domingo, 30 de junho de 2024

Rumiko Takahashi desenha placa de Veterinária em sua cidade Natal + Ranma 1/2 terá uma nova animação

Rumiko Takahashi é uma das maiores mangá-kas japonesas.  Tudo que essa mulher faz é sucesso.  Simples assim.  O Sora News trouxe uma notinha curiosa sobre ela.  Rumiko Takahashi nasceu na cidade de Niigata e faz 25 anos que ela desenhou a placa da veterinária Inagaki.  A coisa virou notícia recentemente no Japão, segundo SN, quando algumas pessoas reconheceram o traço de Takahashi.

A outra nota, e também estou usando o SN, é sobre uma nova animação de Ranma 1/2 (らんま1/2), uma das séries mais famosas e amadas da autora e foi publicada na revista Shonen Sunday entre 1987 e 1996, contando com 39 volumes.  Ranma 1/2 saiu completo no Brasil pela JBC.  Já a animação original de Ranma 1/2 teve várias temporadas a partir de 1989, além de filmes e especiais animados.  Até live action Ranma 1/2 teve.  Depois da nova animação de Urusei Yatsura  (うる星やつら), muita gente dava como certo que Ranma 1/2 seria a próxima série.  E, muito provavelmente, depois teremos Maison Ikkoku (めぞん一刻), também.

Chiho Saito estreia novo mangá sobre romance sobrenatural na revista Flowers

Chiho Saito, conhecida no Brasil somente por Shoujo Kakumei Utena (少女革命ウテナ), estreou novo mangá na última edição da revista Flowers. Hi no Tsugai (緋のつがい), cujo nome em inglês é Lovers in Scarlet, é um romance de fantasia entre espécies diferentes.  Uma jovem  foge para as montanhas, lá ela conhece um jovem de olhos vermelhos e decide fazer um contrato com ele.  É o que temos até o momento.

A série teve direito à capa e páginas coloridas.  Já passou da hora de termos outro mangá de Chiho Saito no Brasil.  Eu fiz dois Shoujocast sobre o meu mangá favorito dela: 

Panini anuncia o mangá Koori Zokusei Danshi To Cool Na Douryo Joshi

Ontem, em uma live no Youtube, a Panini anunciou o mangá josei Koori Zokusei Danshi To Cool Na Douryo Joshi (氷属性男子とクールな同僚女子), de Miyuki Tonogaya.  O mangá, que tem como nome internacional The Ice Guy and His Cool Female Colleague, é publicado na revista Gangan Pixiv desde 2019 e conta com 9 volumes no momento.  A previsão de lançamento do primeiro volume do mangá é setembro.  O anúncio pegou os fãs de surpresa.

O mangá gira em torno do romance entre Himuro-kun, que é descendente de um youkai, a Mulher das Neves (Yuki-onna), uma entidade do folclore japonês que varia de lugar para lugar, podendo ser até uma vampira, mas que pode controlar o frio, as nevascas e coisas do gênero, e uma colega de trabalho Fuyutsuki, que nem percebe o quanto seu colga é estranho.  Himuro, quando ansioso, ou agitado, pode congelar coisas, ou invocar neve. A série teve anime em 2023 e está disponível no Crunchyroll.  

Grande Exposição da revista Hana to Yume irá viajar o mundo

O perfil da grande exposição da revista Hana to Yume anunciou hoje que irá rodar o mundo.  E a notícia é somente esta no momento.  A breve mensagem informa que a programação será divulgada depois.  Em Tokyo, a exposição terminou hoje.  Imagino que deva seguir para outras cidades antes de sair do Japão.

sábado, 29 de junho de 2024

A VIZ vai republicar Anatolia Story e eu estou aqui na dúvida se compro, ou não.

Para quem não sabe, para quem é novo por aqui, sou fã da série Anatolia Story (天は赤い河のほとり) de Chie Shinohara.  Para quem não sabe, Anatolia Story tem como protagonista uma garota chamada Yuuri que acaba sendo transportada para o Império Hitita no século XIV a E.C.  Lá, ela deveria ser sacrificada pela rainha, como forma de garantir que seu filho seja o herdeiro do trono.  Yuuri é salva pelo príncipe Kail, um dos filhos mais velhos do rei, que se apaixona por ela.  Ele terminará sendo o herdeiro de seu pai, não o filho da atual rainha.  Já Yuuri, termina descobrindo que é o avatar da deusa Ishtar, a deusa de guerra e do amor.  A partir daí, ela se torna uma líder militar e figura da maior importância dentro da política hitita.  Mas ela é só uma adolescente, ela tem uma família no Japão, e ela precisa decidir se volta para casa, ou fica (*se lhe deixarem, claro*) com o príncipe que a ama e é amado por ela.  Colecionei a série, fiz scanlations de alguns volumes, tem tag da série no blog e eu resenhei cada um dos #28 volumes.  Enfim, a VIZ, porque, aqui, isso nunca deve ser publicado, vai republicar a série em formato BIG, 3X1.

Primeira coisa, pensei que, com a disparada do dólar, a série estaria mais cara.  Está em pré-venda no Amazon.  Agora, o problema, o grande problema, é saber se o texto estará sem a censura que existe na edição que eu tenho.  Vou pedir o volume 1 para confirmar, porque a primeira censura já aparece no primeiro ou segundo encadernado original. E havia problemas de tradução, também, ela parecia bem frouxa em alguns momentos. Pelos meus cálculos, se não houver algum material extra (entrevistas, a história curta que veio no fanbook, o gaiden do Ramssés, etc.), imagino que a coleção se feche com 9 volumes.  Podem excluir o primeiro gaiden, que falta não fará. Aliás, como grande fã da série, digo que ela deveria ter fechado no volume #27, não no #28, e mantido somente o gaiden Orontes no Renka, que poderia até ser maior.

sexta-feira, 28 de junho de 2024

Sonia Luyten, pioneira dos estudos acadêmicos sobre mangá no mundo, recebe comenda do Imperador japonês

Conhecer pessoalmente a prof.ª Sonia Luyten foi uma grande honra para mim.  Sempre sorridente, acessível e empolgada em relação aos mais diversos aspectos da cultura pop japonesa, quem olha para ela, e tem na cabeça a ideia do intelectual na torre de marfim,  não imagina o quão importante esta mulher é para os estudos sobre quadrinhos no Brasil e o quanto ela contribuiu para o desenvolvimento da pesquisa acadêmica sobre mangá.  Luyten foi a primeira pessoa no mundo a defender uma tese de doutorado sobre mangá.  Só isso.  Esta tese se tornou o livro Mangá: o poder dos quadrinhos japoneses, que já teve várias edições.  

