terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Kyou wa Kaisha Yasumimasu。 chega ao final


O ANN noticiou que Kyou wa Kaisha Yasumimasu(きょうは会社休みます。), de Mari Fujimura, chegou ao final na última edição da revista Cocohana, publicada em 28 de janeiro.  A série iniciada em 2011 é um grande sucesso e teve um dorama em 2014.  No mangá, a  protagonista é uma mulher de 33 anos que vive para o trabalho e não tem experiência com o amor.  Um dia, ela conhece um estudante de 21 anos que começa a mudar a sua vida.  Só que um colega de trabalho, um homem da idade da moça, também passa a se interessar por ela.

Está previsto um capítulo extra do mangá na edição de 28 de março da Cocohana.    O volume #13 do mangá, será publicado em 24 de março, o que me faz imaginar que teremos uma coleção de extras para compor um outro volume.  Será?  A série pode gerar um anime, ou, talvez, mais um dorama.  Agora, que etá encerrada, poderia ser uma boa opção de lançamento em nosso país.  Poderia, mas não deve ser... 


saiu o Novo Trailer da Bela e a Fera


Ontem, saiu o novo trailer do live action da Bela e a Fera, que estréia no dia 16 de março.  Ao contrário do primeiro trailer, que eu comentei aqui, este segundo me pareceu mais interessante, instigante, por assim dizer, ficou mais bonito, também.  Eu espero não me decepcionar e já fico pensando no quanto será difícil conseguir uma cópia legendada em um cinema próximo.  Certamente, terei que me deslocar, enfim... 

Josei erótico terá anime em abril


Ontem, o Comic Natalie trouxe a informação de que o mangá Souryo to Majiwaru Shikiyoku no Yoru ni...  (僧侶と交わる色欲の夜に…), de Maomi Reon e uroco, terá anime para a TV em abril.  A série, que tem 3 volumes, começa com o reencontro dos protagonistas em uma festa com outros ex-colegas de escola.  A protagonista descobre que seu primeiro amor tornou-se monge e acredita que eles não poderão se relacionar por causa disso.  O rapaz, ao contrário, não tem nenhum problema com o romance.  Ao que parece, pelo que depreendi do Comic Natalie e do Mangaupdates, há muito sexo na história.  O mangá é publicado em uma revista dessas menos badaladas e, normalmente, mais eróticas.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Estrelas Além do Tempo é a grande vencedora do SAG


Faz tempo que não comento premiações que não seja o Oscar.  A última vez foi com O Discurso do Rei, eu acho.  E, bem, desde o nascimento da Júlia, eu comento muito pouco mesmo.  Só que o prêmio do sindicato dos atores (*SAG é de Screen Actors Guild*), que tem cerca de 120 mil votantes, surpreendeu ao premiar o elenco de Hidden Figures, aqui, no Brasil, Estrelas Além do Tempo, um filme sobre as matemáticas, e outras cientistas invisíveis, fundamentais para os norte americanos na Corrida Espacial.  Comentei sobre ele em um dos meus posts da Semana da Consciência Negra  do ano passado.

O que o SAG tem de mais especial é premiar o elenco.  Sim, comentei isso quando falei de O Discurso do Rei, porque, muitas vezes, o destaque de um filme não é uma interpretação especial, mas o trabalho em equipe.  Hidden Figures foi indicado somente à três prêmios Oscar, se houvesse um prêmio para elenco, teria, pelo menos, mais uma indicação, uma que La La Land, filme sobre duas pessoas, jamais receberia.  La La Land, que ganhou melhor atriz no SAG, tem 14 indicações e deve levar alguns prêmios (*se o bom senso iluminar os votantes, não serão tantos*).  Para um filme sobre mulheres cientistas negras invisíveis  todo e qualquer prêmio é importante.  E, ao que tudo indica, o filme é bom, muito bom.

Vamos festejar!
Além de premiar Estrelas Além do Tempo, outros prêmios também surpreenderam.  Denzel Washington recebeu melhor ator por Um Limite Entre Nós (Fences), Viola Davis recebeu melhor coadjuvante pelo mesmo filme e coadjuvante masculino foi para Mahershala Ali por Moonlight: Sob a Luz do Luar, um dos filmes queridinhos do ano.  Há muita gente temendo que Manchester by The Sea, um dos filmes mais elogiados do ano, dê o prêmio de melhor ator no Oscar para Casey Affleck, ator envolvido em casos de abuso sexual e que contou com a pressão do irmão, Ben Affleck, e de um grande amigo, Matt Damon, para calar a imprensa e promover a película.  

Vejam que não estou criticando o filme, não assisti, mas a operação de abafa que foi feita para proteger (*e promover*) o pobre homem branco.  Houve quem tivesse pontuado que, em outros anos, algo assim renderia o ostracismo talvez até para o filme.  Será que o filme é tão espetacular assim?  Enfim...

Elenco de Stranger Things.
Quando a premiação foi para  TV, The Crown, que eu comentei aqui, saiu Melhor Ator e Atriz.  Claire Foy, que faz a Princesa/Rainha Elizabeth já tinha levado o Golden Globe, agora, levou mais uma estatueta.  John Lithgow, que faz um espetacular Winston Churchill, mereceu seu prêmio, ele estava soberbo.  Em melhor elenco de série dramática, era a última chance de Downton Abbey, mas todo mundo sabia que iria para Stranger Things, que virou hit no ano passado.  Elenco para série cômica foi para outro queridinho Orange is the New Black.  Melhor atriz série cômica foi para a excelente Julia Louis Dreyfus , por Veep.  William H. Macy, que eu acho excelente ator, levou por Shameless.  Eu nunca vi esse homem fazendo comédia... 

O importante da noite foi se caracterizar pela representatividade, fugir do óbvio em várias categorias, e, também, pelos discursos contra as medidas tomadas pelo presidente norte americano Donald Trump.  Uma delas, a que retirou direito de entrada nos EUA à cidadãos de 7 países de maioria islâmica, chocou o mundo e está na justiça.  Nem quem tinha o Green Card, residentes legais do país, portanto, estavam podendo entrar no país.  Imaginem algo assim?  Desde quando ultimamente os EUA vem recebendo refugiados do Irã?  Tente pensar que você saiu de férias e não poderá voltar para casa, ou que trabalha em uma companhia aérea e não pode desembarcar?  Percebem?  Não havia exceções, o escândalo é que fez com que surgissem.

