muito bem em casa.  Por exemplo, não sei se deu jeito, mas era o caso do filme Valerian, que não agradou ao público americano, o futuro da personagem do cinema estaria nas mãos do chineses.

Vamos ver se não vão errar em outras coisas.
Enfim, Mulan, que eu ainda não resenhei, apesar de ter reassistido com Júlia várias vezes, foi lançado pela Disney em 1998 e conta a história de uma jovem, filha única de uma respeitável família, que acaba tomando o lugar do pai doente no exército que tenta impedir que os hunos invadam o país.  Ela faz tudo isso escondido, claro, o pai estava disposto a morrer pelo país e pela honra da família.  O desenho tornou-se o favorito de muitas meninas, porque apresentou uma "princesa" (*não, Mulan não é princesa, mas é vista como tal*) ativa, que luta contra o pior de todos os vilões, o patriarcado. (^_^) 

Mulan é baseado em uma lenda antiquíssima que virou poema escrito no século XI ou XII, contando eventos ocorridos mais de seiscentos anos antes.  Passou por diversas reconfigurações posteriores.  Pode ter existido uma Hua Mulan, ou várias (*o verbete da Wikipedia fala, pelo menos, de mais uma*), mas a história é encarada como uma lenda que se liga ao mito literário da donzela guerreira, uma moça que, por algum motivo, se traveste de homem, vai para a guerra, ou leva uma vida heroica, eventualmente se apaixona, é exposta na sua "fraqueza" (*ser mulher*), e morre no final.  Morrer pode, aliás, ser simbólico, ela pode casar com o amado e terminar abandonando as armas.  A Mulan do poema original tem um pai doente e velho, mas tem um irmão que é jovem demais, ela se sacrifica por ambos.  Ela, também, não precisou fugir escondida, os pais a haviam treinado para ser uma guerreira, ela se traveste de homem, mas a família se despede dela com orgulho.  Segundo o poema, Mulan serviu por 12 anos sem que sua identidade de gênero fosse descoberta.  Terminada a guerra, ela surpreende seus superiores e companheiros ao se revelar, recusa uma honraria (*como a Mulan da Disney fez*), e pede somente um cavalo para que possa voltar para casa.  É recebida com alegria pelos pais e retorna ao seu lugar de mulher naquela sociedade (*aí a morte simbólica*).

Estátua de ferro de Mulan e seu pai
em Xinxiang, China.
Enfim, resolvido o problema da protagonista, e representatividade é importante, sim, há outros para arrumar.  Eu prefiro que Mulan seja um musical como o original.  Gostei muito da Bela e a Fera e detestei o que fizeram com Cinderela.  Também quero Shang e o romance todo, porque não vejo isso como enfraquecer a personagem, não, simplesmente são coisas que acontecem.  No poema original não havia romance e Mulan volta para casa do mesmo jeito.  A morte da donzela guerreira, no caso de Mulan não é o casamento, mas a volta ao lar e aos papéis femininos tradicionais.

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Muito Além do Mangá: Rosa Vermelha – Uma Biografia em Quadrinhos de Rosa Luxemburgo


Semana passada terminei de ler Rosa Vermelha – Uma Biografia em Quadrinhos de Rosa Luxemburgo (Red Rosa: A Graphic Biography of Rosa Luxemburg), publicado no Brasil pela Martins Fontes.  O volume é de autoria da canadense, radicada na Inglaterra, Kate Evans.  Não tenho muito contato com quadrinhos ingleses, mas suspeito que a obra possa ser aproximada muito mais dos trabalhos de mulheres sobre elas mesmas, ou outras mulheres, do que qualquer escola em especial.  Enfim, tenho muitos elogios a tecer ao quadrinho e algumas críticas, também, mas começo escrevendo que é uma obra que merece ser lida, ainda que não seja propriamente uma leitura leve.

Para quem nunca ouviu falar de Rosa Luxemburgo (1871-1919), ela é a mais importante pensadora socialista de todos os tempos.  Algumas de suas frases são lembradas até hoje.  Exemplos: "Quem não se movimenta, não sente as correntes que o prendem." (*minha favorita*) ou "Por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres." ou ainda "Não estamos perdidos. Pelo contrário, venceremos se não tivermos desaprendido a aprender.". Poderia citar um monte de outras.  Luxemburgo marcou sua época, foi admirada, odiada, perseguida, amada, enfim, acredito que deveria ser uma daquelas figuras que inspirava fortes sentimentos, nunca a apatia.  Tudo isso é muito bem captado pela arte e escrita de Kate Evans. 