Muito bem, a prof.ª Luyten recebeu do imperador do Japão a comenda da Ordem do Sol Nascente com Raios de Ouro e Prata.  Para quem quiser visualizar as várias comendas e seus graus, elas estão aqui.  A cerimônia de entrega das condecorações irá acontecer no próximo dia 26 de julho, em um evento reservado, promovido pelo Consulado Geral do Japão em São Paulo, segundo o site Sushi Pop.

Outros brasileiros que receberão a homenagem são homenageados, como o deputado federal pelo Paraná, Luiz Nishimori (PSD) e Sohaku Raimundo César Bastos, presidente do Instituto Cultural Brasil-Japão, sediado no Rio de Janeiro, entre outras personalidades ligadas à cultura japonesa.  Para a lista completa dos homenageados deste ano com as respectivas comendas, que são dividas em classes, é só clicar aqui.  A listagem está em inglês.




Comentando Não Chame de Mistério #1: o mangá feminino mais vendido no Japão atualmente, é uma história de detetive

Ontem, finalmente concluí a leitura do primeiro volume de Mystery to Iunakare (ミステリと言う勿れ), de Yumi Tamura, na edição da JBC.  A série, no Brasil, tem como nome Não Chame de Mistério.  Publicado na revista Flowers e contando com #14 encadernados até o momento, trata-se do mangá feminino de meio vendagem no Japão atualmente.  Sim, não é romance escola, ou qualquer romance, que muita gente acredita que é o resumo de todo mangá shoujo ou josei, é uma HISTÓRIA DE DETETIVE.  Em março de 2023, a série já ultrapassava 18 milhões de volumes vendidos. Para qualquer mangá que não seja um shounen arrasa-quarteirão, esses números são impressionantes.  Mas sobre o que é esta série?

Não Chame de Mistério é um mangá de detetive, mas não do tipo que tem como protagonista um policial, ou sujeito que sai por aí caçando bandidos.  A série é mais do tipo em que os mistérios e/ou crimes vêm atrás do protagonista, um rapaz de 19 anos chamado Totonou Kunou, que é uma espécie de detetive de poltrona (armchair detective).  O que é isso?  São "aqueles [detetives] que solucionam crimes à distância, sem visitar as cenas em que o delito aconteceu ou interrogar os suspeitos. Ao invés de ir de encontro com as cenas do crime, os detetives de poltrona descobrem os casos através dos jornais ou recontados por terceiros, do conforto de casa."

O primeiro volume começa com um one-shot, uma história fechada publicada em 28 de novembro de 2016, quando Yumi Tamura ainda estava envolvida com 7SEEDS (セブン シーズ).  Trata-se da apresentação do protagonista, acusado injustamente de assassinato e mantido na delegacia.  A série de verdade começou um ano depois com um caso em duas partes.  Estou agora entre esperar o volume #2, cuja capa já foi liberada, ou me adiantar e pegar as scanlations em inglês.  Aliás, como Não Chame de Mistério foi licenciada em vários países, as scanlations que encontrei em inglês, e não fui procurar fora do meu site de referência para leitura de scanlations, param exatamente nesta segunda parte.

Para quem não conhece a arte de Yumi Tamura, o traço de Não Chame de Mistério pode parecer estranho, mas acredito que a maioria das pessoas se acostume rápido.  Não gosto de algumas expressões faciais que ela desenha, mas é um mero detalhe que desaparece conforme a gente mergulha nas suas histórias.  Eu gosto muito de Basara (バサラ), uma das séries que ajudou a fazer Yumi Tamura famosa.  Outro grande sucesso da autora é 7SEEDS.  Yumi Tamura é vista como uma competente e premiada autora de ficção científica, mas, ao que parece, Não Chame de Mistério irá se tornar a sua obra mais importante.

Falando especificamente das duas histórias do volume, e eu não tinha lido nada da série antes de pegar a edição brasileira, confesso que a leitura da história de apresentação foi um tanto cansativa.  Com o intuito de apresentar Totonou Kunou e os policiais que serão recorrentes na série, a autora se estica demais.  Kunou é um excelente observador, tem uma audição muito apurada e se mantém calmo, mesmo sendo pressionado pelos policiais veteranos que querem que ele confesse um crime que não cometeu.

Um dos colegas de universidade de Kunou foi assassinado.  O rapaz, aparentemente, não se dava bem com ele.  Os policiais mais experientes querem acabar logo com o caso, resolver e passar a bola adiante, e algumas das provas encontradas parecem apontar para Kunou.  O rapaz, com as informações que recebe, consegue direcionar a investigação e provar, mesmo sem sair da delegacia ou ir até a cena do crime, que é inocente.  Enquanto isso, ele vai dissecando a psique dos agentes, em especial, os mais jovens, Ikemoto, cuja esposa está grávida, e Furomitsu, a única agente mulher do distrito policial e que é discriminada por causa disso.

Em muitos momentos, Kunou parece estar alheio à pressão que os policiais exercem sobre ele e se mostra mais preocupado com o curry que preparou e vai estragar, ou a hora marcada no cabelereiro.  Ele também fala demais e aparentemente é dono de uma cultura de almanaque, que usa para fazer observações que acabam sendo precisas.  No caso dele, não parece ser algo calculado para causar impacto, como no caso de Sherlock Holmes.  Kunou parece ser uma pessoa bem ingênua até e, pelo menos para mim, fica sugerido que ele é solitário e não tem uma boa relação com sua família.

