domingo, 28 de fevereiro de 2010

Jornal de Brasília dá destaque aos doramas



Qual não foi minha surpresa agora a pouco ao abrir o principal jornal de Brasília, o Correio Braziliense, e encontrar uma grande matéria sobre doramas ou novelas japonesas, coreanas, e chinesas. A matéria fala das produções, entrevista o escritor e roteirista Taichi Yamada, e conversa com fãs das novelas orientais que colocam as dificuldades que os interessados encontram no Brasil. Eu, por exemplo, me desanimo por causa da dificuldade ou da minha preguiça.

Eu não sou extremada a ponto de considerar que as novelas brasileiras são ruins e as orientais são boas; elas têm formatos diferentes, objetivos diferentes. Claro, que eu tenho mil críticas às produções nacionais, mas elas falam de nós, ou, pelo menos, de como nos vemos e/ou imaginamos. Isso não quer dizer, que eu não deseje que doramas sejam lançados aqui no Brasil em DVD, e acredite que uma TV que colocasse novelas orientais no ar, ou séries da BBC, com qualidade teria grandes chances de conseguir altíssimas audiências. Sim, eu não pensaria duas vezes para escolher entre um dorama e uma novela do Manoel Carlos.

Eu só vi um dorama de Taiwan até hoje, Mars, e não achei tosco de forma alguma, como uma das meninas entrevistadas afirmou. Adoraria poder encontrar o artigo citado na matéria, "Refletindo a sociedade: telenovelas no Brasil e no Japão", porque deve ser muito curioso traçar um quadro comparativo entre os tipos de produção. Como gosto de História da Telenovela, tenho um bom material aqui em casa, esse só viria a acrescentar. E, claro, achei a entrevista com o autor Taichi Yamada, epecialmente quando ele responde porque as novelas japonesas podem ter finais infelizes.

Segue o texto do Correio Braziliense, na íntegra, depois da barra. Até procurei a imagem que aparece na reportagem para postar aqui. Então, que ninguém venha me encher a paciência atribuindo a mim títulos, subtítulos ou afirmações que estão na matéria como tentaram fazer (*e ainda estão fazendo*) com outras matérias que postei aqui no blog. Acredito que a matéria seja somente para assinantes, não vi o link em aberto no site do jornal, tampouco vou procurar.

Novela de cabeça para baixo

Que Manoel Carlos que nada! Com a ajuda da internet, a nova geração está descobrindo a riqueza dos folhetins produzidos do outro lado mundo

Quando se fala no Japão, terra dos samurais e da tecnologia de ponta, dificilmente se pensa em novelas. Embora o arquipélago seja um grande produtor dos folhetins, as únicas tramas nipônicas transmitidas no Brasil foram Haru e Natsu, exibida pela Band em comemoração ao centenário da imigração japonesa, e Oshin (essa só em São Paulo). Contudo, para os fãs das novelas asiáticas — os chamados doramas —, não há obstáculos.

Aline Freitas, 19 anos, descobriu os doramas na internet, único canal disponível para os fãs. Enquanto procurava vídeos de música, uma novela de Taiwan chamou a sua atenção. Fisgada pela narrativa, a estudante resolveu pesquisar tramas de outras nacionalidades. “As japonesas têm histórias melhores, mas as coreanas têm atores perfeitos. Eles também mudam a história original dos mangás (os gibis nipônicos), diferentemente das tailandesas, que são muito toscas.”

A paixão pelos doramas é fruto da fascinação que Aline tem pelo mundo oriental desde criança, quando acompanhava os animes (desenhos animados) transmitidos pela extinta TV Manchete. Com o tempo, a estudante passou a apreciar os quadrinhos e a música, bagagem que ela garante ser de grande ajuda no curso de letras japonês. “Estou aprendendo muitas frases e expressões, além da cultura, que é muito diferente.”

arolina Nonato, 22, é outra entusiasta das produções televisivas orientais. “Fiquei totalmente apaixonada por dorama — foi a coisa mais linda que eu já vi”, derrete-se a jovem, que já tinha afinidade com o universo dos mangás e dos animes. Hoje, Carolina assiste a cerca de 60 novelas por ano, e coleciona CDs, DVDs, calendários e pôsteres importados das suas séries favoritas. A paixão pelos doramas acabou dando origem a um blog de notícias (www.dramasinn.com), por meio do qual ela conheceu fãs do mundo todo, inclusive Aline, que é sua veterana na faculdade.

Nem Aline nem Carolina assistem às novelas brasileiras, que consideram muito demoradas e repetitivas. Essa preferência deve-se à diferença entre as produções dos dois países: no Japão, os folhetins são semanais, e as histórias têm cerca de 12 capítulos, pois duram apenas uma estação do ano. Os temas também são diversificados e variam de acordo com a faixa etária e com o horário de exibição. “Creio que as novelas baseadas em mangás ou animes são as que atraem a atenção do público jovem”, disse o professor Mauro Neves Junior, do departamento de estudos luso-brasileiros da Universidade de Sofia, em Tokyo, em entrevista por e-mail.