Talvez a mais famosa foto de Rosa Luxemburgo.
Nascida em uma família judia na Polônia ocupada pelos russos, ela possuía displasia congênita de quadril e claudicava, já que tinha uma perna mais curta que a outra.  De saúde precária, nunca foi vista como bela, o que não a impediu de viver várias aventuras (*incluo as prisões como aventuras*) e romances.  Na infância passou de privações econômicas (*a autora do quadrinho associa sua baixa estatura a desnutrição quando criança*). Seu pai era comerciante de madeira, sua mãe membro de uma família de rabinos com grande erudição.  Recebeu incentivo dos pais para que estudasse em tempos nos quais muitas portas educacionais estavam fechadas para as mulheres e judeus.   Somente 10% das vagas nas universidades poderiam ser ocupadas por eles e na Polônia as escolas superiores estavam fechadas às mulheres.  Assim como Madame Curie, teve que sair da Polônia para prosseguir nos estudos universitários.  Rosa Luxemburgo foi para a Suíça, sua tese de doutorado em história econômica sobre a industrialização da Polônia é referência até hoje.  Falava alemão, russo, polonês e escrevia também em francês, não sei se falava a língua.

Ainda a adolescente, Rosa começou suas atividades políticas e foi membro do partido social democrata de seu país, mas foi na Alemanha que fez sua carreira como política, pensadora e ativista.  Há quem pense que ela era alemã, mas ela ganhou a cidadania do país graças a um casamento de fachada (*Eu não sabia disso*).  Na Alemanha, fez parte do SPD (Partido Social Democrata), desentendeu-se com as lideranças por seu posicionamento contra a I Guerra Mundial e ousou criticar os rumos ditatoriais da Revolução Russa no momento em que ela estava ocorrendo. Seu pacifismo era visto como fraqueza por gente como Lênin e Trostsky.  Terminou sua carreira (*e vida*) no KPD (Partido Comunista Alemão).  Foi morta durante a Revolução Espartaquista de 1918-19, que ela apoiou contra seu próprio julgamento.


Como um trovão.
Hoje, Rosa de Luxemburgo é venerada pelos socialistas, e a própria autora fala da importância da pensadora para os jovens do movimento "Occupy" de 2013.  A  de Evans, no entanto, tentou mostrar Rosa Luxemburgo para a além da hagiografia (*gênero literário também conhecido como “vida de santo”*), mas como uma mulher de carne e osso, com sonhos, ambições, vaidades, pequenos prazeres e o ímpeto de mudar o mundo.  A autora da frase "Há todo um velho mundo ainda por destruir e todo um novo mundo a construir. Mas nós conseguiremos, jovens amigos, não é verdade?".  Rosa é a intelectual potente, que escreve, que discursa aos operários e mineiros, que leciona, que faz o possível para estar nos altos círculos de poder do partido, onde só havia homens, que borda e desenha como qualquer mulher prendada de sua época, que foi presa e morta por suas idéias.  Evans mostra, também, a Rosa que admira a natureza, que é poetisa, que amou e teve muitos amantes, que decidiu não ter filhos para se dedicar à revolução.  E tudo isso está nos escritos de Rosa.  Ela deixou textos densos, aqueles que a gente lê na faculdade de História, economia, Ciência Política (*isso se a seleção dos autores não for pautada em ter, ou não ter, um pênis*), mas, também, das cartas à família, aos amantes, aos amigos.  Imagino que Kate Evans teve contato com essas cartas graças à edição inglesa de 2011, porque esses textos mais mundanos de Luxemburgo são os menos divulgados.

O quadrinho Rosa Luxemburgo é bem complexo.  Ao mesmo tempo que ele empolga e nos arrasta, afinal, a protagonista é uma mulher fascinante, ele é pesado, porque Evans tenta colocar o máximo de texto de Rosa (*e o que ela cortou está nas notas*) dentro da obra.  Em um pequeno vídeo da autora que encontrei, ela se mostra fascinada com o cabelo de Rosa Luxemburgo e ela brinca dizendo que os escritores socialistas do século XIX pareciam ser pagos pelo número de palavras que usavam e diz que tentou transformar os escritos de Rosa em textos em formato do Twitter.  Desculpe dizer, mas ela não faz isso, não.


Minha percepção, e isso atua contra a boa leitura do quadrinho, é que a autora é tão apaixonada pelos textos de Rosa Luxemburgo, que ela queria colocar tudo o que pudesse. Ela acredita no potencial revolucionário de Rosa Luxemburgo e o seu quadrinho é uma espécie de manifesto.  Em alguns momentos o excesso de texto funciona, em outros, o quadrinho parece ficar em segundo plano.  Da mesma forma, algumas metáforas visuais da autora são poderosas, começando pela que está na capa, a I Guerra se processando dentro dos cabelos/cabeça da Rosa, são muito boas, é a imagem da capa.  Aliás, pergunto-me se houve edições em cores de Red Rosa, porque achei muitas páginas coloridas na busca do Google e a edição brasileira é toda em preto e branco.  Enfim, voltando ao ponto, talvez, ela pudesse usar menos texto e mais imagens como esta, mas ela queria que as palavras de Rosa Luxemburgo transparecessem.

