quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Comentando Downton Abbey, o filme (Reino Unido/EUA/2019): quando um Bom Roteiro faz toda a diferença


Não sei como conseguiram, mas raramente assisti um filme tão bem executado quanto o de Downton Abbey.  Fizeram uma temporada inteira de oito episódios em duas horas de filme e, o mais importante, todo o elenco, que não é pequeno teve o que fazer. Que roteiro! Quando terminou, eu tive o impeto de aplaudir.  Como ia ficar com vergonha, ou não, vai que o resto do público embarca, eu me contive, mas, sim, há todos os elementos ali para mais um filme, ainda que, e desculpem o spoiler logo de saída, que seja para acompanharmos a despedida da matriarca da família Crawley, a maravilhosa Maggie Smith.

O filme começa em 1927, quando chega a Downton Abbey uma carta dizendo que o rei George V (Simon Jones) e a Rainha Mary (Geraldine James) iriam honrar a família do Conde de Grantham (Hugh Bonneville).  A notícia coloca a casa em polvorosa e Lady Mary (Michelle Dockery) não acredita que o mordomo, Thomas Barrow (Robert James-Collier), está à altura da tarefa e manda convocar o aposentado Carson (Jim Carter), que exercera por muitos anos a função, para preparar a casa para a visita.  Tudo em vão, porque chega de Londres um mini-exército que inclui mordomo (David Haig), governanta (Richenda Carey), chef (Philippe Spall), para serviram aos soberanos.  Será que os criados de Downton aceitariam tal afronta.


Carson é chamado para salvar a honra de Downton.
Com a visita real, várias histórias se cruzam e o incrível foi perceber a capacidade de Julian Fellowes de condensar tudo isso em um filme de míseras duas horas.  E, bem, Fellowes foi perfeito, sem cometer alguns dos deslizes da série, que é ótima, mas tem alguns altos e baixos.  Para quem é fã, trata-se de Downton Abbey como nos acostumamos a ver na TV, que ninguém vá ao cinema esperando outra coisa, mas é a primeira vez que vi uma série televisiva tão bem traduzida para o cinema.

Downton Abbey foi lançado em 2010 e teve seis temporadas, mais os especiais de Natal, fechando em 2015.  Iniciando em 1913, logo depois do naufrágio do Titanic, ela acompanha a vida da família Crawley ao longo dos anos, com pequenos saltos temporais.  Assim, já temos quase vinte anos de história com uma construção geralmente muito cuidadosa das personagens.  A maioria dos que permaneceram durante boa parte da série evoluíram bastante e o objetivo geral de Downton Abbey e montar um painel da mudanças pelas quais a sociedade britânica passou nas primeiras décadas do século XX.  


Matthew Goode chega em tempo para o último baile.
O filme para o cinema vinha sendo planejado desde 2016, ainda que muitos fãs, como eu mesma, tenham chegado a duvidar que iria realmente acontecer.  É notável, também, no filme ver como algumas estrelas da série aceitaram retornar aos seus papéis para terem participações bem menores do que seria em uma temporada de TV.  Ainda assim, Fellowes tratou todos com muito carinho e ainda introduziu novas personagens.

Por exemplo, o bonitinho do Matthew Goode, agora marido de Lady Mary, tem pouquíssimos minutos em tela, mas as suas cenas são importantes para a história, porque mostram o quanto ele é importante na vida da esposa e a apoia, porque ela é o pilar da família.  Ele chega em tempo dos Estados Unidos para o baile e para confortar a esposa depois de todo o estresse que foi a tal visita real.


A Condessa Viúva quer que a prima 
transforme seu filho em herdeiro de seus bens.
Uma das cenas mais importantes do filme, e que me trouxe lágrimas aos olhos, é o diálogo entre Maggie Smith e Michelle Dockery, no qual a matriarca a encarrega de dar continuidade para as tradições da família, porque ela era o futuro, ela deveria manter Downton e preparar a propriedade para as gerações futuras.  Por isso escrevi no primeiro parágrafo que, se houver um segundo filme, e há material para isso, será a despedida de Violet Crawley, a Condessa Viúva.

Como pontuei, são várias histórias que se cruzam, todas elas mantendo o sabor da série.  Umas envolvem os criados, que se unem liderados por Ana (Joanne Froggatt) para terem o direito de servir aos reis.  Outras, envolvem os patrões.  Edith (Laura Carmichael), agora bem casada e sempre com os figurinos mais bonitos desde a terceira temporada, está casada, ama o marido, Bertie (Harry Hadden-Paton), mas não se sente feliz.  Ao longo das várias temporadas de Downton Abbey, ela foi de patinho feio e futura solteirona a mulher independente, elegante e editora de uma revista.  Casar com um marquês, e ela é a dama com o título mais elevado da família, lhe tirou essa liberdade.  Será que em um próximo filme ela vai recuperar o seu lugar no mundo?


Edith tem o título mais elevado, é a mais rica da família, tem um
marido adorável, um figurino espetacular, mas não está tão feliz assim.
Tom Branson, e como fiquei feliz de ver Allen Leech fora do papel de vilão que lhe grudaram na testa nos filmes hollywoodianos (*o último foi Bohemian Rhapsody*), é o braço direito de Mary na administração da propriedade.  Sim, ele é parte da família, mas continua irlandês e republicano, apesar de não mais um revolucionário como na primeira e segunda temporada (*que bate com a Revolução Russa*).  Branson acaba sendo abordado por um sujeito (Stephen Campbell Moore), que só de olhar a gente sabe que é suspeito, que ele primeiro toma por policial, ou agente secreto, mas que, na verdade, era outra coisa muito diferente...  