Há histórias policiais e de suspense, mas o bom e velho dramalhão também está presente. Conhecidas como ren’ai, as novelas românticas costumam ter como personagens principais a kintsuma (esposa infiel) ou jovens envolvidos em triângulos amorosos. Autor do estudo comparativo Refletindo a sociedade: telenovelas no Brasil e no Japão, Mauro observa que as dores de amor são o elemento mais familiar entre as novelas dos dois países. A diferença só aparece no último capítulo. Para os nipônicos, é comum o final ser infeliz e sem reconciliações ou casamentos. “Não é que seja imprescindível fazer o público chorar, mas a estrutura da narrativa japonesa transmite mensagens mais próximas à realidade.”

“A TV japonesa tem dois elementos fundamentais: o discurso da unidade nacional e a intimidade com o público. Eles falam com o telespectador como se cada um deles fosse importante”, explica Donatella Farani, professora de literatura japonesa da Universidade de Brasília (UnB). São esses valores que estimulam a produção de programas destinados a cada tipo de público.

Galãs multitalentosos e delicados

Os galãs que estrelam os títulos voltados para adolescentes são conhecidos como tarentos, artistas moldados não somente para atuar, mas também cantar, desfilar e apresentar programas e telejornais. Esses profissionais multiuso são uma herança do século 18, quando eram reverenciados os artistas de talentos variados, como as estrelas do teatro kabuki e as gueixas. O gosto pelos personagens populares da época foi registrado em pinturas, que tinham os artistas como principais retratados. “Os japoneses compravam os livros ilustrados e as xilografias como um jovem, hoje, compra mangás e pôsteres dos ídolos”, compara Donatella, que também foi apresentadora e produtora no canal público japonês, o NHK.

Geralmente essas estrelas seguem o estilo bishonen — expressão usada para descrever meninos com aparência delicada. Tanto homens afeminados quanto garotas masculinas não são raros na dramaturgia nipônica, resultado da valorização que o oriental dá ao visual andrógino. Um exemplo é a novela baseada no mangá Hanazakari no kimitachi e (Para vocês na flor da idade), que já ganhou versões japonesa, coreana, tailandesa e chinesa. A trama conta a história de uma menina que se veste de homem para se infiltrar em uma escola masculina em busca do seu amor.
O escritor e roteirista Taichi Yamada é conhecido no Japão como o maior nome das novelas de enredos familiares, e já assinou dezenas de histórias em mais de 40 anos de atuação. Em entrevista à Revista do Correio, Yamada fala sobre o cenário da dramaturgia japonesa:

Qual a importância da novela no Japão? O que faz uma boa novela japonesa?

Tem sido difícil criar uma novela de grande sucesso ultimamente. As novelas faziam sucesso nos anos 1970 e 1980, mas à medida que o entretenimento se diversificou e tornou-se possível a gravação dos programas, as pessoas pararam de assistir aos capítulos no horário de exibição. O telespectador procura desde puro entretenimento a uma história artística com um significado profundo. Entretanto, frequentemente temos de competir por audiência, o que acaba com alguns projetos muito bons.

Os novos costumes e a nova família japonesa criaram um novo tipo de novela?

Por causa das dificuldades causadas pela Segunda Guerra Mundial, o principal objetivo do povo japonês era buscar a riqueza. Conforme as pessoas melhoravam de vida, começou-se a valorizar a riqueza individual. Essa mudança enfraqueceu a união familiar e minhas novelas refletem essa realidade.

Por que os japoneses aceitam finais tristes?

O Japão sofre muito com terremotos e tufões. Esse longo histórico de desastres nos fez aprender a aceitar a realidade. A tristeza das novelas pode ser uma oportunidade de saber que você não é o único que sofre, e também de perceber a felicidade que você tem.

Você acha que as novelas podem ajudar na aproximação das culturas brasileira e japonesa?

Eu considero filmes, novelas e livros ferramentas muito úteis para descrever a realidade em detalhes, o que não pode ser feito por meio de um documentário. Assistir às novelas dos dois países é um meio eficiente e maravilhoso de entender o outro.

Nodame Cantabile na Itália!



Acho que as italianas devem estar soltando fogos. Finalmente, Nodame Cantabile (のだめカンタービレ), de Tomoko Ninomiya, foi licenciado na Itália. E a sorte é que vai sair pela editora Star Comics que publica seus mangás com grande qualidade. A notícia está no Comics Blog e o anúncio oficial foi feito hoje no Mantova Comics 2010. Ah, agora falta... o Brasil!

Comentando Simplesmente Complicado



Olha, eu não esperava tanto assim desse filme. Fazia muito, muito tempo que não tinha tanto prazer em ir ao cinema, que não ria tanto com um filme, que não me via torcendo tanto pelas personagens e, de quebra, ainda refletindo sobre questões seríssimas como família, casamento, divórcio, felicidade, maturidade, velhice e como ser mulher no meio dessa confusão toda.

Meryl Streep me encantou de novo, e estava com todas as suas rugas, mostrando a idade que tem (*a cena da consulta ao cirurgião plástico é um primor*), e em uma interpretação mais brilhante que a de Julia Child em Julie & Julia (*que eu assisti, mas não resenhei*). Ora, bolas! Por que não indicaram Simplesmente Complicado (It’s Complicated!) ao Oscar de melhor filme? E não adianta dizer que comédia romântica não é indicada a melhor filme, porque vou ter que lembrar que Melhor Impossível (As Good as It Gets) foi indicado e levou melhor ator e melhor atriz. Ou será que o motivo é Simplesmente Complicado ser um filme “de mulher”? Dirigido e roteirizado por uma mulher, Nancy Meyers, e protagonizado magnificamente por uma mulher, Meryl Streep.

