segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Chiho Saito vai publicar gaiden de Torikae Baya na revista Flowers este ano

Torikaebaya Monogatari (とりかへばや物語) é uma obra do final do período Heian (794-1185) que conta a história de um alto funcionário da corte do imperador que encontra um tengu (um tipo de youkai) e o ofende de alguma forma.  O youkai lança uma maldição sobre ele, dizendo que os filhos que ele tivesse teriam seu gênero trocado.  Em algumas versões, o irmão e a irmã são gêmeos, em outras, filhos de mulheres diferentes.  O fato é que o menino é uma dama perfeita e a menina o mais qualificado guerreiro e intelectual.  Ninguém pode saber o sexo biológico das crianças e, quando chega a época certa, eles são enviados para a corte do imperador.  

Daí, começa a confusão, porque o filho acaba atraindo a atenção do herdeiro do imperador, que o deseja como concubina, e a filha acaba com várias damas interessadas por ela, apesar de estar apaixonada pelo melhor amigo, que não sabe seu segredo.   No final, depois de uma série de acontecimentos, por exemplo, a filha engravida do melhor amigo, o tengu desfaz a maldição e tudo retorna aos seus devidos lugares, isto é, o filho e a filha passam a se comportar segundo as expectativas de gênero daquela sociedade.

Ao que parece, há vários manuscritos, nos mais antigos, a história seria uma dramédia apimentada, o que fez com que, durante um bom tempo, alguns questionassem que a obra, apesar de se enquadrar nos moldes da literatura escrita por mulheres na corte Heian, pudesse ter sido escrita por uma mulher por ser muito indecente.  Há outras versões mais dramáticas e com menos elementos de humor e sexo.  O mangá de Chiho Saito caminha nos passos dessas versões menos escandalosas.  Torikae Baya (とりかえ・ばや) foi publicado na revista Flowers entre 2012 e 2018, terminando com 13 volumes.  Eu tenho o original em casa, mas nunca pude ler, porque nem scanlations tem.   Torikae Baya já foi transformado em mangá mais de uma vez e teve montagem do Takarazuka, além de referências em outras obras clássicas e populares.

Segundo o Twitter da revista Flowers, o gaiden sairá na edição da Flowers de 28 de fevereiro e terá direito à capa e páginas coloridas.  Estamos comemorando em 2022 os 40 anos de carreira de Chiho Saito e já anunciaram eventos de Utena e outras coisas mais.  Aliás, como é o ano dos 50 anos da Rosa de Versalhes (ベルサイユのばら), não me surpreenderia se houvesse alguma celebração unindo Shoujo Kakumei Utena (少女革命ウテナ) e o mangá de Chiho Saito.

Além disso, vi no Manga Mogura que o mangá Ao no Hana Utsuwa no Mori (青の花 器の森), de Yuki Kodama, termina este mês na mesma revista.  A série gira em torno da arte da cerâmica e suas abordagens, além de retratar uma história de amor, claro.  Yuki Kodama conseguiu se projetar internacionalmente com seu mangá Sakamichi no Apollon , que teve anime, live action e recebeu o 57º Shogakukan Manga Awards na categoria geral, que normalmente não premia mangás femininos. 

domingo, 30 de janeiro de 2022

Newpop cria selo Sakura voltado para mangás shoujo e josei anuncia novos títulos

,Está garantido o destaque para a editora na retrospectiva deste ano.  Espero estar viva para fazê-lo em dezembro de 2022.  Vou tentar resumir tudo e estou usando como base as publicações dos Lacradores Desintoxicados, mas para saber dos ONZE títulos BL anunciados, visitem o Blyme, porque a Pachi fez um post comentando tudinho.

Começando pelo quadrinho coreano, a Newpop anunciou Villains Are Destined to Die (Vilãs estão destinadas a morrer) de Gwon Gyeoeul e Suol.  Só que nao teremos somente o quadrinho, mas a novel que deu origem ao material.  É isekai, mulher vai parar dentro de game: "Esse jogo me deixou obcecada! É como se tivesse tomado conta da minha vida... espere — MODO DIFÍCIL ATIVADO. Não não não não não! Ele literalmente me pegou e me jogou no papel de Penelope Eckhart. O amor é fácil como a heroína, mas como a odiada vilã, estou me esforçando muito para não morrer... nas mãos de meus irmãos... o príncipe... um garfo... todo final possível é a morte! Este mundo está empilhado contra mim, mas será que minha inteligência e conhecimento de jogo podem conquistar o afeto desses personagens masculinos? Ou o botão de reset??" (Bakaupdates).  Sei que é moda, há coisa muito divertida nesse gênero, mas eu estou um tanto saturada.  Se a Newpop quiser lançar Tensei Shoya kara Musabari Ecchi ~Ouji no Honmei wa Akuyaku Reijou~ (転生初夜からむさぼりエッチ~王子の本命は悪役令嬢) não reclamarei MESMO.  E ainda vai desbravar o TL (teen love) no Brasil. 

Outro lançamento importante é Hitori Koukan Nikki (一人交換日記), com título nacional Diário da Minha Experiência Comigo Mesma, de Kabi Nagata, já publicada pela editora anteriormente, porque é autora de Sabishisugite Lesbian Fuzoku ni Ikimashita Report (さびしすぎてレズ風俗に行きましたレポ) ou My Lesbian Experience with Loneliness.  Há quem esteja dizendo que é josei, eu mesma me confundi, mas saiu na Big Comic Special.  A autora começou no Pixiv, mas este seu mangá foi publicado em uma edição especial de uma das mais importantes revistas seinen e que é lida por muitas mulheres. Enfim, resumo do Bakaupdates"Nagata Kabi usa quadrinhos diários envolventes para explorar seus problemas pessoais em torno da saúde mental, identidade e intimidade. Seu relacionamento com os pais está ficando mais difícil do que nunca, e ela luta com a ideia de morar sozinha pela primeira vez. Junte-se a ela em sua jornada emocionante e relacionável pelos desafios da vida adulta."

Agora, hoje, foi anunciado o selo Sakura, destinado aos mangás josei, shoujo (*e TL?*) e dois títulos, um deles MUITO importante.  O menos conhecido é Dame Koi Mihonchou (ダメ恋みほん帖), de Ai Mizutani.  A série com dois volumes foi publicada na revista Cheese!  Não tem scanlations e só achei este resuminho aqui: "A história começa quando uma universitária é abandonada pelo namorado com quem mora há três anos."