Se eu tivesse somente esse primeiro capítulo, talvez não me animasse a continuar lendo.  As motivações do criminoso, o verdadeiro assassino (*que tem comportamento inexplicável, porque arma para culpar um inocente e se esforça ao máximo para que ele seja punido, como se tivesse algo pessoal contra ele*), me pareceram realmente forçadas e não gostei do desfecho dado pela autora, a lição moralizadora, mas não quero dar spoilers.  O one-shot tem uma grande preocupação em falar de família, afeto entre esposos e relação pais e filhos.  Na verdade, o foco é no comportamento ausente de muitos pais japoneses, que priorizam o trabalho em relação à família.  


Em Não Chame de Mistério, Yumi Tamura se preocupa muito com a análise psicológica das suas personagens e isso fica mais evidente no segundo capítulo, que é o caso do sequestro de ônibus.  A história abre com Ikemoto, que agora é pai, indo até a casa de Kunou, que se surpreende com a visita inesperada e inconveniente, afinal, o rapaz estava fazendo curry e pretendia sair para visitar o último dia de uma exposição sobre os impressionistas franceses.

Ikemoto conta que seguiu os conselhos de Kunou e sua relação com a esposa melhorou, mas que a chegada do bebê mexeu com a dinâmica familiar.  Kunou lhe dá conselhos e tenta despachá-lo e o detetive comenta que a policia está atrás de um serial killer.  Ele quer dicas que o ajudem a encontrar o criminoso e está disposto a dar detalhes para Kunou.  O rapaz recusa e diz que é um simples universitário, da mesma forma que se esquivou (*sem sucesso*) de dar conselhos domésticos para Ikemoto.

Muito bem, Kunou sai correndo e acaba entrando no ônibus que termina sequestrado por um sujeito que parece drogado, tem olhos esbugalhados, e está armado com uma faca.  A legislação de porte de armas no Japão é extremamente rígida, então, é o que se tem.  Dentro do ônibus temos uma amostra da sociedade japonesa atual: uma jovem dona de casa; uma jornalista; um sujeito que trabalha em meio expediente e vive sendo demitido; um desempregado; um gerente aposentado que faz serviço social; um estudante de pós-graduação; um sujeito antissocial, e Kunou, que depois descobre que pegou a condução errada.  Além deles, claro, temos o sequestrador e o motorista.

Ao longo da viagem, temos um experimento social.  Por qual motivo os passageiros não reagem?  Por que ninguém tenta fugir quando tem a chance?  Ficar é covardia?  É uma forma de solidariedade com o grupo?  O criminoso questiona a cada um deles qual o seu maior defeito, se já tiveram vontade de matar alguém e como não gostariam de morrer. Trata-se de uma parte da história que talvez deixe alguns leitores desconfortáveis e o objetivo da autora com certeza é esse mesmo. Kunou diz que não gostaria de ser assassinado e a polícia concluir (*por preguiça, imagino*) que foi um suicídio ou acidente.  No fim das contas, as intervenções de Kunou, seja usando o senso comum, ou a sua capacidade de dedução, terminam estragando parte da tortura, porque é uma tortura, imposta pelo criminoso.  

Com o passar do tempo, Kunou desconfia que o sujeito não está sozinho e, ao ir ao banheiro, porque o sujeito para em uma loja de conveniência e permite que todos saiam, cada um a se turno, descobre o motivo da polícia não estar procurando o ônibus.  Sem spoilers aqui.  E ela deveria, afinal, a jornalista conseguira, antes de ter o seu celular confiscado, enviar um pedido de socorro.  Kunou tentará avisar a polícia novamente de forma que a mensagem seja compreendida.  O fato é que quando chegamos ao final do primeiro volume, temos um gancho e é preciso esperar o segundo volume para ler o resto da história.  Sinceramente?  Isso também é uma tortura.  😆

Se vocês estão acostumados com a dinâmica das histórias de detetive, devem desconfiar que os assassinatos que a polícia está investigando e o sequestro do ônibus estão interligados de alguma forma.  Vale a pena a leitura?  Olha, não vi no one-shot nada que me levasse a continuar lendo Não Chame de Mistério, mas temos a segunda história e ela me prendeu.  A própria autora, no freetalk (*aquela conversa que alguns autores têm com seus leitores*) do final do volume sugere que foi autoindulgente, leia-se: ela chegou em um ponto da carreira no qual ela pode arriscar fazer a história que quiser, inclusive uma que dependa tanto de diálogos e tenha tão pouca ação.  E, bem, como histórias de detetive fazem sucesso no Japão, vide a longevidade de um Kindaichi Shounen no Jikenbo (金田一少年の事件簿) ou doramas como Miss Sherlock (*sim, sim, versão feminina do grande detetive e tem séries com Sherlock como homem, também*), Não chame de Mistério encontrou seu público e está aí sendo elogiada, vendendo horrores e fazendo sucesso.

Não Chame de Mistério foi indicado ao 12º Manga Taisho Award, em 2019, e ficou em segundo lugar.   Foi indicado no ano seguinte novamente e ficou em sexto lugar.  O Taisho Award tem um sistema de pontos.   Em 2019, a série foi indicada ao 65º Prêmio Shogakukan Manga na categoria geral, aquela que quase nunca premia mangás de demografias femininas, em 2022, a série ganhou o 67º prêmio na categoria geral junto com Nigatsu no Shousha.  A série foi indicada, também, para o 44º Prêmio Kodansha Manga na categoria geral, em 2020 e para  o 26º Prêmio Cultural Tezuka Osamu em 2022.  Não me surpreenderia se ganhasse algum desses prêmios nos próximos anos.

Em 2019,  a série apareceu em segundo lugar no guia Kono Manga ga Sugoi da editora Takarajimasha! para o público feminino, em quarto em 2020; em sexto em 2021; em décimo em 2022.  É muito mais do que a maioria das séries consegue e nada impede que retorne em 2025, porque, pelo jeito, Yumi Tamura pode continuar publicando esta série por muito tempo ainda.  Indo para outros rankings respeitáveis, Não Chame de Mistério apareceu em quarto lugar na lista de "Livro do Ano" da revista Da Vinci, em 2019; foi o quinto na mesma lista, em 2020; em segundo, em 2021; em quarto, em 2022; e em décimo primeiro, em 2023.  Não pense que isso é poncã coisa, não para um mangá josei que sequer tem anime.  Mas, sim, o sucesso fez com que a série tivesse dorama (2022), especial para TV (2023), ambos disponíveis no Viki, e filme para o cinema (2023).