Na maioria dos momentos, a autora é capaz de apresentar o pensamento de Rosa, ou Luxemburgo explicando Marx, de forma clara.  Mais valia, fetiche da mercadoria, imperialismo, o rascunho da teoria da dependência etc.  Mas não diria que Rosa Vermelha é um livro didático.  Você vai ler e terá que ir além para entender melhor as questões.  A autora mostra, também, a rebeldia intelectual de Rosa, capaz de questionar até as premissas de Karl Marx sem nenhum temor.  Agora, ela não vai dar destaque às críticas de Rosa à Revolução de Outubro, a coisa passa meio batida.
Ninguém é sagrado, nem Marx.
Uma injustiça cometida por Evans é em relação à Klara Zetkin, líder feminista alemã, uma das responsáveis pelo estabelecimento do Dia Internacional das Mulheres, e amiga íntima de Rosa.  Vejam bem, Rosa Luxemburgo nunca quis ser vista como mulher, ou judia, ela queria ser vista como um dos camaradas.  Ela nunca brigou por espaços para mulheres, mas para que as mulheres estivessem no espaço dos homens, junto com eles.  Nesse sentido, Rosa parece se inserir perfeitamente na leitura que se tornou tradicional entre as esquerdas, isto é, resolvido o problema de classe, o problema de gênero se resolve. Enquanto Rosa falava o que não ofendia aos homens do SPD, enquanto não representou uma ameaça ao status quo, eles a aceitaram, quando ela começou a incomodar, bem, ela foi abandonada por eles na prisão, vista apor alguns como inimiga. 

Já Zetkin tinha a percepção da luta de classes, mais ampla, como Rosa, e a da luta pelos direitos das mulheres, que o sexo feminino não receberá tratamento igualitário se não lutar por ele.  Nem preciso dizer que acho que Rosa Luxemburgo, por mais genial e corajosa que fosse, não estava percebendo como a questão das mulheres ia além da derrubada do capitalismo.  Espaços de mulheres são espaços de luta estratégicos e importantes, por isso, quando um Stálin fechou a seção feminina do partido comunista soviético, ele sabia exatamente o que estava fazendo.  Aliás, os jacobinos, ainda na Revolução Francesa, também fecham os clubes de mulheres e tentam mandá-las para casa.  Esse exemplo, Rosa Luxemburgo já tinha em mãos.

Rosa e sua amiga Klara Zetkin.
São aportes diferentes, verdade, mas elas eram amigas, membros do SPD, vão incomodar os homens cada uma do seu jeito.  Rosa Luxemburgo era a favor do voto para as mulheres, porque defendia, como praticamente todos os socialistas da época, o voto universal.  No quadrinho, Zetkin, uma sufragista engajada, é apresentada como uma voz aburguesada e sua revista feminina como porta voz das mulheres bem-nascidas.  Bem, isso é injusto com uma mulher que será uma das primeiras eleitas para o parlamento alemão.  Zetkin não era uma voz das mulheres burguesas, embora, a seu modo, ela e Rosa fossem parte dessa classe social e também explorassem a mão de obra de outras mulheres (*e homens*).  E como Kate Evans arruma as coisas?  Luxemburgo e Zetkin estão discordando, na verdade, Rosa Luxemburgo está trovejando contra as mulheres burguesas, "parasitas de parasitas", e Zetkin muda de assunto e decide falar de gatinhospara preservar a amizade.  

Falando em gatos, a autora retorna pelo menos três vezes ao fato de Rosa não ter filhos. Nunca li suas cartas, não sei se era uma preocupação constante de Rosa Luxemburgo, mas a autora reforça um estereótipo de gênero.  Uma mulher sem filhos é incompleta.  Rosa não quer/pode ter filhos, então, ela tem um gato.  É como se fosse um refúgio da mulher solitária.  Não que Rosa fosse solitária, mas sua vida era de solteira, mesmo com vários amantes. Nesse sentido, o quadrinho é fenomenal, porque nos mostra – e isso está nas cartas de Rosa Luxemburgo – uma mulher que gostava de sexo e de homens, não a madre superiora do movimento socialista.  

Rosa e Mimi.
A Rosa Luxemburgo que conheci pelo quadrinho é sensual e livre.  E isso é importante ressaltar, pois muitas das mulheres socialistas de então, as que estavam na vanguarda, eram defensoras da liberdade e igualdade nas relações amorosas, se opunham ao casamento tradicional, enfim, viviam à margem de muitos valores tradicionais.  Klara Zetkin, por exemplo, era mãe solteira.  Rosa Luxemburgo casou-se pela cidadania alemã, mas, durante sua vida, manteve sua independência em relação aos homens.  Parceira, sim, submissa, não.