Associar o hijab às mulheres muçulmanas não as empodera.
Os discursos foram contra a injustiça que pode, inclusive, prejudicar o Oscar, afinal, o diretor do filme iraniano Asghar Farhadi, indicado por O Apartamento, só poderia entrar nos EUA com visto diplomático.  Ele já avisou que não vai de jeito algum.  Ele já tem um Oscar em casa por A separação, de 2012.  Todo mundo entendeu que o veto é contra países "inimigos" dos EUA (*Irã*) e islâmicos.  Entendeu, também, que velhos aliados - Arábia Saudita e Emirados Árabes, por exemplo - estão isentos.  Agora, contem quantos líbios e iranianos estavam entre os terroristas do 11 de Setembro.  Quantos sauditas?  Agora, o cartaz de protesto com uma mulher de hijab é um desserviço, afinal, só reforça a idéia (*que só agrada aos conservadores*) de que toda muçulmana usa véu, precisa usar.  Não é bem assim, pergunte para a maioria das iranianas o que elas acham.  Mas sigamos em frente.

Enfim, Meryl Streep, que deveria ser proibida de competir, porque, bem, quem acredita que seja justo ela perder para Emma Stone (*eu gosto dela, viu?*), fez no Golden Globe um discurso avassalador  (*com legendas em português, aqui*) contra o novo mandatário dos Estados Unidos.  Não sei se, dessa vez, Trump usará o Twitter de novo para responder aos artistas.  Não seria surpresa...  Até fui cobrada por não falar de Trump, da Marcha das Mulheres, mas, pessoal, eu estou terminando minhas férias e falar desse homem me dá náuseas.  Eventualmente, terei que fazer um post, mas, agora, não quero. Quando for inevitável, teremos post, até que seja, não.

Meninas precisam de filmes assim.
É isso!  Estrelas Além do Tempo estréia nos cinemas do Brasil na sexta, salvo por uma  tragédia, irei assistir.  Um filme como esse precisa fazer dinheiro, porque é uma forma de possibilitar que outros filmes sobre mulheres apareçam.  Filmes, por exemplo, sobre mulheres cientistas, artistas, estadistas, líderes religiosas, atletas, militantes das diversas causas, super heroínas, enfim, sobre mulheres de todas as cores.  Precisamos disso e as meninas que estão crescendo mais ainda.

"O que essa Gorda está fazendo lá" ou Vamos falar do Concurso de Miss Universo?


Ontem aconteceu o Miss Universo, que muita gente ama, muita gente odeia, mas sempre vira assunto, ainda mais, no Twitter.  Eu não assisti, estava envolvida com Júlia, mas fui ver o que se estava sendo comentado no Twitter.  Bem, não deu para a brasileira Raissa Santana.  Uma pena, mas não tenho como opinar, porque mal olhei o rosto das finalistas, só vi mesmo a vencedora, a Miss França, Iris Mittenaere, e a achei muito bonita.  Agora, o que veio logo na minha cara, foram os comentários horrendos sobre a Miss Canadá, Siera Bearchell.

Explicando, a Miss Canadá foi uma das finalistas.  Segundo uma amiga, os comentaristas da Bandeirantes ressaltaram que a moça era "gorda" (*Link: 1-2*) e, portanto, não merecia estar entre as (*supostamente*) mais bonitas do mundo.  Não vejo o Miss Universo na Band desde que uma das comentaristas, uma miss das antigas que eu esqueci o nome, faleceu.  Ela sempre enfatizava que miss não é modelo de passarela, que não precisa (*nem devia, na opinião dela*) ser tão magra, nem tão alta.  Enfim, mas, este ano, parece que soltaram os demônios, porque, bem, o Miss Universo decidiu discutir gordofobia/lipofobia e a própria Miss Canadá aprece ter admitido que tinha sido discriminada.  Agora, olhem a foto da moça "gorda" aí embaixo.

Gordíssima Miss Canadá.
Me senti enorme de repente no meu manequim 44, aliás, é importante que nós, mulheres nos sintamos mal, isso move várias indústrias capitalistas importantes: de alimentos fitness, estética, médica, academias etc.  Muita gente lucra com nossa angústia, com nossa dor, com uma busca que nos exauri pelo corpo (*supostamente*) perfeito.  Agora, reflitam sobre duas coisas:

1. A Miss Canadá é gorda?
2. Por que tanto horror aos gordos?

Nada a ver com saúde, ou vocês acham que estavam preocupados com a saúde da Miss Canadá?  A preocupação principal é com uma imagem que é vendida, reforçada nas propagandas, na mídia e em todo lugar.  Essa imagem pode variar, o modelo, no entanto é sempre irreal, ou pouco alcançável pelas mulheres comuns com práticas saudáveis de vida.  Nem todo mundo aprovou o que a emissora responsável pela transmissão fez, as reações vieram, claro, mas mesmo algumas falas contra o discurso gordofóbico nem sempre são interessantes, porque enfatizam que a moça não merece ser agredida, já que não é gorda "de verdade".  Então, se fosse, tudo bem, né?  Outras, porque vão afirmar que quem gosta de osso é cachorro, como se mulheres existissem somente, para o consumo dos homens, ou seja, você, moça magrinha pode não ser tão agradável assim para o macho que está ali em busca de uma mulher para si.  

Outra foto da Moça
De resto, o que sobra?  Mulheres angustiadas, doentes, meninas cada vez mais jovens com transtornos alimentares.  Triste, muito triste, mas há gente lutando, não para promover estilos de vida que não são saudáveis, mas para que se compreenda os mecanismos por trás de um culto à beleza que é historicamente localizado e construído por "n" interesses e práticas.  Liberdade e autonomia das mulheres passa pelo repensar dessas questões e nada como um concurso de Misses para que boas discussões possam vir à tona.  Sim, esse tipo de concurso serve para muita coisa e não é somente vender modelos estéticos e outros produtos diversos.  