E chegamos em Perfect World (パーフエクトワールド), de Rie Aruga.  A série teve 12 volumes e saiu na revista Kiss, recebendo o Kodansha Manga Awards na categoria shoujo (*os japoneses não se preocupam muito em separar shoujo de josei*), em 2019, tendo dorama do mesmo ano.  O resumo inicial é o seguinte: "Tsugumi Kawana, de 26 anos, se reúne com sua primeira paixão do colegial, Itsuki Ayukawa, em um encontro entre um escritório de arquitetura e a empresa de design de interiores em que ela trabalha. Ele deixa seu coração acelerado, até que ela percebe que ele agora está preso a uma cadeira de rodas. No começo ela sente que não poderia namorar um cara em uma cadeira de rodas, mas então seus sentimentos começam a mudar…"

Houve vários outros anúncios nessa comemoração dos quinze anos da editora Newpop.  Dois deles são yuri e podem ser vistos como mangás femininos, ou que agradariam ao público feminino.  O primeiro é Oya ga Urusai node Kouhai (♀) to Gisou Kekkon Shitemita(親がうるさいので後輩(♀)と偽装結婚してみた。), volume único de Naoko Kodama publicado na Comic Yuri Hime, revista que só publica yuri de várias demografias.  Enfim, este mangá é sobre uma jovem pressionada pelo pai para se casar e que finge um casamento com sua melhor amiga.  Sim, é isso mesmo.  O outro yuri é Girl Friends (-ガールフレンズ-) de Milk Morinaga, não confundir com Girl Friend da mesma autora que é hentai e lolicon.  Explicando, Morinaga é especializada em yuri e publica em várias demografias.  Esta série saiu na Comic High!, que se vendia como uma revista com mangás femininos para garotos e garotas.  É só por isso que eu estou comentando.  É um romance escolar.

Hoje é Dia do Quadrinho Nacional

Desde 1984, no dia 30 de janeiro é comemorado o Dia do Quadrinho Nacional.  A celebração foi criada pela Associação dos Quadrinhistas e Caricaturistas do Estado de São Paulo (AQC-ESP), que é a organizadora do Prêmio Ângelo de Agostini.  Aliás, a data foi criada para lembrar que em 30 de janeiro de 1869, Ângelo de Agostini, publicou o primeiro capítulo de As Aventuras de Nhô Quim ou Impressões de Uma Viagem à Corte na revista Vida Fluminense.  Agostini é considerado um dos pioneiros dos quadrinhos.  Enfim, é difícil viver de quadrinhos no Brasil, a maioria dos artistas do meio - roteiristas, desenhistas, coloristas etc. - precisam ter outros empregos, mas é importante prestar-lhes a homenagem, apoiar seu trabalho e torcer por dias melhores.

Comentando Guilherme, o Conquistador (França, 2015): Uma boa ideia desperdiçada

Estava com o filme Guilherme, o Conquistador (Guillaume, la jeunesse du conquérant, França, 2015) aberto no Amazon Prime fazia mais de uma semana e decidi parar para assistir, porque sonhei lá que estava em uma reunião do PEM-UFRJ (Programa de Estudos Medievais).  Como é raro termos um filme sobre esse momento, século XI, e sendo francês, achei que valia a pena dar uma olhadinha, sim.  Enfim, é um filme curto, de baixíssimo investimento e bem insatisfatório.  Muita floresta, muita pedreira, me lembrou aquelas economias da série clássica de Jornada nas Estrelas que recorria a isso por falta de dinheiro.  

Começamos o filme em 1066, os exércitos do duque da Normandia (Tiésay Deshayes) mobilizados para invadir a Inglaterra e a campanha nunca começa, o que deixa os homens ansiosos e alguns desertam, sem que Guilherme os impeça.  Ele quer os corajosos, que desejam a honra, mesmo que ao custo da própria vida.  Guilherme manda vir seu herdeiro para que ele seja reconhecido como duque da Normandia e seu sucessor.  Era algo comum na época, antes da primogenitura ficar plenamente assentada.  A partir daí, começa um flashback, afinal o filme é sobre a juventude de Guilherme, no qual Wilhelm Fitz Osbern (Antoine Lelandais) conta para o filho e herdeiro de Guilherme, Roberto (Kevin Lelannier), como seu pai conseguiu ser reconhecido por seus vassalos e se tornar o homem poderoso que se tornou.

O fato é que Guilherme, antes de ser "o Conquistador", era chamado de "o Bastardo", porque seu pai e sua mãe não eram casados segundo os ritos da igreja católica.  Isso já era um problema no século XI?  Era, sim, mas nada que não pudesse ser resolvido com negociações, dinheiro, terras e penitências.  Roberto I, pai de Guilherme, teve uns confrontos com a igreja e tentou acomodar as coisas dessa forma, fez reconhecer seu filho como herdeiro e partiu em peregrinação para a Palestina deixando o filho para trás.  O duque não voltou, morreu em 1035, deixando o menino com 8 anos e um monte de barões dispostos a, quem sabe, ajudar essa criança a não chegar à idade adulta.

Temos o menino sendo protegido pelo senescal Osbern de Crépon (Geoffroy Lidvan), que fica vagando pela Normandia para impedir que Guilherme, visto como bastardo e correndo risco de não ser reconhecido, seja assassinado por seus parentes que também queriam o ducado.  São condições bem precárias, mas Osbern se esforça para dar ao menino uma educação adequada para que ele possa estar pronto ao chegar à maioridade.  É nesta fase, com atores crianças, que o filme constrói a amizade de Guilherme (Tiésay Deshayes) com Wilhelm, que se torna seu braço direito, e Gilbert de Brionne (Pierrick Billard), que o trai na juventude, aliás, trai todo mundo e, assim mesmo, termina vivo no final.   Não entendi por qual motivo Brionne, que era ligeiramente mais velho que os outros dois, estava com o grupo como tendo a mesma idade.  Cheguei a pensar que ele era filho mais velho de Osbern, porque não tenho de memória os nomes dessa galera toda. 

Aliás, todos os traidores terminam poupados no fim do filme, o que acaba traindo a lógica da narrativa do mesmo, que estava meio que torcendo fatos históricos à vontade. FELONIA, trair o seu senhor, era um crime muito sério.  E, no caso de Gilbert de Brionne, ele ainda provoca a morte de Osbern.  O filme é tão pobrinho que é difícil conseguir o nome do elenco completo, mesmo no IMDB.  Mas o vilão do filme não é Gilbert de Brionne, primo de Guilherme, ele é somente um fantoche de um barão chamado Ranulfo (Eric Rulliat), que é bem malvado e capaz de tudo.  E não envelhece na passagem de tempo.  Mérito do filme?  O malvadão é moreno, apesar de normando, mas não lhe tacaram kohl, também.

Enfim, o filme não mostra a invasão da Inglaterra e tenta fazer uma ponte com os vikings estabelecendo que comunidades pagãs permaneceram às escuras na Normandia e com elos com a nobreza, são eles que teriam ajudado a salvar o menino Guilherme.  É possível que pudessem existir pagãos na Normandia no século XI?  Sim.  Com aquele grau de organização?  Não.  Mais fácil seria mostrar como a prática do catolicismo local estava permeada por vestígios de paganismo e como rituais poderiam ter sobrevivido.  De qualquer forma, uma ideia importante do filme é tentar separar cristãos de pagãos em uma Normandia que já era católica fazia tempo.  Brigar com a Igreja Católica por isso, ou aquilo, ignorar certas regras, era coisa corriqueira, afinal, ainda não estamos no auge do Papado (séc. XII-XIII), mas o filme exagera e muito.