Pois bem, para quem não conhece a história, o básico. Simplesmente Complicado fala de uma mulher beirando os sessenta, Jane (Meryl Streep), bem sucedida dona de restaurante, mas separada há dez anos do marido, Jake (Alec Baldwin), que a trocou por uma mulher muito mais jovem (*e também profissional bem sucedida, é importante ressaltar*). As feridas do divórcio não estão fechadas, ela se sente solitária e a idade começa a pesar. Quando Jane vai até Nova York para a formatura do filho do meio, ela e o ex-marido acabam se envolvendo de novo. Jane se sente culpada, confusa, e, ao mesmo tempo, satisfeita e até vingada. Só que a situação não parece tão simples assim, seja porque Jake é um "adorável cafajeste", seja porque isso coloca em questão os seus princípios, mas, também, porque o arquiteto que está cuidando da reforma da sua casa, Adam (Steve Martin), parece um cara muito mais legal e interessante do que o ex-marido canalha.

Olha, difícil ver um filme onde tudo se encaixa, com a melhor atuação de Steve Martin que eu já vi, ter Alec Baldwin me convencendo e merecendo qualquer prêmio que queiram dar para ele. Fora isso, Meryl Streep faz de novo uma chef de cozinha, que aprendeu a profissão na França, só que totalmente diferente da sua Julia Child, que lhe valeu a indicação ao Oscar. O filme é politicamente incorreto em muitos momentos (*a seqüência da maconha é fantástica*), tem umas piadas pesadas, mas é tão divertido, romântico e inteligente que mesmo naqueles momentos que eu poderia detestar, eu não consegui. E no final Nancy Meyers me fez lembrar um pouco de Recruta Benjamin (Private Benjamin), cujo roteiro ela escreveu, e que teve um final que mostrava como é necessário ter coragem para encarar a vida e recomeçar.

Eu não assisti os últimos filmes de Nancy Meyers, aliás, nem lembrava dela (*Shame on me*). Eu tinha lido no Women & Hollywood que ela era uma diretora/roteirista elitista que escrevia para a seu grupo, mulheres brancas, ricas e na meia idade. Pode até ser, Meryl Streep não tem nenhuma amiga que não se enquadre nesse grupo ao qual ela mesma pertence. Ora, ora, mesmo focando nesse grupo, ainda assim o filme não perde o interesse, porque ao tocar em questões de gênero que transcendem "a classe" como a ditadura da eterna juventude e da beleza, as angústias das mulheres que envelhecem e suas inseguranças, a dificuldade em encontrar parceiros de sua própria idade, a questão da liberdade e satisfação consigo mesma... É muita coisa nas costas da Meryl Streep e, claro, ela dá um show!

E o filme não serve somente para as mulheres brancas, ricas e de meia idade. Aliás, a fila de homens “passados na idade” com suas esposas jovens na clínica de fertilidade é ótima! E mostra as vantagens e desvantagens de querer ser garanhão quando já se está na hora de ser vovô. E a persoangem de Alec Baldwin se presta a discutir isso de forma muito intteressante. O fime não se esquece dos homens, portanto, apesar de ser o típico "filme de mulher". Por conta disso, Alguém tem que ceder (Something's Gotta Give) agora entrou na minha lista de filmes que preciso assistir, por que Nancy Meyers merece atenção, já Do que as mulheres gostam (What Women Want), eu continuo passando. A idéia do filme não me agrada.

Não sei se Simplesmente complicado é um filme para todas as idades. Acho que é necessário ter alguma vivência para entender, sentir e rir na medida que o filme pede, mas eu recomendo. Meryl Streep, Steve Martin (*um fofo*), Alec Baldwin e mesmo os elenco jovem, o filho, as filhas e genro de Jane e Jake, estão muito bem. Uma delícia de filme e terminou do jeitinho que eu queria. Saí com um sorriso de orelha à orelha e comprarei o DVD quando chegar às lojas. Não sei se posso chamar o filme de feminista, talvez não chegue à tanto, mas certamente é um filme afirmativo e que não trata as mulheres como idiotas, tampouco subestima a audiência. Eu dou nota 10!

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Bactérias de Moyashimon visitam Nodame Cantabile



Esta semana terminei de ler o volume #15 de Nodame Cantabile (のだめカンタービレ). Sim, apesar de ter lido o final do mangá, eu acompanho pela edição americana da Del Rey e estava com quatro volumes por ler aqui em casa. Aliás, tenho um monte de mangás parados aqui em casa. Aliás, tem quase um ano que não sai nenhum volume de Nodame Cantabile nos EUA. Pois bem, das páginas 164-167 temos uma participação muito especial das bactérias de Moyashimon (もやしもん). Ambas as séries são da Kodansha e foi uma cortesia e tanto colocar as simpáticas bactérias “levedando” o curry assassino de Nodame. :) Eu nunca imaginaria isso. Basta clicar na imagem acima.

No mais, eu só uso a edição da Del Rey, porque quero ter Nodame em papel, já que confio muito pouco na tradução e adaptação. O responsável pelo serviço não tem uma cultura profunda nem sobre mangá, nem sobre cultura pop japonesa. Chequei as notas e, por exemplo, dessa vez ele (*ou ela*) perdeu uma menção direta à Rosa de Versalhes. Nodame e Chiaki estão vestidos com roupas do século XVIII e a moça saca uma máquina e começa a fotografar o jovem maestro gritando “André!” e ele dizendo “Não sou André!”. Referência direta à Rosa de Versalhes e eu nem imagino quantas se perderam até agora. Uma lástima! Mas é bom que se registre, porque às vezes a gente acha que isso só acontece no Brasil.

