terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Comentando Os Homens que não Amavam as Mulheres



Sexta-feira passada fui assistir a adaptação para o cinema do primeiro livro da trilogia do Milênio de Stieg Larsson, chamado aqui no Brasil de Os Homens que não Amavam as Mulheres. Curiosamente, como a minha amiga Lina Inverse bem observou, é um título bem equivocado. Afinal, o original sueco "Män som hatar kvinnor" deveria ser traduzido como ficou em Portugal "Os Homens que odiavam as Mulheres". Afinal, "não amar", não quer dizer "odiar", não é mesmo? Eu, particularmente, não ficaria chateada se dessem uma versão para o título em inglês – The Girl with the Dragon Tattoo – pois a protagonista, para mim, é Lisbeth, ainda que no cartaz tenham privilegiado a personagem masculina (*Por que será, ein?*), Mikael Blomkvist, interpretada por Daniel Craig. Mas vamos adiantar essa conversa, pois preciso comentar o filme.

Já tinham me perguntado no Formspring se eu conhecia e tinha lido os livros de Stieg Larsson, não, eu não li. Nem assisti o filme sueco, a primeira adaptação da obra para o cinema. Mas as duas tarefas serão executadas em breve. Não conhecia detalhes maiores do filme, mas já tinha lido alguma coisa sobre a personagem de Lisbeth Salander, interpretada na versão americana brilhantemente por Rooney Mara, que ganhou indicação ao Oscar por isso. O básico da história é o seguinte, Mikael Blomkvist é um jornalista investigativo que faz uma bombástica matéria sobre um mega-especulador sueco e, por não conseguir provar o que disse, é condenado a pagar pesada indenização, passar algum tempo na prisão e ainda compromete a revista onde trabalha, a Millenium. Sabe, aquelas coisas que certa revista semanal faz por aqui e dá em nada? Pois é, na Suécia não é assim, não. Acusou, tem que provar. Já Lisbeth é uma hacker que trabalha para uma empresa que investiga pessoas e empresas. Seu trabalho poderia facilmente ser considerado ilegal, mas ela é brilhante. A moça é considerada incapaz pelo Estado e é tutelada por ele, podendo, a qualquer momento ser levada para o sanatório, onde já passou vários anos.

Blomkvist é tirado do fundo do poço pela proposta de um octogenário mega-empresário, Hendrik Vanger (Christopher Plummer), que por traz da desculpa de escrever sua biografia, deseja que o jornalista investigue o sumiço de sua sobrinha neta. A moça, Harriet, tinha 16 anos e desapareceu sem deixar vestígios da ilha da família. Hendrik crê que ela esteja morta e que seu assassino seja alguém da família. A família Vanger é totalmente disfuncional, boa parte dos parentes, que moram na tal ilha, não se falam e mesmo se odeiam. Com direito a dois nazistas militantes, um deles o avô da própria Harriet. Anualmente, em seu aniversário, o velho recebe um quadro com uma flor seca, como Harriet costumava fazer. Para ele, quem está por trás disso é o assassino. Blomkvist só foi contratado, porque Lisbeth fez um dossiê sobre ele. Mais tarde, ele precisará da ajuda da moça para tentar desvendar não somente o sumiço de Harriet, mas, também, conseguir descobrir quem foi o assassino que vêm matando mulheres há décadas na Suécia.

Os Homens que não Amavam as Mulheres é um filme satisfatório. Conseguiu me proporcionar alguns momentos de tensão e repulsa, especialmente nas duas cenas particularmente violentas de estupro (*há mais duas*). Na verdade, não imaginava que o filme americano pudesse ser tão violento. Por curiosidade, peguei o filme sueco e vi que ele pega muito mais leve. O mistério em si é bem clichê, trata-se da velha história do quarto fechado, usada exaustivamente em romances policiais desde sempre. A diferença é a forma inteligente como algumas questões são introduzidas, como o talento investigativo das personagens. Pois é isso que distingue um detetive, a capacidade de ver aquilo que escapa aos olhos do leigo. Como já disse Sherlock Holmes "Você vê, mas não observa". Blomkvist é perito observador, assim como Lisbeth, que tem memória fotográfica. No mais, eu não me importo com clichês, nem sou tão inteligente assim (*acho*) para matar em uma cena só, quem é o assassino.

A única coisa que eu sabia desde o início é que o gatinho ia morrer, porque sempre matam o gato do protagonista. Sempre! Não lembro de terem matado cachorros em filmes. Vocês lembram de algum? Agora, um clichê cansativo, e que está no filme, é aquela coisa do vilão ficar detalhando como matou ou deixou de matar só para dar tempo da cavalaria chegar. Todo psicopata é boca mole assim? Duvido! Mas, como quem vem ao salvamento é Lisbeth, eu não me importo. Ela já se tornou uma das minhas personagens favoritas. ^___^ De resto, achei o filme muito longo, mais de duas horas e meia, e que os protagonistas demoraram muito para se encontrar. Muito mesmo! Só por conta disso, ele perdeu uma estrelinha das dez. Outra coisa que incomoda é que, após desvendado o sumiço de Harriet, o filme prossegue por mais 20 minutos. Essa parte é importante? Sim e não. Depois da seqüência de cenas eletrizantes da solução do mistério, esse resto de filme foi meio anti-climático. Ou, assim, eu senti.

Focando em Lisbeth, eu a considero uma personagem feminista. Ela é inteligente, independente, não tem medo de homem algum, e resolve seus problemas e os dos outros. Violenta? Disfuncional? Certamente, e isso se expressa em seu visual alternativo, na vontade de chocar. Os motivos de Lisbeth não ficaram claros, mas alguma coisa é dita sobre seu passado ao longo da película. No início, quando ela perde seu tutor e amigo, e é colocada sobre a responsabilidade de um funcionário abusivo, um estuprador, ela parece frágil, mas logo, tal impressão é desfeita. E o tutor, de quem a moça se vinga exemplarmente, é o tipo de sujeito que deve proliferar em estruturas burocratizadas. Ele tem poder sobre pessoas e abusa delas, mas não contava encontrar Lisbeth pela frente...

De resto, me incomodou muito o romance de Lisbeth com Mikael. Vejam bem, a moça parece ter aversão por homens, ou, pelo menos, por homens abusivos e autoritários. Mikael não é nada disso, claro. Lisbeth é mostrada fazendo sexo com uma mulher e, mais tarde, do nada, ela leva Mikael para cama. A iniciativa é dela, imaginei eu que a situação fosse se desenrolar de forma bem subversiva, com a moça querendo somente sexo e o jornalista, de repente, ficando caído por ela. Qual nada! Lisbeth se apaixona por Mikael sem aparente motivo a ponto de achar que tem um futuro com ele. O final foi bem não-hollywoodiano no caso do romance dos dois, mas eu, se fosse a autora, jamais teria iniciado o caso que não teve função alguma a não ser debilitar a personagem de Lisbeth e, talvez, colocar mais algumas cenas de sexo no filme. Menos uma estrelinha aqui. Ah, sim! O filme cumpre a Bechdel Rule? Só parcialmente. Não lembro de nanhuma conversa significativa entre mulheres no filme.