 Enfim, o ponto alto do filme é a Batalha de Val-ès-Dunes (1047), quando o jovem duque pede ajuda ao rei Henrique I. Henrique Capeto é um dos reis símbolo da debilidade do poder real no sistema feudal.  Seus domínios não se estendiam para muito além da  Île-de-France, onde estava Paris, porém, ele exercitava seu poder simbólico muito bem e é lembrado como um bom estrategista que, na maioria das vezes, tinha noção do que poderia, ou não, tentar fazer.  Ele apoia Guilherme com um exército.  O filme não se dá ao trabalho de explicar por qual motivo o jovem duque não pediu antes, da mesma maneia que não mostra quando Guilherme tomou o castelo de Falaise (foto acima), fortaleza símbolo do poder do duque, algo que não explicam em momento algum, também.  Já durante a batalha, o filme sugere que o rei já começou a se sentir ameaçado por Guilherme e, de fato, ele será derrotado duas vezes pelo duque da Normandia, quando apoia seus inimigos em anos posteriores.  O fraco Henrique temia o poder, a riqueza e a popularidade de Guilherme.

O filme coloca  os normandos (*pagãos, ou cristãos*) como homens rústicos, fortes e sujinhos, já o rei da França é a caricatura do francês metidinho (*feita pelos próprios, que fique claro*), limpinho e com ar blassé.  Um amigo, que mora na Europa, explicou que o rei parece ser a caricatura dos parisienses para o resto da França.  O fato é que no século XI não havia estado nacional, não havia identidade francesa e foi um acerto do filme colocar que os normandos (*homens do norte*) viam o rei e seu exército como estrangeiros, como francos, enquanto tinham laços ainda fortes com os dinamarqueses e outros povos do Norte. 

A fotografia do filme é super escura e problemas de continuidade, ou consistência de roteiro mesmo.  Por exemplo, nunca vemos a queda de Falaise, não sabemos por qual motivo Guilherme estaria sozinho dormindo tranquilamente com uma mulher em um local desprotegido.  Em muitos momentos, a personagem de Wilhelm parece ser bem mais importante que a do duque, mas deixa pra lá.  O ator que faz Wilhelm aos vinte anos é muito bonito.  

Falando de figurino, ele é bem genérico, a maioria das roupas são escuras e todos os homens tem cabelinhos beeeem modernos.  As mulheres usam cabelos soltos, sem véu ou adereços, salvo por uma única que apareceu com os cabelos cobertos.  Curiosamente, uma das lavadeiras que ficam flertando os três meninos (Guilherme, Wilhelm e Gilbert).  Uma garota tinha até cabelo castanho com pontas louras, que deveria ser moda em 2015.  Os atores que fazem Guilherme e Wilhelm criança-jovem-adulto são muito diferentes entre si.  Guilherme começa alourado, vira um moreno bem moreno, depois volta a ser alourado.  Wilhelm começa moreno e depois fica louro.

E não perdoo o filme por não mostrar NADA do rolo do casamento de Matilda com Guilherme.  Essa parte não podia ficar de fora, porque aconteceu antes da tal batalha decisiva.  Quinze minutos de filme resolvia esse negócio.  Para quem não sabe, Matilda de Flandres, não queria se casar com Guilherme.  Ela tinha sangue real, ela não queria se tornar esposa de um bastardo e, curiosamente, seu pai decidiu que não a forçaria a se casar.  Ela rejeita de forma afrontosa a proposta de casamento.  Guilherme decidiu lhe fazer uma visita.  As versões variam, se Guilherme bateu nela, ou não, se só a pegou pelas tranças e arrancou do cavalo pelas tranças e a jogou no chão, ou a atirou na lama, mas o fato é que ele não foi nada gentil.  O pai de Matilda queria fazer guerra, ela interveio e disse ao pai que não se casaria com homem nenhum que não fosse Guilherme.  E a Igreja não queria autorizar e eles brigaram por isso.  Guilherme e Matilda tiveram um casamento harmonioso e ele confiava nela para gerir suas terras e ela deu uma educação refinada para os padrões da época a todos os seus filhos e filhas.  Você deixaria esse barraco fora do filme?  Eu não deixaria.

 O fato é que as mulheres tem quase ZERO importância no filme, como se não fossem atores políticos relevantes no período.  Apesar da esposa de Osbern aparecer em várias cenas e ela ser de uma família importante, seu nome (Emma d'Ivry) não é dito e ela não tem falas.  Só a viking inventada, e a maioria dos vikings-pagãos são morenos, tem nome, Hell.  Ninguém mais.  O filme não cumpre a Bechdel Rule.  Ah, sim!  O acampamento de 1066, tenta reproduzir de alguma forma a famosa Tapeçaria de Bayeux, um fantástico trabalho de bordado que conta a história da invasão da Inglaterra pelos normandos.  Obra de Matilda e suas damas.  Vocês podem vê-la animada aqui.  É isso.  Recomendo o filme com muitas ressalvas, se for para sugerir para alunos, há coisas bem melhores.

sábado, 29 de janeiro de 2022

Ranking da Oricon - Semana 17-23/01


Saiu o ranking da Oricon e Mystery to Iunakare conseguiu colocar seis volumes no top 30.  Seis, fora os que estão entre o 31º e o 50º lugar.  Eu não me lembro de um mangá feminino que conseguiu algo assim.  De qualquer forma, a série está com um dorama no ar desde 10 de janeiro e essa é a razão desta avalanche.  Vamos ver o quanto dura.  E, sim, não há outro shoujo, ou josei, ou BL entre os mais vendidos esta semana.

1. Jujutsu Kaisen #18
2. Kakkou no Iinazuke #10
3. Komi-san wa Komyushou Desu。 #24
4. Shangri-La Frontier ~Kusoge Hunter, Kamige ni Idoman to su~ #37
5. Mokushiroku no Yonkishi #5
6. Jujutsu Kaisen #17
7. Kanojo mo Kanojo #9
8. Seitokai Yakuindomo #22
9. Nichijou Lock #2
10. MAO #11
11. Mystery to Iunakare #1
13. Mystery to Iunakare #10
14. Mystery to Iunakareれ #2
20. Mystery to Iunakare #3
21. Mystery to Iunakare #4
23. Mystery to Iunakare #5

sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Seven Seas lança selo de mangás eróticos para mulheres (NSFW/+18)

A editora norte-americana Seven Seas decidiu lançar um selo chamado Steamship, barco à vapor, em um trocadilho com steamy (*fumegante, cheio de vapor*), que é o termo que, no Ocidente, costumam utilizar para mangás shoujo, josei apimentados e  para mangás TL (Teen Love) .  Achei a ideia ótima, queria algo assim aqui, e o nome caiu direitinho.  Já a escolha dos títulos, enfim... Eles escolheram quatro títulos e já anunciaram as datas de lançamento: 

Segundo, o site da editora, o primeiro título será  Out Bride - Ikei Konin (アウトブライド-異系婚姻-), de Touko Tsukinaga, com o título de  Outbride: Beauty and the Beasts.  Eu comentei o primeiro capítulo quando ele saiu, agora, ele tem scanlations e, bem... Uma mocinha morre em um acidente de carro e acorda em outro mundo, no futuro da Terra, onde ela parece ser a única mulher humana e é disputada por uns sujeitos com chifres, asas, rabos e por aí vai.  Harém com bichinhos antropomorfizados.  Não me responsabilizo pelo que vocês possam encontrar nesse mangá. O material é publicado direto no Manga Park, não em revista.  Lançamento em junho.