Vendo: Minissérie - Little Women - 1978



Eu nunca usei o espaço do blog para vender alguma coisa, é a primeira experiência, mas acho que assim fica mais fácil para divulgar o anúncio no Que Barato. Seguem os dados:

Sinopse: Louisa May Alcott escreveu dois romances sobre quatro irmãs - Jo, Meg, Betty e May - que se tornaram um clássico da literatura. Passado na Nova Inglaterra durante a Guerra de Secessão, a história acompanha o crescimento e amadurecimento de quatro meninas que apesar da pobreza enfrentam todas as dificuldades sem perder a alegria de viver. Jo, a menina tomboy, quer ser escritora, Meg lamenta não ser mais rica, Amy quer ser uma grande artista, e Betty só deseja ficar em casa com seu pai e sua mãe. Nem tudo acontece como elas esperam, mas, no final, elas encontram a felicidade.

Adaptado várias vezes para o cinema e animação, Little Women teve vários nomes aqui no Brasil, As Filhas do Dr. March, Adoráveis Mulheres, Mulherzinhas. Esta versão foi feita para a TV norte americana, foi premiada e elogiada, mas nunca saiu aqui no Brasil. O DVD é original, novo e lacrado. Frete a combinar. Seguem os dados do produto:

Little Women (1978)
- Elenco: Meredith Baxter Birney, Susan Dey, Ann Dusenberry, Eve Plumb, Dorothy McGuire, William Shatner
- Formato: Color, DVD, NTSC
- Língua: Inglês
- Número de Discos: 2

- Preço: R$ 40,00

Indicados para 14º Tezuka Awards



Nota curta sobre o caso: saíram os indicados e o ANN publicou a lista dos títulos indicados ao 14º Tezuka Awards. Não há nenhum shounen, shoujo ou josei indicados. Será que não há nenhum trabalho competente desses gêneros nas revistas japonesas? Muito decepcionante, na minha opinião. Enfim, todos os indicados são seinen. Os vencedores serão anunciados em abril, e recebem os prêmios em maio. No comitê de indicações estão gente como Go Nagai e Takemiya Keiko. Segue a lista:

• Imuri de Ranjō Miyake (Enterbrain)
• Kamurobamura-e de Mikio Igarashi (Shogakukan)
• Kono Sekai no Katasumi ni de Fumiyo Kono (Futabasha)
• Himawari - Kenichi Legend de Akiko Higashimura (Kodansha)
• Hyouge Mono - Tea for Universe, Tea for Life de Yoshihiro Yamada (Kodansha)
• Ushijima the Loan Shark de Shohei Manabe (Kodansha)

Notícias da autora de Sakamichi no Apollon



Eu falei desse mangá uma vez aqui no blog, trata-se de uma série que se passa nos anos 60, no interior do Japão e foca em um grupo de estudantes que quer montar uma banda de rock. Como eu queria dar uma olhada nisso! Scanlations? Não, claro... Enfim, segundo o Comic Natalie, o mangá estava fora da grade da revista Flowers faz um bom tempo, e agora se revelou o motive, Yuki Kodama, a autora, está prestes a ter um bebê. Agora, é preciso aguardar algum tempo até que ela possa retomar o trabalho.

Só lembrando, essa edição da Flowers está aparecendo várias vezes no Comic Natalie esses dias, e dará de brinde três clear files de Hagio Moto. Aliás, para comemorar os 40 anos de trabalho da autora, há uma entrevista em duas partes com a autora veterana na página da revista. É só clicar. Está somente em japonês, infelizmente. Será que alguma boa alma vai legendary isso?

Johnny Weir fora da exibição de gala hoje



Não comentei mais nada da patinação, devo fazer um post novo amanhã. as o que me deixou passada foi saber que o Johnny Weir, esse americano aí em cima, que foi recebido com tanto carinho pela torcida, que é polêmico, sim, e recebeu uma série de ataques homofóbicos da imprensa, está excluído da exibição de gala. Alguém acredita nisso? Depois do escândalo e ele em sexto, deveriam ter colocado o menino para se apresentar. Essa história de roupa escandalosa é ridículo, porque o que não faltou entre os homens foi roupa escandalosa, berrante e cafona, com raras exceções, na minha opinião, como o pretinho básico do Lycasek.

Ele ia patinar ao som de Lady Ga-Ga, acredito que a mesma exibição aí de cima mas aperfeiçoada. Eu não torci apra ele na competição, o Lycasek me conquistou mesmo e levou o ouro, mas essa confusão toda, se se confirmar o preconceito é um absurdo grande demais, ainda por cima, no Canadá. :( Para quem for assistir a patinação de gala na Record é hoje 9:30. Vale a pena assistir.


sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Ranking do New York Times



Saiu o ranking do New York Times e ocorreu simplesmente a dança das cadeiras. 1º, 2º e 5º, permaneceram os mesmos. Black Bird e Black Butler trocaram de posição. Do 6º ao 10º lugar as colocações foram embaralhadas. Enfim, se não aparecer nenhum lançamento novo e poderoso, talvez as primeiras posições se mantenham estáveis. Como disse na semana passada, Alice resiste bem, e eu torço para que a Tokyopop tenha retorno com esse shoujo mangá.

