domingo, 30 de abril de 2023

50 Anos da Rosa de Versalhes: Para quem quiser assistir ao primeiro Anime Manga Explosion

Para quem quiser assistir ao primeiro episódio do Anime Manga Explosion, que é sobre a Rosa de Versalhes, é só usar o site para a assistir, clique AQUI.  O site é todo em inglês e começa daqui uns 15 minutos, é a penúltima exibição do dia.  Assisti na exibição que foi mais cedo e é possível colocar legendas automáticas em português.  Elas tem alguns problemas, mas para quem precisa é uma mão na roda. A narração, assim como no especial de Sailor Moon, é em inglês e as partes em japonês tem legendas em inglês.  Tentarei gravar a tela, como fiz com o trailer.  Farei uma resenha mais tarde.  Já estou curiosa sobre qual será a série do próximo programa Anime Manga Explosion.




sexta-feira, 28 de abril de 2023

NHK cria programa sobre Anime e Mangá e começa com a Rosa de Versalhes

 

No dia 30, a NHK, rede de TV japonesa, estreará um novo programa chamado Anime Manga Explosion e começará com a Rosa de Versalhes (ベルサイユのばら), de Riyoko Ikeda, que comemora hoje os 51 anos de sua estreia na revista Margaret.  

Na página do programa consta a seguinte descrição sobre o primeiro episódio: "Anime Manga Explosion é uma nova série que mergulha no mundo do anime e mangá japonês, ambos os quais ganharam uma imensa audiência global. O primeiro episódio apresenta A Rosa de Versalhes, uma obra culturalmente significativa que comemora seu 50º aniversário. A série vendeu mais de 20 milhões de cópias e se tornou um fenômeno social quando adaptada para um musical Takarazuka Revue e uma série animada de TV. Conversamos com  a criadora do mangá original, Ikeda Riyoko, e outros funcionários da produção para saber mais sobre seu apelo duradouro aos fãs em todo o mundo."

Uma bela homenagem e um reconhecimento da importância da série e espero que eles deem a devida atenção ao Takarazuka e não exagerem o peso do anime, mas apontem a sua rejeição quando da exibição original.  A gente torce para que o episódio fique disponível (*e daí poderemos baixá-lo*) na página da NHK, como o especial sobre Sailor Moon (美少女戦士セーラームーン).  Como é para a NHK internacional, deve ter legendas em inglês, estou torcendo.  Infelizmente, o trailer não tem a opção de embed, mas deixo o Tuíte original do Pro Shojo Spain, que foi quem deu a informação no Twitter:

quinta-feira, 27 de abril de 2023

Mangá josei recebe o prêmio principal do 27º Prêmio Cultural Osamu Tezuka


Em 2021, Yuria-sensei no Akai Ito (ゆりあ先生の赤い糸), de Kiwa Irie, venceu o prêmio principal (Categoria Geral) do 45º Kodansha Manga Awards, algo raro, para qualquer mangá que não seja seinen, e, agora, recebeu a premiação mais importante do Prêmio Cultural Osamu Tezuka. Eu vi a notícia no ANN, mas ela está em outros sites e saiu anteontem, eu é que não consegui terminar o post.  


O resumo inicial da série é o seguinte: "Yuria é uma ex-bailarina clássica de 50 anos, tem uma vida tranquila dando aulas de bordado em sua casa, onde mora com o marido escritor e a mãe dele. Então, um dia, seu mundo vira de cabeça para baixo quando o marido sofre uma hemorragia subaracnóide e, ao chegar ao hospital, Yuria se encontra com um jovem choroso que anuncia ser amante de seu marido.".  Enfim, a importância da série foi reconhecida novamente com o Tezuka Award e, como escrevi em 2021, acredito que a série terá um filme ou dorama em breve.  Mas quem foram os outros vencedores?


O prêmio para novos autores foi para a série shounen  Danchoutei Nichijou (断腸亭にちじょう) de Ganpu; esta série conta a experiência do autor com o câncer.  Já o prêmio para mangás curtos ficou com Onna no Ko ga Iru Basho wa (女の子がいる場所は) de Yamaji Ebine.  Esta série é seinen, mas entrou no último guia Kono Manga ga Sugoi! de mangás para o público feminino do ano passado e mostra a vida de meninas de 10 anos em vários países como Japão, Índia e Arábia Saudita.  


segunda-feira, 24 de abril de 2023

Akiko Higashimura estreia mangá na revista Big Comic

Akiko Higashimura irá estrear um novo mangá no dia 2 de maio na Big Comic Original, uma das mais importantes revistas seinen do Japão.  O título da nova série é Maru Sankaku Shikaku (まるさんかくしかく), Círculo Triângulo Quadrado, em português.  Segundo o ANN, o mangá ensaio humorístico será centrado em uma estudante da quarta série do ensino fundamental chamada Akiko Hayashi, que vive em Miyazaki na era Showa do Japão.  Trata-se da estreia de Higashimura na revista Big Comic Original e deve ser um sucesso, porque é uma série que vai espertar a nostalgia em muitos leitores.

domingo, 23 de abril de 2023

Quais animes deveriam ter um remake? Os japoneses respondem.

Faz tempo que não passo pelo Gooranking e achei esta pesquisa irresistível, porque a gente vive conversando sobre o tema.  Então, o que os japoneses, pelo menos os 2.697 que responderam, pensam?   Volto depois do top 10.

1. Candy♡Candy - 543 votos
2.Dirty Pair - 532 votos
3. Maison Ikkoku - 367 votos
4. Meitantei Mikeneko Holmes - 175 votos
5. Magical Angel Creamy Mami - 117 votos
6. Yu☆Yu☆Hakusho - 95 votos
7. Touch - 81 votos
8. Tokimeki Tonight - 56 votos
9. Galaxy Express 999 - 48 votos
10. Katekyo Hitman REBORN! - 39 votos


Foi uma surpresa divertida ver CandyCandy na frente, na verdade, ganhou de pouco de Dirty Pair, mas ambos concentram uma parte considerável dos votos, junto com Maison Ikoku.  Qual a possibilidade de um remake de Candy♡Candy?  Praticamente ZERO, porque Kyoko Mizuki (roteiro) e Yumiko Igarashi (arte) brigam até hoje.  O próprio Gooranking não pode colocar imagens da série e eu mantive a ilustração da pesquisa, um quase fanart da série com Terry e Candy, quase, porque é bem disfarçada.  Enfim, eu acredito que, a depender do sucesso de Lum, teremos em breve um remake e Maison Ikoku.  Galaxy Express 999, com a morte do Leiji Matsumoto, é outra possibilidade.  E Touch, por favor, deixem a série em paz.