No quadrinho são apresentados pelo menos três amantes de Rosa Luxemburgo, o último deles, para quem ela escreveu uma carta, meio que cai de paraquedas na narrativa, inclusive, tive que procurar fora do volume referências mais sólidas sobre ele, mas os dois mais importantes são Leo Jogiches e Kostya, filho de Klara Zetkin.  Leo Jogiches é o amor da juventude de Rosa.  Ela o conheceu na suíça, quando ainda era estudante.  Um revolucionário lituano, homem de ação, que não consegue colocar em palavras suas idéias.  Parece que ele mesmo teria falado/escrito isso.  No quadrinho, ele é apresentado como uma figura que influenciou Rosa nas suas reflexões revolucionárias, já ela, foi a pena que deu forma para as idéias turbulentas de Jogiches.
Jogiches, o amante que ameaça matar.
Os dois nunca se casaram, nunca tiveram filhos, mas mantiveram um relacionamento próximo como amantes, amigos e camaradas.  Ele perdeu a vida em 1919, assassinado enquanto investigava a morte trágica de Rosa e Karl Liebknecht.  A figura de Jogiches é ambígua.  Ele certamente gosta de Rosa, mas a revolução vem primeiro, para ela, também, aliás.  No entanto, quando ele sabe que Rosa tem um amante, um homem bem mais jovem que ela, Kostya, que os dois estão morando juntos, ele a ameaça e ao rapaz.  É uma cena tensa.  O que Rosa faz?  Ela coloca a revolução em primeiro lugar.  Denunciar Jogiches para a polícia seria a sua morte e ela tem carinho por ele.  Além disso, seria um escândalo entre as fileiras socialistas.  Ela se cala e prefere se separar de Kostya.  


Rosa Luxemburgo era um ser humano e essas contradições fazem parte da sua biografia.  Agora, quantas mulheres se calam diante da violência masculina?  Preferem sofrer a ver o companheiro preso?  Se preocupam com um agressor quando ele eventualmente vai preso?  Ou, ainda, quantas mulheres de esquerda se calam diante do assédio e outras atitudes machistas dos colegas de partido, coletivo, ou o que seja, porque, bem, elas têm que entender que eles são homens e “primeiro a revolução” e “resolvido o problema de classe, o de gênero se resolve” ou “o feminismo é uma ideologia burguesa”.  Ah, você não sabia dessa última?  Pois é, nem sempre as pessoas consideraram o feminismo como “coisa de comunista”, não. 
Kostya é mandado pela mãe para se
uma espécie de governanta de Rosa.
Dentro do quadrinho também aparecem questões de gênero que são invenção da autora e ela admite, como todo bom autor, que preencheu lacunas, eliminou gente, uniu mais de uma personagem em uma só, enfim... A primeira é Rosa ouvir criança “pena que é uma menina”, pois seu potencial intelectual seria desperdiçado, ou sua resistência em relação ao espartilho e adesão apaixonada aos primeiros sutiãs (*essa parte seria verdade?*).  O espartilho era metáfora da sociedade burguesa e patriarcal, basta pegar a imagem.  A autora também trabalha com contrastes.  Rosa vê ricos e pobres, vê a vida de luxo das colegas (*ela era bolsista em uma escola feminina de elite*), enquanto outras crianças viviam na miséria e eram obrigadas a trabalhar.  Uma coisa interessante é que a autora coloca Rosa não depilada.  Mulheres no final do século XIX e início do século XX dificilmente se depilavam, mas ao mostrar os pelos de Rosa, a autora está dialogando com muitas das modernas feministas que defendem o direito aos seus pelos.  Foi uma sacada interessante.

Enfim, muita coisa acontece nas 179 páginas de Rosa Vermelha (*fora as notas*).  A I Guerra ocupa o terço final, e as páginas últimas se dedicam à Revolução Espartaquista.  Rosa Luxemburgo defendia que a revolução deveria ser espontânea, nascer das massas, em um movimento não guiado ou apropriado por uma elite.  "A massa não é apenas objeto da ação revolucionária; é sobretudo sujeito."  Kate Evans parece acreditar nessa premissa.  Parte das críticas de Rosa aos bolcheviques nascem em virtude da forma como eles tomaram a revolução para si e eliminaram as vozes dissidentes, assim como a autonomia das massas.  Agora, uma coisa é teoria, outra coisa é prática... 


Sobre a guerra.
O próprio partido de Rosa, o SPD, apoiou a guerra, se afastou das idéias revolucionárias, e depois assumiu o poder na República de Weimar que substitui o Império Alemão.  Rosa assiste perplexa a traição de seus partidos às massas, afinal, ela defende que a guerra atende á interesses imperialistas e que as classes exploradas deveriam se unir, que os nacionalismos eram ilusão criada pela burguesia.  Abandonada pelos homens do partido que temem por seus votos e pala própria existência do SPD, ela passa boa parte da guerra presa.  

Terminada a guerra, temos as agitações e se existe um vilão em Rosa Vermelha seu nome é Friedrich Ebert, que vai governar no início da República de Weimar.  Membro do SPD, apresentado como ex-aluno de Rosa (*havia uma espécie de escola para os membros do partido*),mas pouco interessado e inteligente, ele se torna líder da ala revisionista do partido e que não tem pudor em se aliar à Extrema Direita, os freikorps, para destruir a Revolução Espartaquista.  Kate Evans não tem simpatia por ele.