Sim, há espaço para esse tipo de subtrama no filme, e Branson ainda descobre um novo amor na figura da dama de companhia de Lady Bagshaw (Imelda Staunton).  Lady Bagshaw é prima dos Crawley, viúva e sem filhos.  Violet quer que ela deixe a sua fortuna e propriedades para seu filho, porque seria o correto e não entende por qual motivo ela decidiu que a criada será sua herdeira.  Já a jovem Lucy Smith (Tuppence Middleton) é uma fofa e eu quero que ela e Branson fiquem juntos.  A cena deles dançando do lado de fora, enquanto os nobres dançavam no salão, foi linda, delicada e carregada de sensibilidade. ❤️


Essa cena foi linda.
Mas há um segredo em torno da moça e quem mata a charada e consegue conciliar todo mundo é Isobel (Penelope Wilton), agora, Lady Merton, a amiga que vive se bicando com a Condessa Viúva desde a primeira temporada.  Ela é mãe de Mathew (Dan Stevens), o primeiro marido de Lady Mary, mas não vou recontar o início da história.  No final das contas, Minerva McGonagall e Dolores Umbridge fazem as pazes e se entendem, afinal, ainda que Violet ainda dê umas alfinetadas na prima.  😁

Branson também ajuda a acalmar o coração da Princesa Mary (Kate Phillips), que estava passando por sérios problemas conjugais com seu marido (Andrew Havill).  Há controvérsias sobre essa questão, se a princesa e seu marido muito mais velho tinham um casamento feliz, ou não, mas o fato é que a conversa casual entre os dois, funciona dentro do roteiro.  Branson não sabe que se trata da princesa e fala da importância de retirar o melhor da vida e cumprir o seu dever.  No caso da Princesa Mary, que eram bem popular entre os súditos, é permanecer casada pelo bem da monarquia. 


Não ficaram tão parecidos, eu diria.
Falando em representação dos monarcas, fisicamente não achei nem Simon Jones, nem Geraldine James, muito parecidos com o Rei George V e a Rainha Mary.  No caso da rainha, conhecida pelo seu autocontrole em público, sua rigidez, ela me pareceu humana e gentil demais,  Achei bem mais interessante a representação que deram a ela na primeira temporada de The Crown.  Por tudo o que sei, e não sei muito, era uma Rainha Mary mais próxima da real.  Andrew Havill, o marido da Princesa Mary, parecia saído das pinturas e fotos de época.

Como não assisti a quinta e a sexta temporada da série, perdi o compasso depois do nascimento da Júlia, não conhecia algumas personagens novas, como o jovem criado (footman) apaixonado por Daisy (Sophie McShera). O rapaz (Michael C. Fox) quase estraga a visita real por com ciúmes da moça com o encanador.  E o que surpreendeu foi descobrir o quanto Daisy, que da primeira para a quarta temporada tinha crescido bastante, terminou de desabrochar e se tornou uma mulher com forte personalidade.  Todo mundo empolgadíssimo com a visita real e ela expressando suas opiniões republicanas.  


No melhor da festa... 
E em um filme que discute a importância simbólica da monarquia e das tradições, a necessidade de mudança, o direito de discordar em uma democracia, o papel das mulheres em uma sociedade em transformação, ainda houve espaço para falar de homofobia.  Thomas Barrow, agora mordomo, é uma das personagens mais ricas e sinuosas da série.  Seu caráter sempre foi meio duvidoso, mas ele é fiel à família Crawley, ou, pelo menos, aprendeu a ser, depois de muitas viradas e rasteiras que o roteiro lhe deu.  Desde o primeiríssimo capítulo da série sabemos que ele é gay e, bem, no filme, ele consegue arranjar um namorado decente e quero, claro, que a história dele também tenha continuidade.


...chega a polícia.
A discussão sobre homofobia se dá exatamente quando Barrow, que acabou se dando folga em protesto quando Mr. Carson foi chamado para seu lugar, estava em um bar na cidade de York esperando Richard Ellis (Max Brown), um dos valetes do rei (*não vou explicar a armação dos criados para conseguirem descartar o staff que veio do palácio de Buckingham, veja o filme!😉*).  Como o rapaz demora, ele acaba sendo assediado por um desconhecido.  Sabe o gaydar afiado que era necessário para garantir a própria sobrevivência?  Pois é.  O sujeito leva Barrow para um bar gay subterrâneo e, claro, totalmente ilegal.  A lei inglesa da época previa prisão (*não sei se já castração química*) em caso de homossexualidade masculina. Lembram do filme O Jogo da Imitação?  Vale assistir, também.


Mr. Ellis quer ser mais que um amigo.
Ellis tinham se atrasado e vê quando a polícia dá uma batida no estabelecimento e leva todo mundo preso.  Até cheguei a pensar que ele tinha feito a denúncia, mas o jovem vai ao resgate de Barrow e dá uma carteirada na delegacia (*ele é valete do rei, Barrow é mordomo de um conde*).  Em seguida, ele acolhe o sujeito e lhe dá uns conselhos sobre como guardar segredo, se proteger e, ainda assim, conseguir afeto de verdade, não migalhas.  E ainda temos uma conversa que lembrou muito a de Luccino e Otávio em Orgulho e Paixão sobre o mesmo tema.  Como será o mundo em 50 anos?  Será que ainda será necessário se esconder?  Foi uma das melhores partes do filme e uma das mais inesperadas.