Nesse top 10 há outros dois shoujo, Magical Angel Creamy Mami, que teve revival recente com um novo mangá, e Tokimeki Tonight, que é uma série muito querida.  Agora, Meitantei Mikeneko Holmes é uma série que eu nunca tinha ouvido falar.  E não sei qual é a demografia.  Não sei mesmo.  Jogando o nome em japonês no Youtube, a gente encontra pedaços do anime, é do início dos anos 1990, acho.  A seguir, estão os outros shoujo que apareceram e vejam que depois do top 10 sobram muitos poucos votos.

13. Hana Yori Dango - 28 votos
18. Fushigi Yugi - 21 votos
19. Aka-chan to Boku - 17 votos
19. Marmalade Boy - 17 votos
22. Patalliro! - 16 votos
25. Akazukin Chacha - 15 votos
28. Kodomo no Omocha - 14 votos
30. Kamikaze Kaitou Jeanne - 13 votos
30. Magic Knight Rayearth - 13 votos
34. Karekano - 11 votos
37. Boku no Chikyuu o Mamotte - 10 votos
40. Kingyo Chuuihou! - 9 votos
40. Mahoutsukai Sally - 9 votos
48. Shoujo Kakumei Utena - 7 votos
48. Gokinjo Monogatari - 7 votos


Desse grupo, acredito em remake de Marmalade Boy, é outra série muito querida.  Eu queria muito uma nova animação decente de Boku no Chikyuu o Mamotte, um clássico do shoujo de ficção científica e do melhor que a demografia produziu nos anos 1980.  Seis OAVs foi muito pouco.  Agora, eu queria muito um novo anime de  Hana Yori Dango, muito mesmo.  O anime não cobriu nem metade do mangá, tem uma trilha sonora muito boa, mas a animação é bem pobre.  E Shoujo Kakumei Utena, bem, deixem a série em paz, ou façam animação dos novos gaiden, porque trata-se de um clássico irretocável.

O Shoujocast voltou! Conversa com Natania Nogueira: Pesquisa com HQs, Quadrinhos não são literatura, Maurício na ABL etc.

Finalmente, o Shoujocast voltou! E, neste primeiro episódio oficial do ano, vamos conversar com a professora e pesquisadora Natania Nogueira. Ela fez mestrado sobre mulheres nos quadrinhos norte americanos nos anos 1940 e seu doutorado sobre a subversiva revista feminina Ah! Nana. Além disso, falaremos da candidatura de #MauríciodeSousa para a #ABL (Academia Brasileira de Letras) e a história de quadrinhos serem, ou não, literatura. (Infelizmente, não sei se dará para fazer um índice, porque ficou muito misturada a nossa conversa.)

"Quadrinhos são Literatura": Meus Dois Centavos sobre a discussão e a importância (ou não) a ABL

Está rolando faz alguns dias, uma discussão curiosa sobre se quadrinhos são literatura, vejam bem, não se eles têm valor literário, pois uma parte considerável as HQs possuem texto, ou podem ser lidas como um texto, na mesma medida que qualquer fonte imagética (cinema, quadrinhos, propaganda, ilustração, pintura etc.) ou material (roupas, objetos o cotidiano, esculturas etc.) pode ser analisada como um texto, mas naquele sentido mais obtuso e elitista mesmo.  Se é popular, se pode ser visto como infantil, é inferior, indigno.  Fora, claro, a acusação, comum, principalmente a partir dos anos 1950, de que seria material pernicioso para a juventude, enfim... 

E quem levantou a discussão?  James Akel em sua entrevista para a Revista Veja.  Ele é um dos candidatos à cadeira nº 8 da Academia Brasileira de Letras, a que tem como patrono  Cláudio Manoel da Costa e que ficou vaga com a morte da Prof.ª  Cleonice Berardinelli. Aqui, a feminista vai fazer uma pausa para um ou dois comentários, espero que compreendam o desvio.  Com tão poucas mulheres na ABL, com a tradição  misógina da academia, me causa certa agonia ver que só temos candidatos homens (Maurício de Sousa, James Akel e Ricardo Cavaliere) para a cadeira deixada vaga por uma das dez mulheres eleitas até hoje para a Academia Brasileira de Letras.  

Alguém poderá reclamar dizendo que Heloísa Buarque de Hollanda, acadêmica feminista, a primeira da ABL, foi eleita esta semana para a cadeira 30, deixada vaga com a morte de Nélida Piñon.  Sim, verdade, mas ela é somente a DÉCIMA ELEITA, e foi uma mulher substituindo outra mulher.  Seria justo substituir uma mulher por outra mulher, não acham?  Daí, algum cretino poderia vir comentar escrevendo que mulheres só começaram a se destacar na literatura e em áreas acadêmicas afins muito recentemente.  

Não, você está errado/a, simplesmente houve um grande esforço em invisibilizar a escrita feminina, muitas mulheres escritoras tiveram que se esconder atrás de pseudônimos, por exemplo, porque o que era adequado para um homem em um dado tempo e sociedade (*papéis de gênero é o que chamamos*), poderia não ser para uma mulher.  E, claro, houve um esforço ativo em excluí-las, desestimulá-las.  Há um livro chamado "How to Suppress Women's Writing", que discute muito bem a questão.  O link é do Amazon, mas vocês acham fácil o pdf, para quem quiser procurar.  