1. Naruto #47
2. Vampire Knight #9
3. Black Butler #1
4. Black Bird #3
5. Alice in the Country of Hearts #1
6. Fullmetal Alchemist #22
7. Naruto #46
8. D.Gray-man #16
9. Yu-Gi-Oh! GX #4
10. Yu-Gi-Oh! R #3

Mulheres que estão no gibi



Esta matéria sobre mulheres quadrinistas foi publicada no dia 17 de fevereiro no Correio Braziliense. Eu não tinha visto ainda, mas passei pelo site Zine Brasil (*link no blog*) e estava lá a chamada. Na matéria participam duas quadrinistas aqui de Brasília - Verônica Saiki (esquerda na foto) e Viviane Machado - além de Erica Awano e outras quadrinistas brasileiras. Fala-se da importância do mangá para o aumento das mulheres leitoras e, também, daquelas que desejam seguir na profissão de quadrinistas. Neste link há amostras do trabalho das artistas, inclusive do Alice de Erica Awano. Vale a leitura.

Mulheres que estão no gibi

Por amor à arte ou por profissão, elas estão cada vez mais atuantes no mercado das histórias em quadrinhos

Pedro Brandt

Luluzinha, Mulher-Maravilha, Mulher-Gato, Valentina, Barbarella, Mônica, Mafalda… não faltam protagonistas de histórias em quadrinhos do sexo feminino. E quanto a mulheres fazendo quadrinhos? Dessa breve lista de personagens, apenas Luluzinha foi criada por uma mulher — a americana Marjorie Henderson Buell. Com mais de um século de existência, as HQs tiveram poucas mulheres trabalhando na área. Situação que vem mudando ao longo das últimas duas décadas com um crescente interesse delas pelos quadrinhos e, consequentemente, uma maior participação. No Brasil, exemplos disso não faltam.

É o caso de Verônica Saiki e Viviane Machado (ou Vivianne Fair, como ela assina). As duas começaram a ler e fazer os primeiros gibis na infância, aprimoraram técnicas na adolescência e deram continuidade à produção na vida adulta. Desde 2007, a brasiliense Verônica, 27 anos, publica por conta própria o título Verdugo, o inacreditável. Até agora, foram lançadas cinco edições e a sexta está a caminho, prevista para maio. Carioca de nascimento, Viviane, 30, é adepta do mangá (como são chamadas as HQs japonesas) e tem livros e quadrinhos publicados no Brasil e nos Estados Unidos por editoras independentes.

Ainda que atuem na área de artes plásticas e, eventualmente, façam HQs por encomenda, para elas o trabalho é, por enquanto, um hobby levado a sério. “Estou esperando para ver o que a maré vai trazer. Se surgir algo no futuro, será uma surpresa”, diz Verônica. “Gostaria de viver da minha produção literária e também dos meus quadrinhos. Mas sou mãe e sei que esse mercado é muito complicado e não posso me dar ao luxo de tentar viver exclusivamente disso”, analisa Viviane.

Ganha-pão

Os quadrinhos são o ganha-pão da paulista Erica Awano, a mais conhecida e renomada desenhista brasileira de mangá. São dela os desenhos de Holy Avenger, uma das mais bem-sucedidas HQs brasileiras. Atualmente, Erica desenha para a Dymanite Entertainment a série The complete Alice in Wonderland, inspirada em Alice no País das Maravilhas (sem previsão de publicação no Brasil).

E há até brasileira nos X-Men. Nascida em Belém, mas criada em São José dos Campos (SP), a desenhista Julia Bacellar, ou Julia Bax, como é mais conhecida, é outro exemplo de profissional da área. Antes de se mudar para Paris, onde vive hoje, ela morou em São Paulo e deu aulas de quadrinhos na Quanta Academia de Artes, escola referência no ensino da linguagem das HQs. Além disso, Julia tem no currículo trabalhos para editoras americanas, entre elas a Marvel, casa de personagens como Homem-Aranha, Hulk, Capitão América e X-Men. E, por falar no grupo de mutantes, a desenhista cobriu as férias do colega Roger Cruz (conhecido desenhista brasileiro) no título X-Men first class.

Nem só de mangás e super-heróis vivem as mulheres do gibi no Brasil. A produção da gaúcha Fabiane Bento, a Chiquinha, vai pelo caminho do humor desbocado, na melhor tradição de suas inspirações Ota, Angeli e Allan Sieber. O trabalho de Chiquinha, que apareceu em diversas revistas e jornais do país, atualmente é publicado na Folha de S. Paulo.

Novas leitoras

O que explicaria esse maior interesse das meninas por histórias em quadrinhos nos últimos anos? “No passado, com certeza menos mulheres liam por conta da temática”, arrisca Viviane Machado, fazendo referência aos quadrinhos de super-herói voltados, principalmente, para o público masculino. “Como no Brasil, durante muito tempo, a única coisa de HQ que tínhamos eram títulos das editoras Marvel e DC, dá mesmo essa impressão”, complementa Julia Bax. “Essa coisa masculino versus feminino é meio do passado, não?”, pondera Chiquinha, “Eu adoro quadrinhos e nunca curti heróis ao extremo. Até porque o que sempre me atraiu foi o quadrinho autoral e não essa movimentação da indústria norte-americana”, continua.