Mesmo com as críticas, recomendo Os Homens que não Amavam as Mulheres. O filme tem mais méritos que defeitos: um bom mistério, interpretações consistentes, drama, suspense, violência... está tudo lá, em doses mais ou menos equilibradas. Até acho as cinco indicações ao Oscar um tanto exageradas (atriz, fotografia, montagem, edição de som, mixagem de som), se bem que são todas indicações técnicas, menos a justa indicação de Rooney Mara pelo papel de Lisbeth Salander. E ele me fez ter vontade de ler o livro, isso é importante em uma adaptação. Por exemplo, quando assisti Cowboys & Aliens, com o mesmo Daniel Craig, não tive nenhuma vontade de ler o quadrinho. Achei muito significativo que o filme se passe na Suécia, já que americanos tendem a tentar levar a ação para o seu próprio país. De resto, ainda temos o pai do Alexander Skarsgård, o Eric de True Blood, Stellan Skarsgård fazendo o irmão de Harriet. Fiquei olhando para o rosto dele e até localizei algo do filho. Ridículo, eu sei, mas eu fiz mesmo, e daí? Enfim, Os Homens que não Amavam as Mulheres é bem na linha "as aparências enganam", afinal, o tio velho nazista é um fofo e o povo é que não vai visitá-lo. ^___^

Nobunaga Concerto e Otoyomegatari se encontram em fevereiro



Nobunaga Concerto (信長協奏曲 - Nobunaga Kyousoukyoku), de Ayumi Ishii, é um mangá shounen em evidência no momento. Vencedor da categoria no Shogakukan Manga Award e forte candidato ao Taisho Award deste ano, acredito que ainda ouviremos falar muito dele. Já Otoyomegatari (乙嫁語り) é a obra mais bem sucedida da brilhante desenhista Kaoru Mori, levou indicação no YALSA e á um dos dois mangás a serem premiados no 39º Festival d'Angoulême este ano. Segundo o Comic Natalie, as duas autoras fizeram um trabalho comemorativo para o lançamento do sexto volume de Nobunaga concerto e o quarto volume de Otoyomegatari. Não sei se esse material é uma história curta, ilustrações, ou se estará dentro de cada um dos volumes, mas, de qualquer forma, é um material simpático. Só para destacar, apesar de ser shounen, Nobunaga Concerto não tem scanlations. É mais uma série que de olhar as capas eu tenho a impressão de que vale a pena ser lida. Só uma explicação, Otoyomegatari leva tanto tempo para ter um volume publicado, porque cada capítulo sai bimestralmente. Daí, a lentidão para fazer um tomo completo.

Mais gashapon de Thermae Romae



Agora que eu vi o anime de Thermae Romae (テルマエ・ロマエ), não tenho como não olhar para essas figures e não rir. Já havia falado de uma série de gashapon baseados na série de Mari Yamazaki, mas, segundo o Comic Natalie, mais sete gashapons estão disponíveis. O preço é 300 ienes. O capítulo com a carpa não estava no anime, mas a maioria das outras figures são reconhecíveis. Também foram lançados sais de banho da série, olha só. Nada mais adequado. Minha resenha do anime está aqui.

Peça de Fushigi Yuugi volta aos teatros japoneses



Segundo o Comic Natalie, Fushigi Yuugi, de Yuu Watase, irá novamente para o teatro. O nome da peça é Fushigi Yuugi~Seiriuu Hen~ (ふしぎ遊戯〜青龍編〜), se não me engano, é a história original adaptada. A nova temporada em Ginza começa em 25 de abril e se estende até 2 de maio. A venda dos ingressos, que custam entre 6000 e 6500 ienes, começam em 11 de fevereiro. O mangá de Watase começou a ser publicado em 1991 e é um grande sucesso até hoje. Aqui no Brasil, Fushigi Yuugi foi lançado pela Conrad, atualmente a Panini está publicando o primeiro shounen da autora chamado Arata Kangatari (アラタカンガタリ). Outro mangá da autora publicado em nosso país foi Zettai Kareshi (絶対彼氏。), também pela Conrad.

Claudine de Riyoko Ikeda sairá na Itália



Claudine (クローディーヌ…!) é um trágico mangá de Riyoko Ikeda sobre uma mulher que desde a infância acredita ser um homem dentro de um corpo de feminino. O mangá foca em seu drama pessoal, sua família problemática, seus amores fracassados e seu tratamento psiquiátrico, culminando com um final bem triste. Claudine foi traduzido para o inglês pelo grupo Lililicious e é um one-shot. O lançamento italiano está agendado para o final de 2012 pela mesma editora que lançará os mangás de Jane Austen, a Goen. A editora já está lançando outras obras de Ikeda. A notinha estava no Riyoko Ikeda Fansite.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Mangás de Orgulho & Preconceito e Razão & Sensibilidade na Itália



Depois da editora italiana Goen anunciar o mangá de Emma (エマ), feito por Yoko Hanabusa em cima do livro de Jane Austen, agora, eles anunciaram Orgulho & Preconceito (Kouman to Henken –高慢と偏見) e Razão & Sensibilidade (Funbetsu to Takan –分別と多感), ambos adaptados por Reiko Mochizuki. Olha, isso é uma notícia muito boa, e eu devo adquirir os três mangás no futuro, e eu já escrevi antes e não canso de repetir: as editoras brasileiras são muito obtusas em não verem a possibilidade desse tipo de material. A L&PM talvez tivesse perfil para lançar essas adaptações. Quem sabe? De repente, eu até escrevo para eles. A notícia estava no Shoujo Manga Outline.


Falando em Reiko Mochizuki, achei alguns mangás dela nas minhas andanças por São Paulo no ano passado (*Acreditam que não cataloguei o que comprei até hoje?*) e o traço dela em seus mangás josei (*acho que tudo ou quase tudo o que ela fez é josei*) tem um traço excelente. Em Orgulho & Preconceito e Razão & Sensibilidade, ela fez um trabalho abaixo da sua média, ainda que muito bom. Já notei que as autoras fazem isso nos mangás Harlequin. As capas de Chiho Saito nas revistas da Ohzora são propaganda enganosa. ^___^

Obrigada!



Esse post é para agradecer a tod@s vocês que deixaram recados de pêsames, ou de força, enfim, seu carinho em relação a perda do meu tio. Agradeço, também, àquel@s que deixaram registro no Twitter, Facebook, que usaram o e-mail do Shoujocast, aos que oraram/rezaram por mim, aos que mandam seus bons pensamentos em silêncio. Continua doendo, vai doer por muito tempo ainda, mas o carinho de vocês é muito reconfortante. Voltar ao trabalho deve me ajudar um pouco e não estar mais no Rio, também.

Mangá Histórico de Hiroko Kazama relançado no Japão



A mangá-ka Hiroko Kazama terá seu mangá Violante (ビオランテ), um romance histórico que se passa na Inglaterra de Elizabeth I, relançado em formato bunko em 10 de fevereiro. A série originalmente foi publicada na revista Ciao entre 1979 e 1980. Outro lançamento da autora é a coletânea de one-shots de horror e suspense chamada Kazama Hiroko Kessaku ShuuKyoufu no Mori e Oi De (風間宏子傑作集 恐怖の森へおいで). Se entendi bem o Comic Natalie, são mangás curtos, alguns do início da carreira da autora. O volume saiu hoje no Japão.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Respondendo um E-Mail



Em 14 de janeiro, por causa desse post aqui, a Laís me enviou o seguinte e-mail (*coloquei o print aí em cima*):
Olah, Valéria

Eu tentei postar esse texto nos comentários, mas nãos sei porque não estou conseguindo, então aí vai:

realmente esse é um dos aspectos das HQs americanas que fez com que eu só me interessasse por quadrinhos quando descobri os mangás. Até mesmo o desequilibrio entre o número de personagens principais masculinos e femininos nos desenhos me irritava quando criança.


houve uma polêmica recente na página do Deviantart (comunidade artística online) da revista Ação Magazine (http://acaomagazinefan.deviantart.com/) a respeito de um concurso cujo tema era: "elfas peitudas". E eu gostaria muito de saber a sua opinião sobre isso, Valéria!


Obrigada,

Oo-de-Lali
Ponto 1: Não respondi o e-mail até hoje, porque estava mal na época, porque tinha uma conexão indigente e porque fiquei guardando para, talvez, fazer um post. Eu estou na comunidade da Ação Magazine no Facebook e acompanhei a fundação do grupo no Deviantart. Trata-se de um grupo fundado e gerenciado pelos fãs da revista e não é propriamente da revista. Isso precisa ficar claro, pois ainda que os editores e autor@s da Ação Magazine possam apoiar a comunidade, eles não são responsáveis pelo que se faz lá. Acredito que só fariam alguma intervenção se ela ameaçasse de alguma forma a publicação, a imagem da revista de uma forma muito explícita. Se qualquer forma, por desencargo de consciência, quando voltei para casa (*26/01*), perguntei direto ao Alexandre sobre essa história e ele confirmou o que eu já sabia: o concurso foi promovido pelos fãs.