Falando nisso, há um vídeo do canal literário Ler Antes de Morrer sobre Júlia Lopes de Almeida (1862-1934), importante escritora em sua época, um dos idealizadores da mesma ABL, fundada em 1897, mas que não pode receber uma cadeira.  Motivo?  Simples, ela era mulher.  Deram o espaço para seu marido, um poeta português de menor importância para a literatura, mas devidamente habilitado, porque tinha pênis.  Mais infame ainda é ver que Júlia Lopes de Almeida até hoje não consta nos cânones literários escolares.  Aliás, quais as mulheres que aparecem?  No meu tempo de escola, tínhamos Rachel de Queiróz (1910-2003), que foi a primeira mulher na ABL, isso somente em 1979, e Cecília Meireles (1901-1964).  

Hoje, Maria Firmina dos Reis (1822-1917) é lembrada, meus alunos e alunas precisam ler Úrsula, porque está no programa da UnB, mas ainda entra como exceção, e dupla, mulher e negra.  E vocês sabem como é gostoso falar de exceções, não é mesmo?  Elas confirmam a regra, o status quo masculino, mas quando a gente começa a discutir as políticas de exclusão, a coisa fica doída, porque é preciso apontar como ativamente mulheres e outras minorias políticas (negros, indígenas, LGBTQIA+ etc.) ficaram de fora dos livros didáticos e dos espaços de prestígio, pois há muito hominho que se ressente e muita gente desses grupos que endossa o discurso dos privilegiados para continuar recebendo as migalhas da mesa dos senhores.  Sim, estou meio inflamada, reconheço, e estou pouco ligando.

E eu sei que está ficando longo, preparem-se, mas não terminou aí, não. A primeira mulher a se candidatar a uma vaga na ABL foi Amélia Beviláqua (1860-1946), esposa do jurista e membro fundador da agremiação, Clóvis Beviláqua, em 1930.  Amélia Beviláquia advogada, escritora, jornalista e pioneira na luta pelos direitos das mulheres no Brasil.  Só isso. Ela não foi aceita (*óbvio*) e os homens da ABL tiveram que admitir que o "brasileiro" no Artigo 2 do regimento ("Só podem ser membros efetivos da Academia os brasileiros que tenham, em qualquer dos gêneros de literatura, publicado obras de reconhecido mérito ou, fora desses gêneros, livro de valor literário.") não era o tal "universal masculino", era masculino mesmo, a mulher, como bem desenvolveu Simone de Beauvoir em seus escritos, é sempre "o outro", neste caso, não contido no universal masculino, nem autorizado  a estar nos espaços e prestígio.

E Michele Asmar Fanini nos informa no seu artigo "As mulheres e a Academia Brasileira de Letras" que chegaram a reformar o estatuto em 1951 para deixar isso claro "(...) os membros efetivos serão eleitos, nas condições do art. 2.º dos Estatutos, dentre os brasileiros, do sexo masculino, que tenham publicado, em qualquer gênero de literatura, obra de reconhecido mérito, ou, fora desses gêneros, livros de valor literário".  A misoginia, que é uma estratégia de manutenção de espaços de prestígio e/ou poder, sincera é sempre melhor que a hipocrisia, eu diria.

Mas passemos, agora, para o chorume, porque é disso que se trata a entrevista do Sr. Akel.  Maurício de Souza se candidatou a uma vaga na ABL.  Pelo que entendi, sua candidatura pode ser lançada por você mesmo, ou por outros, Maurício foi lá e colocou seu nome no jogo.  afirmou que 'quadrinhos são literatura pura' em sua carta e candidatura.  Segundo Akel, isso o teria meio que obrigado a lançar sua candidatura.  Meus dois centavos?  Ele, um homem da TV, ele o afirma na sua entrevista, foi ator mirim e trabalhou em emissoras como Record, Band e SBT ("Venho da área da televisão. Todas as emissoras do país não chegam nem perto da TV Globo, mas isso não as impede de disputar a audiência.  Já tive várias vitórias improváveis na minha carreira, essa pode ser mais uma."), ele deseja se promover em cima de alguém maior, sabe que isso costuma colar nos nossos dias.

A partir daí, ela usa de critérios equivocados para desqualificar os quadrinhos: "Na Justiça, a toga do juiz é parte da liturgia do cargo. Ninguém tira. Da mesma forma, a letra no papel é a liturgia da literatura. Histórias em quadrinhos estão no campo do entretenimento, não da educação, como ele defende. No dia em que acabarem os livros, acabou a literatura. A ABL não pode perder sua essência." Bem, começando com a história o juiz, não é a roupa que faz o magistrado, na verdade, ele só pode usar toga exatamente por ser juiz, não o inverso.  Por isso, se um Gilmar Mendes estiver de calções e camisa com estampa havaiana na praia, ele ainda será juiz, tanto quanto eu serei professora da instituição na qual sou concursada.  Quadrinhos são entretenimento, tanto quanto o pode ser a literatura, salvo se a gente começar a discriminar, o que é bem elitista e arcaico, a literatura de verdade, um Machado de Assis, por exemplo, de uma que não seria, como Senhor dos Anéis.

Como meu queridíssimo professor de literatura da 3º ano, Sérgio Fonseca, não cansava de dizer, o que hoje (*lá nos anos 1990*) é alta literatura, foi lançado como folhetim.  Você lia e podia jogar fora.  Muitos dos grandes clássicos do século XIX saíam em fascículos em jornais e revistas para públicos variados.  E era entretenimento, também.  Quanto ao valor educativo, quadrinhos estimulam o gosto pela leitura e auxiliam na alfabetização de crianças, seja, aqui, no Brasil, ou em outros países, como o México, que condecorou Yolanda Vargas Dulché por ter impulsionado a alfabetização no país nos anos 1940 e 1950 com sua personagem Memín Pinguín.  Prometo fazer um post sobre essa mulher, porque ela merece.

Mas se o Sr. Akel tivesse lido o estatuto da ABL, o artigo 2º que eu citei, veria que está lá, com todas as letras, que o candidato precisa ter pelo menos um "livro de valor literário".  E Maurício tem, inclusive livro mesmo, ilustrado e em colaboração com gente de diversas áreas acadêmicas.  Cito um bem recente em que ele trabalhou junto com a grane historiadora Mary Del Priore sobre os duzentos anos da independência do Brasil.  Fora isso, um dos objetivos da ABL é promover a língua portuguesa, algo que os quadrinhos de Maurício de Sousa fazem bem.  