Outaishihi ni Nante Naritakunai!! (王太子妃になんてなりたくない!!) de  Saki Tsukigami, Natsu Kuroki, e Enn Tsutamori (*Três autoras!!!  Deve ser derivado de livro.*) com o título de  I’ll Never Be Your Crown Princess!.  Mocinha moderna que reencarna em um mundo de fantasia.  Outro isekai, portanto.  Nesse mundo, ela é Lidiana, está noiva de um príncipe, não quer casar, e decide perder a virgindade com um sujeito qualquer (*que duvido que não seja o noivo disfarçado*) para não ter que se casar, porque só donzelas podem casar na família real.  Não achei scanlations. A série sai na Zero-Sum on Line. Sai em julho.

Em agosto, Game ~Suit no Sukima~  (GAME~スーツの隙間~), nos Estados Unidos, GAME:Between the Suits, aqui, no Brasil, se chama Game: O Jogo Perigoso.  Sai na Love Jossie.  Para quem quiser ler a resenha do primeiro volume da série de Mai Nishikata, resenha aqui.

Onna no ko ga Daicha Dame desu ka? (女の子が抱いちゃだめですか?), de Neiga Nameta, com o título de Ladies on Top.  Esta série sai na Ura Sunday Jyoshibu e é o único shoujo, segundo o Bakaupdates, a Sven Seas diz que e josei.  Peguei o resumo do site da editora e lá está que a mocinha, que é uma office lady de 24 anos, que quer um homem que não seja agressivo e impositivo na hora do vamos ver, ela finalmente consegue encontrar um sujeito que goste de uma mulher no comando.  No Bakaupdates, o resumo sugere que por conta desse problema, ela continua virgem.  Sem scanlations, sai em setembro.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Com Maus sendo banido de bibliotecas, precisamos mais do que nunca manter viva a memória do Holocausto

"Em 27 de janeiro de 1945, soldados soviéticos entravam no campo de concentração de Auschwitz, no sul da Polônia, libertando milhares de sobreviventes do regime nazista.  Nesta quinta-feira, o mundo marca o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.  Em mensagem, o secretário-geral da ONU homenageia os “6 milhões de judeus que morreram”. A mensagem menciona ainda os povos roma e sinti, conhecidos por ciganos, e “as outras inúmeras vítimas de um horror sem precedentes de crueldade calculada”."  

O trecho veio da página da ONU marcando o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, que usa como marco a libertação de Auschwitz, e é necessário mais do que nunca lembrar do extermínio planejado e executado minuciosamente pelo governo alemão e seus agentes de judeus e outras minorias.  Sim, um genocídio é sempre uma ação de Estado, que é quem dispõe dos meios para isso, contra seu próprio povo, ou outros povos, no caso do nazismo, as vítimas caiam nos dois casos.  Para que chegássemos ao Holocausto, tivemos anos e anos de discursos que legitimavam a violência, justificavam a exclusão de minorias e insensibilizavam às massas.  O Holocausto não começou em Auschwitz, ou em outros campos de extermínio, ali, foi a concretização de um programa, a Solução Final.

Mas estou lembrando que hoje é o dia de lembrar as vítimas do Holocausto, porque é importante, porque o neonazismo está em ascensão, assim como a negação do Holocausto, e porque escolas públicas do estado norte-americano do Tennessee baniram Maus, a primeira e única graphic novel, nome chique para quadrinho, a vencer o Prêmio Pulitzer (1992), e que revisita as memórias do pai do autor (Art Spiegelman) em relação ao antes, durante e depois do Holocausto.   Em Maus, o autor conta a experiência de seu pai e sua mãe antes, durante e depois do Holocausto, dos efeitos que a vivência, especialmente, de seu pai teve sobre sua vida.  Spiegelman escolheu usar animais para identificar os povos, por exemplo, alemães são gatos, judeus são ratos, norte-americanos são cães, poloneses são porcos, franceses são sapos etc.  É importante lembrar que o discurso nazista animalizava os judeus, porque ao privá-los da sua humanidade tornava mais fácil fazer com que a população não os considerasse como gente como eles.  Desumanizar o inimigo é recurso utilizado pela extrema-direita até nossos dias. Maus é um quadrinho fundamental e já o dei de presente para quatro pessoas e, acredito, darei de presente de novo para mais alguém.

Segundo a matéria da BBC, mas há outras, o comitê de educação do Condado de McMinn apontou que o quadrinho é inadequado para os alunos e alunas do 8º ano por conter palavrões e nudez (*de ratinhos*).  Alguém propôs censurar os palavrões, mas o presidente do comitê disse se preocupar com os direitos autorais e a decisão foi de retirar os exemplares das bibliotecas.  

Lembro que algo semelhante foi feito com Gen Pés Descalços em escolas japonesas e as reações ao caso.  Todo mundo lembra de Gen para falar da bomba, mas o mangá discute o antes de Hiroshima, critica o imperialismo japonês e a violência do governo nipônico contra seu próprio povo.  É um mangá antes de tudo pacifista e que não nega a História, nem tenta reforçar a ideia de que o Japão foi tão vítima da guerra quanto, sei lá, os coreanos.  Retirar esses quadrinhos das bibliotecas escolares é uma forma de impedir que os estudantes tenham acesso a informação, algo fundamental quando estão em disputa as narrativas sobre o passado, sobre racismo e outras nojeiras que não podem ser esquecidas para que não continuem acontecendo.  Quanto menos testemunhas (*porque já se vão mais de 70 anos do fim da 2ª Guerra*) e testemunhos mais fácil esquecer, por isso, falar do Holocausto é importante e ler Maus pode ser uma introdução sólida ao tema.  Por isso mesmo, melhor retirar o livro da biblioteca, porque tem ratinhos pelados...

O fato é que o neonazismo está em alta, aqui, no Brasil, em especial, onde as células extremistas de direita estão em rápida expansão desde 2018.  E não vou terminar sem recomendar o vídeo do The Intercept com a antropóloga Adriana Dias, que estuda os movimentos neonazistas brasileiros e suas ligações antigas com o atual presidente, desde quando ele nem era cogitado como candidato.  vídeo abaixo:

Orange completa dez anos com mais um gaiden sobre Suwa

Foi noticiado esta semana, estou usando o link do ANN, que Orange (オレンジ), de Ichigo Takano, teve mais um gaiden publicado na Monthly Action.  Mais uma vez, um gaiden centrado em Suwa, um dos membros do grupo de amigos que recebe uma carta do seu eu de dez anos no futuro pedindo que eles tentassem evitar uma tragédia.  A série discute o primeiro amor, mas, também, depressão e suicídio, além de ter um certo viés de ficção científica.  Orange é um mangá excelente  e foi publicado no Brasil pela JBC.  A história da série é curiosa, porque ela começou a ser publicada na Betsuma, em 2012, a mais influente das revistas shoujo desde um bom tempo, começou a fazer um grande sucesso, daí, a autora anunciou aposentadoria precoce, o mangá foi interrompido e retomado, posteriormente, em uma revista seinen, a Monthly Action.  