Ponto 2: A segunda questão é o tal concurso em si. Realmente, não vejo graça nessa coisa das "elfas peitudas", mas há quem ache. Mulheres e meninas peitudas é algo que está cada vez mais presente nos materiais japoneses e não somente para garotos, mas em alguns shoujo/josei, também. Pegue a maioria dos mangás da Kayono e confirme. Com isso, não estou dizendo que a coisa em si não seja machista, porque ela é, mas que é uma questão – essa influência norte americana, esse fetiche por seios exagerados – muito presente no material que é produzido no Japão hoje. E aqui no Brasil, também. Vide o aumento espantoso das cirurgias de implante de silicone. Isso é fruto, na maioria dos casos, de uma cerência provocada por esse bombardeio de padrões de beleza irreais e mesmo alienígenas.

Ponto 3: Agora, uma das frases do texto do concurso é um problema: "A intenção verdadeira deste concurso é homenagear, de certa forma, a mulher em geral, sua feminilidade e sensualidade. Ao mesmo tempo, conhecer novos traços, usar a criatividade, e principalmente, entrar num clima de descontração.". Essa sentença parece reduzir "a mulher em geral" (*assim, porque isso existe, uma natureza única que faz com que nós mulheres a um modelo só*) na sua "feminilidade e sensualidade" à elfas peitudas é, sim, muito ofensivo. Acredito, mesmo que é fruto muito mais da imaturidade, do bombardeio de imagens das várias mídias, do que propriamente de uma necessidade de objetificar as mulheres. Mas, claro, isso está dado, está caracterizado no próprio concurso. E quem quiser que diga que sou uma chata por não achar graça nessa brincadeira toda, eu realmente não me importo.

Ponto 4: Mas vamos a algo muito importante. Não sei, Laís, se você é leitora da Ação Magazine e isso esteja incomodando muito você, isso te toque pessoalmente. Agora, a Ação Magazine, à princípio, foi pensada para um público masculino adolescente. Eles são o alvo, não as meninas. No entanto, se eles tiverem um número grande de leitoras que participem do fórum, que escrevam cartas, que mandem roteiros para os concursos, enfim, que não tenham medo de se expressar, duvido muito que a revista não vai se tornar mais elástica e que concursos ou brincadeiras como a da "elfa peituda" deixem de ser comuns mesmo entre os fãs da revista. Um dos problemas que a gente percebe, e isso não é culpa das mulheres, mas da cultura machista que tenta nos roubar a voz, nos dizendo das mais diferentes maneiras que o que temos a dizer não é importante, que devemos nos calar, é que as leitoras das revistas, dos blogs, as ouvintes dos podcasts raramente se manifestam. Daí, fica parecendo que nós não existimos como público, nesse caso, público consumidor, que dá dinheiro para a editora. Esse para mim é o ponto chave, conhecendo algumas pessoas que estão na direção da Ação Magazine, eu tenho certeza que eles não vão desprezar vocês. Eles querem atingir as leitoras, também, mas a gente precisa dizer o que deseja ler. Percebem? Ação positiva é participar mais desses círculos e possibilitar, talvez, uma mudança de mentalidade. É isso o que eu recomendo às leitoras da Ação Magazine que se sentirem incomodadas pelo concurso. Demonstrem a insatisfação, mas sem serem injustas com a revista ou perderem de vista que se trata de uma brincadeira, ela é ofensiva, mas é preciso fazer com que os sujeitos reflitam sobre isso, porque eles mesmos devem achar que estão fazendo um elogio à "mulher em geral" e "sua feminilidade e sensualidade".

Agora uma outra coisa, por conta de uma conversa que tive com o Alexandre no Twitter para esclarecer a coisa do concurso, o @Macotim começou a me mandar uma série de mensagens expressando o que ele achava do concurso. Sei que ele não fez por mal, mas parecia até que eu tinha escrito criticando o concurso, coisa que estou fazendo somente agora. Para melhor esclarecer, seguem as mensagens que ele me enviou (*comecem a ler de baixo para cima*):


Ponto 5: Só vou comentar um Twitt desses tantos, aquele em que o @Macotim coloca o seguinte ""escrever pra esclarecer o caso", pq? qual a diferença se o concurso fosse ideia do Lancaster ou dos leitores?". Bem, primeiro, eu preciso escrever porque a Laís me perguntou e porque você veio me bombardear desnecessariamente no Twitter. Isso me deu uma clareza maior do quanto os sujeitos não conseguem perceber que reduzir mulheres a peitos e bundas é um problema, e não importa quem começou com essa história. Quanto à diferença entre o concurso ser dos fãs ou da revista, oras, se uma revista que eu acompanho reduzisse as mulheres a peitos e bundas, eu realmente ficaria aborrecida e largaria de comprá-la, além, claro, de escrever um post enorme aqui e em outros lugares falando do assunto. Resumindo, seria como virar as costas para as mulheres, admitir publicamente que essa bobagem de "elfas peitudas" é engraçado, ou seja, seria péssimo para a imagem da revista. Será que se o concurso fosse sobre "elfos pintudos" ou sobre formar casais yaoi com as personagens da revista seria engraçado da mesma forma? Duvido. Mas, sendo coisa dos fãs, é relevável, ser coisa da revista é falta de profissionalismo e visão de mercado. Mas não foi coisa da revista, então, não faz sentido fazer tempestade em copo d'água por isso.

Comentado Thermae Romae



Eu não tinha dúvidas que o anime de Thermae Romae (テルマエ・ロマエ) seria engraçado. Aliás, é hilário, nonsense e, bem, a animação em flash não me deixou desgostosa, até casou bem com a doideira que é a série. Sobre o original, só sabia que o mangá de Mari Yamazaki tratava da paixão que japoneses e romanos têm pelo banho. Sim! O banho e tudo o que envolve essa prática. ^___^ Enfim, não é bem isso, não, mas vamos lá.

O anime de Thermae Romae teve seis episódios curtos variando entre 9 e 13 minutos. Os episódios 3 e 4, 5 e 6, são em duas partes, então, na verdade, temos uma série de 4 episódios. O protagonista de Thermae Romae é Lucius Modestus, um arquiteto especializado em projetar casas de banho. O ano é 128 d.C., governa o Imperador Adriano, e o protagonista está perdendo o emprego por ser acusado de obsoleto e pouco antenado com as inovações do design. Isso, claro, até que Lucius é sugado pelo ralo (literalmente) quando está em uma casa de banho com amigos. Ele acaba indo parar no Japão atual e a experiência, repetida a cada episódio, termina por mudar a sua vida, a forma como encara a cultura romana e seu trabalho como arquiteto.

Assistindo os episódios, compreendi perfeitamente o motivo de terem escalado o Abe Hiroshi para o papel de Lucius. Eu conseguia vê-lo interpretando o romano, com os tiques da personagem e tudo mais. No primeiro episódio, quando Lucius vai parar pela primeira vez nas termas dos "escravos de cara chata", ele vê o cartaz de Thermae Romae na parece e alguém faz a piadinha de que ele parece com Abe Hiroshi. Aliás, Lucius demora um pouquinho para entender que não estava mais em Roma, mas no país do povo de cara amassada, mas alegre e cheio de coisas tão avançadas, úteis e gostosas que deixavam os romanos com "a cara na poeira".

Enfim, Thermae Romae não é um elogio ao gosto comum que romanos e japoneses têm pelo banho, mas um dos elogios mais rasgados ao Japão, sua cultura e seu povo. Raramente vi um produto tão ufanista, mas o tom comédia acaba diluindo isso. Lucius, a cada visita, percebe o quão atrasados os romanos são. Coloca na cabeça que ambos, romanos e japoneses, receberam influencia grega. Então, por que o povo de cara chata é tão avançado? Já as piadinhas com o modo de vida romano também são engraçadíssimas. Lucius é um fanático por termas e inovações nessa área, e inteligente o bastante para aprender a cada visita acidental que faz ao Japão.