Termino sugerindo dois livros de um historiador que eu gosto muito (*e que não é feminista, vejam bem*) chamado Georges Vigarello.  Ele trabalha na linha de História das Mentalidades e da Cultura e praticamente todos os seus grandes livros saíram no Brasil.  Para quem quiser ver mais dessa discussão sob uma perspectiva histórica, recomendo: A História da Beleza e As Metamorfoses do Gordo - História da Obesidade.  Ambos são ótimos.

domingo, 29 de janeiro de 2017

NHK quer saber quais os melhores animes de todos os tempos e publicaram a primeira prévia da lista


A  NHK - TV pública japonesa (*há isso lá, também*)  - está promovendo até o dia 31 de maio uma votação comemorativa dos 100 anos da animação japonesa.  Enfim, eles querem saber quais os melhores animes de todos os tempos para os japoneses.  Eles publicaram uma lista preliminar com os 30 títulos mais votados.  Sinceramente?  Fiquei surpresa, muito, porque lembro da lista anterior carregada de clássicos (Sazae-san, Heide, Doraemon, Cão de Flandres etc.)  e, agora, temos muita coisa nova e, eu diria, esquecível.  Só que é uma lista curiosa, a votação está aberta e tem shoujo nesse bolo. Publicação obrigatória!  Segue a lista:

1. Tiger & Bunny
2. Cardcaptor Sakura
3. Osomatsu-san
4. Puella Magi Madoka Magica
5. Code Geass
6. Love Live! (1ª temporada)
7. Neon Genesis Evangelion
8. Joker Game
9. Love Live! (2ª temporada)
10. Gintama
11. Love Live! The School Idol Movie
12. Mobile Suit Gundam 
13. Detective Conan
14. Code Geass Season 2
15. Gochuumon wa Usagi desu ka?
16. Psycho-pass
17. Haikyu!!
18. Ginga Eiyu Densetsu
19. Shoujo Kakumei Utena
20. Shingeki no Kyojin
21. Lupin the Third: Castle of Cagliostro
22. Mirai Shonen Konan
23. Digimon Adventure
24. Cowboy Bebop
25. Space Battleship Yamato
26. Clannad ~After Story~
27. Uta no Prince-sama Maji LOVE 1000%
28. Ghost in The Shell Stand Alone Complex
29. Tengen Toppa Gurren Lagann
30. Sword Art Online

Fiquei surpresa com Utena, muito mesmo, só que Sailor Moon não está, nem outros títulos shoujo que marcaram época, como Minky Momo.  Estranho.  Sakura no top 10 é tranquilo, mesmo sem o aniversário da série, trata-se de um anime muito popular.  Harlock, Ashita no Joe, Touch, qualquer coisa do Go Nagai, também, não.   Os títulos da Nippon, como Heide, nem sombra.  Mas é votação popular e é preciso respeitar.  Espero ter acesso à lista final.  Lambro que a outra tinha 100 títulos, se não me engano.  Citando a fonte, encontrei a lista no Sankaku Complex (+18/NSFW), ele postou o link para a página de votação, também.  É até fácil votar, mas não chequei se só aceitam votos do Japão mesmo.  Olhem o print:




Quem tem japonês básico não precisa nem jogar no translator.  Copy Paste do nome original do anime.  Logo abaixo, temos caixas para TV anime, Especial para a TV, OAV, Filme para o Cinema entre outros.  A seguir, a década do anime, ao lado, o ano de exibição.  Valida o voto.

ATUALIZAÇÃO 1: O  site Goboiano postou a lista com os 50 mais votados.  Sailor Moon aparece na 47ª posição.  De novo, esses 20 animes a mais não me impressionaram muito... 

ATUALIZAÇÃO 2: A lista prévia está aqui.  É possível ver o geral e os mais votados entre os homens e as mulheres.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Armadilhas de Tradução, o caso de Your Name


O Rocket News 24 publicou uma interessante matéria sobre as armadilhas de tradução de Your Name, ou Kimi no Na wa。(君の名は。), o sucesso absurdo criado por Makoto Shinkai.  Não queria fazer mais um post relacionado  a esse anime, mas pensem neste como uma discussão que ultrapassa o próprio filme. Enfim, há uma cena se Your Name em que a protagonista, Mitsuha, usa o pronome "Eu" quatro vezes em cadeia e a piada está exatamente aí, no uso do "eu".  Ora, ela usou quatro "eus" diferentes ao falar com seus amigos, um formal ou feminino (watashi), outro super formal (watakushi), um masculino informal (boku) e o último masculino super-informal (ore), este último,  o mais usado na atualidade entre os homens japoneses que tem intimidade.  

Um japonês entenderia a piada de imediato, sem problema, afinal, a protagonista  é uma garota que  troca de corpo com um garoto e está tentando encontrar as palavras adequadas, mas como levar isso tudo para o inglês, ou mesmo para o nosso  português?    Eu diria que é impossível, pelo jeito, terão que reescrever a cena inteira.




O fato é  que existem pelo menos 14 formas de falar "Eu" em japonês.  O uso varia tanto em relação a quem fala (homem ou mulher), até questões de formalidade.  Toda essa tensão aparece nessa mísera cena com quatro "eu" em seguida, mostrando o embaraço da menina que, agora, é um garoto.  Enfim, quero ver como a coisa irá se resolver em idiomas que só tem uma forma de "eu".  Fosse um mangá, usariam o recurso da nota.  Um anime fansubado pode recorrer a isso, mas um lançamento oficial, dificilmente. 


Enfim, meninas com personalidades forte, ou mesmo tomboys, até usam o "boku", mas é raro. Lembro que, no mangá,  o "boku" de Utena, de Shoujo Kakumei Utena (少女革命ウテナ), era grafado de forma diferente,  em katakana e, não,  em hiragana.   Talvez, fosse uma forma de enfatizar a estranheza, o fato da personagem estar fora do padrão.  Em mangás femininos históricos ou de fantasia, nunca parei para ver isso em shounen ou seinen, é comum que uma mocinha forte use "watashi" em público e "atashi", que é uma forma infantilizada,  com o amado. Era assim na Princesa e no Cavaleiro  (リボンの騎士), se bem me lembro. Em Anatolia Story (天は赤い河のほとり ~Anatolia Story~), a variação do uso era certeza.  

Outro exemplo, lembram quando Noriko decide que quer agir "como homem" em Fushigi Yuugi  (ふしぎ遊戯)?  Ela/e tropeça primeiro na linguagem.  O anime mostra isso, mas não me lembro realmente como o fansuber resolveu, já faz muito tempo e eu nem sabia dessa confusão de "eus".  Comecei a tomar pé nisso quando li uma entrevista com Riyoko Ikeda.  Ela dizia que tinha abandonado o anime da Rosa de Versalhes (ベルサイユのばら) já no primeiro episódio, pois colocaram Oscar usando "ore".  Ikeda pontuou que usar "ore", nos anos 1970, era coisa de homem mal educado, Oscar só usava o "eu" neutro, "watashi", ou o polido "watakushi".  Eu fui conferir o anime em japonês, tinha assistido em português para localizar a heresia.  Achei.  Ikeda fez bem em reclamar.