Este novo gaiden será publicado em um volume #7 da série.  Ano passado, em julho, ela publicou outro gaiden de Orange depois de quatro anos longe da série.  Enfim, não acho que ela vai parar, porque ela não fez gaiden de todos os amigos do grupo, ela tem espaço ainda para explorar o seu maior sucesso e não serei eu a reclamar.  Se você quiser ler as resenhas dos volumes da série, é só clicar: 1-2-3-4-5-6Orange teve anime e live action, para quem quiser.

Colette wa Shinu Koto ni Shita ganha continuação na revista The Hana to Yume com direito a um brinde especial

Colette wa Shinu Koto ni Shita (コレットは死ぬことにした), em português, Colette decide morrer, de Alto Yukimura, foi publicado na revista Hana to Yume, chegando ao final em outubro passado com 20 volumes.  Agora, a série terá uma continuação na The Hana tu Yume.  No original, Colette, a única médica de uma cidade inteira, cai em um poço e vai parar em outro mundo, onde encontra Hades (*o deus grego*) e se torna sua médica pessoal.  Ao final do mangá, eles se casam e Colette se torna Perséfone, ou assume a identidade da filha de Deméter, deusa da agricultura, e que foi sequestrada pelo tio para que se tornasse sua esposa.  Na mitologia grega, Deméter toca terror, nenhuma planta nascerá, enquanto sua filha não lhe for devolvida. Hades, então, faz com que a moça coma grãos de romã, o que a manteria presa ao subterrâneo.  A partir de então, ela visitaria o mundo exterior durante parte do ano e ficaria no subterrâneo pelo resto do tempo, metáfora para a primavera e os grãos e flores que germinam.  Eu não li o mangá, então não sei como o material mitológico é tratado.

Na nova série, que terá o mesmo nome mais "Megami-hen" (女神編), edição da deusa, continuará a história na The Hana to Yume.  Como brinde, um certificado de casamento temático da série que pode ser levado a qualquer agência própria municipal e usado para registrar uma união.  Enfim, não havia foto do certificado no Comic Natalie, mas achei no Twitter.

Saíram os indicados do Sindicado dos Figurinistas (CDG Awards)

Finalmente, ontem saíram os indicados para o 24º CDG Awards, o prêmio do sindicato dos figurinistas (Costume Designer Guild), que normalmente aponta para os resultados do Oscar.  O DGA tem categorias de cinema e de TV que permitem, por exemplo, separar filmes de época, fantasia e ficção científica e contemporâneos.  Vou postar somente os indicados para o cinema, os vencedores serão anunciados no dia 9 de março.  Só para a gente não se perder, a cerimônia do Oscar este ano serpá em 27 de março.

Ficção Científica e Fantasia
Dune (Jacqueline West & Robert Morgan)
The Green Knight (Malgosia Turzanska)
The Matrix Resurrections (Lindsay Pugh)
Shang-Chi and the Legend of the Ten Rings (Kym Barrett)
Spider-Man: No Way Home (Sanja M. Hays)
The Suicide Squad (Judianna Makovsky)

Contemporâneo
Coming 2 America (Ruth E. Carter)
Don’t Look Up (Susan Matheson)
In The Heights (Mitchell Travers)
No Time to Die (Suttirat Anne Larlarb)
Zola (Derica Cole Washington)

De Época
Cruella (Jenny Beavan)
Cyrano (Massimo Cantini Parrini & Jacqueline Durran)
House of Gucci (Janty Yates)
Nightmare Alley (Luis Sequeira)
West Side Story (Paul Tazewell)

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Minori Kimura ganha grande exposição no Japão

Segundo o Comic Natalie, Minori Kimura terá uma grande exposição de sua obra sendo aberta no dia 18 de fevereiro no Yoshihiro Yonezawa Memorial Library, na Meiji University, em Tokyo.  Com o nome de Kimura Minori-ten ─ sono yasashi-sa, shin no tsuyo-sa ─ (樹村みのり展 ─その優しさ、芯の強さ─), a exposição permanecerá aberta até o dia 6 de junho.  Kimura debutou em 1964, aos 14 anos, com um mangá chamado Picnic (ピクニック), em uma edição especial da revista Ribon.  Kimura às vezes aparece na lista de mangá-kas do Grupo de 24, que denomina as autoras que revolucionaram o shoujo mangá.  Minori Kimura está em atividade até hoje publicando shoujo, josei e seinen.

Mangá sobre uma moça que decide assumir o café da falecida avó tem primeiro volume lançado no Japão

Acabou de ser lançado no Japão o primeiro volume do mangá Koi Wo Futasaji (恋をふたさじ), de Kozue Onoyama, acabou de ser lançado no Japão.  O mangá, que não tem scanlations, ganhou destaque no Comic Natalie e parece ser feito sob medida para virar um dorama, vejam só: Mikami Kotoha tem 26 anos e é chef em um restaurante, mas tem problemas como patrão que a assedia sexualmente.  Após o falecimento da avó, sua mãe lhe liga dizendo que o café gerenciado pela velha senhora iria fechar.  A jovem, então, decide se demitir e assumir o negócio da família, apesar da oposição do avô, revitalizando o estabelecimento, ao mesmo tempo em que se livra dos problemas que tinha em seu antigo ambiente de trabalho.  Para ajudá-la na tarefa, ela tem como braço direito Hirosawa, um rapaz que lhe foi apresentado pelo seu irmão mais velho, e que não tem medo de trabalho pesado.  Tanto Kotoha, quanto Hirosawa, tem algo em comum, eles não tem sorte no amor, no entanto, com a convivência, eles descobrem as qualidades um do outro e que talvez...  

Enfim, fiquei curiosa e queria que aparecesse scanlations desse mangá.  Koi Wo Futasaji é publicado na revista Cocohana.  O nome em inglês da série é Two Scoops of Love, algo como duas conchas de amor.  Scoop pode ser traduzido, também como colher grande e funda, ou aquele utensílio de pegar sorvete.  Ele tem um nome próprio?  Eu realmente não sei.

Coleção de rabiscos de Kaoru Mori lançado em dois formatos no Japão

Você compraria os rabiscos de Kaoru Mori?  CLARO QUE COMPRARIA!  SCRIBBLES, que significa rabisco, é uma coletânea de rascunhos da melhor desenhista de mangás da atualidade.  Sim, Kaoru Mori desenha muito, muito bem, mas não coloco mangá-ka, porque nem sempre seus roteiros me agradam o suficiente, o que não quer dizer que ela não seja uma boa contadora de histórias, porque ela é.


E o Comic Natalie trouxe várias imagens desses rabiscos da autora.  Agora, detalhe importante, o livro saiu em B6 (125 × 176 mm) com dois formatos, um comum e outro "wide" (240 x 170 mm).  


Não é o primeiro volume de rabiscos da autora lançado e outros virão, espero.  Para muito mais imagens, visitem o CN.  E, sim, seguimos sem Kaoru Mori no Brasil, infelizmente.