Indo para o final, quatro coisinhas, duas sobre a edição da JBC e uma é uma impressão que tive.  Antes das críticas, um ponto, Não Chame de Mistério deve ser um mangá muito difícil de adaptar.  Ele faz jogos linguísticos o tempo inteiro.  tanto no primeiro, quanto no segundo episódio, houve a discussão dos kanjis (*ideogramas japoneses*) no nome de Kunou, seu uso incomum.  Conseguir traduzir e oferecer um texto coerente e fluído para um mangá assim deve ser um grande desafio.  Parabéns para os envolvidos.  Agora, tenho problemas com as escolhas de gírias da editora faz tempo, há gírias que são perenes, elas entram na língua portuguesa, outras, vem e passam.  Optar por colocar gírias muito específicas pode tornar o material datado rapidamente.  Mas isso é problema antigo da editora.  

Outra coisa, e não estou desqualificando o trabalho da tradutora (Amanda Diniz), mas há um deslize inexplicável.  Megumi Kashiwa é casada e é chamada de SENHORITA o tempo todo.  Não gosto, mas entendo que a editora não use honoríficos (*san, sama, chan, kun, whatever*), fico feliz que não usem senhorita/senhor/senhora como substitutos, como faziam em tempos passados, agora, casou não é senhorita.  Como deixaram essa barbeiragem passar?  Fora, claro, que a própria situação da personagem, a coloca nessa posição da dona de casa tradicional, dependente, submissa e por aí vai.  E o outro ponto, seria interessante jogar as notas para o final do volume.  Já há texto demais no próprio mangá, às vezes, usando um letreiramento muito pequeno, as notas poluem ainda mais.  Não acredito que uma folha de notas iria encarecer a obra.

Fechando, Shou Kumada, o estudante de pós-graduação, também comenta sobre os kanjis no nome de Kunou, que o que aparece no seu nome e no dele tem o mesmo som.  Não sei se Kumada volta, apostaria que, sim, mas ele está querendo mesmo a amizade de Kunou, ou estava cantando o rapaz?  Porque a impressão que tive foi essa.  Muito bem, acabou a resenha, aguardo ansiosamente o próximo volume, até para ter certeza de que estou gostando de fato do mangá, ou ele não me fisgou.  E, se alguém quiser comprar o volume, segue o link do Amazon.  Temos a acapa do segundo volume, mas acredito que não está em pré-venda ainda.

terça-feira, 25 de junho de 2024

Rimacomi+: Conheça a nova plataforma de leitura de mangás shoujo e josei da Shueisha

A editora Shueisha lançou, hoje, no Japão, uma plataforma de leitura de mangás chamada Rimacomi+.  O serviço será semelhante ao Shonen Jump Plus.  O Manga Mogura explica que o "Ri" é de Ribon e o "Ma" de Margaret, as duas revistas mais tradicionais da editora.  Todas as revistas shoujo e josei da editora estarão disponíveis no Rimacomi+ além do material publicado diretamente na Digital Margaret e na plataforma Manga Mee.  

Segundo o Yahoo Japão, o serviço é gratuito e, se você se registrar, poderá ler um episódio por dia gratuitamente a cada 23 horas. Os episódios “pagos” podem ser alugados por 72 horas após a compra. A inscrição é gratuita e concede 100 pontos de bônus. A pessoa receberá 30 pontos de bônus sempre que fizer o login diário. Segundo o PRTimes, ao estabelecer um novo portal, a Shueisha pretende aumentar a divulgação das suas obras e revistas, conquistar novos leitores e expandir as vendas das antologias e encadernados em papel. O Rimacomi+ está no Twitter e a página oficial é esta aqui.

Ranking da Oricon: Semana 10-16/06


Saiu o ranking da Oricon e, como eu esperava, Mystery to Iunakare (Não Chame de Mistério) subiu e pulou para o primeiro lugar, mostrando a força da série de Yumi Tamura.  No top 10, o único outro mangá feminino é o BL Kiraide Isasete.  Já entre o 11º e 30º lugares, temos vários mangás femininos, a maioria são shoujo mesmo, exceção para Maronie Oukoku no Shichinin no Kishi, que é josei como o primeiro colocado.  Ainda no top 10, temos Ojisama to Neko, que está saindo no Brasil pela Mythos.  Sei que a série tem apelo para o público feminino, mas sai em uma revista shounen, então, independentemente do seu percurso antes da publicação em uma antologia, considero que seja shounen mesmo.

1. Mystery to Iunakare #14
2. Tensei Shitara Slime Datta Ken #26
3. Mairimashita! Iruma-kun #38
4. Mairimashita! Iruma-kun if - Episode of Mafia #2
5. Kiraide Isasete #6 
6. Makai no Shuyaku wa Wareware da! #18
7. Hikaru ga Shinda Natsu #5
8. Ojisama to Neko #13
9. Ao no Futsumashi #31
10. MF Ghost #20
11. Na no ni, Chigira-kun ga Amasugiru。 #10
12. Maronie Oukoku no Shichinin no Kishi #9
17. Inazuma to Romance #6
18. Ouke no Monshou #70
25. Kawaii Nante Kiitenai!! #9

domingo, 23 de junho de 2024

Comentando os episódios 5 e 6 da terceira temporada de Bridgerton: o segredo de Lady Whistledown e perigo e Cressida lançada no abismo

Estreou no dia 13 de junho a segunda leva de episódios da 3ª temporada de Bridgerton.  Passei os olhos em tudo, mas só assisti de forma correta o primeiro e o segundo episódio, estou com filha em semana de testes e trabalho se acumulando e fico falando do PL do Estupro lá no Instagram, a coisa é muito séria e ainda farei texto aqui (*prometo*).  E, sim, eu sei da mudança na história da Francesca (Hannah Dodd), mas só vou tocar nessas questões nas resenhas dos capítulos em que essas questões são expostas.  Ficaremos, aqui, com esses dois capítulos e só, mas devo terminar o resto antes do fim da semana.