O que muita gente não entende, apesar de este ser um exemplo extremo, é que nem tudo tem tradução,  que há peculiaridades de uma língua que nem sempre encontram correspondente em outra.  Podem ser palavras, construções, declinações, enfim, há múltiplas possibilidades. Toda tradução,  via de regra, é uma versão.  E nem falo de intervenções de cunho ideológico,  mas de necessidade e inventivdade. Tradução é coisa séria,  um trabalho de imensa responsabilidade que muita gente não vê,  apequena, acha que qualquer um pode fazer, que não é profissão.  

Eu quebro galhos, eu não sou tradutora, e admiro muito quem faz bem esse trabalho. E vejam, para fazer bem, é preciso ganhar bem. Quando você tropeçar em um trabalho mal feito, tente imaginar que, talvez, alguém tenha recebido mal, que o profissional não era tradutor, ou que economizaram em outra etapa do processo, a revisão,  muitas vezes, uma revisão técnica.  Outro especialista, portanto que mesmo editoras grandes, às vezes, dispensam por economia.  Quando o assunto é legenda ou texto de dublagem, então.... É isso. Your Name foi só o ponto de partida do post.

Ranking da Oricon



Saiu o ranking da Oricon e ele trouxe várias novidades e, também, alguns resistentes.  Me surpreendi com o desaparecimento de Otaku ni Koi wa Muzukashii.  Será que volta?  Enfim,  Tokyo Tarareba Musume e Gozen 0-Ji, Kiss-shi ni Kite yo continuam firmes e fortes no top 10.  7SEEDS deve estar se despedindo, mas este volume #33 fez uma boa carreira, Watashi ga Motete Dousunda deve estar de partida, também.  O resto é estréia.  O mais conhecido, já velho de guerra, aliás, é Oresama Teacher.  Os outros dois, não tinha visto em ranking ainda.

6. Tokyo Tarareba Musume #7
9. Gozen 0-Ji, Kiss-shi ni Kite yo #5
15. Oresama Teacher #23
23. Niehime to Kemono on Ou #3
24. Watashi ga Motete Dousunda #11
26. 7 SEEDS #33
29. Colette wa Shinu Koto ni Shita #6

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Bibliotecários recomendam orange para jovens adultos nos EUA



Todos os anos a Associação de Serviços de Biblioteca para Jovens Adultos (Young Adult Library Services Association/YALSA), órgão da Associação Americana de Bibliotecas, libera a lista dos quadrinhos recomendados para adolescentes, a Great Graphic Novels for Teens. Este ano, o ANN noticiou que 14 mangás figuram entre os 104 títulos recomendados. Importante, também é que Orange ficou no top 10 dos indicados. Vou postar o top 10, qu está no ICV, e, mais embaixo, os mangás recomendados.
  1. Giant Days Vol 1 de John Allison e Lissa Treiman (BOOM! Box – *lançado em 2015)
  2. Giant Days Vol 2 de John Allison e Lissa Treiman (BOOM! Box)
  3. Black Panther, Book One: A Nation Under Our Feet de Ta-Nehisi Coates e Brian Stelfreeze (Marvel Comics)
  4. Mighty Jack de Ben Hatke (FirstSecond)
  5. Plutona de Jeff Lemire e Emi Lennox (Image Comics)
  6. March: Book Three de John lewis, Erew Aydin e Nate Powell (Top Shelf)
  7. Filmish: A Graphic Journey Through Film de Edward Ross (SelfMadeHero - *lançado em 2015)
  8. Prez, Vol 1: Corndog in Chief de Mark Russel, Ben Caldwell, e Mark Morales (DC Comics)
  9. Orange: The Complete Collection 1 de Ichigo Takano (Seven Seas Entertainment)
  10. Paper Girls 1 de Brian K. Vaughan e Cliff Chiang (Image Comics)
  11. We Stand On Guard de Brian K. Vaughan, Steve Skroce, e Matt Hollingsworth (Image Comics)
Os mangás sugeridos, for a Orange, são:
  • Nichijou Vol 1 de Keiichi Arawi (Kadokawa Shoten/Vertical)
  • Haikyu!! Vol 1 de Haruichi Furudate (Shueisha/Viz Media)
  • Devil's Line Vol 1 de Ryo Hanada (Kodansha/Kodansha Comics/Vertical)
  • Behind the Scenes!! (Urakata!!) Vol 1 de Bisco Hatori (Hakusensha/Viz Media) - Shoujo
  • Horimiya Vol 1-2 de HERO e Daisuke Hagiwara (Square Enix/Yen Press)
  • Princess Jellyfish (Kuragehime) Vol 1 de Akiko Higashimura (Kodansha/Kodansha Comics) - Josei
  • Tokyo Ghoul Vol 3, 6, 7-9 de Sui Ishida (Shueisha/Viz Media)
  • School-Live! (Gakkou Gurashi!) Vol 1-3 de Norimitsu Kaihō e Sadoru Chiba (Houbunsha/Yen Press)
  • Yona of the Dawn (Akatsuki no Yona) Vol 1 de Mizuho Kusanagi (Hakusensha/Viz Media) - Shoujo
  • That Wolf-Boy Is Mine! (Watashi no Oukami-kun) Vol 1 de Youko Nogiri (Kodansha/Kodansha Comics) - Shoujo
  • A Silent Voice (Koe no Katachi) Vol 4-7 de Yoshitoki Ouima (Kodansha/Kodansha Comics)
  • Monthly Girls' Nozaki-kun (Gekkan Shoujo Nozaki-kun) Vol 1 de Izumi Tsubaki (Square Enix/Yen Press) - Shoujo/Shounen
  • Yowamushi Pedal Vol 1 de Wataru Watanabe (Akita Shoten/Yen Press)
O ANN observa que os primeiros três volumes de A Silent Voice e os primeiros volumes de Tokyo Ghoul estavam na lista do ano passado. Koe no Katchi não é volume único, então?