Erica Awano explica que o maior número de mangás nas bancas brasileiras na última década ajudou a trazer novos leitores de uma forma geral: “Os mangás são produções altamente segmentadas. Eles têm um público específico, não é como no Ocidente: infantil, juvenil e adulto. Existem mangás para adolescentes de ambos os sexos, para jovens adultos, donas de casa, gays, empresários, esportistas, sobre todo tipo de assunto e segundo o interesse do público-alvo. Também existe a vantagem de que não é preciso ler 60 anos de quadrinhos para saber o que está acontecendo na história (a exemplo do que ocorre nos quadrinhos americanos). Quando um quadrinho japonês acaba, ele acaba”.

Seja por hobby, seja por profissão, essas mulheres dedicam suas vidas aos quadrinhos pela paixão que sentem pela chamada nona arte. “O que me motiva é o amor pela arte. Enquanto esse amor não morrer, vou continuar produzindo, independentemente de saber que tem alguém lendo”, sintetiza Verônica Saiki.

Conheça o trabalho

# Viviane Machado em
http://www.recantodachefa.blogspot.com/
http://www.belafantasy.deviantart.com/

# Verônica Saiki em
http://www.verdugooinacreditavel.blogspot.com/

Mari Okazaki publica mangá sobre... Adivinhem? Maternidade!



A tendência está mais que confirmada e autoras de peso estão envolvidas em produzir mangás sobre mães e filhos pequenos, gravidez e cuidados com os filhos. Agora é a vez de Mari Okazaki lançar o primeiro volume do seu Hinemosu Koyomi (ひねもす暦), que deve ser um 4Koma, pois é publicado em um jornal o Shinano Mainichi Shimbun, segundo o Comic Natalie. Olha, a natalidade japonesa precisa crescer, parece ser questão de vida ou morte, mas a parentagem continua sendo jogada nas costas das mulheres, talvez seja demanda dos editores mesmo. E sabe por que estou comentando isso? Quantos mangás seinen vocês conhecem que falem do ato de ser pai? Vamos contar?

Estréia novo mangá da autora de Hotaru no Hikari



O novo mangá de Satoru Hiura estreou na revista Kiss que chegou às lojas ontem, segundo o Comic Natalie. O nome do mangá é Beard no Ninpu (43) (ヒゲの妊婦(43) ), olha, tem um bigode na abertura do capítulo e o nome do mangá poderia ser mulher grávida barbada, ou algo assim. De qualquer forma, o resumo do Comic Natalie diz que o mangá fala de uma mulher que tem o primeiro filho aos 43 anos. Não se fala em marido e não sei como aparece a tal barba... Pois bem,mais um mangá josei sobre maternidade.


Na edição, informações sobre a segunda parte do filme de Nodame Cantabile (のだめカンタービレ) e a capa linda vem de brinde como clear file. Ah, eu quero!!!! ^_^ Nesta mesma edição, termina, também, o mangá Akachan no Dorei. (あかちゃんのドレイ。) de Hiromi Ookubo.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Japan Expo Awards 2010



O Japan Expo é o maior evento de anime, mangá e cultura pop japonesa da Europa. Perigando, talvez, ser um dos maiores fora do Japão. Todos os anos eles premiam os melhores mangás publicados na França. A lista dos indicados ao Japan Expo Awards 2010 já saiu.

De novo, cabe pontuar que não há categoria “melhor josei”, apesar de haver “melhor seinen” e vários mangás para mulheres adultas saírem na França. O curioso é ter um seinen Otaku Girls (Fujoshi Rumi – Mousou Shoujo Otaku Kei), ou seja, se for por essa lógica, um Hataraki Man tem que ser colocado em shoujo, assim como Black Bultler que é shounen, mas tem um público, acredito, majoritariamente feminino, apesar de ser seinen, e um josei incluído em shoujo, Ma petite maîtresse (Cho yo Hana yo). Eu até aceito ver essas escorregadas no Brasil, mas na França... Ah, sim, dos indicados, somente Le Sablier ou Sunadokei apareceu aqui no Brasil.

Há também uma categoria “melhor edição” onde encontramos três shoujo Rg Veda Deluxe (Tonkam), Code Geass Lelouch of the Rebellion vol.1 (Tonkam) e X Day Intégrale Deluxe (Asuka). Segue a lista dos Shoujo (*com direito à josei e seinen*) indicados na sua categoria:

Arakure Princesse Yakuza (12 bis)
Koko Debut (Panini Manga)
Le Sablier (Kana)
Ma petite maîtresse (Soleil Manga)
Otaku Girls (Doki Doki)
Private Prince (Asuka)
RG Veda (Tonkam)
Skip Beat! (Sakka)

Mangás mais vendidos da França em janeiro e fevereiro



Passando pelo Manganews, vi que eles publicaram a lista dos mangás mais vendidos na França neste início de ano. Na lista, destaco a presença de dois shoujo, Switch Girl – que eu acredito que tenha chances de aparecer por aqui (*e nos EUA deve ser mais rápido*) – e Bloody Kiss. Acho importante destacar, também, o seinen do grupo que é Les Gouttes de Dieu ou Kami no Shizuku, mangá sobre um sommelier e que teve ótima recepção na França.