Ah, sim! E Lucius não entende nada de japonês, nem os japoneses do que ele fala. Em alguns momentos, ouvimos a fala dos japoneses distorcida, mostrando que para Lucius nada fazia sentido. Em outros momentos, Lucius aparece falando em latim. Aliás, os letreiros aparecem em latim marcando a passagem do tempo e tudo mais.

Eu ri muito, e rir, nesse momento da minha vida, não é algo muito fácil. Assim, em termos de piadas visuais, Thermae Romae não inova em nada, mas na mistura de cultura e história da Roma antiga e Japão atual, a série se destaca e se impõe. Fica fácil imaginar por que o mangá é tão celebrado. Aliás, terminei de ver essa pequena temporada desejando assistir o filme (*teaser aqui*) e ler o mangá. E, claro, quero mais Thermae Romae anime, porque acho que essa doideira ultra-nacionalista ainda pode render muita diversão. Se você não viu Thermae Romae, corra atrás. O vídeo do post é o primeiro episódio da série. Divirta-se.

Ranking da Taiyosha



Antes que saia o próximo ranking, eis o top 10 da Taiyosha de shoujo e josei. No ranking geral, somente Suki-tte Ii na yo。, em 7º lugar. No ranking da Oricon, este mangá manteve o 2º lugar pela segunda semana seguida. Enfim, Taiyosha... O top 10 de shoujo tem poucas novidades e algumas permanências. Love so Life pegou o segundo lugar, parece ser uma série fofinha, com capas fofinhas. Otomen #14 estréia mostrando que não é mais uma série tão top assim, ainda que esteja entre os shoujo que aparecem nos rankings gerais e nos de mangás femininos. Curiosamente, ainda não li nada sobre a série estar caminhando para o fim. Na lista há a Hana to Yume Platinum, que acho que é uma edição especial da Hana to Yume. Lembro que quando saiu algo sobre ela no Comic Natalie, uma colega me explicou o que era no Twitter, mas eu terminei não fazendo o post... Desculpe, as coisas não estavam boas nas minhas férias... Nem conexão decente eu tinha. No ranking aparece um clássico que foi retomado com nova numeração, Akuma no Hanayoume. Eu tenho os sete volumes que saíram nos EUA, mas a série é muito maior que isso. E, lá em 10º lugar, há um mangá que parece ser interessante, olha só: o protagonista é um garoto sufocado em uma família cheia de mulheres, ele decide sair de casa e morar sozinho, mas, um belo dia, uma moça desce de uma nave espacial na casa dela a procura do seu coelho branco. Bem, pode até não ser bom, mas é inusitado.

Em josei, continuamos com a presença consistente de mangás BL. 40% da lista com Fudanshi Monogatari resistindo algumas semanas. O topo da lista é ocupado por Meiji Hiiro Kitan, que eu comentei sem saber nada sobre a série, simplesmente por achar as capas bonitas. Enfim, há um resumo agora no Mangaupdates e parte da minha empolgação se esvaiu. A história se passa no século XIX, a menininha da capa foi vendida para a prostituição, mas é comprada por um rapaz muito rico e que ainda não explicou o motivo de ter feito aquilo. Imaginei que fosse uma relação pai-filha, ou entre irmãos, mas, qual nada! É uma história de amor. Usagi Drop feelings! Eu sei que não deve ter nada de erótico, mas, sinceramente, essas histórias com subtexto pedófilo me causam muita repulsa. Obviamente, pode ser um bom mangá, uma boa história, mas isso pesa contra a série. E Meiji Hiiro Kitan  aparece duas vezes no ranking, em 1º e em 10º. Outra série que aparece duas vezes é Chihayafuru com o 2º e o 9º lugar. É curioso que as capinhas do volume #1 e #15 combinam a cor, meio que se encaixam. E tem o infinito, e sem scanlations, Inochi no Utsuwa. É isso.

SHOUJO
1. Suki-tte Ii na yo。#8
2. Love So Life #9
3. Natsume Yuujin-Chou #13
4. Kami-sama Hajimemashita #11
5. Sakura-Hime Kaden #9
6. Otomen #14
7. Akuma no Hanayome: Saishuushou #4
8. Hana to Yume Platinum
9. Kyou no Kira-kun #1
10. Joousama no Shirousagi #1

JOSEI
1. Meiji Hiiro Kitan  #2
2. Chihayafuru #15
3. Inochi no Utsuwa  #56
4. Kawaii Ano Ko
5. Watashitachi wa Hanshoku Shiteiru  #11
6. Egoistic・Blue
7. Fudanshi Monogatari
8. Shimasho。
9. Chihayafuru #1
10. Meiji Hiiro Kitan #1

No More... No More...



You were gone so early,
so soon you flied away,
today we would be celebrating,
but never ever again you will blow your birthday candles again.

Now we are all crying,
no more laugh,
no more your sweet presence with us.
Never again January 29th would be the same for us all.
No more...
No more!

My heart is not full of joy today,
there’s only sorrow within it.

Megumi Mizusawa faz sessão de autógrafos para o lançamento do volume 1 de Tera Girl



O Comic Natalie veio com uma notícia falando da sessão de autógrafos do lançamento de Tera Girl (寺ガール) #1. Se entendi bem, é a primeira vez em 16 anos que a autora participa desse tipo de evento. O legal é que trata-se da primeira vez que eu vi o Comic Natalie publicando fotos de um evento como esse. A sessão de autógrafos para 100 fãs ocorreu ontem no Marunouchi Café que entre o dia 26 de janeiro e 06 de fevereiro se tornou o Tera Café com exposição da arte da autora e totalmente tematizado. Há várias fotos no CN, dêem lá uma olhada. Há, também, a página do Tera Café que é muito bonitinha. A série de Mizusawa é publicada na revista Cookie.

Mangá de Aoki Kotomi ganha CD com temas musicais



Kanojo wa Uso o Aishisugiteru (カノジョは嘘を愛しすぎてる) ou Kanouso, como é chamado pelos fãs, é uma série sobre a indústria da música. Nada melhor para um mangá de música que ter um CD... ou vários, já que Kanojo wa Uso o Aishisugiteru MIXTAPE VOL. 1 (カノジョは嘘を愛しすぎてるMIX TAPE VOL.1) já traz bem claro que é o volume 1. :) O lançamento pela Ariola Japan será no dia 22 de fevereiro. Segundo o Tokyo Hive (*só vi o Comic Natalie depois*), a escolha das músicas foi feita por editores da revista MUSICA e o CD conta com 17 canções de artistas como Asai Kenichi, Andou Yukou, OKAMOTO’S, 9mm Parabellum Bullet, Clammbon, Kegawa no Maries, [Champagne],tacica, Touming Magazine, NICO Touches the Walls, Negoto, THE HIGH-LOWS, HiGE, Base Ball Bear, bonobos, MowmowLuluGyaban, e N’Shukugawa BOYS. A capa do CD foi ilustrada pela autora, Aoki Kotomi e no booklet do CD há um diálogo entre a autora e o editor-chefe da revista MUSICA, Tomoko Ariizumi. Segue a lista das músicas do CD:

01. Merushiiruu/Negoto
02. Seishun/ THE HIGH-LOWS
03. WaratteWaratte/ OKAMOTO’S
04. short hair / Base Ball Bear
05. TEXAS / Andou Yukou
06. Adam to Eve ga Sotto / N’Shukugawa BOYS
07. Ai suru or die(Raw Ver.)/Kegawa no Maries
08.Biwako to Megane to Kimi/MowmowLuluGyaban
09. Tekiira! Tekiira! / HiGE
10. WAY / Asai Kenichi
11. Kimi dake/ NICO Touches the Walls
12. Hikari no Ame no Furu Yoru ni / 9mm Parabellum Bullet
13. Shisu 160 Gongli de Jita, Beisi he Gu / Touming Magazine
14. Inochi no Koushin / tacica
15. GOOD TIME MUSIC / Clammbon
16. You’re So Sweet & I Love You / [Champagne]
17. Standing There~Ima, Soko ni Iku yo~ / bonobos

Ranking da Oricon



Desta vez, atrasei todos os rankings (*melhor nem lembrar do ranking americano por enquanto...*), mas, antes tarde, do que nunca! Enfim, o ranking da Oricon não foi lá essa maravilha toda, mas temos dois shoujo no top 10. Suki-tte Ii na yo. manteve sua posição e Love So Life – que geralmente tem capas fofinhas – fechou o top 10. Fora isso, temos dois títulos que permanecem e duas novidades. Otomen, se vocês procurarem veros outros rankings, vem em descenso. Continua vendendo bem, afinal, não é qualquer um que entra no top 30, mas não entra no top 10 faz muito tempo. Semana que vem... ou esta semana, melhor dizendo, afinal, já é domingo, aposto na permanência de pelo menos dois títulos, Natsume Yuujin-Chou e Suki-tte Ii na yo., já os outros, não sei, não.