Mas James Akel, que defende um modelo tão fechado de literatura, produziu o quê mesmo?  Cito a entrevista: "Sua grande contribuição à literatura, nos moldes que o senhor defende, foi um livro sobre marketing no setor hoteleiro. Não é pouco para se tornar imortal?" "JA: Meu livro foi muito elogiado e adotado em vários cursos de turismo, inclusive na USP. Além dele, tenho três peças de teatro escritas. (...)".  Vi o povo o design criticando a capa o livro, não irei nessa seara.  Tentei encontrar as três peças ele, na Wikipedia só há duas - República das Calcinhas (2014) e Democracia Sem Vergonha (2015) - a outra peça citada é dirigida e produzida por ele, mas assinada por outro.  

Tentei achar informações sobre suas peças, vi até alguma coisa sobre República das Calcinhas na rede, mas nenhuma linha sobre a qualidade da peça, todas as notas giravam em torno da estreia de Andressa Urach, antes de sua quase morte e fase evangélica, quando ela ainda insistia que tivera um affair com o jogador Cristiano Ronaldo, como atriz.  E é só isso e Akel entende de marketing.  Ele é comentarista político, também, bolsonarista, diga-se de passagem, e já saiu em defesa da Ditadura Militar e da tortura.  E cito uma parte da matéria que linkei na frase anterior:

"O ataque a Mauricio de Sousa deu notoriedade a James Akel. É uma tática comum do bolsonarismo e da nova direita: elege-se um alvo mais ou menos unânime (vacinas, urnas eletrônicas, a "Turma da Mônica") e, a partir de declarações estridentes e agressivas, ou às vezes apenas absurdas, um candidato obscuro de repente se vê dando entrevistas e sendo assunto nas redes sociais."

Sinceramente?  Preferia não saber nada sobre este senhor.  Na mesma entrevista, como não poderia deixar de ser, ele ataca Gilberto Gil e Fernanda Montenegro.  Gil é letrista de grande valor e tem publicados pelo menos quatro livros; Fernanda Montenegro é autora somente de sua autobiografia, mas prestou grande serviço à promoção da nossa língua com sua carreira brilhante, mas cito a entrevista: 

"Não tem medo de se manchar com uma campanha tão polêmica?" "JA: Se estivesse disputando com qualquer um — Fernanda e Gil inclusos —, diria a mesma coisa: tenho mais a agregar à ABL. Pode ser que a maioria dos membros diga que eu não estou correto e não vote em mim. Tudo bem, já trouxe o questionamento para a pauta. Isso era necessário."

Bem, se Maurício de Sousa não merece só elogios, e o Alexandre Link discute isso muito bem no final de seu segundo vídeo sobre essa confusão, ele agrega muitíssimo mais à ABL do que o Sr. Akel.  E ele afirmou que sua “candidatura à ABL é para reunir esforços com todos os acadêmicos em levar a importância desta entidade secular para que crianças e jovens conheçam mais a nossa literatura e grandes autores que por lá estão e já estiveram”.  

E, sim, ele pode ajudar a promover a ABL e a língua portuguesa, além disso, não se trata de transformar quadrinhos em literatura, mas reconhecer sua função social, seu valor literário, e que quadrinistas merecem ter seu valor reconhecido.  Países como o Japão e a França, condecoram seus artistas e poderíamos copiar essas nações neste aspecto.  Aliás, os franceses homenageiam os seus quadrinistas e os dos outros, há vários posts sobre isso no Shoujo Café.  Maurício de Sousa, sua marca, sua empresa, as personagens icônicas que criou, ajudam a divulgar o Brasil, nossa cultura e nossa língua, aqui, e em vários países.  Espero que seja eleito e que a ABL possa se tornar um espaço melhor e, não, pior.

P.S.: Minha tecla "d" está travando.  Se, por acaso, ficar faltando esta letra em alguma palavra, por favor, me avisem, porque posso ter deixado passar.

sexta-feira, 21 de abril de 2023

Eroika terá peça de teatro em maio e já temos as fotos do elenco caracterizado

Eroika yori Ai o Komete (エロイカより愛をこめて), também conhecido como From Eroika with Love, obra mais conhecida de Yasuko Aoike (*tem Shoujocast sobre ela*), terá peça e teatro.  As apresentações serão entre 11 e 14 de maio no  Sakura Hall, em Tokyo.  

A peça de teatro tem perfil no Twitter e página oficial e as fotos do elenco caracterizado começaram a ser divulgadas no dia 14 de abril.  O ANN postou todas as fotos do elenco, mas o Comic Natalie trouxe fotos os atores descaracterizados e eu fiquei bem surpresa, especialmente, com Yuki Nakayama, que faz o protagonista, o ladrão internacional, o Conde Dorian Red Gloria, chamado de Eroika.  Akiko Kodama dirigirá a peça e o roteiro é de Oropa Irie, Mako Kuwabara está responsável pela música. 

O mangá foi lançado na extinta revista Princess Gold em dezembro de 1976 e era uma história planejada para ter como protagonistas um grupo de adolescentes com super poderes, como os X-Men, mas quem se destacou foi o antagonista, o ladrão que os garotos pretendiam prender.  E eis que a autora mudou o rumo da história e decidiu transformar Eroika em protagonista e colocou como seu adversário o agente da OTAN, Klaus Heinz von dem Eberbach, na peça interpretado por Mitsu Murata.  Rola sempre um clima entre Eroika e o Major, mas este último, ao contrário do protagonista, é um hetero aparentemente convicto.