Quarta Temporada deSailor Moon Crystal e outras notícias relacionadas à série



Ontem, várias notícias relacionadas à Sailor Moon (美少女戦士セーラームーン) foram publicadas.  Segundo o ANN (*via Comic Natalie*) um projeto com 14 partes foi anunciado no site oficial da série que, agora, está caminhando para os 25 anos.  Primeira notícia importante, a quarta temporada de Sailor Moon Crystal está garantida.  Para mim, é certeza que teremos todo o mangá adaptado.  



Outra parte da notícia é o relançamento da série original, aquela que muitos assistiram na Rede Manchete, na TV Record e em outras TVs brasileiras, em Bluray.  


Fora isso, foram anunciados crossovers com Monster Hunter XX, game para Nintendo DS, com a Sanrio, fora mil produtos relacionados.    

Patinadores em todo lugar! Produtos deYuri!!! on ICE para viciados




O Comic Natalie soltou um monte de fotos dos novos produtos da ANIMATION ADDICT STORE inspirados no annime Yuri!!! on ICE (ユーリ!!! on ICE). São pelo menos duas rifes famosas envolvidas, mais o estúdio do anime (*MAPPA*) e um designer, que eu não entendi o nome. 




São bolsas, vestido (*ou camisola*), lenços de pescoço, capas de iPhone, enfim, um montão de coisas.  O traço é bem estilizado, fora nas agendas, não é efetivamente a reprodução do que vimos no anime, mas são patinadores.  Pré-venda no site da loja de 26 de janeiro até 19 de fevereiro.  Para mais fotos, visitem o CN.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

5 Séries de Anime que se destacam pelos relacionamentos humanos, segundo os japoneses




O Rocket News 24 publicou o resultado de uma pesquisa do MyNavi com 403 estudantes universitários japoneses (203 homens e 200 mulheres) sobre animes/mangás que retratavam de forma realista as relações e interações entre os seres humanos. Vejam bem, a ambientação em si não precisa ser realista, mas a forma como as relações humanas se mostram, sim. Vejam a lista:

1. Koe no Katachi (聲の形)
2. Hibike! Euphonium (響け! ユーフォニアム)
3. Yuri!!! on ICE (ユーリ!!! on ICE)
4. Doraemon (ドラえもん)
5. Nigehaji (Nigeru wa Haji da ga Yaku ni Tatsu/逃げるは恥だが役に立つ) 


Em primeiro lugar ficou Koe to Katachi, transformado em filme de animação no ano passado, mostra a relação entre um rapaz e uma garota, que é surda. Ela chega transferida de outra escola e é ostracizada pelos colegas. Este anime foi baseado no mangá shounen de Yoshitoki Ōima. A NewPop acabou de anunciar seu no Brasil. Hibike! Euphonium é uma série sobre um clube de música, não assisti nada dele, mas tem duas temporadas e meninas bonitinhas... Bem, deve ser mais que isso.

Yuri!!! On ICE não preciso nem escrever nada, trata-se de uma série que me emocionou e que mostrou o crescimento, amadurecimento e descoberta da sexualidade (*sim, eu acredito nisso*) do protagonista, mas trabalhou muito bem com as outras personagens centrais, também. Doraemon é aquele clássico, os japoneses cresceram com ele e continuam convivendo com ele durante toda a sua vida. 


Já Nigehaji é um josei que virou dorama recentemente, e tem como protagonista uma japonesa com excelente formação acadêmica, mas que não consegue emprego fixo compatível. Ela é pressionada a se casar, seus pais se mudam para o interior e acaba entrando em uma relação estranha com o chefe que a contrata como empregada doméstica, mas se casa com ela para manter as aparências. A série apareceu no Kono Manga ga Sugoi! 2017, também.

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Relação entre Japonesa e Saudita é retratada em mangá


O Comic Natalie publicou uma nota sobre o mangá Satoko to Nada (サトコとナダ), da mang'-ka (*ou seria um homem*) Yupechika. A série 4koma (*tirinhas*) é publicada diariamente na revista Tsui 4. A história gira em torno da relação de duas universitárias, uma japonesa, a outra, saudita, que dividem o quarto em uma universidade norte americana. 



Bem, quem lê japonês pode dar uma olhadinha. De repente, pode ser uma série interessante.  O mangá está disponível aqui.

Kuro Bara Alice vai para o teatro


Kuro Bara Alice (黒薔薇アリス), de Setona Mizushiro, está parado faz tempo.  Na verdade, sai à conta gotas mesmo.  Só que é uma história de vampiros e Mizushiro é uma boa contadora de histórias, então, a série, que tem 6 volumes até o momento, vai para o teatro.  Se entendi bem o Comic Natalie, as pré-vendas começam no dia 4 de março.  O CN trouxe  detalhes e fotos de todo o elenco.  As apresentações serão no Zepp Blue Theater, em Roppongi, de 12 a 21 de maio. Outras duas séries  da autora, Shitsuren Chocolatier (失恋ショコラティエ) e Nounai Poison Berry (脳内ポイズンベリー) foram adaptadas para live action, o primeiro, virou dorama, o segundo foi para o cinema.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Akiko Higashimura mais uma vez indicada ao Taisho awards


Saíram os indicados ao décimo Taisho Manga Awards, um prêmio para mangás em publicação e que tenham 8 volumes, ou menos.  Bem, mais uma vez Akiko Higashimura é indicada com sua série Tokyo Tarareba Musume.  Pergunto-me  se, desta vez, ela ganha.  Há, como sempre, fortes concorrentes e Kin no Kuni Mizu no Kuni, a série que venceu o Kono Manga ga Sugoi! está lá.  Parece - minha conexão é ruim - que são so únicos mangás femininos no grupo.  Olha a lista: 
  1. Aoashi (アオアシ) de Yūgo Kobayashi, Naohiko Ueno
  2. Karakai Jōzu no Takagi-san (からかい上手の高木さん) de Sōichirō Yamamoto
  3. Kin no Kuni Mizu no Kuni (金の国 水の国) de Nao Iwamoto
  4. Kūtei Dragons (空挺ドラゴンズ) de Taku Kuwabara
  5. Golden Gold (ゴールデンゴールド) de Seita Horio
  6. Dungeon Meshi (Delicious in Dungeon/ダンジョン飯) de Ryōko Kui
  7. Tokyo Tarareba Musume (東京タラレバ娘) de Akiko Higashimura
  8. Nami yo Kiite Kure (Wave, Listen to me./ 波よ聞いてくれ) de Hiroaki Samura
  9. Hi Score Girl (ハイスコアガール) de Rensuke Oshikiri
  10. Hibiki: Shōsetsuka ni Naru Hōhō (響〜小説家になる方法〜) de Mitsuharu Yanamoto
  11. Fire Punch (ファイアパンチ) de Tatsuki Fujimoto
  12. Yakusoku no Neverland (The Promised Neverland/約束のネバーランド) de Kaiu Shirai, Posuka Demizu
  13. Watashi no Shōnen (私の少年) de Hitomi Takano 
Quem escolhe os participantes são, principalmente, funcionários de livrarias e lojas especializadas.  A pré-seleção, segundo a página do evento, tinha 253 mangás.  94 pessoas votaram.  O resultado sai no dia 28 de março.  A  notícia estava no ANN.  Outro título indicado o ano passado foram Dungeon Meshi e Nami yo Kiite Kure, já Hi Score Girl foi indicado em 2013.