Começamos o episódio #5 com a sequência imediata da passagem da carruagem (*ver resenha anterior*) e Colin (Luke Newton) levando Penelope (Nicola Coughlan) para a casa dos Bridgerton.  Ele anuncia o noivado e todos parecem muito felizes, menos Eloise (Claudia Jessie).  Ela e Penelope têm um particular e a irmã chata de Colin pergunta se o moço já sabe que Penelope é Lady Whistledown. O episódio inteiro é marcado pela tensão em torno do segredo, que se agrava quando a rainha Charlotte (Golda Rosheuvel) oferece uma recompensa para quem lhe entregar a identidade da cronista da vida da alta nobreza.

Agora, foi muito feio o que fizeram com a Portia (Polly Walker). No livro, Colin vai para a casa de Penelope pedir a mão da moça, o que gera uma grande surpresa, na série, a mãe da mocinha fica sabendo do ocorrido por Lady Whistledown. Foi uma grande grosseria, mas, ao que parece, quem está na direção da série não parece muito preocupado em ser gentil, é como se, na sua felicidade, ou infelicidade (*estou pensando em Eloise*), tudo seria permitido aos bonzinhos da história.  

Existe, sim, no livro quatro um confronto entre Colin e Portia, porque o moço a surpreendeu destratando Penelope.  Na série, o confronto é resultado da raiva que Portia está sentindo pela falta de educação, afinal, ela, a mãe da noiva, não foi comunicada do casamento em primeiro lugar, fora isso, ela  acredita que Lorde Debling (Sam Phillips) seria uma opção melhor para ela e, talvez, para toda a família Featherington.  Com seu ímpeto por aventuras, o quase futuro marido de Penelope certamente não iria durar muito e ela ficaria viúva.

Como escrevi lá na minha última resenha da segunda temporada, Portia é uma mãe leoa.  Ela considera Penelope sua filha menos dotada, isso é fato, mas ela se preocupa com sua prole a ponto de fazer mil armações para garantir seu bem-estar.  Ao longo do episódio #6, Portia tenta aconselhar a filha a garantir que seu compromisso com Colin dê certo, e, ao fazê-lo, nos permite ver o quanto sua própria vida foi marcada por renúncias.  Sendo mulher, ela precisa viver em função do marido e o que ela tinha não era um homem gentil, ao que parece.  E nem trouxeram para a discussão o fato dela só ter gerado garotas, o que deve ter aumentado as suas humilhações por parte do finado Lorde Featherington.  Aliás, lendo o livro #3 (*o do Benedict*), descobri que existe uma quarta irmã Featherington, Felicity, a caçula, que é muito amiga de Hyacinth (Florence Hunt), mas que ela foi cortada da série.  

Voltando ao episódio #5, temos lá a primeira vez de Colin com Penelope, foi uma cena bem eficiente em mostrar a consumação do amor e do desejo dos dois e apresentar toda a beleza de Nicola Coughlan.  E não adianta mentir, quem acompanha Bridgerton (*e se leu o livro mais ainda*) estava esperando por dois momentos, a sequência da carruagem, que não decepcionou, e esta outra.  Voltando lá nos livros, comparando as primeiras vezes das mocinhas do livro 1 (Daphne) e 2 (Kate), com a de Penelope (*e a de Sophie, o par de Benedict no livro*), vemos que ela foi parte ativa em sua primeira experiência sexual completa (*porque já tinha rolado pegação antes*).  Mesmo inocentes, para usar termo da época, Penelope e Sophie se mostraram interessadas e não pareciam constrangidas, mas queriam participar.  Outro ponto importante, elas não estavam em um casamento meio que forçado por um escândalo, aliás, no caso de ambas, a tal "primeira vez" veio antes do casamento. 

É preciso notar, no entanto, que tanto Penelope, no livro já com 28 anos, quanto Sophie tinham muito mais experiência de vida, mesmo que não de intimidades amorosas, do que Daphne (Phoebe Dynevor) e mesmo Kate (Simone Ashley) que, apesar de tecnicamente ser uma solteirona, estava alheia ao jogo amoroso.  Mas continuemos.  Enfim, a sequência se manteve fiel ao estilo do original, ainda que o lugar, não somente a casa, mas até o fato de ser em um sofá (*Sophie e Benedict foi em um sofá*), foi diferente.  Agora, o que muda muito as coisas é o fato disso tudo no seriado ter ocorrido antes de Colin descobrir que Penelope era Lady Whistledown.  Ele desvenda o segredo na última cena do episódio #6.  Como não pude parar para assistir ao que vem depois, vamos ver como a coisa toda se desenrola. 

E vamos falar de Cressida (Jessica Madsen), agora.  Nos livros, ela é vilã bem pérfida e invejosa.  Não há discussão quanto a isso, só que nesta terceira temporada, pelo menos do episódio 1-4 lhe deram várias camadas para a personagem e a amizade com Eloise fez com que a moça tivesse mais importância na história. Ficamos conhecendo melhor os seus dramas pessoais que de materializavam, inclusive, nas escolhas absurdas de seu figurino (*o vestido vermelho no episódio #6 foi espetacular*). Tudo isso foi demolido rapidamente já no episódio #5.  

Conforme prometido, a jovem estava sendo constrangida por seu pai a casar com um velho, afinal, na sua terceira temporada na sociedade, ela não conseguira um marido rico.  Quando fica sabendo do escolhido de seu pai, Cressida até estava vendo vantagens em se casar com o velho.  Logo ficaria viúva e livre, fora isso, poderia comprar o que quisesse.  Mas eis que ela descobre que seu futuro marido é um (falso)puritano e extremamente controlador, antes do cidadão bater as botas, seria trancada em um mausoléu com ele e reduzida a uma boneca sexual. Dá para entender, na lógica do seriado da Netflix, que ela surte mesmo a partir daí.

Quem poderia ajudá-la a manter o prumo?  Eloise, claro.  Cressida quer sua ajuda desesperadamente, mas a Bridgerton chata passa boa parte do episódio #5 centrada em Penelope, primeiro, como atormentá-la e obrigá-la a contar o segredo, depois, em sua tentativa infrutífera de contar para Colin.  Cressida foi abandonada por Eloise quando mais precisava dela e ficou comprovado que ela tinha sido usada pela moça como uma espécie de substituta para Penelope.  Depois que ela e a protagonista da temporada fazem as pazes, ela descarta Cressida sem cortesia alguma.  "Ah, mas Cressida disse que era Lady Whistledown!".  Sim, verdade, mas fez isso depois de ter pedido ajuda em vão. 