2. Suki-tte Ii na yo. #8
10. Love So Life #9
17. Sakura-Hime Kaden #9
19. Natsume Yuujin-Chou #13
22. Kami-sama Hajimemashita #11
25. Otomen #14

sábado, 28 de janeiro de 2012

Novo anime shoujo anunciado e algumas considerações sobre algo que está me aborrecendo



A notícia é de ontem, estava no La Ventana de Saouri 2.0 e somente hoje saiu no Comic Natalie. Shirokuma Café (しろくまカフェ), mangá de Aloha Higa publicado na revista Flowers, será lançado em abril no Japão. A série gira em torno de um café (*vide o título*) que pertence a um urso polar e é visitado regularmente por um pingüim, um panda e um coala, e, provavelmente, outros bichos.

Aproveitando o ensejo, vou comentar uma coisa que vem me incomodando faz algumas semanas. Shirokuma Café é publicado na mesma revista de Sakamichi no Apollon (坂道のアポロン), que muita gente está dizendo que é josei. Nana (ナナ), Ōoku (大奥), Himitsu - Top Secret (秘密 -トップ・シークレット-), Sakamichi no Apollon são shoujo mangá, porque saem ou saíram em revistas shoujo. Poderiam estar em revistas josei? Sim, mas não foi o caso. Agora, aliás, virou moda muita gente dizer que mangás shoujo interessantes, inovadores e/ou densos são josei, como se shoujo se reduzisse a material ruim, inexpressivo e repetitivo. Há quem faça essa associação sem má fé, ou por desconhecer a revista na qual o título é publicado, mas vejo muita gente, fãs de mangás femininos, se desfazendo do shoujo. Parece que virou atestado de maturidade desqualificar o shoujo mangá para mostrar que cresceu. Curiosamente, basta apertar um pouquinho para descobrir que a maioria dos entendidos:
1. Leu muito pouco shoujo, conhece só meia dúzia de shoujo escolares, mas acha que já esgotou todo o gênero.
2. Não sabe japonês ou sabe muito pouco, logo, teve muito pouco acesso aos mangás josei, já que scanlations são raras. Mangá josei de verdade, normalmente, é só kanji com pouquíssimo kana como suporte.
3. Para piorar, não sabe nem inglês para ler scans que eventualmente pipocam por aí.
Enfim, se você simplesmente se confundiu, ou, como eu, acredita que determinados mangás poderiam ser josei sem problema, não se sinta ofendida pelo que escrevi, porque não é para você. O que me incomoda é a imaturidade de algumas fãs e a forma como repetem certas coisas por aí, depreciando todo um gênero de mangás que produziu e continua produzindo de tudo, desde material inesquecível, revolucionário, surpreendente, até o pior lixo... Mas isso, vocês encontram no josei, no BL, no seinen, no shounen...

Um adendo ao post, que não muda em nada o que eu escrevi, porque a idéia geral permanece: Parece que decidiram recategorizar a revista Flowers nos sites informativos. Agora, tanto no Comipedia, quanto na Wikipedia, ela aparece como josei. Já na página da editora, todas as revistas femininas, todas mesmo, estão sob o rótulo de Josei Comic Shi (女性コミック誌). Se formos pelo rótulo, até a reivsta Ciao é josei. No ranking da Taiyosha - que não é lá muito preciso, eu sei - os mangás da revista Flowers e da Petit Comics sempre entram em shoujo e, não, em josei. Se os japoneses recategorizaram a revista, é coisa recente, vou ver se o Comipedia mudou a Petit Comic de categoria, também, porque antes, até algum momento de 2011, era shoujo. Lembram que eu vivia reclamando disso? Pois é... Me parece mais que os sites ocidentais decidiram fazer isso deliberadamente. Precisava colocar a informação, para ser justa com as leitoras e leitores. Estou dando as fontes e eu sempre uso a Comipedia. De repente, eu é que estou surtando... A idéia geral do post, que é esse discursinho fácil de que josei é bom, maduro, inteligente, whatever e shoujo não é, continua de pé. Firme e forte.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

O Corvo: Acho que esse filme vale a pena



Hoje fui ao cinema assistir Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres (*sim, vou escrever uma resenha amanhã, provavelmente*) e assisti o trailer de O Corvo (The Raven) antes da sessão. O filme se passa em 1849 e tem como protagonista Edgar Allan Poe. O escritor é convocado para auxiliar a polícia a pegar um psicopata que mata pessoas seguindo descrições de crimes dos livros e contos do autor. John Cusack normalmente não se mete em filme ruim, por conta disso, ainda que os americanos tenham se especializado em fazer trailers que enganam, acho que o filme vale a pena. Deve estrear no Brasil em março.

Akiko Higashimura na revista Cookie



Se entendi bem a notinha do Comic Natalie, Akiko Higashimura – de Kuragehime (海月姬) – participou da seção Soul Comic!!! da revista Cookie. Ao que parece, trata-se de um cantinho da revista que a cada edição foca em uma magá-ka, seu trabalho, e tudo que possa interessar. Se eu estiver errada, por favor, me corrijam. Higashimura tem um mangá em andamento na Cookie chamado Kisekae Yuka-chan (きせかえユカちゃん), mas que não tem um novo capítulo publicado desde julho de 2008. E eu aguardo a nova temporada de Kuragehime até hoje...

Fuyumi Souryou retoma Cesare



Com os Borgia em alta, como manter um mangá como este parado? Enfim, segundo o Comic Natalie, Fuyumi Souryou – que faz muita falta ao shoujo e josei mangá – retornou com seu mangá CESARE Il Creatore che ha distrutto (チェーザレ) na última edição da revista Morning, lançada ontem, no dia 26 de janeiro. Com 26 páginas, algumas em cores, a série não deve ser interrompida tão cedo... Ou, pelo menos, os fãs, esperam. Eu, infelizmente, não consigo gostar desse mangá da Souryou. Já tentei, mas não deu mesmo.

Mangá-ka publica livro de contos de fada



Segundo o Comic Natalie, a mangá-ka josei Machiko Kyou vai lançar no dia 4 de fevereiro um livro de contos de fada ilustrado. O nome é Boku no Ohimesama~Ningyo Hime Haikapuri~ (ぼくのおひめさま -人魚姫 灰かぶり-) ou My Princesses~Mermaid & Cinderella~ , já que tem subtítulo em inglês. O foco é, como o nome mesmo sugere, na Pequena Sereia e na Cinderella, ainda que eu acredite que haverá outros contos de fada dos Irmãos Grim e de Andersen na publicação.

Novo mangá da autora de Ouran Host Club na revista LaLa



Segundo o Comic Natalie, a nova edição da revista LaLa trouxe um novo mangá de Bisco Hatori, autora de de Ouran Host Club (桜蘭高校ホスト部). Trata-se de um one-shot intitulado Detarame Mōsōryoku Opera (でたらめ妄想力オペラ), que tem como protagonista um Hifumi, estudante que quase falhou no exame de entrada no colegial, e que é convocado para salvar um universo paralelo... Um... Eu corrigi o meu post original com ajuda do ANN. Outra notinha importante sobre Ouran é que o Perfect Guide Book da série será lançado em 5 de março. Também nessa edição da revista, os fãs podem concorrer a um brinde de Natsume Yuujinchou (夏目友人帳). Olhem só a capa (*linda por sinal*) e tentem descobrir o que é... Se é pendente de celular, chaveiro ou outra coisa qualquer. E na próxima edição da revista haverá bindes celebrando o número 450 da LaLa, um deles é um calendário com ilustrações de várias séries da revista como Gakuen Babysitters (学園ベビーシッターズ), Ookami Heika no Hanayome (狼陛下の花嫁) e Akagami no Shirayukihime (赤髪の白雪姫).