Olha e tudo se encaixou tão bem nesse roteiro!  Nunca conseguiria imaginar que Julian Fellowes iria conseguir criar tramas para todos os personagens, retomar eventos passado sem exigir que a audiência do filme fosse especialista na série, e contar uma história única.  Fiquei encantada com a execução da coisa toda e, claro, em reencontrar personagens queridas.  Ele deixou vários ganchos para um próximo filme sem, contudo, deixar as coisas em aberto.  Se rolar, rolou.  


Cora (Elizabeth McGovern) e o marido ficam
empolgadíssimos com a visita real. 
Ela é americana e
acredita que pode ser um pouco "vulgar" ao expressar sua emoção.
O filme, claro, cumpre a Bechdel Rule, com personagens femininas para quase todos os gostos, com nomes, conversando entre si e tudo mais.   Downton Abbey não é um filme feminista, mas é uma crônica sobre as mudanças dos tempos e dos costumes, como todo mundo tinha que ser contemplado (*e foi*), não daria muito tempo para discutir a questão de Edith para além do que foi feito.  É através dela, em especial, que as questões feministas eram abordadas na série depois da morte da filha mais nova do Conde, Sybil (Jessica Brown Findlay), esposa de Branson (*que no começo da série era o chofer da família*).


A sequência mais emocionante do filme.  Maggie Smith
é magnífica e Michelle Dockery é extremamente talentosa, também.
É isso, não quero estender os spoilers, fiquei realmente feliz e satisfeita com o filme, com a execução de um produto que eu achava que iria sair bem mais ou menos.  O filme merece todo o sucesso e elogios que vem recebendo.  Preciso assistir as temporadas que não vi, talvez voltar para a temporada quatro e fazer a resenha.  Enfim, Downton Abbey é uma série muito querida e sou grata a minha amiga Natania por ter insistido tanto pare que eu assistisse.  Eu sou chata quando insistem comigo para ler, ou assistir alguma coisa, mas valeu a pena.  Se vocês quiserem ler minhas resenhas das três primeiras temporadas, eá só clicar nos links (*1-2-3*).


quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Entrevista Traduzida: Chiho Saito para o site Manga News



Lembram do evento com mangá-kas sobre Arsène Lupin que aconteceu na França?  Lembram que Chiho Saito, autora de Shoujo Kakumei Utena, estava presente?  pois bem, o Manga News publicou uma entrevista com ela.  Eu já havia traduzido a de Yoko Iwasaki, ambas as mangá-kas publicam mangás sobre Arsène Lupin.  

Ao longo da entrevista, me parece que o interesse é menos por VS Lupin (VSルパン) e mais por Shoujo Kakumei Utena (少女革命ウテナ) e Le Vicomte de Valmont ~Les Liaisons Dangereuses~ (Shishaku Valmont ~Kiken na Kankei~ /子爵ヴァルモン~危険な関係~), as única sobras de Saito que foram publicadas na França.  E isso é realmente surpreendente.  O mercado francês é imenso, mas as lacunas, quando a gente as descobre, são realmente assustadoras.  Enfim, é uma entrevista curta, o original pode ser lido aqui:


Devem ter pedido para ela desenhar Utena.
Manganews: Chiho Saito, muito obrigado por aceitar esta entrevista, é uma honra tê-lo na nossa frente. Na França, você é especialmente conhecido por 2 mangas: Utena e Le Vicomte de Valmont.  Como nasceu o projeto Utena?

Chiho Saito: Na origem do projeto Utena, há meu amigo Kunihiko Ikuhara. Ele queria fazer um anime apoiado por outras mídias, e me pediu para criar o design dos personagens. Eu cuidei do desenho do mangá e do design de personagens do anime.

Utena no início do mangá era loura
 e tinha uniforme rosa.
MN: Você sabe por que Kunihiko Ikuhara escolheu você?

Chiho Saito: Ele olhou para o meu estilo de desenho e adorou, achou que ele se encaixava perfeitamente no trabalho.

MN: Qual foi o personagem mais complexo de desenhar, geralmente eles têm uma aparência própria?

Chiho Saito: O design de Utena deveria ser bem marcante. Em relação a Anthy, ele precisava de uma certa doçura.


As coisas mudaram para se ajustar ao anime.
MN: Como foi trabalhar com Kunihiko Ikuhara?

Chiho Saito: Tudo começou um ano e meio antes da realização do anime. Comecei desenhando o mangá, antes do anime chegar, e naquele momento o anime deveria ter apenas 5 episódios. Posteriormente, o projeto do anime finalmente se desenvolveu e, após seu lançamento, ele rapidamente alcançou o mangá, porque seguir o mesmo ritmo do anime no mangá teria sido muito difícil, se não impossível. E no final, o anime e o mangá são um pouco diferentes. Podemos dizer que até o episódio 5, o mangá e o anime estão muito próximos, e que depois disso eles se separam.


Ela fez com Valmont o que fez com
Cesar Borgia em Kakan no Madona.  Vilão sedutor.
MN: Utena é um trabalho que marcou sua época, abordando temas fortes, especialmente em torno da adolescência. O que faz você trabalhar em uma obra tão cult? O que isso representa para você? Qual era o seu estado de espírito quando estava trabalhando em Utena?