Os freikorps antecipam os nazistas.
E Rosa, que não queria estar na vanguarda de uma revolução, participa do movimento, que Evans apresenta como inicialmente espontâneo, mas que se perde por parte de uma direção firme.  A minha leitura do quadrinho é esta.  As únicas cenas humorísticas do quadrinho para mim, estão nos momentos tensos da Revolução Espartaquista, coisa que parece vinda de Monty Python. Operários e marinheiros que tentam tomar um prédio do governo e recebem do comandante (*não sei se policial ou membro do exército*) a mensagem de que só entregava a guarnição se tivesse um papel assinado e ninguém sabia quem iria assinar, porque a revolução é espontânea e, bem, não há líderes, certo? A cena, que deve ser verídica, é surreal.  A cúpula dos espartaquistas (*menos Rosa, que estava escrevendo para o jornal do dia seguinte*) cercados por freikorps e se questionando se deveriam responder ao fogo.  O diálogo é o seguinte em português:

"Há tropas do governo na praça à frente!"
"Este item não está na pauta.", responde o outro.
"Não devemos discutir a defesa armada do edifício?", pergunta um terceiro.
Não precisamos.  Nenhum alemão abrirá fogo contra outro alemão (...)"


Discursando para as massas.
Nem preciso dizer que atiraram e mataram, enquanto as gracinhas estavam deliberando.  Enfim, quem já assistiu assembleias na faculdade, no sindicato, no partido, enfim, já deve ter visto dessas cenas, quando, ou ninguém sabe quem está no comando (*e não precisa ser uma pessoa só*) da reunião, ou quem está não tem coragem de agir como tal e colocar ordem na bagunça para não parecer anti-democrático.  Sim, porque a ala de Rosa Luxemburgo levantava a bandeira do socialismo democrático, mas a galera não consegue distinguir entre democracia e regras básicas necessárias ao bom andamento das ações.  Daí, não acredito, por exemplo, em uma frente d esquerda unida em 2018.  Já a direita, e alguns elementos que se dizem de centro, sabem bem quando é necessário se unir e se defender.

É isso, trata-se de um quadrinho interessante, sobre uma mulher que merece ser lembrada e ter sua obra conhecida.  Trata-se, também, de um olhar feminino e feminista sobre Rosa Luxemburgo, sobre o pensamento socialista da virada do século XIX para o XX, sobre a Grande Guerra e as revoluções que agitaram o final da década de 10 do século passado.  E estou escrevendo sobre Rosa Vermelha, porque gostei e a série  de resenhas"Muito Além do Mangá" privilegia quadrinhos feitos por mulheres, ou sobre mulheres, e que não sejam japoneses e são poucas resenhas: Bordados, de Marjane Satrapi, Olympe de Gouges, de Catel Muller e José-Louis Bocquet, Aya de Yopougon, de Marguerite Abouet e Clément Oubrerie.  Eu recomendo.  E, se você se interessar por comprar, pode usar o link do Amazon e ajudar o Shoujo Café a se sustentar (*não que eu vá deixá-lo fechar, mas é uma ajuda, sim*).

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Para quem quiser assistir ao primeiro musical de Shoujo Kakumei Utena


Em 1997 foi feito, no Japão (*claro*), um musical de Shoujo Kakumei Utena (少女革命ウテナ).  Eu tinha no meu HD (*coisa de séulos atrás*) e perdi.  Comentando no Twitter, a querida Se-chan me passou o link no Youtube para o musical completo legendado.  Qualidade estava ruim.  Aí, apareceu uma alma caridosa que nos passou o link para o musical com qualidade de Blu-ray, porque, se entendi bem, ele é um dos extras dos discos da série de Utena que foram lançados para comemorar os 20 anos da série.  Então, aproveitem. :D  E, lembrando, sai um novo musical em 2018.

Chiho Saito anuncia mais dois gaiden de Utena e outras notícias da revista Flowers


Torikae Baya  (とりかえ・ばや) chegou ao fim nesse volume da revista Flowers e, na mesma edição, Chiho Saito anunciou mais dois gaiden de Utena (*o primeiro, eu não vi ainda*).  Se entendi bem, os dois novos capítulos de Utena sairão em 28 de janeiro, ou seja, na mesma edição, mas posso estar enganada e não ter entendido o Comic Natalie.  



A nova série da autora estreia em 28 de abril.  O último volume de Torikae Baya, o #13, será lançado em 9 de fevereiro.  Vou esperar para pedir todos os volumes que me faltam juntos, então.  E a notícia não fala, mas a autora tem uma segunda série em andamento, Vs Lupin (VSルパン), sobre Arsène Lupin, o ladrão cavalheiro criado por Maurice Leblanc, correndo na Zoukan Flowers.  Fora, claro, as capas espetaculares para a revista Harmony, ilustrações para a BexBoy Gold e os Harlequin que ela anda fazendo. Resumindo, ele terminou a sua série principal.



Além do final de Torikae Baya estreou nesta edição a nova série de Yumi Tamura (Basara, Seven SEEDS), Mistery to Iu Nakare (ミステリと言う勿れ) ou "Do not say Mistery", que é a capa da edição.  Este mangá já tinha aparecido como história fechada na edição da Flowers lançada exatamente um ano atrás.    A notinha está em outro post do CN.  