Dito isso, se houve possibilidade de redenção para a jovem, Eloise, no seu egoísmo, a empurrou para o abismo.  Teremos alguma meia culpa?  Não.  Cressida e Portia estão na mesma prateleira para os roteiristas da série.  São pessoas más, ou vulgares e não merecem cortesia.  A partir de agora, Cressida reassume uma posição vilanesca e terá que lutar pela sua própria existência social, afinal, ao se assumir como Lady Whistledown, sendo uma jovem solteira (*no livro, ela já estava casada*), ela está quase na posição da pária social.

No episódio #6, temos um pouquinho de Benedict (Luke Thompson) e a proposta de Lady Tilley (Hannah New) e seu amigo bonitão de arrastá-lo para a cama.  Acreditava que iriam enterrar de vez essa característica queer da personalidade dele que estava muito evidente na primeira temporada, mas decidiram investir pesado nela.  Mas nada aconteceu ainda, deixo mais comentários para a próxima resenha, quero teorizar sobre o futuro dele.


Lady Danbury (Adjoa Andoh) finalmente explodiu com o irmão, Lorde Marcus Anderson (Daniel Francis), que estava flertando abertamente com Lady (Violet) Bridgerton (Ruth Gemmell).   Ele cria que ela tinha algum rancor por perder o lugar de filha mais velha e o amor do pai, mas ela mostra que sua mágoa era por outro motivo, ela iria fugir para nãos e casar com Lorde Danbury, um homem muito mais velho (*não vi Rainha Charlotte, mas sei disso*), e o irmão a denunciou, por assim dizer.  Ele sequer parecia lembrar, talvez nem tenha feito nada, mas o fato é que ela o adverte que ela não vai tirar mais nada dela, no caso, sua amiga Violet.  

Kate e Anthony (Jonathan Bailey) reapareceram.  Eles estão grávidos, mas ainda não contaram para a família.  Eles tiveram algumas cenas e, como não são protagonistas da temporada, me sinto muito satisfeita só deles aparecerem.  Kate organizou seu primeiro baile como viscondessa de Bridgerton e  deu conselhos para Eloise, o que acabou fazendo com que ela se mexesse para tentar retomar sua amizade com Penelope, antes disso, ela vai falar com Colin e temos a pequena dose de reacionarismo de Bridgerton, a série da Netflix, com o rapaz lembrando da decepção de Eloise ao descobrir que não poderia aprender a esgrimir.  Havia mulheres esgrimistas, poderiam ter feito uma cena muito melhor simplesmente dizendo que sua mãe a a de Penelope jamais deixariam as duas aprender a lutar espadas.

Voltando para Kate, suas roupas estavam muito bonitas nesses dois episódios, bem diferente das coisas disformes que apareceram no primeiro capítulo da temporada.  Aliás, do figurino desses episódios, o que me irritou foram os "cold shoulders" (*não sei como se chama isso em português*) de Violet Bridgerton.  Ficou feio?  Não, mas ficou estranho, fora que eu não gosto deste tipo de manga mesmo.  Como pontuei na última resenha, o figurino desta temporada me decepcionou um tanto, o mesmo vale para os excessos de modernidade nos cabelos e maquiagem.  Ficou feio?  Não, mas acabou criando uma situação em que fica difícil saber em que (*suposta*) época as pessoas deveriam estar.

Terminando, porque já me estendi demais, os episódios deram andamento ao romance de Francesca e John Stirling, Lorde Kilmartin (Victor Alli).  E o relacionamento dos dois foi desenvolvido de forma delicada e sem os arroubos dos outros casais que aparecem na série. Isso sem deixar de mostrar a mocinha, que é a Bridgerton que só quer ter sua própria casa e um pouco de paz, pressionando a mãe para conversar com a rainha e esclarecer as coisas, afinal, a soberana tinha planejado outro casamento para a jovem.  Já John, que é muito tímido, começa a interagir com a família Bridgerton e outras personagens sem trair este traço de sua personalidade. 

Foi uma boa ideia colocar o romance principal da temporada, o de Colin e Penelope, em contraponto com Francesca e John.  É possível amar de várias formas diferentes.  Nem sempre a coisa precisa ser explosiva e se conduzir feito um trem descarrilhado para ser convincente.  E, como pontuei, não vou comentar o que vem depois, paro por aqui.

sábado, 22 de junho de 2024

Comentando Divertidamente 2 (EUA/2024): Uma Continuação quase tão boa quanto o original

Fui assistir Divertidamente 2 (Inside Out 2) com a Júlia hoje.  Importante dizer que é uma continuação que funciona muito bem e não é somente um filme caça-níqueis como tantos outros que estão chegando aos cinemas nesses últimos tempos.  Sim, apostar em produtos já conhecidos, em franquias, parece ser a saída segura para os estúdios.  É medíocre, mas é como tem sido nos últimos tempos.  De qualquer forma, eu fiquei positivamente surpresa ao ver as pessoas na minha sessão, que nem estava cheia, era a primeira da sala, havia umas quatro exibindo o filme simultaneamente, interagindo com o filme, vibraram, riram, torceram e, ao final do filme, aplaudiram.  Dei uma volta no shopping e, ao passar de novo em frente ao cinema, ele estava cheio como não via desde Barbie.  Bom sinal, eu diria.  Vamos ao resumo?

Nesta nova aventura, Riley, a protagonista original, chegou aos treze anos e é oficialmente (*porque, na regra, a puberdade pode começar antes*) uma adolescente.  Suas cinco emoções básicas - Alegria, Tristeza, Nojo, Medo e Raiva - terão que se ajustar à presença de novas emoções e tudo ficará caótico até que, no final, as coisas se arrumem em um novo equilíbrio.  Novo, sim, porque nada será como antes.

As novas emoções representam, de certa forma, o caos que se instala quando Riley entra na adolescência, sendo o marco, os seus 13 anos.  Ansiedade, Inveja, Vergonha e Tédio  (*ou ennui, uma palavra francesa que descreve um sentimento que combina cansaço e tédio.*) aparecem no centro de comando da cabeça da menina e querem neutralizar, ou mesmo eliminar, as emoções básicas de Riley.