1. Naruto #46
2. One piece #52
3. Fairy Tail #10
4. Naruto #45
5. Negima #23
6. Soul Eater #7
7. D. Gray-Man #18
8. Naruto #44
9. Les Gouttes de Dieu #11
10. Saint Seiya - Lost Canvas #10
11. Tales of Symphonia #5
12. Doubt #3
13. Bloody Kiss #1
14. Switch Girl #6
15. Tales of Symphonia #6

Mangá de Kaori Yuki na reta final



Segundo o Missión Tokyo, Ningyou Kyûtei Gakudan (ギニョール宮廷楽団), o atual mangá de Kaori Yuki caminha para o seu final da Betsuhana. A notinha não dizia quando o mangá iria ser encerrado, mas isso deve acontecer nos próximos meses. Eu não li nada do mangá, mas, ao que parece, trata-se de uma história de terror com marionetes assassinas que devoram seres humanos. Bem, e conhecendo Kaori Yuki, ela é bem capaz de fazer um mangá que realmente impressione. ^_^ A Panini já lançou três obras da autora no Brasil, talvez este também apareça por aqui.

Revista literária anan reúne cinco mangá-kas em uma edição especial



A revista literária anan reuniu um time invejável de cinco mangá-kas em um dossiê chamado Hon to Manga (本とマンガ– Livro e Mangá). Se entendi bem o Comic Natalie, a revista trará matérias, entrevistas e ensaios feitos pelas cinco autoras do anan Joshi Manga Bu (anan女子マンガ部– Clube do Mangá Feminino anan). As cinco autoras que participam de edição são Tomoko Ninomiya de Nodame Cantabile (のだめカンタービレ) , Naoko Matsuda de Shojo Manga (少女漫画) e Hanahaki Otome (花吐き乙女), Io Sakisaka de Strobe Edge (ストロボ・エッジ), Karuho Shiina de Kimi ni Todoke (君に届け) e Aoi Hiiragi de Hoshi no Hitomi no Silhouette (星の瞳のシルエット). Eu certamente não entenderia nada, mas gostaria de passar os olhos por essa edição.

Saiunkoku Monogatari será lançado pela VIZ nos EUA



Segundo o ANN, o mangá ou as novels (livros), ainda não está claro, de Saiunkoku Monogatari (彩雲国物語). O anime já saiu nos EUA, e eu aposto que o que está listado na Simon & Schuster não são os livros de Sai Yukino ilustrados por Kairi Yura e, sim, o mangá. Até o momento há 15 livros da série e 5 volumes lançados no Japão. A série gerou duas temporadas animadas. Vi pouco do anime, mas achei interessante. Seria uma boa série para ser exibida aqui no Brasil.

Akiko Higarashimura e Rieko Saibara falam de maternidade



É moda, definitivamente algumas autoras de josei decidiram promover o tema da maternidade e do cuidado com os filhos. Se entendi bem o Comic Natalie, dia 26 de fevereiro sai em tiragem limitada – 1000 DVDs – com um talk show sobre o assunto reunindo Akiko Higarashimura de Mama Wa Tenparist (ママはテンパリスト) e Saibara Rieko de Mainichi Kaasan (毎日かあさん). No lançamento do DVD, haverá exibição de quatro episódios do anime de Mainichi Kaasan, cujo box só sai em maio. 50 convites serão distribuídos para o evento.

Ranking da Oricon



Saiu o ranking da Oricon e foi outra semana bem razoável para os shoujo e josei. No top 10 somente Skip Beat!, o que já era esperado, mas há dois josei entre os 30, Pride, em 11º, e Real Clothes, em 24º. É o último volume de Pride e seria interessante se conseguisse estar entre os dez, mas não conseguiu dessa vez. Da turma da semana passada, Yamato Nadeshiko Shichihenge, Tonari no Kaibutsu-kun, Cosplay Animal e Kin Kyori Renai permanecem, mas caem várias posições. Otomen não conseguiu chegar no top 10, mas não faz feio.

5. Skip Beat! #24
11. Pride #12
13. Otomen #10
17. Boku o Tsutsumu Tsuki no Hikari #8
20. Yamato Nadeshiko Shichihenge #25
22. Tonari no Kaibutsu-kun #4
24. Real Clothes #9
25. Cosplay Animal #13
30. Kin Kyori Renai #6

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Ranking da Tohan



Ranking da Tohan com um shoujo somente: Skip Beat! Era o único realmente com bilhete carimbado. De resto, temos o sempre interessante Detetive Conan liderando e Negima da JBC em terceiro. Vamos esperar o ranking da Oricon, se eu não estiver muito arrasada hoje à noite, eu posto.

1. Detetive Conan #67
2. Ahiru no Sora #26
3. Mahou Sensei Negima! #29
4. Skip Beat! #24
5. Kekkaishi #28
6. Bloody Monday Season2 #2
7. Shijou Saikyou no Deshi Kenichi #37
8. Dear Boys Act3 #3
9. Zettai Karen Children #20
10. Area no Kishi #19

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Palmas para Meryl Streep!



Mais cinema que shoujo hoje, desculpem. Mas tinha que postar a entrevista que a Época fez com Meryl Streep, a grande dama do cinema americano. E na entrevista ela mostra senso crítico, engajamento político e fala do que as mulheres conquistaram e perderam nas últimas décadas. Claro, que perguntas melhores renderiam bem mais, no entanto, o resultado ficou muito bom. Segue a entrevista.