Chiho Saito: No começo, eu mesma não sabia como a história deveria se desenrolar. Então, mais e mais pessoas passaram a colaborar no projeto, e é por isso que a história cresceu. Fiquei surpresa, porque esses desenvolvimentos eram diferentes da imagem que eu tinha do projeto no início.
A arte de Chiho Saito é muito bonita.
MN: O que fez você querer adaptar Ligações Perigosas para mangá com o nome de Le Vicomte de Valmont?

Chiho Saito: Eu vi o filme francês, cuja história continua sendo minha versão favorita. É este filme que me fez querer fazer uma versão em mangá.


Valmont, bonitinho e ordinário.
MN: O que você queria trazer para o romance original?

Chiho Saito: Na verdade, Valmont é alguém ruim. Ele pensa nele em primeiro lugar, sem realmente se preocupar com os outros, em magoá-los. Pessoalmente, prefiro retratá-lo como um herói, apesar dessa imagem negativa.


O mangá tem quatro volumes até o momento.
MN: Desde 2012, você publica na revista Zoukan Flowers Shogakukan VS Lupin, um mangá baseado nos romances de Arsène Lupin. Você pode falar um pouco sobre isso? Quais são suas ambições com essa obra?

Chiho Saito: Os fãs dos meus mangás costumam ter vinte ou trinta anos. Quero alcançá-los, romantizando as aventuras de Arsene Lupin para fazê-los descobrir a personagem ou torná-la mais acessível.

O Lupin de Chiho Saito é moreno,
o de Yoko Iwasaki é louro.
Entrevista realizada por Koiwai. Agradecimentos a Yoko Iwasaki, bem como a Hiroko Ogawa (organizador e intérprete durante o evento), Patrick Gueulle (vice-presidente da Associação dos Amigos de Arsène Lupin) e Pierre-Antoine Dumarquez (1º vice-prefeito de Etretat, presidente de Clos Lupin - Maurice Leblanc House e presidente honorário da Associação de Amigos de Arsene Lupin).

Se Arsène Lupin é apaixonante para você, se você quiser aprofundar seu conhecimento sobre as aventuras dele e os lugares reais que ele visita, só podemos aconselhá-lo a comprar o diário de bordo do Sr. Gueulle, disponível em formato digital nos sites de venda.


Falei de Sherlock Holmes com uma das minhas turmas hoje... E, sim, foi bem legal!


Faz tempo que não falo de Sherlock Holmes, mas quem frequenta o Shoujo Café há muito tempo, sabe que sou fã da personagem.  Enfim, hoje, falei de Sherlock Holmes em uma das minhas turmas e vários alunos e alunas eram leitores. E é sempre uma delícia descobrir isso, adolescentes fãs de Sherlock Holmes, porque eu comecei a ler os contos da personagem lá com meus 13 anos e por causa do filme O Enigma da Pirâmide.  

Eles e elas me perguntaram quais eram meus contos favoritos (*Um Escândalo na Boêmia, A Ponte de Thor, As cinco Sementes de Laranja, O Vampiro de Sussex*), acabei esquecendo de citar o Pé do Diabo, um dos que eu mais gosto, da Ciclista Solitária e de outros, mas eu estava no final da aula e precisava ir para outra turma.  Mas aproveitei para recomendar Arsène Lupin para eles. É tão divertido quando esse tipo de coisa acontece.

O seriado soviético das aventuras de
Sherlock Holmes é muito bom.
Mas tudo começou "on topic", por assim dizer, eu estava mais uma vez dizendo que estudar História não pode ser como abrir um gaveteiro. Você usa o que tem dentro da gaveta e esquece. Infelizmente, muitos professores devem induzir os alunos e alunas a pensarem desse jeito.  Sempre digo que você precisa navegar como em um computador, clicando nos links, fazendo as pontes e voltando para onde estava. 

E por qual motivo lembrei de Holmes? Porque ele é um mau exemplo nesse caso, ele dizia que fazia questão de esquecer de tudo o que aprendia e não tinha a ver com seu trabalho, porque o cérebro não é um sótão para ficar entulhado.  Procurando a citação completa (*acredito que está no Estudo em Vermelho*), acabei tropeçando em um texto que elogia essa atitude com um "foque no que te faz feliz".  Ser feliz é importante, mas veja a encrenca que é não saber a História do seu próprio país. A passagem de Holmes é essa:

Um Estudo em Vermelho é a estreia do detetive,
mas recomendo começar pelos contos.
"Eu considero que a mente humana é originalmente como um sotão vazio que você usa para estocar mobília de acordo com a sua escolha. Um tolo pega tudo de qualquer coisa, de forma que o conhecimento que poderia ser útil para ele fica amontoado, ou no máximo, misturado a um monte de outras coisas, o que torna difícil que coloque suas mãos nele. Mas o trabalhador hábil é cuidadoso com o que leva para o sotão do cérebro. Ele não terá nada, a não ser as ferramentas que possam ajudá-lo a fazer o seu trabalho, e dessas ele tem uma grande variedade, e todas na mais perfeita ordem.  É um erro pensar que um quarto pequeno tenha paredes elásticas e possa distender-se a qualquer tamanho. Dependendo disto, chega uma hora que para cada adição de conhecimento, você esquece alguma coisa que sabia antes. Isto é de grande importância, ou seja, não ter fatos inúteis acotovelando para fora os úteis."