Eroika é uma série episódica, então, se você pegar um volume isolado, muito provavelmente, terá uma história completa nas mãos.  Poderia mesmo ser lançado em uma coleção de melhores histórias, sem necessariamente precisar publicar os 39 volumes.  Oficialmente, a autora fechou a série em 2014, mas, volta e meia, ela produz algum material derivado, como com os ancestrais de Eroika e do Major.  Eroika trouxe para o shoujo mangá discussões de geopolítica, Guerra Fria, armas e outas coisas até então não vistas de forma realista e isso, claro, sem abrir mão do humor.

quinta-feira, 20 de abril de 2023

Hana Yori Dango entra no livro dos Recordes

Falei de Hana Yori Dango (花より男子), ontem, porque começou uma grande exposição sobre o mangá de Kamio Yoko.  Pois bem, hoje, a autora e a Shueisha celebraram a inclusão do mangá no Guinness deste ano, o livro dos recordes, informação também está em outros sites, como o Comic Natalie.

Hanadan foi incluído por ser o shoujo mangá com maior vendagem da história, feito por uma mesma autora, 59 milhões e 409 mil cópias entre outubro de 1992 e novembro de 2022.  A série da revista Margaret tem 37 volumes no total, o último deles publicado em 2007 com o subtítulo de Jewelry Box, mesmo nome da exposição que foi aberta ontem.

Hana Yori Dango tem como protagonsita Tsukushi Makino, uma garota de classe média, obrigada pela mãe deslumbrada a estudar em uma escola de elite, a academia Eitoku, para que ela consiga um bom casamento.  Tsukushi quer ser invisível e terminar logo o seu ensino médio, seu único alento é observar de longe Hanazawa Rui, um dos alunos mais populares da escola.   Ele é parte do F4, um grupo de quatro adolescente privilegiados liderados pelo arrogante Tsukasa Domyoji, que, volta e meia, escolhe alguém pare perseguir.  E Tsukushi acaba entrando no radar do bullying, mas ela se recusa a se curvar e eixar a escola, peita Domyoji e diz que não é uma flor, mas uma erva daninha e não se deixará arrancar.  O resultado desse primeiro embate é que Domyoji se apaixona perdidamente por ela, mas ele não está acostumado a pedir, a ser gentil e a perder. Vai ter que aprender e mudar de vida. 

Hanadan teve muitas adaptações, um longa muito trash que foi esquecido em 1995; uma série em duas temporadas feitas em Taiwan de 2001-2002;  duas temporadas mais um filme para o cinema feitos em 2005, 2007 e 2008; uma série coreana em 2009; uma série chinesa em 2018 (*que não sei se está ainda na Netflix*), uma série tailandesa de 2021.  Essas são as consideradas boas, porque há outras feitas por aí.  Além disso, tivemos uma série animada em 1996-1997 e um filme animado e 1997, mas não no espaço original da série.  Além disso, em 2019, estreou um musical da série feito pelo Teatro Takarazuka.  Entre 2015 e 2019, a autora publicou uma espécie de continuação de Hana Yori Dango, Hana Nochi Hare: HanaDan Next Season (花のち晴れ〜花男 Next Season〜), em uma revista shounen, a Jump+.  A série teve dorama em 2018.

quarta-feira, 19 de abril de 2023

Kaoru Mori enfrenta problemas de saúde e passa por cirurgia

 

Kaoru Mori é um dos mangá-kas mais competentes da atualidade, considerando somente seu traço, seu apuro, de todos os tempos.  Já escrevi várias vezes que ela é uma das grandes ausências em nosso país, em especial, seu mangá Emma (エマ), que a projetou internacionalmente e teve animação (*cuja segunda temporada foi bem pouco final ao original*).  

Muito bem, o ANN trouxe a notícia de que a autora tem enfrentado problemas de saúde e que submeteu-se a uma cirurgia para retirar miomas.  Segui os links que o ANN deu (*1 - 2*) e traduzi o que seria a mensagem da autora, se desculpando, como é comum entre os mangá-kas normais, por não cumprir seus prazos, ou não ter entregado seus originais com a qualidade esperada, neste caso, o último capítulo de Shirley (シャーリー).  Segue a mensagem, traduzida com o auxílio do Google Translator.

"Peço desculpas por postar este manuscrito em um estado   incompleto.  O motivo é desconforto físico.

Por volta do final de 2022, apareceu dermatite alérgica na ponta dos meus dedos e também se desenvolveu artrite calcificada, e eu não conseguia segurar uma caneta satisfatoriamente.

Embora meus sintomas não tenham melhorado muito, este ano tive até uma dor de cabeça aguda chamada síndrome de vasoconstrição cerebral reversível . Eu acreditava que a dor e a sonolência não deveriam ser suportadas, então fui imediatamente ao hospital, mas a causa era desconhecida e não tive escolha a não ser esperar pela cura natural enquanto aliviava os sintomas. Fiquei curiosa com isso, então fui fazer um check-up médico completo, que faço todos os anos, um pouco no início deste ano, e constatei que os miomas uterinos, que já haviam sido confirmados antes, haviam crescido consideravelmente. Miomas uterinos são tumores benignos comuns e são considerados inofensivos, mesmo que sejam assintomáticos. Não sei se os miomas uterinos são a causa de todos os sintomas. Pode não importar nada. Ainda assim, não havia outras anormalidades, mas haviam crescido em um curto período de tempo (*), e havia outros sintomas que provavelmente eram causados ​​por miomas, então decidi fazer uma cirurgia para removê-los, considerando o futuro."

Não sei vocês, mas eu fiquei realmente assustada com esse conjunto de sintomas.  Pelo que sei, os miomas podem causar desconforto abdominal , sangramentos, pressão sobre a bexiga etc. (*quando muito grandes*)  Agora, o que ela descreve vai bem além disso.  Enfim, torço pela melhora e que a cirurgia realmente possa resolver boa parte dos problemas da mangá-ka.

Começou a exposição Hana Yori Dango Jewelry Box

Foi aberta hoje a exposição Hana Yori Dango🌸Jewelry Box no 8º andar de Matsuya Ginza, em Tokyo.  A autora, do shoujo mangá mais vendido da história, Kamio Yoko, falou com muita emoção da mostra, dizendo que ela tem mais de 250 ilustrações e vídeos originais.  Não entendi por qual motivo ela fala em últimos 12 anos, será que ela se refere a alguma outra exposição?  Enfim, a mostra segue até 08 de maio.