Há também um cronograma de estréias, Michiyo Akaishi (Alpen Rose e trocentas outras) em 28 de dezembro, Yuki Kodama (Sakamichi no Apollon) em 28 de março (*o mangá atual dela também terminou nesta edição*), Chiho Saito em 28 de abril (*escrevi lá em cima*) e Hagio Moto (mais Poe no Ichizoku, ao que parece) em 28 de maio.  Olhando essa ordem, acho que realmente se confirma que a nova história de Utena terá duas partes e sai em 28 de janeiro e 28 de fevereiro de 2018.

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Mais um mangá de Yukari Koyama vira dorama



Tempos atrás falei do dorama de Barairo no Seisen (バラ色の聖戦) de Yukari Koyama.   A autora publica na revista Kiss e em outras revistas josei, ao que parece,ela prefere  falar de mulheres adultas que vivem crises conjugais e decidem dar a volta por cima. Pois bem, o Comic Natalie anunciou que mais uma de suas séries vai virar dorama, Holiday Love ~Fuufukan Renai~ ( ホリデイラブ 〜夫婦間恋愛〜).


Segundo o resumo que encontrei no Bakaupdates, a história gira em torno de Azu, uma mulher de 30 anos, casada com Junpei (32) e com um filho pequeno.  Ela tem um pequeno salão em sua casa e se deixa absorver pelos cuidados do filho e o trabalho, porque acredita que seu marido não se interessa mais por ela como mulher.  


Um dia, um cliente pede seu celular emprestado e lhe mostra algo perigosamente fascinante.  Dias depois, ela recebe uma mensagem de um homem desconhecido e que termina por colocar um fim no seu casamento com Junpei.  Será que será possível uma reconciliação?


Jogando o nome no mangá no Google só tenho uma coisa a dizer: o traço da autora é lindo.  A série tem cinco volumes até o momento e tem scanlations.  Não conhecia a revista Manga Box, que publica a série.  Parece ser uma revista mista e em formato digital.  Vou tentar pegar alguma coisa.  O dorama está previsto para janeiro de 2018, sexta-feira, na TV Asahi, 23h15. Riisa Naka será Anzu.  A notícia está no Comic Natalie.

Templo japonês vai empregar meninos como miko. Será que é isso mesmo?


Semana passada o Sora News fez uma matéria enfatizando que era o sonho de toda fã de BL (Yaoi) se realizou, porque um templo Xintoísta muito importante em Fukuoka decidiu selecionar meninos para serem Miko (巫女).  Não lembra o que é isso?  São aquelas moças que se vestem de branco e vermelho, como a Rei Hino de Sailor Moon (美少女戦士セーラームーン), cumprindo várias funções nos templos da religião tradicional japonesa.  


Lendo esse site, fiquei sabendo que assim como outros trabalhos temporários e em tempo parcial, nesta época do ano selecionam-se meninas para trabalhar na leitura da sorte no Ano Novo (*isso aparece em praticamente todo anime e mangá escolar, ou slice of life*) e outros serviços nos templos.  Elas não necessariamente são, ou se tornam, sacerdotisas como a Kikyou de Inuyasha (犬夜叉).  O grande templo Koura, em Fukuoka, decidiu abraçar a diversidade e vai empregar meninos, também, ou não...


O SN publicou as discussões suscitadas na internet entre os japoneses.  Alguns apontaram que o cartaz no templo não tinha a pontuação adequada.  Será que é isso mesmo? Será que o templo não está procurando mikos, em inglês shrine maidens (virgens do templo), e rapazes para trabalhos temporários?  Outros começaram a devanear que o templo estaria querendo crossdressers e se perguntarem como um rapaz ficaria nas roupas de donzela do templo.  Enfim, espero que não seja um erro e os garotos possam fazer essas funções, também.

Tokimeki Tonight ganha um novo gaiden


Segundo o ANN, Tokimeki Tonight (ときめきトゥナイト) de Ikeno Koi terá uma continuação na revista Cookie, mas uma aliás.  A nova parte da série se chama Tokimeki Tonight ~Makabe Shun Fusai no Honeymoon~ (ときめきトゥナイト ~真壁夫妻のハネムーン~).  Tokimeki Tonight foi uma das séries shoujo mais importantes dos anos 1980 e foi publicada entre 1982 e 1994 na revista Ribon.  No mesmo ano estreou uma série animada com 34.  Entre 1998 e 1999, houve uma continuação Tokimeki Tonight ~Hoshi no Yukue~ (ときめきトゥナイト―星のゆくえ―) na mesma revista.  No século XXI, outras continuações vieram na revista Cookie, inclusive um novo mangá Tokimeki Midnight  (ときめきミッドナイト) entre 2002 e 2009.