Mas se quiser um Sherlock Holmes inglês,
procure o seriado da BBC com Jeremy Brett. 
De novo, a questão não é acumular informações, mas ser capaz de fazer as relações corretas.  Saber tudo de tudo é impossível, seria um exercício vão, afinal, o conhecimento é construído o tempo inteiro, mas não se pode, pelo menos em História, ou quando você está se preparando para os exames, achar que as coisas podem ser compartimentadas e esquecidas.  

E como esse papo doido começou?  Falávamos de tratados de limites, mais especificamente dos Tratados de Utrecht e se eles tinham a ver com o Marquês de Pombal.  Expliquei que tinham a ver com a Guerra de Sucessão ao Trono de Espanha e, claro, vi as caras de "De que ela está falando mesmo?".  Enfim, espero que minhas aulas não sejam loucas demais para os meninos e meninas do 1º Ano.

Rosa de Versalhes é usada até para vender chá e café no Japão


A Kobe Black Tea em conjunto com Riyoko Ikeda lançaram no Japão, em edição limitada, dois tipos de chá mais pacotinhos de café com as personagens da Rosa de Versalhes.   Com Oscar na caixa temos o Best Earl Gray.  Nunca bebi esse chá, mas lembrei que é o favorito do capitão Jean-Luc Picard da nova Geração de Jornada nas Estrelas.  Eu sei, eu sei, uma coisa nada tem a ver com a outra, salvo o fato de eu ser trekker, também.  
Enfim, a outra caixinha traz Maria Antonieta na caixa a se chama Enchanting Queen's Highland.  Existe esse tipo de chá?  Mas, se você gosta é de café, temos cinco cápsulas (*eu imagino que sejam, ilustradas com personagens da série, mas não é café puro, mas eu não sei japonês suficiente para entende direito qual é a mistura.  Sempre que a coisa vem em cinco, é Gerodelle quem entra.  Não que eu esteja reclamando.


A caixinha de Earl Gray e o Enchanted Queen's Highland com 16 pacotinhos cada custam 780 ienes.  Já o Café de Versailles (*o nome é esse*), custa 980 ienes.

Buscas por livros citados em novela crescem até 15%

Não assisto a novela Bom Sucesso, mas fico muito feliz em ler esse tipo de coisa.  Antes da novela estrear, lembro que comentei em um vídeo do Coisas de TV que não dava um mês para a novela perder o foco e que não iriam mais falar de literatura.  Bem, eu estava errada e se as pessoas passarem a ler mais por causa da novela, ela já terá feito um grande bem.  Uma das autoras da novela, Rosane Svartman, disse o seguinte: "Essa é nossa ambição ou nosso sonho. Uma telenovela fala para um público tão massivo, tão numeroso, que seria maravilhoso se uma parcela desse público ficasse a fim de ler, não só os livros que citamos, mas qualquer livro."  A matéria completa está aqui.

E foi o foi o mesmo que aconteceu quando passou Orgulho & Paixão e uma das minhas alunas veio me perguntar sobre a novela e terminou encantada, porque conheceu Jane Austen e terminou lendo Orgulho & Preconceito em um fim de semana.  E quer saber?  Eu que não tinha conseguido gostar de Éramos Seis na adolescência comprei o livro e estou lendo.  Aliás, agora que sou mãe, me sinto mais próxima da D. Lola.  Tudo a seu tempo e agradeço à novela.  Estou devendo outro texto, aliás.

Wataru Yoshimizu estreia novo mangá na revista Cocohana


Wataru Yoshimizu, que é sempre lembrada por ser mangá Marmalade Boy (ママレード・ボーイ), estreou uma nova série na revista Cocohana, o nome do mangá é Caramel Cinnamon Popcorn (キャラメル シナモン ポップコーン).  Achei um nome simpático e fofinho, enfim.


O que sabemos da história é o seguinte, Kanna é uma mulher de 26 anos e tem um excelente emprego na área de marketing de um estúdio de cinema.  Apesar de fazer o que gosta, ela se sente solitária e pensa que em um piscar de olhos vai estar com 30, 40 anos e solteira.  Um dia, termina encontrando com uma pessoa e deseja rever aquele homem de qualquer maneira.  É isso que entendi do Comic Natalie.  Logo deve aparecer alguma scanlation.

terça-feira, 29 de outubro de 2019

Coleção de perfumes de Hetalia lançado no Japão


Quando eu penso que uma série tinha sido esquecida (*ainda que eu tenha recomendado para uns alunos na semana passada*), ela volta, mas se é legal, se é divertido, os japoneses não esquecem mesmo.  Para quem não conhece a série, Hetalia: Axis Powers (ヘタリア Axis Powers), de Hidekaz Himaruya, conta a história do mundo, especialmente a 2ª Guerra Mundial usando personagens que são as nações antropomorfizadas.  Hetalia em de Hen (estranho) + Itália, porque a personagem que representava o país é fofinho e atrapalhado.  enfim, o que começou com rabiscos durante as aulas virou mangá, anime, peça de teatro e mil produtos.


O lançamento é edição limitada da grife SuperGroupies e tem os seguintes países  Itália, Alemanha, Japão, Estados Unidos, Inglaterra, França, Rússia, e China.  Na página do Comic Natalie há fotos lindas.  Para salvá-las e publicá-las aqui teria que fazer a conversão para outro formato.  Visitem o CN e deem uma olhada, são lindas.  E, para quem quiser o mangá, a Newpop publicou os seis volumes no Brasil e eles estão disponíveis no Amazon: 1 - 2 - 3 - 4 - 5 - 6.