Hana Yori Dango (花より男子) foi publicado na revista Margaret entre 1992 e 2004, tendo 37 volumes no total.  A história tem como protagonista Tsukushi Makino, uma garota de classe média, obrigada pela mãe deslumbrada a estudar em uma escola de elite, a academia Eitoku, para que ela consiga um bom casamento.  Tsukushi quer ser invisível e terminar logo o seu ensino médio, seu único alento é observar de longe Hanazawa Rui, um dos alunos mais populares da escola.   Ele é parte do F4, um grupo de quatro adolescente privilegiados liderados pelo arrogante Tsukasa Domyoji, que, volta e meia, escolhe alguém pare perseguir.  E Tsukushi acaba entrando no radar do bullying, mas ela se recusa a se curvar e eixar a escola, peita Domyoji e diz que não é uma flor, mas uma erva daninha e não se deixará arrancar.  O resultado desse primeiro embate é que Domyoji se apaixona perdidamente por ela, mas ele não está acostumado a pedir, a ser gentil e a perder. Vai ter que aprender e mudar de vida. 

E é um novelão e tem muitas reviravoltas essa história, além e se estender demasiadamente, porque deveria ter terminado antes do volume trinta.  No entanto, é possível observar como o traço da autora se desenvolve e como suas personagens são simpáticas.  Mesmo e forma rocambolesca, ela tratou muito bem da questão do bullying.  E, bem, seria ótimo se Hanadan tivesse uma nova animação, porque a de 1996-1997 deixou muito a desejar.  Recomendo, portanto, as muitas adaptações live action.  Há a japonesa, a coreana, mais de uma chinesa, mais de uma taiwanesa, fora as menos conhecidas dos EUA, da Índia e por aí vai. E tem, também, musical do Takarazuka. Um clássico. 

E já tem muita foto da exposição no Twitter.  Basta jogar #花より男子 na busca que aparece muita coisa.  Coloquei algumas fotos aqui.

segunda-feira, 17 de abril de 2023

Ranking da Oricon - Semana 03-09/04

Eis o novo ranking da Oricon, ele não tem mangas femininos no top 10 e só temos mesmo dois shoujo entre os trinta mais vendidos e são, claro, títulos de peso.  Honey Lemon Soda está na sua segunda semana, Card Captor Sakura está estreando e, talvez, tenha sido lançado quando o ranking estava já fechando.  Vamos esperar a próxima semana.

1. SPY×FAMILY #11
2. Chainsaw Man #14
3. SAKAMOTO DAYS #11
4. Grand Blue #20
5. MASHLE #16
6. Kishibe Roan Louvre e Iku
7.Dragon Quest: Dai no Daibouken - Yuusha Avan to Gokuen no Maou #7
8. Witchwatch #10
9. Gokurakugai #2
10. Jujutsu Kaisen #22
12. Cardcaptor Sakura Clear Card Edition Hen #14
17. Honey Lemon Soda #22

domingo, 16 de abril de 2023

Mangás: como as editoras alternativas estão lidando com os gigantes do mercado (Artigo Traduzido)

Mais um artigo sobre o mercado de mangás francês.  Também, publicado na seção de economia do importante jornal Le Figaro, é de 2022, mas acredito que a discussão não mudou de lá para cá.  O título original é "Mangas: comment les éditeurs alternatifs font face aux mastodontes du marché", o autor da reportagem, Arthur Bayon, é o mesmo do artigo que traduzi e publiquei na semana passada (Mangás: editoras francesas trazem clássicos esquecidos de volta à vida).  Como expliquei na semana passada, meu francês é preguiçoso, se você detectar algum problema na tradução, ou tiver alguma sugestão, é só deixar nos comentários.  Tentei manter a estrutura original do artigo, inclusive, com as mesmas imagens, e coloquei como nota o nome original dos mangás que estão no texto em sua versão francesa.

Sei bem que o mercado francês é imenso e não há possibilidade de compará-lo em seu gigantismo com o nosso minúsculo mercado de mangá, porém, as estratégias das pequenas contra as grandes, o tema do artigo, parecem ser semelhantes as usadas aqui.  De resto, um dos editores coloca em evidência o quanto as editoras francesas vendem muito mal os shoujo mangá.  E isso foi discutido semana passada.  Não acreditam no seu potencial, não fazem promoção adequada e, como está no artigo da semana passada, a maioria dos jornalistas são homens e pouco, ou nada, entendem de mangás femininos, isso, claro, quando não os olham com preconceito.  Mas leiam o artigo, porque vale a pena.


Mangás: como as editoras alternativas estão lidando com os gigantes do mercado

Por Arthur Bayon

Capa do volume 7 de Tigre des neiges [1] de Akiko Higashimura (detalhe), publicado pela Lizard Noir.

INVESTIGAÇÃO – O sucesso dos quadrinhos japoneses na França está deixando você tonto, mas apenas um punhado de editoras domina esse lucrativo setor. Diante delas, as independentes devem competir em inventividade para se destacar.

Com 47 milhões de cópias vendidas na França em 2021, o dobro de 2020, é impossível negar a explosão do mangá na França. Mas nem todos os editores se beneficiam dessa mania da mesma maneira. De fato, metade das vendas desses quadrinhos japoneses no ano passado se concentrou em apenas 17 séries.

Um punhado de editoras divide a maior fatia do bolo: as históricas Kana (Naruto), Panini (Demon Slayer), Glénat (One Piece) e Pika (Attack on Titan), e aquelas que floresceram nos anos 2000 como Ki- oon (My Hero Academia, Jujutsu Kaisen), Kurokawa (Spy x Family) e Kaze, que se tornou Crunchyroll (Kaiju n°8).

Nesse contexto, como as menores editoras conseguem encontrar um lugar ao sol? Le Lézard noir, Noeve Grafx, Akata, Mangetsu, naBan e Shiba, coroados com vários sucessos nas livrarias, revelaram as suas receitas ao Le Figaro.