O mangá original de Tokimeki Tonight tem como centro a família Etou e como protagonista Ranze, seu pai é um vampiro e sua mãe uma lobisomen.  Ranze tem poderes mágicos.  Por algum motivo sua família foi expulsa do mundo mágico e obrigada a viver entre os humanos.  Cabe a eles guardar o portal entre os dois mundos.  Mais tarde, Ranze conhece um garoto humano, Shun Makabe, mas seus pais proíbem terminantemente qualquer romance. Os outros arcos do mangá original são centrados no irmão e na filha de Ranze.

Hana ni Arashi: Quando uma menina muito alta e uma muito baixinha se encontram


O Comic Natalie publicou uma notinha sobre a estréia, ou relançamento, do mangá Hana ni Arashi (はなにあらし) ou Nanoha to Chidori, de Ruka Kobachi.  Trata-se da história de amizade e romance entre uma menina muito alta (*para os padrões japoneses*), com 1,72 cm, e uma bem baixinha, com 1,49.



Não é um mangá shoujo, nem josei.  a série é o primeiro yuri mangá publicado na revista on line Sunday Web Every e, bem, o traço é muito fofinho para não comentar.  Não sei se a série tem um teor mais leve, ou alguma carga erótica, olhando as imagens do post do Comic Natalie, apostaria na primeira opção.

domingo, 26 de novembro de 2017

Akkun to Kanojo: Novo anime shoujo anunciado


O sétimo volume do mangá Akkun to Kanojo (あっくんとカノジョ), de Waka Kakitsubata, trouxe a informação de que a série da revista Comic Gene vai virar anime.  Sim, a Comic Gene é shoujo, a gente (*EU*) é que esquece dela.  A notícia do anime saiu no Comic Natalie, mas eu só vi no ANN... 


Não conheço a série, que estreou em 2013, mas a descrição geral (*é uma comédia, eu sei*) nãoa gradou: Atsuhiro "Akkun" Kagari tem uma namorada, Non "Nontan" Katagiri.  Akkun normalmente é grosseiro com ela e a negligencia, ele é um típico tsundere.  No entanto, ele também tem um ciúme doentio da moça e age como stalker em relação à ela.  Já Nontan vê a perseguição do namorado como uma coisa fofa.  Será que é isso mesmo????  


Akkun to Kanojo já vendeu mais de 480 mil cópias e já teve pelo menos um drama CD.  O mangá está disponível no pixiv, também, e já teve mais de 11 milhões de visualizações.  

Revista Kiss publica série sobre o fim do mundo


Embarcando na onda da novela Apocalipse de Rede Record... Não, não... Brincadeira!  a revista Kiss vai publicar uma série de one-shots com a temática do fim do mundo.  O primeiro deles, saiu na última edição (*que tem uma capa muito bonita*) e se chama Kamisama no Yorishiro, a arte é de Mamoru Kurihara (Mitsuko Attitude) e o roteiro de Tsunami Umino (Nigeru ha Haji da ga Yaku ni Tatsu).  


Não sei se sempre serão parcerias, mas se entendi bem o Comic Natalie, a próxima história também terá dupla autoria Tachibana Higuchi (Gakuen Alice) e Asuka Aruto (Gogai! - Iwade Chagu Chagu Shinbunsha).  Outras mangá-kas envolvidas no projeto são Ueda Rinko (Hadashi de Bara o Fume), Okazaki Mari (Sapuri), Ohara Shinji (Aoneko ni Tsuite), Tsuge Aya (Kodomo Eighties ), TONO (Adelite no Hana), Nakahara★Momota (I Girl).  O nome da série, que deve virar uma coletânea, eu imagino é Sono Hi Sekai Wa Owaru (その日世界は終わる).

Saiu foto do elenco de Orgulho e Paixão


Como fã de Jane Austen e de novelas de época, venho acompanhando as notícias da próxima novela das seis da Globo (*o que me lembra que preciso fazer outro texto sobre Tempo de Sofrer, a atual*), enfim, esta semana saiu a foto com todo o elenco.  A matéria do UOL diz que ""Orgulho e Paixão", de Marcos Bernstein, é baseada no clássico romance da britânica Jane Austen, “Orgulho e Preconceito”, e será  ambientada no início do século XX.", mas já é sabido que será uma mistureba de vários romances da autora, imagino que dos romances mais conhecidos da autora  + Lady Susan.

Achei curioso o site TV FOCO colocar uma foto intitulada "Os mocinhos de “Orgulho e Paixão"".  Thiago Lacerda é Darcy, mas qual o papel exatamente de Malvino Salvador e Carmo Dalla Vecchia.  É a primeira vez que vejo o nome deste último associado a essa novela.  Aliás, procurando achei a informação de que ele estava escalado, mas foi deslocado para a próxima novela de Aguinaldo Silva.  Como a nota é anterior a foto e do mesmo site, qual está valendo?  Pode até ser que essa novela dê certo, mas desconfio que pode sair uma mistura indigesta.


Os trabalhos estão somente começando, basta rever a entrevista da Nathalia Dill que eu comentei no blog dias atrás.  Ainda há tempo, por exemplo, de chamar de Isabel ou Isabella, a protagonista e, não, de Elizabeta (*Que idéia!!!!*).  O o diretor da trama é Fred Mayrink, e o autor da nova novela, Marcos Bernstein.