Your Name ultrapassa a bilheteria de A Viagem de Chihiro no Japão

Parece que Your Name, ou Kimi no Na wa。(君の名は。), bateu sua última barreira no Japão.  Segundo o site Arama Japan, o filme de Makoto Shinkai ultrapassou a marca de U$331.6 no Japão. Chihiro (Sen to Chihiro/千と千尋の神隠し), que foi o único anime a vencer o Oscar de Animação, tinha a marca de U$289.1. Enfim, o filme já era a melhor bilheteria de um anime fora do Japão, agora, pegou tudo para si. Algo a se observar é o fato que Your Name ainda vai estrear em 90 países, ou seja, vai fazer ainda mais dinheiro. E fica a pergunta: tem estréia prevista nos cinemas do Brasil?  Outra pergunta é: o filme merece tudo isso? 

domingo, 22 de janeiro de 2017

Comentando La La Land - Cantando as Estações (La La Land, 2016)




Sexta-feira assisti La La Land - Cantando as Estações, um dos filmes queridinhos de 2016 e um dos favoritos aos prêmios Oscar. No geral, gostei. Belas músicas, algumas sequências muito lindas de dança, fotografia e direção de arte competentes, figurino inspirado e dois protagonistas, Emma Stone e Ryan Gosling, formando um casal fofinho. Entendo, portanto, todos os elogios, porém, houve algo que me incomodou, mas é spoiler, então, se você assistiu ao filme, ou não se importa com essas coisas, siga para depois do trailer.

La La Land conta a história de Sebastian Wilder (Ryan Gosling), um pianista apaixonado por Jazz, e Mia Dolan (Emma Stone), uma jovem garçonete aspirante à atriz. Eles se encontram pela primeira vez em um engarrafamento e voltam a se esbarrar na cidade de Los Angeles. Depois de algumas coincidências e uma ida frustrada ao cinema, eles começam um relacionamento, se apoiam mutuamente, e terminam, de certa forma, conseguindo realizar seus sonhos profissionais.

Dançando no engarrafamento.
La La Land é um musical e acertou em cheio nas músicas e coreografias. Pronto, meio caminho andado!  Desde a absurda e deliciosa abertura no engarrafamento até as singelas sequências de dança de Gosling e Stone. Difícil saber qual a mais bonita e romântica, aliás. Talvez a do observatório Griffith, mas é somente um talvez, porque achei todos os duetos adoráveis. A inspiração do filme – e todo mundo já pontuou isso – é nos musicais clássicos das décadas de 1940-50. Como ponto de partida, eles se prestam bem e os duetos servem como bela homenagem, ainda que não tenhamos Fred Astaire e Ginger Rogers em tela.

O próprio diretor, Damien Chazelle, falou desse olhar para o passado em uma entrevista "Ryan e Emma combinam o que eu precisava para o filme: carisma à moda antiga e poder da fama. Eles poderiam estar em qualquer musical de 50 anos atrás, mas também são facilmente identificáveis como pessoas modernas" e, mais adiante "Foi divertido, mas tecnicamente muito difícil", conta o diretor, que não usou nenhum efeito especial e decidiu não quebrar os números com diversas câmeras. "Tudo foi ensaiado à exaustão e a câmera faz parte da coreografia musical. Queria que 'La La Land' trouxesse o espírito dos filmes de Ginger Rogers e Fred Astaire".

Direção de arte perfeita.
Ele consegue, claro, mas, ainda assim, é uma homenagem pálida, abaixo da média do que se fazia na época de ouro dos musicais e bem abaixo, eu diria, dos musicais icônicos do período. Saudosismo é algo típico de tempos de crise, aliás. Há meio que no ar a idéia de paraíso perdido, de que antes éramos mais felizes. Sebastian, o pianista, encarna bem esses ideais, sem que, contudo, o filme se agarre à valores muito conservadores.  De qualquer forma, eu tenho receio de uma nova leva de filmes nostálgicos como forma de fugir da realidade.  No caso dos americanos, de Donald Trump.

O miolo do filme, que o crítico da Folha de SP quase classificou de barriga, não é chato ou vazio, mas é carente de músicas. Há muitas músicas no início, o meio é quase desprovido de números musicais e o final os retoma, de certa forma.  Daí, La La Land periga virar um filme comum, uma dramédia – porque há drama e comédia – romântica como outra qualquer. E chego ao ponto que me incomodou, o roteiro deixa e desejar.  O motivo não é, a meu ver, falta de tramas secundárias, mas de uma narrativa mais robusta. Não queria uma grande história, mas que me convencessem de algumas questões importantes. E a culpa não é do fato de ser um musical, é do roteiro.

Dançando no Planetário.
A vida separa e a vida une pessoas. Sonhos nos jogam para frente, verdade, mas podem, sim, colocar em evidência características negativas de nossa personalidade, como o egoísmo, a obstinação, a intransigência, mas é preciso mostrar essas coisas na tela. La La Land falhou comigo – e minha amiga que estava comigo ficou profundamente indignada – porque não me ofereceu motivos, justificativas fortes o suficiente para me convencer do desfecho do filme. Não foi como em Casablanca, por exemplo, ou em Estranha Passageira (Now, Voyager), só para citar dois filmes românticos clássicos. E fui buscar exemplos distantes talvez para dificultar a compreensão do spoiler. Fiquei frustrada mesmo.