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

O que (nós, fãs de shoujo) podemos esperar da Panini em 2012



Ontem, quando eu já estava de saída para Brasília, o Gyabbo me passou o link para um post muito importante que ele fez em seu blog. O assunto era a política da Panini em relação aos mangás em andamento e aos lançamentos de 2012. Ele conseguiu as informações por vias oficiais, através de uma conversa com Catharine Campos Paulossi, responsável pela área de marketing e produtos da área de mangás da editora. Muito bem, eu não vou comentar tudo o que está escrito lá, vou focar somente no que interessa ao blog, isto é, a relação da editora com o shoujo mangá. Por esta frase, já tirem que não houve uma palavra sobre josei ou BL ou yuri, portanto, acho que não convém alimentar esperanças vãs. Parece que em 2012 o foco da editora será lançar seinen e shounen, alguns desses materiais previamente cancelados pela Conrad. Mas vamos lá:
1. Otomen não foi cancelado: apesar de não vender bem, a editora se compromete a completar a série que, por sinal, está em andamento no Japão. Isso é bom, mas considero a promessa de nunca, jamais, voltar a cancelar um mangá uma grande falácia. Já disse e escrevi isso e repito: editoras não são instituições filantrópicas e em todos os países há títulos que, eventualmente, são cancelados. São as regras do jogo e não se enganem quanto a isso. Só torçamos para que isso não aconteça com nossas séries favoritas.

2. Último volume de Ouran só em abril: chato, eu sei, mas vamos ter que esperar já que não tem jeito. Os italianos (*e eu*) esperaram quase um ano pelos últimos volumes de Kiss & Never Cry...

3. Kimi ni Todoke e Kaichou Wa Maid-sama estão se saindo bem: suponho que isso signifique que estão vendendo bem, pois já é possível ter noção dessas coisas com três edições lançadas. É bom saber disso, afinal, são licenças importantes e mangás que precisam se destacar mesmo.

4. A editora não vai lançar mais que um ou dois títulos shoujo este ano, o objetivo é terminar o que foi começado: antes de gritar e se rasgar, vamos refletir. Quantos mangás shoujo em andamento a Panini tem hoje? Vou contar, excluindo Ouran, e se esquecer algum por favor, me lembrem nos comentários: Vampire Knight, As Estrelas Cantam, Otomen (*que deve voltar*), Kaichou Wa Maid-sama, Kimi ni Todoke, 07-Ghost, Zone-00. Salvo As Estrelas Cantam, nenhuma das outras séries está encerrada no Japão ou sinalizou isso. Não acho que algum desses mangás vão emendar trinta volumes mas são muitos títulos "em andamento" nas mãos da editora. Caímos na mesma situação que eu apontei para os shounen da Panini temos atrás em um Shoujocast, acho... Vejam que se a editora anunciar dois títulos mesmo será para colocar no lugar de Ouran e de Quando as Estrelas Cantam. Queria muito que um deles fosse Sailor Moon e que a editora nos surpreendesse com um josei. Quem sabe? De qualquer forma, não considero esse encaminhamento um desprezo com os fãs, nosso mercado é restrito e, bem, melhor termos um número razoável de títulos indo bem ou muito bem, do que vários títulos da mesma editora competindo entre si e se prejudicando a ponto de termos cancelamentos. Enfim, não estou passando a mão na cabeça da Panini, afinal, eles já tem condição de nos oferecer pelo menos um josei de peso, mas ponderando sobre as razões justas, a meu ver, da editora. Sem a Panini, não teríamos shoujo nas bancas ou somente esmolinhas de outras editoras.

5. Os preços vão aumentar: isso também era esperado... queria que a qualidade geral dos produtos acompanhasse o preço.
É isso, leiam, por favor, o post completo do Gyabbo, assim, vocês terão uma visão geral do que está para acontecer inclusive com os shounen e seinen da editora. É isso. :)
ATUALIZAÇÃO - 28/01: Esqueci de incluir dois detalhes. Há outro shoujo mangá terminando este ano, Shinshi Doumei Cross ou The Gentlemen's Alliance Cross, de Arina Tanemura, termina este ano. Ou seja, temos três shoujo encerrando. E esqueci de incluir um shoujo que foi anunciado, Mad Love Chase na conta. Ou seja, terminam três, provavelmente serão anunciados dois títulos, e teremos três shoujo para colocar no lugar. Continuo achando justo, razoável e racional. Obviamente, que não lançarem um josei é falta de visão, mas as editoras precisam aprender com seus erros.

Teaser-Trailer de Sakamichi no Apollon



Sakamichi no Apollon (坂道のアポロン), de Yuki Kodama, vai ser assunto recorrente aqui no Shoujo Café. Vencedor da categoria geral (*não do segmento shoujo*) do 57º Shogakukan Award, a série terá anime no bloco Noitanima. E, hoje, o Comic Natalie trouxe informações sobre a produção, amostras do character design e link para o site oficial. O teaser-trailer está lá. Eu adorei o trailer, muito mesmo. Enfim, os envolvidos na produção são muito experientes e conceituados, olha só:
- Diretor: Shinichiro Watanabe (Cowboy Bebop, Macross Plus, The Animatrix's "Kid's Story," Samurai Champloo
- Música: Yoko Kanno (Macross Plus/Frontier, Escaflowne, Ghost in the Shell: Stand Alone Complex).
- Character Design: Nobuteru Yuki (Record of Lodoss War, Escaflowne, Space Battleship Yamato 2199)
- Chefe de Animação: Yoshimitsu Yamashita (Hyouge Mono, Phantom ~Requiem for the Phantom~)
- Estúdio: MAPPA/Tezuka Productions

Trailer e Promo da Segunda Temporada de The Borgias



Saíram o promo e o trailer da segunda temporada de The Borgias. Vocês sabem que eu morro de medo da série desmoronar, de virar galhofa ou se encaminhar na linha The Tudors, mas, enfim, eu tenho todos os motivos para continuar assistindo. Parece que Cesare vai jogar sujo para tomar o lugar de Juan e, claro, mostrar do que é capaz como soldado. O rapaz do blog que publicou os trailers fala que Giulia Farnese vai trair o Papa, mas, pelo que vi do trailer, ela arruma um amante para fazer ciúme à Alexandre VI que parecia pouco interessado nela ultimamente... Atenção para a cena dele com Farnese... Na boa, eu quero assistir o tal do castigo. :P Pensamentos altamente pervertidos... De resto, o pobre do Paolo vai atrás da Lucrezia. Se o mala sem alça do Juan matar o garoto, ele faz por merecer uma morte ainda mais lenta. Só que eu acho que vai ser o Cesare o responsável... Pobre, Lucrezia! Aliás, falando em Cesare, todas as aparições dele no trailer foram nota DEZ. Acho que acabou a fase fluffy da personagem. Enfim, Jeremy Irons, só para variar, dando um show. ^___^ A série estréia no dia 8 de abril... Não aqui no Brasil, claro.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Comentando Saiunkoku Monogatari - Volume 1 e 2



No último fim de semana, finalmente terminei a leitura dos dois primeiros volumes da edição americana de Saiunkoku Monogatari (彩雲国物語). É mais um daqueles casos em que algo me dizia que deveria ser interessante e eu precisava ir atrás. Muito bem, tinha começado a ler o mangá e assistir o anime meses atrás e parei, por excesso de trabalho e/ou falta de disciplina, nem lembro mais. Escrevo isso, porque estava gostando do material, mas interrompi a leitura. É o mesmo caso, por exemplo, de Koukou Debut, com o agravante de ter a série completa em casa. Como já não lembrava bem o que era mangá, o que era anime, voltei do zero. Definitivamente, eu gostaria muito de ver esta série lançada aqui no Brasil, seja pela arte, muito bonita e bem feita, ou pelas personagens, que são bem marcantes, sejam elas simpáticas ou antipáticas. Mas vamos lá:

Saiunkoku Monogatari começou em 2003 no formato light novel (livros curtos e com ilustrações). Sai Yukino é a escritora das 18 novelas, que chegaram ao fim no ano passado, e Kairi Yura é a ilustradora.[1]  Quando o mangá começou a sair em 2005, as duas mantiveram a parceria. O mangá começou na revista mista Beans Ace e, com a extinção desta, passou para a revista shoujo Asuka. Sucesso nesses dois formatos, Saunkoku teve duas séries animadas com duas temporadas de 39 episódios entre 2006 e 2008. Algo raro para um shoujo anime nos dias de hoje. O mangá continua em andamento no Japão e estreou bem nos Estados Unidos, recebendo a recomendação da YALSA (*veja artigo*).