Hagio Moto recebe prêmio do Governo Japonês pela sua importância para a cultura do país


Hagio Moto recebeu uma das maiores condecorações que um artista pode receber no Japão, o prêmio de mérito cultural.  A premiação é concedida pelo Ministério da Educação, Cultura, Esportes Ciência e Tecnologia (*Sim, você pode ter um ministério juntando tudo isso, desde que ele funcione bem*) para aqueles que contribuíram para a cultura do país e, bem, Hagio Moto é uma das mais importantes mangá-kas do Japão, ainda que em nosso país nada de sua vastíssima obra tenha sido publicado.  

E, para quem nunca leu as entrevistas dela traduzidas, aqui, no blog, a mãe da mangá-ka era contra a sua carreira, tentou obstruí-la e enquanto viva (*não sei se já faleceu*), dizia para todo mundo que a filha era professora de artes, porque considerava uma vergonha fazer mangá.  enfim, segundo o Comic Natalie, a página da revista Flowers colocou no ar uma matéria sobre a premiação e os agradecimentos de Hagio Moto a todos os seus leitores e leitoras e ao comitê que decidiu honrá-la com a comenda.

Super Gals! ganha continuação DEZESSETE ANOS depois


Tinha visto no Twitter e como meu japonês é inexistente, não tinha entendido.  A mangá-ka Mihona Fujii vai continuar o seu maior sucesso, Super Gals! (スパイシー・ガール!) dezessete anos depois.  Segundo o ANN, não se trata de um gaiden, mas de continuação.  Bem, será que a autora vai retomar de onde parou?  O mangá original, que era muito, muito bom, falava das modas do início do nosso século com as meninas divididas nas mais diferentes tribos (*white gals, ganguro, gonguro etc.*) e seus conflitos.  Além disso, Super Gals fazia um trabalho muito bom de conscientização contra a prostituição de colegiais.

Traço do mangá.
Até achava que alguma coisa iria acontecer em relação ao mangá, porque o original, que teve 10 volumes, foi lançado em formato digital com grande propaganda, mas não esperava uma continuação.  Enfim, o novo mangá, ou a continuação, irá ser publicada no aplicativo Manga Mee a partir de 5 de novembro.  A série original foi publicada entre 1998 e 2002 e houve um anime com 52 episódios em 2001.  

Imagem do anime.
A protagonista da série se chama Kotobuki Ran, ela é filha de policiais, vem de uma família séria, enfim, mas só quer se divertir, ser popular e andar na moda. Só que sem se prostituir, ou se meter em situações realmente perigosas como outras colegas.  Ela tem duas amigas e vive em conflito com rivais de outra escola.  Uma das minhas passagens favoritas da série é quando a principal rival de Ran contrata um garoto para seduzi-la e conseguir humilhá-la publicamente.  O moço se apaixona pela protagonista de verdade e termina entregando o plano inteiro e se declarando.  Ainda assim, Kotobuki Ran não o perdoa e dá-lhe uma grande surra, porque, sim, ela tem a mão pesada, ainda que não pareça.  É isso.  Espero que o mangá dê certo.

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Kamio Yoko anuncia que Hana Nochi Hare ~Hanadan Next Season~ está na reta final


Hana Nochi Hare ~Hanadan Next Season~ (花のち晴れ~花男 Next Season~), a continuação de Hana Yori Dango  (花より男子) começou a ser publicado em fevereiro de 2015 e conta com 12 volumes.  Hoje, no Twitter, a autora anunciou que a série está na reta final.  E falou em dias para terminar, enfim, é esperar para ver.  Quando li o anúncio no Twitter estava escrevendo uma resenha dos três primeiros volumes da série.  Deve entrar no blog amanhã.

Duas mulheres comuns ganham poderes e se tornam super-heroínas em novo filme da Netflix


O Daily Mail publicou uma série de fotos e algumas informações sobre Thunder Force, novo filme da Netflix com Melissa McCarthy e Octavia Spencer.  Sim!  Eu assistiria só por essa dupla e os uniformes super-heroicos ficaram muito legais.


 O diretor do filme é Ben Falcone, marido de McCarthy com quem co-produz a película.  Enfim, sem previsão de estréia ainda, mas há várias fotos no post.  Deem uma olhadinha.  Espero que seja um filme legal.

Desculpe, mas chega de acreditar nesse papo de que os brasileiros nunca lutaram por coisa alguma


Não quero expor ninguém, mas quando vejo esse tipo de afirmação, de que nossa independência foi dada, só me convenço do quanto fomos bem adestrados pelas diferentes mídias e pela escola tradicional.  Acreditamos mesmo que somos um povo cordial, assim, bem homogêneo, chegados em um “jeitinho”, sempre fugindo do pesado e que vivemos todos segundo o refrão da música de Zeca Pagodinho "Deixa a vida me levar".  Para começo de conversa, o livro 1822 do Laurentino Gomes, leitura bem acessível, um tipo de História que não agrada muitos acadêmicos, mas tem grande função social, já serviria para mostrar que, sim, houve luta de independência, houve resistência aos portugueses e mesmo a D. Pedro I, houve homens e mulheres que morreram nesse processo.  Sim, vai ser outro artigo de opinião, mas eu precisava, escrevê-lo.

no caso da Bahia, pois a luta de independência começou mais cedo por lá, podemos listar Maria Quitéria, que se travestiu de homem para se alistar e lutar, a nossa Mulan de carne e osso; a negra Maria Felipa, da qual não conhecemos o rosto, mas os feitos; e Soror Joana Angélica, religiosa morta por soldados portugueses por tentar-lhes barrar o caminho.  Antes mesmo de chegarmos à independência de fato, feita com a participação decisiva de D. Pedro I,  podemos lembrar da Inconfidência Mineira, da Conjuração Baiana, da Revolução Pernambucana etc.  Gente que desejou e lutou bem antes de pela independência do Brasil em relação a Portugal e pela fundação de uma república.