Enfim, o diretor de Whiplash, que eu não assisti até hoje, coloca em tela novamente o seu amor pelo Jazz e, talvez, o seu desprezo pela música eletrônica. A personagem de Gosling é um purista e eu tendo a odiar essas criaturas que acham que existe uma origem pura a ser perseguida ou mantida de qualquer coisa, como se não houvesse mudança, como se as coisas - música, doutrina religiosa, arte, língua, whatever - fossem imunes ao tempo. Pior ainda, como se a maioria dos movimentos tivessem uma origem única.  É criar dogma, um discurso fundador, tradições onde não existem e  fechar os olhos à realidade.  E nem preciso ser especialista em Jazz para escrever isso.

Um casal lindo.

A personagem de Sebastian quer tocar os clássicos como os grandes nomes que lançaram as bases do movimento, ele os venera. Ele olha para o passado e despreza aquilo que parece moderno, vulgar. Usei a palavra “vulgar”, porque nos seus primórdios o Jazz era uma música popular, a elitização veio depois. Parece que Sebastian abomina a vulgarização, a tentativa de, com o intuito de tornar o Jazz mais palatável,  torná-lo cada vez mais raso, sem a profundidade melódica de outras épocas.  O filme aponta, também, para o envelhecimento do público amante de Jazz e Sebastian insiste que as pessoas não conhecem Jazz de verdade. Mia exposta ao gosto refinado do namorado, passa a amar o Jazz que ele lhe apresenta.

Para Mia de antes, Jazz era aquilo que Kenny G tocava. E quem foi adolescente nos anos 1980/90 sabe de quem estou falando. Qualquer festa de 15 anos ou casamento tinha Kenny G. Com o tempo, a gente passou a considerar tudo isso muito cafona, por assim dizer.  E falando em anos 1980, uma das melhores sequências é exatamente aquela em que o pobre Sebastian, constrangido, precisa fazer um bico em uma banda cover dos anos 1980. Posteriormente, ele acaba cedendo – contas, possibilidade de juntar dinheiro para recuperar o seu night club – ele se junta a um conjunto que deseja popularizar o Jazz entre as novas gerações. Ele, um conservador, se sente humilhado e violentado. Mas ser adulto não é isso, sacrificar seus sonhos em prol de algo maior, enriquecer?


Os terríveis anos 1980...
Se Sebastian é um romântico à moda antiga, Mia é uma personagem mais moderna e bem mais clichê e escalarem Emma Stone fez muito bem para a personagem, porque lhe trouxe frescor, vivacidade e simpatia. Uma atriz menos competente poderia ter um efeito contrário, isto é, expor a fragilidade da personagem lugar comum.  Afinal, quem nunca viu em filme ou seriado (*Penny, estou falando de você!*) uma garçonete que deseja ser atriz? Uma mocinha interiorana (*Olá, outro clichê!*) que, para completar, é ignorante de muita coisa, pouco refinada, mas sensível, cheia de determinação, amor pela vida e sonhos? E usei o ignorante, porque, apesar de Mia morar na frente da biblioteca e dizer que ia ver filmes clássicos com a tia, atriz, a maior influência em sua vida, ela nunca tinha visto Rebelde sem Causa. Filme que se presta a aproximar os protagonistas. Se vocês perceberem, na sala só há velhos, o casal são os únicos jovens.

Não estou falando que Mia seja rasa, ou idiota. Ela não é, mas seu ponto de partida é lugar comum absoluto. Fora isso, pelo menos um grande clichê de gênero, uma piada machista, foi usado de forma irritante: mulheres e carros não combinam muito bem. Primeiro, temos a distração de Mia no engarrafamento, logo na abertura do filme. Mais adiante, Mia tem o carro rebocado (*e encontra Sebastian*), porque ela e as amigas estacionaram em lugar proibido. Mais adiante, e trata-se de uma das sequências mais importantes do filme, temos uma situação bonitinha, que termina em música e dança, e que serve para diluir o fato de nos estarem mostrando que, bem, mulheres não tem senso de localização. Mia perde o carro, não sabe onde estacionou. Super comum isso, mulheres são assim mesmo, não é?

No cinema.
Sebastian, um quase desconhecido com quem ela tinha tido mais de um problema, a ajuda a encontrá-lo, eles andam muito, sobem uma rua, ele pontua o quanto os sapatos dela – de salto altíssimo – devem ser desconfortáveis. Ela tem um par de sapatos confortáveis na bolsa, mas só faz a troca quando já subiu a morrada toda, afinal, ninguém na festa pode vê-la descomposta, é o que eu deduzo. Eles acham o carro, claro, mas o cavalheiro mente que o seu automóvel está perto, quando, na verdade, estava bem em frente à festa. Que bom que, nesses momentos de crise, temos um homem por perto, não é mesmo?

Como entender o que aconteceu no final?
Já  que estamos falando em Mia, vamos para outro ponto alto de La La Land é o figurino, que se remete, também, ao passado. A protagonista, por exemplo, tem um figurino que trafega por várias décadas, dos anos 1950 aos 60. Ela só é vista de calças uma vez, em uma cena em casa, mergulhada na frustração de mais um testa infrutífero. É um moletom velho. De resto, ela aparece sempre com saias ou vestidos. E o amarelo é uma cor em destaque. Na sequência de abertura temos pelo menos duas mulheres com vestidos amarelos, Stone aparece com mais um outro (*que ilustra boa parte das propagandas do filme*) e, bem, a cor é a mais forte da paleta do filme, ou assim, me pareceu.

Eu gostei da dinâmica do casal, da forma como um e outro colaboram para que atinjam seus sonhos. Mia não é uma musa de Sebastian, ela é uma parceira, ela sequer consegue demovê-lo de sua obsessão pelo night club perdido. Mesmo os conflitos entre os dois por conta da carreira de Sebastian no grupo de Jazz para a juventude, foi coerente, mas as lacunas do filme foram angustiantes, não instigantes. Por exemplo, fiquei o filme inteiro esperando que o sócio de Sebastian, o que supostamente lhe roubou o night club dele e o transformou em um clube de samba e tapas, iria aparecer para que tivéssemos um desfecho para o conflito, mesmo que ele fosse desfavorável ao protagonista. E nada. Enfim, podem dar mil prêmios para La La Land, mas roteiro e melhor filme não merece, não.

Era para ser um jantar romântico.  Era...