A Divina Comédia Mangá: Go Nagai não para de me surpreender


Estava passando pelo Manga Mag e eles estavam anunciando a nova edição francesa do mangá da Divina Comédia de Go Nagai.  Como assim Go Nagai fez um mangá da Divina Comédia de Dante????  Sim, ele fez.  Descobri que Go Nagai também fez Os Três Mosqueteiros... Enfim, o mangá Dante Shinkyoku (ダンテ 神曲) foi publicado em três volumes (*claro*) no ano de 1994.  Não achei a revista, talvez, tenha sido publicado encadernado direto.  Agora, os franceses estão dizendo no MM que o título original é Mao Dante (魔王ダンテ).  



Por conta desse erro, demorei demorei bastante para achar a informação correta, tive que ir na Wikipedia japonesa, porque não é o título,  Mao Dante é de 1971, pode até indicar que o artista estava interessado na Divina comédia desde então, mas trata-se da série considerada precursora de Devil Man (デビルマン), um dos grandes sucessos de Go Nagai. Nada a ver diretamente com um dos clássicos fundadores da literatura italiana.  Só para constar, tem scanlations de Dante Shinkyoku, segundo o Mangaupdates.  Enfim, Go Nagai é genial, a criatividade desse homem é um negócio sem limites, mas imaginá-lo desenhando um clássico como A Divina Comédia foi algo inesperado para mim.



A Divina Comédia foi escrita por Dante Alighieri provavelmente entre os anos de 1307 e 1321.  Em italiano, não em latim e conta a história do poeta que visita o Inferno e o Purgatório guiado por Virgílio, o poeta romano, e, por fim, o Paraíso, onde é guiado por sua musa, Beatriz, a mulher que ele amava e havia falecido.  Toda a Divina Comédia é baseada no número três e seus múltiplos. Trata-se de uma obra com forte teor político, já que Dante coloca vários desafetos no inferno, por exemplo. Há um bom artigo sobre A Divina Comédia neste site.  Eu fiquei curiosa em relação ao mangá.

sábado, 25 de novembro de 2017

Dia Internacional da Não-Violência contra a Mulher



Hoje é o Dia Internacional da Não-Violência contra a Mulher, uma data importante para as mulheres e que marca o início dos 16 dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, que termina no dia 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.  No dia 6 de dezembro, temos o Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres.


Percebam que eu não usei a palavra "comemorar", porque não há nada o que celebrar.  a violência contra as mulheres é corrente em todos os países.  Há variação de intensidade, diferença na legislação, mas o fato é que mulheres e meninas são vítimas constantes da violência, especialmente dos homens, destacando-se o feminicídio, mas, também, institucional, vide as legislações que proíbem o aborto.

A data foi criada para lembrar o assassinato das irmãs Minerva, Pátria e Maria Tereza, chamadas  de “Las Mariposas”, em 25 de novembro de 1960, pela ditadura de Trujillo, que governava com mão de ferro a República Dominicana.  As irmãs foram presas com seus maridos, mas a comoção foi grande e elas foram libertadas.  Mais tarde, quando iam visitar os maridos na prisão, a ditadura simulou um acidente de carro, os corpos das irmãs foram encontrados no fundo de um precipício, elas tinham sido estranguladas.  A morte das três irmãs acabou precipitando a queda do ditador (*apoiado pelos Estados Unidos*), no poder desde 1930.


A data foi estabelecida em 1981 durante o Primeiro Encontro Feminista da América Latina e Caribe, realizado em Bogotá.  Há uma extensa matéria sobre o caso no site da BBC.  Enfim, houve um ano, 2011, em que fiz um post por dia durante os 16 dias de ativismo, mas não garanto fazer isso de novo.  Muita energia negativa, por assim dizer, e a gente não precisa procurar os casos de violência contra as mulheres, basta abrir qualquer jornal, qualquer grande portal.  De qualquer forma, gostaria de marcar a data, porque todo dia somos lembradas de como é perigoso ser mulher neste planetinha Terra.

Shoujo Kakumei Utena terá musical em 2018


O Comic Natalie anunciou que teremos um musical de Shoujo Kakumei Utena em 2018.  O nome da peça será Shoujo Kakumei Utena ~Shiroki Bara no Tsubomi~ (少女革命ウテナ~白き薔薇のつぼみ~).  O espetáculo ficará em cartaz entre os dias 8 e 13 de março.


A direção e roteiro do musical é de Koutarou Yoshitani, com supervisão de Kunihiko Ikuhara, que foi um dos responsáveis pelo anime original, que está completando 20 anos de seu lançamento.  Não é o primeiro musical de Utena e, um dia, espero que o Teatro Takarazuka anuncie a sua versão.  Abradeço a Ana Beatriz por me avisar.  Ela me passou o link do Crunchyroll.  Eu tinha perdido totalmente o anuncio no CN.