Tem filme sobre a Revolução Pernambucana?  Tem. 
E mostra a participação das mulheres e suas contradições.  Está no Youtube.
Mais tarde, houve aqueles que não concordaram com o modelo que as elites da Corte decidiram que seria o do Brasil independente e resistiram à monarquia.   Sim, os rebeldes da Confederação do Equador (1824) não são traidores, eles, simplesmente, queriam um outro modelo de Brasil.  O Grão-Pará e o Maranhão só foram adicionados ao Brasil... Ah, você não sabia?  Eles tinham um governo separado fazia muito tempo.  Enfim, só foram anexados ao Brasil, à força, em 1823.  E nem vou falar do Período Regencial, porque foi ali que se decidiu o destino dessa nação.  Se seríamos implodidos, por interesses e necessidades locais, ou se ficaríamos unidos em uma grande e diversificada nação, ainda que, repito, com grande derramamento de sangue.

Nossa independência não foi um passeio, não foi feita sem sangue.  E D. Pedro I, que cresceu aqui, que era mais brasileiro que português, não era um fantoche.  Você não precisa ser monarquista para reconhecer-lhe o esforço, que incluiu, também, ser violento com quem se opunha à independência e ao seu governo, ou a participação decisiva de D. Leopoldina nesse processo todo, mesmo que no seu livro didático ela mal aparecesse em dois parágrafos.  

O quadro de Pedro Américo, de 1888, é um texto como outro qualquer
e precisa ser lido, não é uma reprodução dos fatos,
muito menos uma imagem fiel dos mesmos.
Nossa independência não foi dada, ela foi conquistada, ainda que não seguindo o mesmo modelo dos nossos irmãos latino americanos.  Não viramos república, mas monarquia.  Não abolimos rapidamente a escravidão, ainda que mantendo a desigualdade social e étnica.  Não tivemos caudilhos como presidentes, mas um príncipe português que, repito, era muito mais brasileiro que vários brasileiros de sua época.  Mas o processo começou muito antes de sete de setembro e foi cimentado com sangue e tinta de homens e mulheres, de negros, índios e brancos, não foi presente.  E as pessoas deveriam, sim, ler um tiquinho mais sobre as independências de nossos vizinhos e veriam que, no caso do Chile, o padrão seguido foi um tanto diferente da média dos coleguinhas latino americanos e não sei se cabe julgar se para melhor, ou para pior.

De resto, e concluindo, é fundamental para a nossa inércia que se repita a cada instante, seja nas escolas, nos jornais, na TV, na rádio, nos canais do Youtube que somos submissos, que nunca conquistamos nada, que somos corruptos nas origens (*ofendendo os portugueses e fechando os olhos para a História de outros países*), fracos, enfim.  Ao mesmo tempo, qualquer manifestação popular, ou é ignorada, ou é demonizada, ao gosto do freguês, normalmente, para satisfazer aos interesses dos que nos desejam realmente calados e submissos.

Em São Paulo, o #EleNão reuniu aproximadamente 500 mil pessoas. 
Mesmo lideranças de esquerda demonizaram a manifestação com
 base em fotos falsas e na difamação do ato por parte da campanha
do atual presidente.  Se nos calamos, somos ovelhinhas, se
nos manifestamos, somos repreendidos.  E segue o baile. 
Aliás, faz um ano que ele foi eleito.  Vai ter festa?  Vai ter bolo?  
Se você repete, repete, repete  um discurso, acaba criando uma verdade.  E, bem, essa realidade criada é muito útil para que nos roubem os direitos, para que nos sintamos um lixo.  E nem é preciso mudar a História, só bastaria estudá-la com olhos atentos à diversidade e com mais empatia mesmo por membros das elites que em um determinado contexto fizeram o melhor que podiam dentro das suas condições de produção. Ninguém nos deu a nossa independência, ainda que o quadro não tenha sido aquele que você desejaria que tivesse sido pintado.

Desenho da Turma da Mônica Jovem estreia em novembro na Cartoon Network

Dia desses, apareceu para mim a abertura do desenho, mas não tinha certeza de quando iria estrear.  Hoje, a UOL trouxe uma matéria intitulada "Mauricio de Sousa aposta em anime da Turma da Mônica Jovem".  Segundo a matéria: "No dia 7, o Cartoon Network vai exibir os 13 episódios da primeira temporada. Cada capítulo abordará a vida dos quatro personagens centrais (Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali) e de seus principais amigos (Marina, Denise, Jeremias, Titi e Xaveco), passando por assuntos comuns à adolescência, como amizade, bullying e mundo virtual, entre outros."