Cuide muito bem das características físicas do mangá... e mantenha um preço acessível

"A primeira coisa em que queríamos marcar a nossa diferença é a confeção", explica Bertrand Brillois, director editorial da Noeve Grafx. Lançada em novembro de 2020, esta editora manga completa a oferta da Noeve, uma editora especializada em livros de arte e fotografia. Alto relevo, baixo relevo, impressão metalizada, verniz seletivo, verniz inchado, laminação com iridescência ou lado emborrachado... Noeve Grafx oferece uma diversidade impressionante de técnicas que visam "transformar o mangá em um belo livro".

O caso de Veil é bastante emblemático: grande formato em cores, capa em relevo com título dourado, cinco papéis diferentes... Além disso, a textura da jaqueta de Don't Call It Mystery [2] imita o cabelo de seu herói e o de Miss Kobayashi Dragon Maid [3] se assemelha a pele de réptil. “Procuramos melhorar, em consulta com o detentor dos direitos ou o autor, tudo o que pode ser melhorado”, resume Bertrand Brillois. A bela edição de colecionador de Steam Reverie in Amber [4], por exemplo, não foi publicada no Japão.

Steam Reverie in Amber na edição de colecionador. Noeve Grafx

Apesar de tudo, o preço do mangá da Noeve continua razoável, começando em 7,95 euros, como é o caso de seus três títulos mais vendidos de 2021, Rent-a-Girlfriend [5], Miss Kobayashi's Dragon Maid e Stop Hating Me Nagatoro [6] (entre 30 e 50.000 cópias vendidas). Desde abril, foi lançada uma coleção XS a apenas 3,95 euros – série completa e não apenas os primeiros volumes. Bertrand Brillois explica simplesmente que optou por uma "margem menor" que a da concorrência, mantendo-se lucrativa.

Versão da Mangetsu

Mangetsu também dá especial atenção à produção de seus mangás, em particular suas capas muito elaboradas com verniz seletivo, tudo a um preço atraente (24,90 euros pela capa dura completa de 752 páginas de Tomie). O design mais simples de sua série principal Ao Ashi permite que o preço caia para 6,90 euros.

Construir e manter a comunidade

O que seria de uma editora sem seus leitores? Não muito! Muito próximo de sua comunidade, Mangetsu entendeu bem isso. Lançada em março de 2021, esta marca se juntou recentemente ao grupo Hachette junto com sua controladora a Bragelonne. Em termos de número de liberações mensais, recursos financeiros e pessoal, o funcionamento do Mangetsu permanece no momento comparável ao de uma estrutura independente.

Todo mês, na lua cheia (mangetsu em japonês), o diretor da coleção, Sullivan Rouaud, convida seus leitores a se encontrarem no YouTube para apresentar os últimos lançamentos, discutir números de vendas e anunciar uma novidade que está por vir. "Tsukimi", uma transmissão ao vivo no Twitch na companhia de um convidado, completa o dispositivo mensal. O público desses vídeos permanece modesto (entre 1.000 e 11.000 visualizações por vídeo no YouTube), mas tem como alvo os livreiros e leitores mais engajados.

Trecho do 9º episódio do “Tsukimi”, no canal da editora Mangetsu, com Sullivan Rouaud (esquerda) e o artista Tiers Monde. Captura de tela do YouTube.

A Mangetsu está particularmente atenta ao feedback de seus leitores. “A primeira edição de Tomie tinha pequenos erros com o papel sendo muito fino. Rapidamente corrigimos isso”, explica o editor da coleção. Este mangá está perto de 40.000 volumes vendidos hoje.

Versão da Noeve Grafx: cartões colecionáveis

A Noeve oferece cromos dentro de cada manga, feitos por Cartamundi (Magic: The Assembly). Há até 30 a 60 chances de encontrar um cartão assinado à mão pelo mangaká.

Versão da Shiba: cheio de brindes

A pequena editora belga Shiba toma um cuidado especial com seus brindes: frasco de pedras fosforescentes para Colorless [7] (“intriga as pessoas que dizem para si mesmas “bicho, eles dão sais de banho”, brinca Laurent Schelkens, o diretor editorial), marcadores de livro, tatuagens autocolantes, tote-bags, mouse pads ou placas duplas para colocar o seu terceiro mangá Zingnize [8].

Assumir uma linha editorial clara e alternativa

Para resumir a linha editorial da Akata, Bruno Pham cita três eixos: "mangá feminino", "mangá social" e "maluco" ("gosto de descrever a coleção WTF?! como a Fluide glacial [9] em forma de mangá"). Os dois primeiros eixos, que muitas vezes se sobrepõem, conferem a Akata uma identidade marcada com muitas obras que tratam da violência social e questões discriminatórias (estupro e assédio em En proie au silent [10], surdez em A Sign of Affection [11], transidentidade em Boys Run The Riot [12]... ).

"Você tem que ser capaz de se assumir porque pode ser muito polarizador", diz o gerente editorial. "Somos muito criticados por isso porque supostamente mudamos o assunto das obras, que as politizamos... Também temos comentários homofóbicos em nossa linha editorial com características de assédio."

Akane Torikai é um dos principais autores da Akata. Seu último título, Saturn Return, está concorrendo ao título de melhor quadrinho asiático do ano, concedido pela ACBD. Akata

A Akata é sem dúvida a editora mais apegada ao shoujo, ou seja, aos mangás destinados ao público feminino, geralmente escritos por mulheres. “Sempre reivindicarei a importância do shoujo", insiste Bruno Pham. "Se pensarmos em termos de quadrinhos internacionais, não há outro país além do Japão que tenha dado tantos lugares para as mulheres como autoras. Porém, o shoujo tem fama de vender mal... É um discurso da mídia e de algumas editoras, e isso me cansa. Se não pudéssemos vender shoujo, já teríamos fechado há muito tempo."

"Queremos decifrar a sociedade japonesa contemporânea, mostrar um Japão real longe dos cartões postais"
Stéphane Duval (Le Lézard noir)

Inicialmente focada no terror com autores como Suehiro Maruo, a linha editorial de Le Lézard noir deu uma guinada em 2009 com Le Vagabond de Tokyo [13], “crônica social e marcadora do que viria a ser o catálogo”, explica o diretor da publicação Stéphane Duval. Essa vontade de "decifrar a sociedade japonesa contemporânea, de mostrar um verdadeiro Japão longe dos cartões-postais" encontra-se na obra de Shinzo Keigo (Mauvaise Herbe [14]) e Minetarou Mochizuki (Chiisakobe). Regularmente selecionado em Angoulême, Le Lézard oferece um catálogo às vezes exigente, mas também mangás muito acessíveis, como seu best-seller La Cantine de Midnight [15] (150.000 cópias vendidas desde 2017) e seus mangás infantis.

