Terminei de ler Dead and Gone, hoje, por volta das 3h15 da manhã. Faltavam somente umas vinte páginas e, depois de ter cochilado um pouco, não podia esperar para ler o desfecho. Sim, foi o melhor livro da série em muito tempo. E eu o colocaria empatado com o livro um, não fosse o caso do Quinn. O que o livro tem de bom? Uma história coesa, empolgante, com desenvolvimento das personagens e seus relacionamentos sem necessariamente fugir da trama principal. Tudo que é paralelo, aparece em função da trama principal e não para nos desviar dela. Além disso, o título do livro foi usado em vários momentos para marcar que alguém estava efetivamente “dead and gone”. Se o
livro oito foi uma decepção por não conseguir aprofundar duas tramas bem atraentes (*a da guerra dos lobisomens e a da tomada da Louisiania pelo rei de Nevada*), o livro nove foi bem fundo na guerra das fadas. Sim, depois desse livro, nunca mais olharei para fadas, sejam as de Padrinhos Mágicos ou a Sininho de Peter Pan, com os mesmos olhos. Mas nada que limonada e uma boa colher de pedreiro de ferro não possam resolver... ^_^
A trama básica do livro é a seguinte: Os shapeshifters e weres (*que viram somente um animal específico: lobos, panteras, tigres, etc.*) decidem se revelar para o mundo. E Sam e Tray Dawson, um lobisomen solitário (*acho que nunca falei do Tray, mas ele é uma personagem terciária bem legal*), se transformam no Merlotte, e os vampiros – nesse caso Bill e Clancy (*que Sookie odeia*) – estão lá para dar cobertura. As reações em Bon Temp são tranqüilas, salvo por Arlene, que está envolvida com a Irmandade da Luz e pede demissão. As panteras de Hotshot não se revelam, ou assim parece, mas ficamos sabendo que há muita gente insuspeita, como o delegado da cidade, que sabe de Calvin e seus parentes. Se em Bon Temp e Shreveport (*Eric estava dando cobertura para Alcide*) as coisas vão bem, o mesmo não ocorre na casa de Sam, pois o padrasto do rapaz atirou em sua mãe quando a viu se transformando. Sam precisa ir até o Texas e deixa Sookie no comando do bar.
No dia seguinte, Sookie é convocada por Eric a ir até o Fangtasia e recebe de um empregado dele uma caixa, que deve ser retornada ao vampiro. Tratava-se de uma “armadilha” de Eric que, supostamente, para proteger Sookie, conseguiu fazer com que outros vampiros, no caso Victor, representante do rei de Nevada, considerasse que os dois estavam casados “pela faca”, a mesma que Eric usou para oficiar o casamento do rei do Mississipi, no
livro sete, era isso que estava dentro da caixa. Segundo Eric, Felipe de Castro queria levar Sookie embora e, agora, isso seria impossível. Sookie fica indignada, mas ela tem outras coisas para pensar, e ainda recebe uma visita de dois agentes do FBI que investigam a “ajuda” que ela deu no resgate dos soterrados em Rhodes. Sookie fica apavorada, porque acredita que pode ser obrigada a trabalhar para o governo. Mas a pressão dos agentes logo é aliviada por um crime muito terrível, Crystal, a werepanther vagabunda casada com o safado do Jason, foi crucificada nos fundos do Merlotte. Crystal estava grávida, Sookie fica mortificada e a comunidade em polvorosa. Calvin e as panteras de Hotshot querem vingança. Os agentes do FBI e Andy Bellefleur desconfiam de um crime de ódio. E Sookie precisa tentar descobrir quem foram os autores desse crime hediondo.
OK, já temos trama suficiente para o livro, certo? Mas ainda tem mais e é a trama mais importante do volume nove. Niall Brigant, bisavô de Sookie aparece para avisar que as fadas estão em guerra e que ela deveria se precaver, pois estava na lista de alvos do grupo de fadas da água (*os parentes de Sookie são fadas do céu*), que queriam fechar as portas entre o mundo das fadas e o mundo dos humanos. E, claro, eliminar todos aqueles que fossem mestiços. O contato de Niall com Sookie fez com que seus inimigos descobrissem que ela existia, e eles sabem o quanto ela é amada pelo velho príncipe das fadas. Niall também avisa Sookie que ela deveria se precaver especialmente contra uma fada que se parecesse com seu irmão Jason. Dearmort, irmão gêmeo de Fintan, avô de Sookie, estava do lado das fadas “racistas” e ele é a própria imagem de Jason. É por isso, que o velho Niall só procurou por Sookie... A guerra das fadas avança em uma escalada de violência sem limites e weres e vampiros, todos devedores de favores de Sookie, acabam se envolvendo nela. Resultado é que talvez este tenha sido o livro mais barra-pesada da série de Sookie Stackhouse até agora.