No mundo real, a garota está terminando o ginásio e logo estará no colegial. Riley, que á muito boa no hockey de gelo, é convidada pela treinadora das Fire Hawks para um acampamento de três dias que pode definir antecipadamente se ela entrará para o time do seu futuro colégio.  A menina é muito fã de uma das jogadoras deste time, Val Ortiz, que entrou nas Fire Hawks quando era caloura.  Tudo ia muito bem até que suas melhores amigas lhe dizem que não irão para a mesma escola que ela, Riley fica arrasada, por outro lado, a possibilidade de entrar para o time de hockey do colegial faz com que a menina abra as portas para que a ansiedade tome conta dela e modifique o seu comportamento.

Mais uma vez, Divertidamente dá o protagonismo para as personagens femininas.  No primeiro filme (*resenha*), tínhamos Alegria e Tristeza no centro, com Nojo e Riley para fechar o elenco.  Agora, entram em cena mais duas emoções "femininas", por assim dizer, Ansiedade e Inveja.  Talvez Tédio, também, não sei, se for pela dublagem original, seria.  Como já ficou desenhado no primeiro filme, que é de 2015, a puberdade é um período de turbulência, de insegurança e as emoções básicas querem se agarrar às estabilidades da infância.  

Pensei naquele papo que alguns repetem como um mantra de que a personalidade se define até os 5 anos, algo que é usado para desaconselhar, inclusive, a adoção tardia.  Recentemente, vi uma psicóloga falando em 15 anos.  O fato, e sou leiga no assunto, é que eu acredito que estejamos sempre nos redefinindo, se não no todo, pelo menos nas partes, conforme passamos pelas experiências da vida.  No filme, Alegria lidera as emoções básicas em uma tentativa de livrar Riley de suas memórias tristes, vexatórias, assustadoras, isso, claro, a impede de amadurecer.  

E é essa tentativa de proteger a garota que abre espaço para que a Ansiedade produza tanto estrago, acredito, afinal, Riley não consegue olhar para o futuro sem sentir uma grande insegurança.  Como será a vida no colegial?  Ela vai ficar sozinha?  Fará novas amigas?  Entrará para o time de hockey?  E se não conseguir?  Aliás, o filme não explora, mas deveria, o pai chega a dizer que, se a menina fosse aceita nas Fire Hawks, será um primeiro passo para uma bolsa de estudos na faculdade.

Só que a chegada das novas emoções, lideradas pela Ansiedade, instaura um caos que desequilibra totalmente a menina.  Houve um momento do filme em que cheguei a ficar nervosa com os efeitos da ansiedade em Riley, achei que a menina fosse enfartar.  E temos, mais uma vez, uma jornada pela mente da garota na qual Alegria crê estar salvando a protagonista das emoções que considera invasoras.  Ao longo dessa travessia difícil, percebemos como o cérebro de Riley é plástico e vai se reconfigurando conforme ela passa por novas experiências, nem sempre prazerosas, e como ela reage a elas.

No geral, este novo Divertidamente é bem satisfatório, mais uma vez, Alegria precisa aprender a ser menos egocêntrica e aceitar as mudanças.  Agora, algumas coisas ficam frouxas, claro.  Onde estavam essas novas emoções nos cérebros dos adultos?  Do pai e da mãe de Riley?  Se elas serão presença na cabeça da menina, deveriam ter sido pacificadas na cabeça dos mais velhos.  A Ansiedade do pai e da mãe dá as caras na sala de comando, mas é somente isso.

Outro ponto, fraco do filme, é que lá no original, Riley mostra interesse pelos garotos, mas o Desejo (*ou mesmo o Amor*) não dá as caras no filme.  Aliás, como ela passa boa parte do tempo no acampamento do time de hockey, ela só está entre mulheres.  Ainda assim, não são discutidos nem sexualidade, nem papéis de gênero em nenhum momento.  Nada, nada, passa tudo batido.  Se há adolescentes mais novas e mais velhas, alguma coisa teria que vir à baila, mesmo que de forma marginal, mas é como se essas coisas não fizessem parte da vida das meninas, parecem todas assexuadas (*não assexuais, vejam bem, não falo da orientação sexual*).  

Em um momento do filme, é dito por Alegria que Riley superou as boy bands.  Aos treze anos?  Já?  E há uma personagem de videogame que está no cofre dos segredos, ele era um dos crushes da menina.  Era, vejam bem, não é mais.  E não temos muito de camaradagem entre as garotas, também, o relacionamento entre as mais novas e as mais velhas não é horizontal, mas se enfatizam aqueles clichês de filme high school norte-americano, aqueles comportamentos um tanto tóxicos, como o culto aos populares, que muita gente quer importar para o nosso ambiente escolar.  Nada disso, claro, estraga o filme.

De resto, como tenho uma filha na puberdade, ainda que ela tenha dez anos, reconheci em alguns comportamentos de Riley, a minha Júlia.  Como minha filha ficou quietinha, acho que ela se viu no filme, também.  A reação da plateia, formada de crianças principalmente, adultos e alguns poucos adolescentes mostrou que Divertidamente 2 atingiu o alvo.   E temos cena pós-crédito, mas nao foi nem a volta da Nostalgia, uma emoção que aparece rapidinho em dois momentos do filme, nem um novo sentimento, mas outra coisa.  Me decepcionei um pouquinho.

Quanto à dublagem, ela é excelente, como é comum nos filmes da Pixar e da Disney, mas tão carregada de gírias de nosso tempo que me pergunto quantas delas serão ainda usadas daqui dez anos, menos até.  Sei que a ideia é se comunicar com om público, mas é o tipo de coisa que me preocupa um tanto.  Ah, sim!  E não houve um curta no início do filme.  Isso, sim, me decepcionou.  

É isso.  Se você tiver a chance, assista Divertidamente 2, porque é um filme que faz justiça ao original.  Nem sempre é assim.  Pelo que consta, já está assegurada uma nova continuação.  Vamos ver se Desejo vai aparecer na sala de comando, ou se vão evitar lidar com algo que, desde o primeiro filme, já parecia estar às portas.  Foi bom voltar ao cinema, eu estava com saudades.