Volume #48 de Skip Beat! terá edição especial com artbook

Skip Beat! (スキップ・ビート!), de Yoshiki Nakamura, está completando vinte anos de publicação na Hana to Yume este ano, então, será festa durante muito tempo.  Segundo o Comic Natalie, a edição atual da revista trouxe a série na capa e o anúncio de que o volume #48, previsto para 20 de junho, terá duas versões e a especial trará um pequeno artbook da série.  Com uma animação feita no longínquo ano de 2008/2009, muita gente sonha com uma nova série animada ou um live action.  

Além das notícias de Skip Beat! a edição atual da revista trouxe um drama CD, na verdade, um voice card (???) da série (鬼の花嫁は喰べられたい), um dos sucessos atuais da revista.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Nos Tempos do Imperador está na reta final e é preciso comentar o que deu certo

Acredito que este será meu antepenúltimo texto sobre Nos Tempos do Imperador, novela das 18h da Rede Globo e que está prevista para terminar no dia 4 de fevereiro.  Para quem não sabe do que estou falando, Nos Tempos do Imperador é um caso curioso de continuação de uma novela anterior, no caso Novo Mundo, e que faz parte de uma trilogia planejada pelos autores da trama, Thereza Falcão e Alessandro Marson.  A novela começou no ano de 1856 e tem como protagonistas, a jovem Pilar (Gabriela Medvedovski), que sonha ser a primeira médica do Brasil, e o escravizado Jorge (Michel Gomes)  acusado de um crime que não cometeu, assassinar seu próprio pai, o Coronel Ambrósio (Roberto Bonfim).  O caminho dos dois se cruza, eles se apaixonam instantaneamente, mas acabam tendo seu amor atrapalhado por uma série de obstáculo, boa parte deles colocados por Tonico Rocha (Alexandre Nero), noivo arranjado da moça e meio irmão de Jorge. Pilar foge do casamento e deixa para trás sua irmã criança, Dolores (Julia Freitas), que acaba sendo prometida para o vilão como noiva substituta, assim que tenha idade para se casar.

Com a ajuda de Luísa, Condessa de Barral (Mariana Ximenes), vizinha da fazendo tanto do pai de Pilar, quanto do Coronel Ambrósio, Jorge assume a identidade de Samuel, mais tarde, a nobre acolhe Pilar.  A Barral, uma mulher culta e determinada acaba sendo contratada para ser a preceptora das princesas Isabel (Any Maia) e Leopoldina (Melissa Nóbrega), assim, o grupo se desloca do Recôncavo Baiano para a Corte, no Rio de Janeiro.  No Rio de Janeiro, Barral e o Imperador Pedro II (Selton Mello) se apaixonam também instantaneamente.  Ambos são casados, ela por amor, ele por um arranjo político, e iniciam um tórrido romance. Tivemos um salto no tempo e estamos agora já caminhando para o final da Guerra do Paraguai (1864-1870), penúltima semana de novela, Pilar se tornou médica, mas ainda não se casou com Samuel, o vilão vem conseguindo se safar de todas e o imperador e a Barral continua com seu affair.  

Sendo franca, tudo o que deu certo na trama passa à margem dos quatro protagonistas, mas falarei do que deu errado principalmente no próximo texto.  Ia ser um só, mas foi ficando looongo demais. Enfim, sou professora de História, gosto de novelas de época e estou dando exatamente esta matéria (Segundo Reinado) no ano escolar que estou alocada desde 2020, no início, minha intenção era comentar capítulo a capítulo, algo que se tornou impossível, seja porque a novela não me dava material suficiente para isso, seja por cansaço mesmo, além disso, já comecei mais de um texto  não terminei, mas vou tentar concluir este pontuando o que, na minha percepção, deu certo e errado na novela.  Antes de começar, algumas coisas precisam ser estabelecidas.  

Primeira coisa, a novela foi muito prejudicada pela pandemia, assim como outras inéditas exibidas em 2020-2021.  Não é novidade que uma obra estreie totalmente gravada, mas o normal é que um a telenovela seja uma obra aberta e passível de alterações ao longo do percurso.  Essa possibilidade ajudaria a remediar problemas da trama e dar mais espaço ao que estava funcionando.  Nada disso foi possível, no máximo, regravaram algumas coisas para tapar buraco.  Relacionado a isso, temos, também, certa pobreza no uso de figurantes.  Não me conformo com aquela escuridão e vazio da fazenda de Eudoro (José Dumont) e Dolores no início da segunda fase.  Aquilo só se explica por uma contenção no número de pessoas no set de forma a colocar o mínimo de gente em risco.  

O mesmo vale para a Quinta da Boavista, povoada por quase ZERO criados e com uma corte inexistente.  A Imperatriz, ou Imperatriste, como a apelidaram, só tinha uma dama que fazia mais as vezes de criada pessoal, além de amiga e confidente, Celestina (Bel Kutner), as princesas, nenhuma dama tinham, ou tem.  E como temos nomes dessas damas, ou de gente que servia à família imperial no seu dia-a-dia, a coisa se torna ainda mais estranha, fica parecendo uma corte fantasma.  A pandemia e a tentativa de evitar o contágio é a única coisa que me vem à cabeça para justificar isso, ainda que pudessem ter remediado um pouco o problema.  Lendo a entrevistas com Daphne Bozaski hoje, soube que a atriz teve COVID-19 durante as gravações. A pandemia deve ter tido um papel a mais nos problemas de Nos Tempos do Imperador.

Se controlar uma pandemia está fora de questão, oferecer uma boa história é dever dos autores, não adianta ter um elenco esforçado e talentoso, quando o texto fraco, cheio de clichês e de incoerências.  Preencher capítulos com ceninhas de humor pastelão (*ou escatológico mesmo*), ou a tentativa de emplacar bordões e fazer crítica social rasinha, também não ajuda a tornar uma novela melhor.  A responsabilidade por uma trama mal estruturada e que parece não conseguir engajar muito mais público para além das panelinhas do Twitter, que se dividiram ferozmente em amar e odiar a Condessa de Barral.  Aliás, como comento a novela no Twitter, me surpreendo com as coisas horríveis que muita gente escreve, parece que aproveitam a novela para colocar para fora tudo o que de pior dentro de si.

Eu não consigo gostar dessa cultura dos ships (Pedrisa x Pedresa, Nelores e por aí vai*), especialmente, quando as pessoas levam a coisa aos extremos e começam a atacar-se umas às outras na internet. Lembro de ter deixado de comentar Éramos Seis no Twitter e bloquear mais de um perfil, porque pessoas usando nome de personagens vinham me perturbar e até agredir. Engraçado é que a experiência de comentar novela, comecei a fazer isso com Ti-Ti-Ti (2010), era muito divertida, ainda bem que não tive problemas com Nos Tempos do Imperador.  Agora, ainda que essas rinhas me pareçam infantis, raramente vi comentários tão pesados sobre personagens, como tem pipocado sobre a Condessa de Barral.  Alguns perfis tem um comportamento tóxico e usam de agressões misóginas das mais violentas, na mesma linha, mas com menos intensidade, juntam misoginia e racismo contra a Zayla.  Coisa bem triste mesmo.