Eu estou com os cinco primeiros volumes comigo e já avancei até quase o final do volume três. Pelo que vi até agora, apesar das protagonistas estarem presentes quase que o tempo inteiro, a história é muito mais ampla do que se desenha nos dois primeiros volumes. Por isso mesmo, o resumo que segue se aplica a este início. Saiunkoku é uma China idealizada, território que as autoras japonesas adoram vide, Fushigi Yuugi. 

As origens dessa nação repousam na jornada do jovem Gen Sou, que lutando com nobreza contra as forças do caos, atraiu a simpatia de oito sábios, seres mágicos cada um representando uma cor do arco-íris. Eles ajudam Gen Sou a fundar a nação e cada província, e seu clã local dominante, é renomeado de acordo com essas cores. Os sábios desaparecem do mundo, mas continuam vivos e presentes, podendo voltar a qualquer momento. Só que a história da série começa séculos depois...


Com a morte do imperador, seus filhos se mataram pelo poder. Há dois filhos sobreviventes, o segundo filho mais velho, que foi desterrado pelo pai, acusado de traição, e o caçula, Ryuki Shi, que é coroado imperador. Riyuki, agora crescido, é um jovem indolente, avesso ao governo e conhecido por suas práticas homossexuais. Ele é visto por muitos como um caso perdido. O Lorde Conselheiro Sho, primeiro-ministro do imperador, recorre então à jovem Shurei, membro do segundo clã mais nobre do reino, o Hong. Só que Shurei, filha de Shoka, funcionário respeitado e responsável pelos arquivos imperiais, e vive no limite da miséria, porque seu pai administra muito mal os recursos da família. 

O conselheiro Sho lhe oferece 500 moedas de ouro – uma soma altíssima – para que ela, uma moça culta, trabalhadora e altamente capacitada, se torne consorte do jovem imperador por seis meses e o ensine a arte de governar, disciplina e responsabilidade. Shurei aceita a responsabilidade pelo dinheiro, pelo desafio, e por saber que o imperador é gay... E, assim, a moça e seu criado, o fiel Seiran, penetram na corte interior – o Ooku desse reino de Saiunkoku – e tentam cumprir com seu dever.


Primeira coisa, Shurei é um dos destaques de Saiunkoku Monogatari e uma das protagonistas de shoujo mangá mais interessantes que eu vi nos últimos tempos. Ela é inteligente, culta, trabalhadora, com forte engajamento social, e um pouco tomboy, verdade, mas não é uma guerreira, ou assim parece, e não é chata. Admite gostar de dinheiro e percebe sua importância na vida das pessoas, naquele estilo “dinheiro não traz felicidade, mas pode manter sua barriga cheia”. 

 Ela é um pouco ingênua, claro, parece que é um pré-requisito para boa parte das protagonistas de shoujo, um pouco barulhenta demais (*especialmente no anime, claro*), e inexperiente em questões do coração, mas isso não chega a ser um grande defeito. O legal é que através da personagem se discutem questões de gênero. Shurei teria todas as condições de fazer a prova para o serviço público – concurso público é invenção chinesa – mas ela não pode. Motivo? Ela é mulher.


Shurei questiona esse absurdo e, como não pode mudar as leis, ela se torna professora (*e faz muitos bicos estranhos*). No anime, ela chega a dizer para uma de suas alunas que talvez ela possa, um dia, ser o que ela não pode. Ah! Mas isso não acontece. Nesse exato momento, em nosso país, inexplicavelmente meninas não podem sonhar com a EsPCEx, com a AMAN, com a EPICAr, com o Colégio ou a Escola Naval. Capacitadas, ou não, elas estão excluídas simplesmente por serem MULHERES. E nem vou falar de religião, fico com instituições ligadas a esse nosso Estado Laico e mantidas com os nossos impostos. 

No volume 3 (*e não vou falar dele agora*), o jovem imperador começa a questionar essa lei, mas é avisado por seus conselheiros mais íntimos que mudar esse tipo de coisa não é tão fácil assim, mesmo para um monarca. Também, é interessante aquela cena que eu já vi várias vezes, a discussão sobre as mãos de uma dama. Shurei é uma dama, mais nobre que muitas no Ooku, mas ela tem mãos de trabalhadora, porque é isso que ela é. A primeira vez que vi essa discussão “você conhece uma dama pelas mãos”, foi em O Vento Levou, quando Scarlet O'Hara tenta enganar Rhett Butler, depois, isso aparece, também, em Os Três Mosqueteiros, pois D’Artagnan não reconhece que Constance não é rica ou nobre.


Já o jovem imperador, Riyuki, é uma caixinha de surpresas. Não vou dar muitos detalhes, porque posso estragar a leitura de muita gente, mas preciso dizer que ele tem uma melancolia encantadora e, claro, não é o que parece. Como Saiunkoku é uma dramédia (*mas algo me diz que com o andar da série é que a coisa penda mais para o drama e, talvez, até da tragédia mesmo*), a coisa é pintada em tons leves. O imperador acaba conhecendo Shurei e se apaixonando por ela... 

Talvez, venha a descobrir que ele já a amava antes de vê-la, pois a conhecia através de Shoka, o pai da menina, e dos bolos que ela fazia. Aliás, Shurei é boa cozinheira. Este atributo é raro em heroínas padrão de shoujo mangá. Submete-se à tutela exigente da moça, mas acaba por passar as noites no quarto dela. Como imperador, ele poderia fazer isso sem problema, só que ele usa como desculpa o fato de ter medo da escuridão e das noites solitárias desde que perdeu a única pessoa que o amou, seu irmão mais velho.


Percebam que é por isso que todas as noites ele leva um guarda para seus aposentos, despertando suspeitas sobre a sua orientação sexual. Embora o imperador negue, eu duvido que ele não seja tão virgem como Shurei. Ele finge mutias coisas (*e talvez a autora tenha exagerado nas competências do imperador*), mas nesse quesito... O problema é que, ao que parece, o romance deles vai se desenrolar muuuuuiiiiito lentamente. Mas é muito fofinha a relação dos dois, a forma como as autoras vão tecendo, palavras e imagens, e há uma outra cena clichê – afinal, já vi de Anatolia Story à Jane Eyre – que eu adoro. Quando o mocinho pede que a mocinha lhe chame pelo nome. Que pelo menos alguém deveria chamá-lo pelo seu nome. No caso do jovem imperador, fazia muito, muito tempo que ninguém o chamava de Riyuki... Na verdade, Riyuki teve uma infância muito, muito infeliz.

Só que o jovem imperador é extremamente desastrado e não sabe como agir com Shurei em questões amorosas/sexuais. Mas é bom ver romance e não necessariamente avanços pervertidos do personagem masculino principal. Já me basta Black Bird. Já Shurei achava que o rapaz era homossexual (*e se apega a isso como forma de proteger sua virtude*) e, apesar de não ser, se considera feia e grosseira. E, claro, existe um terceiro vértice nesse triângulo, Seiran, o fiel servidor de Shurei. Seiran é o irmão perdido de Riyuki e Shoka, pai de Shurei, o protegeu todos esses anos, assim como ao jovem imperador. Uma das coisas que descobrimos lendo Saiunkoku é que os sujeitos podem não ser o que parecem. Isso é ótimo, aliás.