“Quando você é uma pequena editora, não deve tentar se colocar no nível das grandes, isso não faz sentido. A melhor maneira [de sobreviver] é encontrar um núcleo duro de leitores que se interessem por seus títulos por meio de suas escolhas, e que sejam relevantes para a “cor” do catálogo”, acredita Christophe Geldron, gerente editorial da naBan , que notavelmente conseguiu se unir em torno dos títulos de ficção científica Destination Terra [16] (12.000 vendas) e Millenium Darling [17], atualmente bem recebidos.

Versão IMHO: assustador e esquisitices

IMHO apresentou vários autores cult na França: Suehiro Maruo (The Camellia Girl) [18], Hideshi Hino (L'Enfant Insecte) [19], Atsushi Kaneko (Bambi), Junko Mizuno (Cinderalla) e, claro, Shintaro Kago (Carnets de massacre) [20].

Cornélius, Isan e Black Box, especialistas em clássicos

Em 2005, a Cornélius lançou Prince Norman de Osamu Tezuka e, desde então, assumiu a edição de dois monumentos do mangá clássico: Shigeru Mizuki (NonNonBâ [21]) e Yoshiharu Tsuge (Les Fleurs rouges [22]). Criado em 2011, o Isan Manga foca exclusivamente em clássicos, com obras cult como Cobra de Buichi Terasawa, Kamen Rider de Shotarou Ishinomori e Cutie Honey de Go Nagai. A Black Box primeiro se especializou em animação japonesa antes de publicar mangás tradicionais de 2013. Seu catálogo inclui notavelmente Go Nagai (Devilman, L'École impudique [23], Mazinger Z), Hideki Arai (Irène [24]) e Toshio Maeda (Urotsukidoji, La Blue Girl).

Com 25.000 e 4.000 vendas respectivamente, Old Boy e Colorless são os dois maiores sucessos da naBan e da Shiba. 

“Ser editor é ser um bom gestor, colocar o cursor no nível certo em termos de objetivos”, diz Bruno Pham, da Akata. "Um mangá que vende 3.000 exemplares mas é bem controlado pode ser mais lucrativo do que outro que vende 10.000 para o qual tínhamos o dobro como objetivo. A responsável pele área editorial da Akata ainda aposta numa tiragem mínima de 3.500 exemplares para manter um título disponível no catálogo, “mesmo que demore dez anos a esgotar”.

"Alguns editores antiéticos não se importam em perder dinheiro em determinados projetos." 
Bruno Pham (Akata)

"A explosão de vendas em 2020 e 2021 teve, no entanto, o efeito de aumentar o preço das licenças que as editoras francesas pagam aos detentores de direitos japoneses, a ponto de complicar o trabalho dos independentes." Stéphane Duval, da Lézard noir, conta ter feito “uma oferta irracional” para conseguir o último Shinzo Keigo, Hirayasumi. Por outro lado, ele não conseguiu obter a nova série de Akiko Higashimura, Gourmet Détective [25], licenciada pela Delcourt-Tonkam.

Sem apontar o dedo para uma editora em particular, Bruno Pham denuncia as práticas de “certas editoras antiéticas que não se importam em perder dinheiro em determinados projetos” e querem simplesmente “sufocar a concorrência”. Esta é uma opinião compartilhada por vários de seus colegas.


[1] Yukibana no Tora (雪花の虎) de Akiko Higashimura.
[2] Mystery to Iu nakare (ミステリと言う勿れ) de Tamura Yumi.
[3] Kobayashi-san Chi no Maid Dragon (小林さんちのメイドラゴン) de COOL Kyoushinsha.
[4] Kouakushoku no kuusou (琥珀色の空想汽譚) de Kuroimori.
[5] Kanojo, Okarishimasu (彼女、お借りします) de Miyajima Reiji.
[6] Ijiranaide, Nagatoro-san (イジらないで、長瀞さん) de Nanashi.
[7] Colorless ( カラーレス) de Kent.
[8] Zingnize (ジンナイズ) de Warainaku.
[9] A Fluide Glacial é uma revista mensal de quadrinhos franco-belga e uma editora fundada em 1º de abril de 1975 por Gotlib, Alexis e Jacques Diament. É uma das revistas de quadrinhos de maior sucesso na França, junto com a Métal Hurlant.
[10] Sensei no Shiroi Uso (先生の白い嘘) de Akane Torikai.
[11] Yubisaki to Renren (ゆびさきと恋々) de Suu Morishita.
[12] Boys Run the Riot (ボーイズ・ラン・ザ・ライオット) de Keito Gaku.
[13] Dokudami Tenement (独身アパートどくだみ荘) de Fukutani Takashi.
[14] Nora to Zassou (ノラと雑草) de Shinzou Keigo.
[15] Shinya Shokudou (深夜食堂) de Yarou Abe.
[16] Terra E... (地球へ ...) de Takemiya Keiko.
[17] Sennen Darling (千年ダーリン) de Iwasawa Midori.
[18] Shoujo Tsubaki (少女椿) de Suehiro Maruo.
[19] Dokumushi Kozou (毒虫小僧) de Hino Hideshi.
[20] Koro Koro Soushi (殺殺草紙 大江戸無残十三苦) de Kago Shintarou.
[21] NonNonBa (のんのんばあとオレ) de Mizuki Shigeru.
[22] Akai Hana (紅い花 つげ義春カラー作品集) de Tsuge Yoshiharu.
[23] Harenchi Gakuen (ハレンチ学園) de Go Nagai.
[24] Itoshi no Irene (愛しのアイリーン) de Arai Hideki.
[25] Bishoku Tantei Akechi Gorou (美食探偵) de Akiko Higashimura.