O filme cumpre a Bechdel Rule? Mia tem uma conversa e canta com as amigas. Elas todas têm nomes, a conversa não é sobre um homem. Cumprida a regra.  A irmã de Sebastian também tem nome, também. Há outras mulheres com nomes e breves conversas com Mia sobre coisas variadas. O filme é feminista? Não. Terrivelmente machista? Também, não, salvo se você centrar toda a carga em certos aspectos – a questão do mulher e carro, por exemplo – e esquecer o resto, inclusive que Mia sonha com uma carreira, sonha com ela. Agora, as personagens mais relevantes do filme estão atreladas aos papéis tradicionais – namorada, esposa, mãe, irmã – ainda que tenham outras atribuições.  Mas é um belo filme, com dois protagonistas simpáticos, com um elenco marcado pela diversidade, ainda que o par principal seja branco.

No fim das contas, o filme é sobre ele.

Repensando o filme, porém, cheguei à conclusão de que o filme é não sobre sonhos, ou sobre Mia e Sebastian, mas sobre ele. Sua relação com o Jazz, com a namorada, com suas ambições, como ele perde coisas importantes para ganhar outras, como ele vê o mundo, como ele se arrepende... Talvez?  Bem, no fim do filme só há uma cena de sonho e o sonho é de Sebastian, de Mia, nada sabemos.  Os olhos expressivos de Emma Stone nos permitem somente saber que ela sente, que talvez sofra, que tenha alguma ponta de arrependimento, mas o que vemos são os sentimentos da personagem de Gosling, o filme se torna dele. Vale assistir La La Land? Sim. Ele me marcou ou emocionou?  Não.  Veria de novo?  Todos os duetos, mil vezes, mas ao filme, provavelmente, não.



Você está aqui, logo, viu o filme ou não se importa com spoilers.  Enfim, Sebastian e Mia não terminam juntos.  Tenho problema com isso? Não.  Alguns dos meus filmes favoritos não tem o tradicional "e viveram felizes para sempre".  Casablanca é um deles.  E o Vento Levou é outro.  Na verdade é Hollywood, que não gosta de separar amantes.  Em filmes mais recentes, então... O meu problema com La La Land é que não me deram um motivo forte para acreditar que Mia e Sebastian tiveram alguma razão para se separar.

Eles tiveram um desentendimento, Mia via a infelicidade do amado em tocar um tipo de música que odiava. Ele interpretou como inveja e frustração da parte dela, afinal, ela não tinha mais motivos para sentir pena dele. Ela estava insegura sobre sua própria situação profissional, a eterna tentativa e fracasso. Os dois se distanciam e ela foge da cidade grande e de Sebatian, volta para o interior, a segurança da família.  Mas as coisas mudam, eles se reencontram, ele a ajuda a encontrar o seu caminho.  Ela terá que passar 4 meses na Europa. Eles juram amor eterno,  e entra um letreiramento "5 anos" e eles estão separados. Mia, agora, é uma atriz de sucesso, tem uma filhinha e um marido chique genérico.  Como assim????? 

O filme não mostra como eles se separaram.
Minha amiga começou a reclamar. Isso é um filme que ela está fazendo! É sonho! Não,  foi somente uma idéia ruim, a começar pelo letreiramento. Repito, eles poderiam ter separado os protagonistas, mas não dessa forma. Quem foi o responsável? Sebastian a abandonou? O night club primeiro? Mia deixou o sucesso subir à cabeça? Nenhuma explicação,  somente a certeza de que eles ainda se amam...

Em Café Society, que tem um casal muito sem sal, a mocinha troca o jovem pobre pelo tio rico, apesar de dizer que não pensava em dinheiro. Em Nosso Amor de Ontem (The Way We Were),  a personagem de Barbra Streisand não deixa de amar a de Robert Redford, mas não queria abandonar a militância política,  nem servir de motivo para que a carreira do amado, ambos eram roteiristas de cinema, fosse prejudicada durante o Machartismo. Eles terminam separados.  São muitos exemplos, poderia pensar em outros filmes, que até não são tão bons como La La Land, mas não aprontam essas coisas com a gente.

Custava explicar?
No fim das contas, o que acabou ficando de La La Land foram as músicas e os belos duetos. O romance se esvaziou com um desfecho infeliz,  mal explicado. Eu namorei pela internet, à distância por  mais de um ano, marquei casamento no cartório com procuração. O que são 4 meses para um casal que se ama, que tem condições de pegar um avião?  Houve uma sugestão - pelo sonho de Sebastian - que ele talvez tenha sido egoísta,  mas foi uma lacuna de CINCO ANOS que o filme não explicou. Melhor filme ou roteiro para La La Land, não,  por favor.

sábado, 21 de janeiro de 2017

Sakura Kinomoto ganha festa de aniversário no Japão



Dentro das comemorações dos 20 anos da série Card Captor Sakura (カードキャプターさくら), da CLAMP, haverá um festival no dia do aniversário da heroína, 1º de abril. Segundo o Comic Natalie, o Sakura Festival 2017 (さくらフェス2017 ~カードキャプターさくらお誕生日会~) acontecerá no Tokyo Ren Niigata Great Hall com a presença dos dubladores originais. Os filmes para o cinema estão sendo relançados ao longo de 2017 e o novo anime chegará em 2018. O CN avisa que os ingressos serão sorteados e podem participar da loteria quem se inscrever até o dia 21 de janeiro. O sorteio será no dia 23 de fevereiro.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Mangás à moda antiga são destaque na revista Entermix


A última edição da revista Entermix, da Kadokawa, trouxe uma matéria especial sobre mangás "old school" de nossos dias, isto é,  que tem uma narrativa e arte mais tradicionais, segundo o Comic Natalie.  A mangá-ka em destaque é Chie Shinohara,  de Shizuku, Ougon no Torikago (夢の雫、黄金の鳥籠) e Sora wa Akai Kawa no Hotori ~Anatolia Story~ ( 天は赤い河のほとり~Anatolia Story~). São 22 títulos e imagino que Chiho Saito seja citada, também,  além de outras artistas que eu adoro. Até fico me coçando para comprar esta edição. Há outra matéria na edição sobre Mao Iwamoto, cujo mangá venceu o Kono Manga ga Sugoi! deste ano. Há algo sobre dorama, os destaques da temporada de inverno de 2017 e uma seção chamada "Ler antes de assistir" focando em Dr. Strange, pricipalmente.