No caso de Seiran, sabemos que ele é o príncipe perdido desde o início. Dizer que isso é spoiler é muita ingenuidade ou frescura mesmo. Só acho que ele é muito jovem, deveria ser um pouco mais velho para o bem da narrativa mesmo. Ele diz ter 26 anos, Riyuki tem 19, Shurei tem 16 anos. Ele foi expulso com 12 ou 13 anos pelo pai. Ainda que seja dito que a conspiração que resultou na punição do rapaz foi culpa do clã de sua mãe, ainda assim, ele era muito jovem... Mas liminaridade – essa obrigação no shoujo e no shounen de oferecer personagens com idade similar ou próxima ao dos leitores é sempre um problema. Seiran é como “André” da Rosa de Versalhes. Só que duvido que ele alimente algum sentimento por Shurei e se o fizer, irá sublimá-lo pelo bem do irmão. 

Obviamente, até que a coisa se resolva, Riyuki, principalmente, vai sofrer. Shurei ainda está intocada por essas questões. Ela ama Seiran como um irmão mais velho, e tem sentimentos fortes por ele, mas tem igualmente sentimentos fortes pelo imperador, só que não se considera digna de ser sua esposa. Já Riyuki vê na moça todas as qualidades que ele poderia buscar em uma mulher: caráter, inteligência, cultura, gosto musical, beleza. Só que ele não quer ser imperador, reinar, e, mais que tudo, não deseja magoar seu irmão. Vamos ver como as autoras desamarram isso.


Há outras personagens na história, claro. Algumas delas já rodam no segundo volume, quando é descoberta uma conspiração para matar Shurei. Há os dois jovens e brilhantes conselheiros do imperador – Shuei Ran e Koyu Ri – que parecem ter papel importante na história, além de enfeitarem os quadros. Mangá harém precisa disso, não é? O pai de Shurei já virou uma das minhas personagens favoritas. E há os conselheiros Sho (*medo*), Sa, e Rou. Velhos sobreviventes do governo anterior e que querem colocar Riyuki para governar de verdade. Todos eles têm seus segredinhos... 

Um dos sábios já apareceu na história e, bem, ele não tem interesse pelo bem comum, mas pelo bem estar do imperador. Isso pode implicar na morte de muita gente ainda... E há duas personagens femininas, a lindinha Korin, que parece fugida de um mangá da CLAMP, e a bela e elegante Shushui, que parece ser a governanta do harém do imperador. A falecida mãe de Shurei também faz aparição em flashback, ela é linda, de uma beleza sedutora mesmo, e não sabia cozinhar. Olhando a mãe de Shurei, talvez dê para entender o motivo da protagonista se achar feia...


De resto, achei que a trama do assassinato de Shurei poderia ter durado um volume a mais. Só que pensando no que aprece ser a estrutura do mangá, talvez as autoras tenham conseguido condensar bem em menos de dois volumes (*porque há uma side story no volume 2*) as revelações secretas sobre as personagens. Mas, ainda assim, queria pelo menos que a trama se estendesse até metade do volume 3. Por conta disso, no volume seguinte, infelizmente, Shurei e Riyuki pouco interagem. Ela vai embora depois de descobrir que Riyuki a enganou sobre suas competências e orientação sexual e ele se submete aos deveres de imperador. 

O confronto com seu irmão também não tirou dos ombros dele do peso do governo, muito pelo contrário. E o rapaz ainda se descobriu cercado de inimigos terríveis e amigos traiçoeiros. Fica no ar se Shurei foi embora por temer não ser digna do imperador, ou por achar o harém um lugar pouco estimulante e de ócio. Escrevo isso, porque um dos prazeres da moça durante o volume 1 e 2 foi ter acesso aos livros da biblioteca imperial, fechados para o mundo exterior e, claro, para mulheres como ela.


Eu recomendo muito a série. Não acredito que ela vá se tornar densa como Ooku de repente, mas acho que ela pode se aproximar da qualidade de Anatolia Story sem os defeitos que esta série tem. Só espero que o mangá não feche com 18 volumes como os livros, ou 22 se contarmos com os gaiden. Acredito que em 15 volumes, no máximo, a coisa já possa se encerrar com qualidade. E torço para o romance da Shurei com o Riyuki deslanchar, e, claro, que a mocinha não perca o seu senso de justiça social, sua inteligência e independência.

[1]Houve outras novels lançadas posteriormente.  A série de livros fechou com 22 volumes, em 2011.  Algumas ilustrações do post são das novels.

Lenda dos Heróis Galácticos faz 30 anos



Estava com essa nota sobre o café de A Lenda dos Heróis Galácticos ou Ginga Eiyu Densetsu (銀河英雄伝説) aberta aqui no computador desde sábado, eu acho. O lançamento do primeiro livro de Yoshiki Tanaka que iniciou a saga que deu origem à série animada fizeram 30 anos. A Lenda é uma das minhas séries de anime favoritas, ainda que eu não tenha assistido nem ¼ do que foi produzido em cima das adaptações dos livros originais. Dez anos de animação, entre série de TV, OAVs, e Movies, segundo o ANN. Existe um mangá, eu tenho o volume 1, inclusive, mas A Lenda é recordada normalmente pelos livros e pelas animações. Lembro que vi matéria elogiando em uma edição da Animax, comprei alguns VHS com qualidade péssima e legendas em inglês do finado BAC, e amei. Tentei até fazer com que meu tio – o que faleceu – assistisse traduzindo as legendas para ele... Sim, não deu certo. Eu fiquei bem chateada de não lembrar a vingança do Reinhard no último Shoujocast. De repente, em um programa 2.

Assim, muito em linhas gerais, a série se passa em um futuro distante, no qual um (decadente) Império Intergaláctico – inspirado no II Reich – está em guerra contra uma República (falsamente democrática e corrupta) que reúne, também, vários planetas. Há outros envolvidos, mas são essas enormes máquinas políticas e militares que se confrontam em batalhas incríveis com milhares de naves. No plano micro, temos a disputa de dois gênios militares, Reinhard, do lado do Império, e Yang Wen-Li, do lado da república. Wen-Li é um herói de guerra que só queria ser professor de história, mas não tem opção. Já Reinhard é um jovem general, pequeno nobre empobrecido, que deseja se vingar do Imperador que comprara sua irmã mais velha, quando ela ainda era adolescente, para ser sua concubina. Reinhard quer tomar o poder e leva junto consigo um grupo de jovens militares brilhantes. Quem vai vencer? Se haverá um vencedor? Qual serão os desdobramentos para esses estados e para os indivíduos (dezenas de personagens) envolvidos? Bem, bem, eu recomendo pelo menos a série de OAVs em quatro temporadas. A mais longa já feita no Japão. (*Obrigada pela correção, Alexandre!*)

Segundo o ANN, o café de Lenda dos Heróis Galácticos ficará aberto de 21 de janeiro até 4 de fevereiro. Depois, voltará a abrir de 24 de março até 4 de abril. Tudo isso antecedendo a estréia de uma nova peça (não me perguntem como conseguiram adaptar A Lenda para o palco...) de teatro no dia 14 de abril, em Tokyo. A peça fica em cartaz na capital até o dia 22, e, depois, estará em Osaka nos dias 28 e 29 do mesmo mês. O café, chamado Tea Room 2525 (Wen-Li era viciado em chá), funcionará no segundo andar do prédio da Nico Nico Douga. O café exibirá os figurinos da peça de teatro e as 100 primeiras pessoas que comprarem ingresso para a peça na loja da Nico Nico Douga ganharão um autógrafo do ator Ryūichi Kawamura que interpreta Yang Wen-Li na peça. A Lenda dos Heróis Galácticos é a única ficção que eu conheço que tem um historiador como protagonista e ele não é ridículo, idiota ou caricato. Eu adoro o Yang Wen-Li e o Siegfried, que é o “André”, do Reinhard.