Mais adiante, é dito que as histórias não tem uma sequência, mas formarão arcos e que nos dias 2 e 3 de novembro haverá uma pré-estreia na rede Cinemark com um compilado com 80 minutos.  Já estou me imaginando assistindo isso com Júlia, vamos ver... A série terá um lançamento multimídia e haverá uma playlist de TMJ no Spotify.  Enfim, vamos ver como vai ficar isso.  

Kaze Hikaru chega ao seu final na revista Flowers!!!!!!!


Kaze Hikaru (風光る) é um mangá histórico que foi iniciado em 1997 na revista Flowers e continua sendo publicado até os nossos dias.  A série começa em 1863, no meio da guerra civil resultante do processo de derrubada do Shogunato Tokugawa.  a protagonista, Sei Tominaga, é uma adolescente filha de uma família de médicos.  Seus parentes são massacrados por samurai contra o Shogunato.  A menina, a única sobrevivente, decide fazer a tonsura de samurai, adota o nome de Kamiya Seizaburo, e se junta ao Shinsengumi, grupo que defende a velha ordem.  O objetivo de Sei é vingar o irmão e o pai, mas, enfim, logo no primeiro volume, ela é descoberta por um companheiro Okita Souji, um excelente espadachim que decide proteger o segredo da moça, e torce para que ela volte a ser uma moça normal.  Ele, claro, está apaixonado para ela.  

Há uma frase no primeiro volume que me marcou bastante, Souji diz mais ou menos que uma garota que é capaz de fazer o que ela fez com seu cabelo, não pode ser uma pessoa comum.  Minha bronca com Kaze Hikaru é que é longo demais, deve fechar com 44, ou 45 volumes, e acho o traço de  Taeko Watanabe muito fofinho, bonitinho, para o tipo de história que parece ser Kaze Hikaru.  Eu tenho os primeiros cinco volumes, talvez, me anime a retomar a série.


No entanto, a autora já anunciou que em dezembro estreia sua nova série que se chamará Kaze Hikary Kawaraban (風光るかわら版), ou seja, ela vai continuar a série, ou vai desenvolver um gaiden no mesmo universo de Kaze Hikaru.  Não há detalhes no Comic Natalie, salvo que o primeiro capítulo terá páginas coloridas e, provavelmente, ocupará a capa da edição.  Eu realmente torço por um dorama de Kaze Hikaru, acredito que uma série, ou várias, contando a história do mangá com atores de verdade poderia ficar legal.

Arakawa Hiromu lança mais um volume do seu mangá Hyakushou Kizoku


Arakawa Hiromu é conhecida no mundo inteiro por seu mangá Full Metal Alchemist (鋼の錬金術師).  Bem sucedida publicando shounen mangá, ela é uma das mulheres mais importantes da indústria de mangá da sua geração.  É dela, também, Gin no Saji, que mostra o dia-a-dia de um adolescente que optou por cursar uma escola técnica de agronomia no interior do Japão.  Em Gin no Saji (銀の匙) a autora coloca à serviço de uma narrativa de shounen mangá mais convencional os seus conhecimentos sobre o tema.  Bem, ela conhece profundamente o assunto, porque trabalhou durante oito anos em Hokkaido em uma fazenda de produção de laticínios com seus pais.  E ela vem de uma família grande com três irmãs e um irmão.  Totalmente fora da curva no Japão.



Hyakushou Kizoku (百姓貴族)  começou a ser publicado em 2008, não na revista Wings, mas acabou parando lá, e é o mangá autobiográfico da autora contando seu dia-a-dia em uma fazenda cuidando de plantações e das criações de animais.  É uma comédia, claro, mas tenta ensinar para a leitora, ou o leitor, de onde vem a sua comida e dos desafios que a gente do interior do Japão enfrenta.  Arakawa normalmente se desenha como uma vaquinha leiteira, todas as capas do mangá trazem essa vaquinha.  


A série chegou ao seu volume #6, lançado em duas versões, a regular e uma especial com uma figure de brinde.  Peço desculpas por ter postado em um primeiro momento que o mangá tinha sido encerrado, entendi errado a informação.  Parece que a série, que sai lentamente no Japão, ainda vai continuar sendo publicada.

domingo, 27 de outubro de 2019

Animes clássicos são homenageados em murais de cidade italiana


San Gavino Monreale, uma pequena cidade na ilha da Sardenha, Itália, deve ser um lugar encantador para quem gosta de lugares com sítios históricos para visitar, o clima deve ser ótimo, também, mas o lugarejo é conhecido pela "Street Art", grafites e granes pinturas murais.  Há de tudo e, bem, apesar dos sites que eu encontrei não trazerem esse mural especificamente, há homenagem aos animes clássicos, também.  Muito bonito. Há várias fotos aqui.

Um dos mais bonitos é este.
No mural podemos ler "Combatte per ció che senti dentro de te!" (Lute por aquilo que sente dentro de você!) e "La fiamma interiore della speranza é la luce del cuore." (A chama interna da esperança é a luz do coração.).  O animes em evidência são Capitão Harlock, Super Campeões, A Rosa de Versalhes (Lady Oscar), Candy Candy, Attacker You!.  Cortados temos Creamy Mammy e Lupin III.   O do menino com os bichinhos não consegui identificar.

O mural principal dos animes sendo pintado.  Há Heide,
Pollon (Olympos no Polon) e One Piece. O lado oposto
nunca aparece, duvido que não tenha Sailor Moon.
Procurando, encontrei uma matéria falando somente dos murais com desenhos animados.  Disney e anime, basicamente.  O autor na matéria que os desenhos animados são a linguagem universal.