A trama principal do livro é essa “Quem matou Crystal?” e “Quem vencerá a guerra das fadas?”. Sem querer dar muitos spoilers, já digo que as duas tramas se confundem e tudo o que acontece de paralelo, foi muito bem costurado para prender a leitora que está escrevendo. Para se ter uma idéia, a autora aproveitou para avançar o relacionamento entre Eric e Sookie neste livro, colocando algumas boas piadas, uma boa dose de erotismo (*afinal, Sookie e Eric se tornam amantes de verdade*), e excelentes diálogos. É neste livro que Eric conta para Sookie como se tornou vampiro, e é uma história muito triste, que ele fala de seu maker (*ou sire*) , um legionário romano, e de como foi obrigado a se tornar amante do sujeito. Embora tenham colocado aquela cena gay infeliz (*não por ser gay, mas pela forma cruel e traiçoeira que Eric usou para matar o amante do rei do Mississipi*) no seriado de TV, a preferência do Eric nos livros é heterossexual. Mas, como ele mesmo explica para Sookie, um vampiro precisa obedecer ao seu maker. As conversas de Eric com Sookie elucidam algumas questões dos relacionamentos entre vampiros e humanos, como o cuidado que se deve ter no consumo de sangue de vampiro, já que o humano pode se tornar um “Reinfeld”, o criado de Drácula. E é curioso como Eric fala que acha estranho que alguém tão nobre como Drácula descesse tão baixo... Será que esta mulher vai me colocar o próprio Drácula em um livro futuro?! Eu adoraria... Eric também oferece a proteção da sua casa para Sookie, e diz que somente outra pessoa já foi convidada para ir lá, a Pam. Sookie brinca que a casa dele deve ser "blondies only" (*só para louros*), mas ele fala sério. E, sim, Pam foi a última pessoa a ter bebido do sangue de Eric e ele do dela. Eric também fica meio apatetado de Sookie não querer ser sustentada por ele ou mesmo que ela não declare a amor infinito e absoluto. Bem, adoro a Sookie, o diálogo foi excelente e feminista até, mas, por favor, que ela não me coloque a protagonista tendo uma recaída para os lados do Bill...
E é neste livro que Bill se redimiu. Se alguém ainda tinha dúvidas de seu amor pela Sookie, elas se dissiparam com tamanha a coragem e o desprendimento do vampiro. Mas o Bill começou como um chato, traiu a Sookie, nunca esteve lá quando ela precisava nos primeiros livros... E, enfim, agora, eu não consigo não torcer pelo Eric. Mas desejo um final feliz para o Bill, ou algo que valha. É possível que a Harris mate um dos dois, ou mesmo os dois... Eu não duvido de nada. Neste livro o Sam, também, se mostra bem irritadiço, o que se explica pelo caso de família, mas que denota, também, um ciúme muito grande da Sookie mesclado com preocupação. Ele é muito grosseiro quando fica sabendo do “casamento” e, como participa pouco do livro, os dois terminam não fazendo as pazes como deveriam. Espero que o livro dez consiga colocar as coisas nos eixos. Eu gosto muito do Sam, muito mesmo.
Já o Quinn foi o ponto baixo do livro. Aliás, já comentei que a Harris lidou muito mal com a personagem... Muito mesmo! E Sookie foi péssima com ele. É importante ressaltar, que a Sookie admite isso, mas daí, ela já está devidamente envolvida com o Eric. Quem tem que despachar o pobre Quinn é o Bill. Não me espantaria se o tigre passasse a vilão em um livro futuro... Não queria isso, gosto do Quinn e ele é um exemplo de como um autor ou autora, pode criar uma excelente personagem e depois não saber o que fazer com ela... Mas, pelo menos, não tivemos nada de Debby Pelt neste livro, embora, claro, com a retomada da memória do Eric e a irmã da Debby ainda tramando contra Sookie, o caso deve retornar... Em breve!
Pontos tristes, e eu fiquei triste mesmo, foram a morte do Tray Dawson e o caso do Mel, o novo amigo do Jason. Dawson apareceu esporadicamente desde o
livro cinco. Lobisomen, ex-policial, mecânico de motos, guarda-costas nas horas vagas, amigo do Sam, ele ajuda bastante no livro oito e no nove. E acaba namorado da Amelia Broadway, a bruxa amiga e inquilina da Sookie. Ele é uma das baixas da guerra das fadas... E as fadas são cruéis, torturam Dawson, torturam a Sookie de forma terrível (*e pelo que já olhei no livro dez, ela vai ficar traumatizada por causa disso*). Nesse livro descobrimos que Fintan, avô de Sookie, foi morto pelos inimigos de Niall, e que os pais de Sookie não tiveram morte natural... Já o Mel, novo amigo-sombra do Jason, tinha saído da comunidade de Hotshot por não suportar as regras e as hierarquias. E, claro, eu concordo com a Sookie, viver em Hotshot não deve ser boa coisa. Mas o pobre do Mel fez uma grande bobagem (*e não vou contar, porque é spoiler muito importante mesmo*). Enfim, mas ele saiu de Hotshot por um motivo muito simples, ele era gay. E, embora ninguém fosse mandá-lo embora da comunidade por isso, todas panteras “puras” deveriam procriar pelo menos uma vez. Ele não suporta e vai embora... E se apaixona pelo Jason.
Enfim, o livro nove é muito tenso, cheio de passagens cruéis, não tem final feliz, e pontuou muito alto comigo. Passou a ser meu terceiro livro favorito. E algumas coisas ficaram ainda no ar, como o passado da avó de Sookie, ou o que aconteceu com o tio Dearmort, que é a cara de Jason, e teve participação nas mortes do pai e da mãe de Sookie. E, pior, terminamos o livro sem saber se fizeram alguma coisa com o Bubba e se a Claudine está viva... Eu acho que ela morreu, também! Mas o próximo livro já tem um nome sugestivo: Dead in the Family. Estou me segurando para não começar a ler o livro dez AGORA! E só digo que o Victor, representante do rei de Nevada, já vai com a vida nos descontos, afinal, ele foi responsável pelo atraso do Eric em salvar a Sookie... Como eu sei? Está na amostra do livro dez que veio em Dead and Gone.
P.S.1: Que eu me lembre, é neste filme que vampiros choram sangue pela primeira vez... São coisas que o seriado de TV incorporou antes, mas que estão em livros mais avançados. ^_^
P.S.2: A piada com Jornada nas Estrelas foi ótima. Sookie se perguntando se o Sr. Scotty estava materializando e desmaterializando as fadas no seu quintal usando o teletransporte da Enterprise. :D O humor da Charlaine Harris é ótimo.