De resto, Thereza Falcão e Alessandro Marson parecem não ter pesquisado o suficiente, ou ter aceito as orientações dos especialistas contratados, nem aproveitado o atraso da novela para tentar arrumar o que estava fora do lugar.  Eu realmente espero que a Globo não os deixe terminar a trilogia com a novela da Princesa Isabel, aliás, uma das personagens que mais sofreu nas mãos dos autores.  Antes de Nos Tempos do Imperador começar, temia que a novela pudesse ser uma peça monarquista, mas o que tivemos foi o enxovalhamento da imagem de Pedro II e da Princesa Isabel, em especial, além de um perigoso viés lavajateiro e de crítica aos políticos em geral.  Perigoso, porque ao longo de toda a trama ficou parecendo que se Pedro, que parecia mais interessado em se pegar com a Barral do que trabalhar de verdade, pudesse ser um autocrata, tudo daria certo.  

Lembro aos leitores e leitoras, que temos no poder um candidato a ditador que realmente parece ter pensado que poderia dar o golpe em 7 de setembro passado.  Nos Tempos do Imperador é uma novela tão política quanto O Salvador da Pátria, ou Roque Santeiro, afinal, como já escrevi várias vezes, uma novela, filme, minissérie de época, fala mais do presente, das inquietações dos seus autores, do que do passado que buscam retratar.  Com maior, ou menor talento, as questões contemporâneas sempre estão no texto da novela.  E se os autores geralmente perderam a mão nas referências diretas à política nacional, colocaram direitinho a sua visão quadradinha sobre política, ensino militar, racismo e o papel dos movimentos sociais, a maternidade na na sua história.  Mas o texto é para elogiar, não é?  Então vamos lá!  

O QUE DEU MUITO CERTO

TONICO ROCHA, o vilão, foi desde o começo da trama bravamente defendido por Alexandre Nero.  Desde o início, ter Alexandre Nero em cena era certeza de que qualquer trama boba que os autores inventassem conseguiria ser minimamente convincente.  No início, ele era um vilão cômico, agora, ele está mais sombrio e cruel, porque o tom da terceira fase da novela se tornou bem mais pesado do que era antes.  Talvez, algo que lhe tenha faltado é que os autores tivessem deixado evidente a necessidade de ser amado e como isso contribuiu para potencializar os seus malfeitos.  Isso poderia ter sido marcado desde o início na sua relação com Pilar e até com Dolores, porque na primeira fase e na segunda, quando a questão dos sentimentos do vilão era trazida, o que estava evidente era a necessidade do Tonico em agradar seu pai, atender as expectativas que ele acreditava que o Coronel Ambrósio teria a seu respeito.

DOLORES foi outra personagem que deu certo desde a primeira fase da novela.  Raramente vi uma sintonia tão grande entre atrizes que interpretaram a mesma personagem em fases diferentes.  Júlia Freitas e Daphne Bozaski deram o mesmo tom para a sofrida mocinha, que começou como uma menina tímida e oprimida pelo pai, que lhe plantava toda a sorte de complexos, o casamento com Tonico, as humilhações, a descoberta do amor verdadeiro e foi crescendo para se tornar corajosa.  Quando Dolores encontrou a sua coragem, algo que ela não sabia que tinha dentro de si, isso se materializou em ótimas cenas, como a da fuga e quando ela empurra Tonico do penhasco. Bozaski, que ficou mais tempo com a personagem, se mostrou uma atriz muito competente, sei que quem a conhecia de Malhação e da série As Five já sabia disso, mas eu a conheci na novela. 

NÉLIO E DOLORES: Ainda falando de Dolores, a relação dela com Nélio foi sendo construída de forma muito sólida, delicada e tudo aquilo que faltou nos casais protagonistas, sobrou com esses dois.  Nada de correrias, de amor à primeira vista, as dúvidas sobre se era certo, ou errado se entregar à paixão, afinal, Dolores era uma mulher casada e Nélio, o "melhor amigo" do marido dela.  Ambos eram rejeitados, vistos como patinhos feios, que se encontraram um no outro.  E já escrevi outro texto comentando que o bom trabalho dos atores Bozaski e João Pedro Zappa fez com que eu relevasse o fato de Nélio ser pelo menos uns doze anos mais velho que Dolores. Para quem não lembra, porque o trabalho do roteiro foi bom em nos fazer esquecer, Nélio era o faz tudo de Tonico desde a primeira fase da novela, muito inteligente, com alguns princípios morais, mas sem força de vontade e um minion do vilão. Ele era adulto na primeira fase, mas, desde lá, desconfiei que ele e Dolores poderiam ficar juntos, porque ele era o único que era gentil com a menina, gentil de verdade.   

No sábado, os dois se reencontraram depois de estarem afastados por meses e meses, o que, na novela, foram duas semanas de capítulos, se muito.  Mesmo com alguns trechos muito cafonas nos diálogos dos dois, o reencontro de ambos foi tocante.  Infelizmente, e nem estou falando do milagre de Nélio ter sobrevivido e de Dolores não ter enlouquecido no manicômio, os autores meteram os pés pelas mãos e colocaram a mocinha moral da novela saindo da proteção da Quinta da Boa Vista, onde estava sob as asas da imperatriz, e indo para a casa de Nélio.  

Os autores parecem esquecer que Tonico é um homem perigoso e que diante das leis da época, ele é o marido de Dolores e poderia levá-la de volta para sua casa ou mandar os amantes para a cadeia sem maiores problemas.  Os autores também anulam o fato de estarem em um ambiente católico e conservador no qual jamais Dolores seria reconhecida como mulher de Nélio sendo casada na igreja e com marido vivo.  Alguém deveria pontuar isso mesmo que mostrando pena da moça, mas todo mundo ignorar é um absurdo.  Isso estraga o romance dos dois?  De forma alguma, eles continuam sendo o melhor casal da novela.

VITÓRIA E AS CRIANÇAS: me dava angústia ver a forma como o roteiro usava o abandono afetivo e intelectual de Hilário (Theo de Almeida Lopes) e Prisca (Maria Carolina Basílio) para fazer humor.  Nem pai, nem mãe, ligavam realmente para os gêmeos, que eram vistos como um estorvo e se comportavam de forma totalmente insensível e indisciplinada.  A chegada de Vitória (Maria Clara Gueiros), tão avessa às gentilezas e a qualquer expressão de afeto com as crianças, mas, ainda assim, sensível às necessidades dos dois, criou um jogo interessante no qual o apego foi sendo construído de forma lenta, mas segura.

Vitória se humanizou e as crianças se civilizaram mostrando que sua falta de modos era um resultado direto do descaso paretal.  Criou-se, inclusive, um espaço para a discussão da maternagem sem recorrer aos clichês do instinto materno.  Só que, como os autores são ruins mesmo, inventaram um desnecessário romance de Vitória com o traste do Quinzinho e trouxeram Clemência de volta, criando um estranho trisal.  A relação de Vitoria com as crianças terminou com a ida dos gêmeos para a Inglaterra, talvez para não ter que trocar os atores mirins, afastando-os da trama.  Péssima escolha e não consigo ver como melhora o súbito encantamento de Vitória por Clemência e vice-versa.  