Nova antologia josei de fantasia estreia no Japão

O Comic Natalie trouxe uma matéria sobre o lançamento de uma nova revista josei (*acredito que seja, se não for, é shoujo*) chamada Comic Spira F.  O lema da revista é “Encontre o amor e a aventura em outro mundo aqui e agora”. A primeira edição traz seis trabalhos.  

Na capa, o oneshot Migawari no Hanayome wa Yuugana Hitojichi Raifu o Mankitsu Suru (身代わりの花嫁は優雅な人質ライフを満喫する) com arte de Aya Makino e roteiro de Fuyutsuki Kouki.  A revista deve ser lançada on line todo dia 22 de cada mês.

sexta-feira, 21 de junho de 2024

Mangá que mostra o dia-a-dia da redação de uma revista josei tem seu primeiro volume lançado no Japão

Kimi ga Mata Egakidasu Sen (君がまた描き出す線), de Uiri Katou, é uma série publicada na revista Feel Young e teve o seu primeiro volume lançado hoje.  Segundo o Manga Mogura, o resumo da série é o seguinte: "A história se concentra nas mulheres que trabalham na equipe editorial de uma pequena revista de mangá Josei, como uma jovem aspirante a dubladora que sofre assédio sexual na indústria de VA e começa a trabalhar lá como assistente editorial."  Eu não sei o que "VA Industry", seria de "voice acting" (dublagem)?  Enfim, não tem scanlations ainda, o primeiro capítulo está disponível on line aqui.  E a série tem um nome em inglês que é "The Lines You Start To Draw Again" (As linhas que você começa a desenhar novamente).  Parece ser interessante.


quinta-feira, 20 de junho de 2024

Último volume de Hataraki-Man finalmente será publicado

O Manga Mogura fez um post informando que Hataraki-Man (働きマン), uma das séries de maior sucesso de Moyoco Anno, terá se último volume publicado no Japão amanhã.  O quarto volume sai exatos DEZESSETE ANOS atrás.  Eu tenho os quatro volumes da edição espanhola da série e realmente a impressão era de incompletude, de que faltava alguma coisa, mas acreditei que a autora não iria retomar a história de Matsukata Hiroko, uma jovem de 28 anos obcecada por trabalho e que é editora de uma revista.  Ela luta todos os dias para mostrar competência em um ambiente que favorece os homens, mesmo quando eles não se esforçam nem um pouco.

A série fez tanto sucesso que virou matéria no jornal The Times falando das mulheres no mercado de trabalho japonês e como a protagonista de um mangá estabelece um novo padrão de comportamento,  teve anime e dorama.  Eu realmente não sabia do retorno, mas vi que perdi uma matéria do Comic Natalie falando de uma entrevista que Moyoco Anno deu para a edição deste mês da revista Da Vinci.  

Em uma entrevista comemorativa dos seus 35 anos de carreira, ela falou do lançamento de sua primeira antologia, da série Go Happy Mania (後ハッピーマニア), continuação de um dos seus maiores sucessos, e do término de Hataraki-Man.  Trata-se de um excelente mangá e espero que o último volume promova um revival da série e ela apareça no Brasil.  Em 2006, eu fiz uma resenha da série.

quarta-feira, 19 de junho de 2024

Tsuiraku JK to Haijin Kyoushi terá um artbook em agosto

Tsuiraku JK to Haijin Kyoushi (墜落JKと廃人教師), da mangá-ka Sora, é um dos grandes sucessos da revista Hana to Yume e já está no seu volume 17.  O Pro Shojo Spain noticiou que um artbook da série será lançado em agosto.  Ele terá 160 páginas e custará 3300 ienes (*R$113,48 em valores atuais, sem correio, que deve dar quase o dobro do valor do livro*).

O ponto de partida da série é o seguinte: "Mikoto Ochiai está pronta para pular do telhado do prédio de sua escola depois de ser rejeitada pelo garoto que ama. No entanto, o professor Jin Haiba de repente aparece no telhado para fumar, conversou com ela e a salvou de cair. Ele até pediu que ela saísse com ele em vez de morrer. Um mangá de comédia negra sobre amor, vida e morte."  Estou com este mangá na minha lista de futuras leituras faz tempo, mas sempre esqueço de começar.  A série teve dorama no ano passado.

terça-feira, 18 de junho de 2024

Nanaeko Sasaya, membro do grupo de 48, morre aos 74 anos

O grupo de 48, ou grupo do ano 24 da Era Showa (24年組/Nijuuyo-nen Gumi) revolucionou o shoujo mangá nos anos 1970.  O grupo tem este nome, porque a maioria das autoras nasceu no ano 1948, o de número 24 da Era Showa.  Na verdade, umas nasceram em 1947, 1949 e até em 1950, também.  Deste grupo fazem parte várias autoras, como Hagio Moto, Riyoko Ikeda, Takemiya Keiko, Toshie Kihara, Yazuko Aoike e Ryoko Yamagishi.  Pois bem, hoje foi noticiado que Nanaeko Sasaya, um dos membros do grupo faleceu de em virtude de um câncer de pulmão.

Nascida em Hokkaido, Sasaya debutou com o mangá Kamome — GULL — (かもめ―GULL―) na revista Ribon em 1970 com o nome de Nanae Sasaya. Seu mangá Okame Hachimoku (おかめはちもく), que é autobiográfico e fala da sua vida de casada, ganhou o Prêmio de Excelência no 19º Prêmio da Associação de Cartunistas do Japão em 1990. Ela mudou seu nome para Nanaeko Sasaya somente em 1996. 

No mesmo ano, ela adaptou um livro de Atsuko Shiina sobre abuso infantil, seu mangá Kooritsuita Me (続凍凍りついた瞳/Frozen Eyes) se tornou fundamental para o movimento de reforma das leis de abuso infantil no Japão.  Este mangá teve uma continuação com o nome de Shin Kooritsuita Me (新凍りついた瞳(め) ).  Outra obra importante da autora foi o mangá de terror Minotaurus (ミノタウルス).  As informações saíram no ANN e no Comic Natalie.