Parece mais uma ideia corrida para dar função para as personagens, já que nenhuma parece ter uma história própria e, ao mesmo tempo, emplacar um discurso de diversidade sem que a coisa tenha sido construída de forma orgânica dentro da trama.  Se queriam discutir a invisibilidade lésbica, ou de casais de mulheres bissexuais, no século XIX, deveriam ter trabalhado mais para isso e, não, de repente, inventar esse casal.  E eu gosto muito de Vitória, ela é uma personagem bem divertida e interessante, mas precisa de um bom texto para funcionar.  Seria melhor colocá-la interagindo mais com a imperatriz.

LOTA: Na primeira fase da novela, Lota (Paula Cohen) e Batista (Ernani Moraes) me irritavam quase tanto quanto Germana (Vivianne Pasmanter) e Licurgo (Guilherme Piva).  Não via função nas personagens, detestava a forma como tratavam Nélio, enfim, não conseguia ver nada de bom neles e ainda houve aquele primeiro encontro com Lupita (Roberta Rodrigues) e o humor que tentaram fazer sobre o abuso sexual sofrido pelas escravas, que se desdobrou em piadinha gordofóbica.

Na segunda fase da trama, parece que Paula Cohen se assenhorou da personagem e conseguiu torná-la a única que conseguia transitar por todos os núcleos brancos da trama com desenvoltura e naturalidade.  Perdido o marido, e matarem Batista foi cruel, eu diria, a interação de Lota com Lupita se tornou ainda mais intensa e as duas são ótimas juntas, é o núcleo de humor que funciona, eu diria.. Também deram para Lota um arco de redenção no qual ela começa tentando proteger Nélio de Tonico e se conclui com um pedido sincero de perdão ao filho enjeitado.  Enfim, a coisa só não  foi completa ainda, porque ela não conseguiu rever as suas ideias a respeito da escravidão.

A IMPERATRIZ: Ainda considero a escolha de Letícia Sabatella para o papel de Teresa Cristina um erro, porque, enfim, trata-se de uma atriz belíssima, que brilha mesmo sendo desfavorecida pelo figurino, que é propositalmente sem graça no caso dela.  Por outro lado, adoro ver Sabatella atuar e ela está muito bem como a terceira imperatriz do Brasil.  A novela prestou inclusive um serviço relevante ao mostrar na TV que a esposa de Pedro II não era somente a princesa "feia" e apagada (*porque a historiografia pouca atenção lhe dá*), mas uma mulher culta e que se interessava por arqueologia e outras ciências.  Se retomassem as cartas da imperatriz e o que seus contemporâneos diziam sobre ela, veriam, também, que era uma mulher de fortes opiniões e que tinha muito peso na dinâmica familiar.  Verdade, Teresa Cristina não foi uma Leopoldina, mas ajudou a criar o acervo do Museu Nacional, o mesmo que foi perdido no incêndio trágico de 2018.  Apesar dos altos e baixos do roteiro, a personagem atravessou a novela praticamente sem cair em contradição.

O QUE DEU CERTO

Aqui, coloco LUPITA, que teve altos e baixos, mas foi sempre defendida de forma muito competente por Roberta Rodrigues.  A escrava que tinha escravos, foi algo desnecessário, mas ao colocá-la realmente amando Batista e seu arco de redenção no final, reconhecendo os males da escravidão foi algo interessante.  O problema, claro, é colocarem homens dando-lhe a lição de moral para que ela compreendesse onde estava errando.  Agora, a história da casa é absurda, ainda que dentro do costume, um escravizado pudesse ter propriedades, se seu senhor quisesse, poderia tomar-lhe tudo.  Será que Lota desconhecia a lei?

MARQUÊS DE CAXIAS: Dado o que fizeram com D. Pedro II e a Princesa Isabel, o futuro Duque de Caxias até que está sendo bem tratado.  Claro, colocaram Samuel, o suposto protagonista, orbitando em torno dele nessa última fase e agindo com demasiada familiaridade, mas não ridicularizaram a personagem, ainda que aquela parte com o patrono do Exército servindo de babá para o imperador tenha sido bem deprimente.  Fora isso, Jackson Antunes está defendendo bem o papel, ele, aliás, tem mais o que fazer do que o Barão de Mauá (Charles Fricks), que poderia render muito, também, se lhe dessem mais espaço.

LEOPOLDINA E AUGUSTO: Só não coloco os dois no item anterior, porque eles têm muito pouco tempo em tela.  Agora, foi interessante a forma como construíram o apaixonar-se dos dois e a sintonia  entre Bruna Griphao e Gil Coelho é perfeita.  No inicio,  pensei que Griphao iria fazer o mesmo tipo de personagem de Orgulho & Paixão, mas ela é mais do que uma moça espevitada e miolo mole. Já o drama a de Augusto, que deveria casar com  a Herdeira do trono  mas se apaixonou pela caçula e teve que enfrentar a mãe, que esperava muito mais dele também foi conduzido de forma competente.  

Mas foi o fim da picada os autores não mostrarem algo da noite de núpcias dos dois já que perderam tempo com Isabel e Gastão e terem omitido a primeira perda gestacional de Leopoldina, que poderia servir, porque novela tem que ter função social, para discutir coisas úteis.  Fora isso, ao colocarem Leopoldina defendendo o adultério de Barral com o Imperador, logo ela tão parceira da mãe, foi triste.  Ainda que o adultério dos homens pudesse ser algo socialmente aceito, colocar na boca da princesa o discurso do "encontro de almas" foi ofensivo, anacrônico e uma contradição com a própria trajetória da personagem até então.  E Leopoldina, a histórica, nunca rompeu com a Barral, da mesma forma que Augusto parece nunca ter realmente gostado da preceptora, mas a cena em si, a grosseria de príncipe, o cinismo da Condessa de Barral, a complacência de Leopoldina foi tudo uma escolha muito ruim para tentar justificar o romance de Pedro e Luísa.  Enfim, a culpa do casal estar aqui é dessas incoerências do roteiro.

SOLANO LÓPEZ e ELISA: Sim, a primeira aparição de López (Roberto Birindelli) foi ruim, caricata mesmo, mas depois disso, considero que o presidente-ditador do Paraguai acabou sendo uma personagem marcante e que ganhou ainda mais projeção na sua interação com a companheira, a irlandesa Elisa Lynch, interpretada de forma altiva por  Lana Rhodes.  Os dois tem química e convencem como apaixonados e parceiros.  E, não, a história de López interessado por Pilar não me convence, parece mais um recurso pobre do roteiro.  Duas das melhores cenas solo de López são a visita à Quinta (*que ficaria melhor se fosse um pesadelo do Imperador*) e quando ele confronta Tonico em Uruguaiana (*onde o verdadeiro López nunca esteve*).  E Solano López como líder seguro e exalando masculinidade rústica termina apequenando ainda mais D. Pedro II, que sofre de esgtresse pós-traumático tendo visto a batalha através de um binóculo.

É isso.  Houve mais alguma coisa que deu certo, ou muito certo, na novela?  Talvez, eu lembrasse de mais coisas, mas achei melhor parar por aqui.  O texto com o que deu errado, tenham certeza, será mais longo ainda.