ÉPOCA – A senhora detém o título de intérprete com mais indicações para o Oscar de todos os tempos: 16. Uma marca difícil de ser batida. Mas a última vez que a senhora venceu foi em 1983, por A escolha de Sofia. Não é frustrante perder sempre?
Meryl Streep – Não. Porque eu já nem penso mais em ganhar. Vou à cerimônia do Oscar para me divertir, encontrar amigos e para apoiar os diretores com quem trabalhei. Já estou muito feliz de ter esse histórico todo com o Oscar.

ÉPOCA – Muitas atrizes têm a carreira da senhora como modelo. O que acha dessa reverência toda?
Meryl – Isso me faz sentir ótima. E me faz mesmo. Sei quanto as atrizes que me precederam significaram para mim. Lembro de chegar a Nova York, vindo da escola de arte dramática (na Universidade Yale) e ter a chance de ver Geraldine Page, Irene Worth e Colleen Dewhurst no teatro. Que maravilha! Elas significaram o mundo para mim, talvez até mais do que as estrelas de cinema. Jamais pensava que iria fazer filmes. Meu sonho era ser uma atriz de teatro.

ÉPOCA – A senhora já disse que não existem bons papéis para atrizes acima dos 40 anos. Agora que continua por cima, tendo faturado mais de US$ 1 bilhão com seus filmes, ainda pensa da mesma maneira?
Meryl – Quando dei aquela declaração havia poucos papéis para atrizes maduras. E os bons papéis para atrizes acima dos 40 continuam escassos. Tive a sorte de fisgar todos os bons papéis que estavam disponíveis para essa faixa etária (risos). Mas vejo uma melhora. Hollywood funciona a partir do retorno da bilheteria. O que importa para os estúdios é o dinheiro arrecadado. Quando uma parcela ignorada do público responde com entusiasmo a um tipo de filme, aí prestam atenção. Toda vez que encontro chefões de estúdio dou um puxão de orelhas neles. Faço-os ver que ignoram uma parcela do público, o das mulheres maduras. Faço lobby para que eles invistam mais em filmes como Rio congelado, no qual a atriz Melissa Leo faz uma grande interpretação. Ninguém viu o filme, pois o dinheiro para o marketing era pouco e a distribuição acanhada. Mas rendeu indicações para o Oscar de atriz e roteirista. É um dos melhores que já vi.

ÉPOCA – A senhora poderia imaginar 15 anos atrás que atingiria o status de uma sexagenária que arrasta multidões ao cinema?
Meryl – Jamais. Também jamais suspeitaria que, de nossas três grandes emissoras de TV, duas delas hoje teriam mulheres ancorando seus noticiários no horário nobre. Jamais poderia imaginar que teríamos uma mulher como secretária de Estado. Ou que teríamos um presidente negro. É muito bom ver mulheres no poder na América do Sul e na Europa. Mas, ao mesmo tempo, também temos de enfrentar certos retrocessos.

ÉPOCA – Tais como?
Meryl – Como no Afeganistão. Nos anos 50, as mulheres afegãs formavam 70% do contingente de servidores públicos. A maioria dos professores era de mulheres. As afegãs votaram muito antes numa eleição do que as americanas.

ÉPOCA – O que a senhora acha do desempenho de Hilary Clinton como secretária de Estado?
Meryl – Ela está fazendo um trabalho de 20 mulheres ao mesmo tempo. Quando você olha a agenda dela no ano passado, dá para detectar a dimensão do trabalho que ela fez. E Hillary está tentando fazer o melhor que pode.

ÉPOCA – Em uma cena de Simplesmente complicado, a senhora aparece fumando maconha. Já fumou maconha alguma vez?
Meryl – Sim, já fumei maconha. Mas não gostei. Fumar maconha me fez sentir gorda e paranoica. Fiquei faminta depois. Assaltei a geladeira como se não houvesse amanhã.

ÉPOCA – O que a senhora acha da obsessão das atrizes de Hollywood pela cirurgia plástica?
Meryl – Me assusta que muita gente considere você maluca se não deu uma repaginada no rosto. Plástica hoje é como dente amarelo no passado. Todo mundo passou a ter dentes melhores e, se você não os têm, todo mundo diz: “Por que não os arrumou ainda?’’ Hoje em dia, quando alguém olha para você e diz: “Puxa, sua aparência está fantástica”, isso significa que a pessoa está realmente querendo dizer: “Bem-vinda ao clube, querida” (risos).

ÉPOCA – Qual é o segredo de sua forma invejável?
Meryl – Como muitas mulheres, gasto uma boa grana com cremes (risos). Eles ajudam muito. Recomendo. Dormir pelo menos sete horas por noite também é bom.

ÉPOCA – Muita gente famosa estremece ao conhecê-la pessoalmente. E com a senhora também rola uma tietagem?
Meryl – Mas é claro! Recentemente, conheci o presidente Barack Obama e fiquei totalmente paralisada (risos). Com o (cantor) Bruce Springsteen foi a mesma coisa.

Autora de Honya no Mori no Akari ilustra novel



Honya no Mori no Akari (本屋の森のあかり) é um mangá que sempre aparece nas listas de josei mais vendidos e que, claro, não tem scanlations. Agora, segundo o Comic Natalie, a mangá-ka Yukie Nasu ilustrou uma novel de autoria de Toriko Yoshikawa. O nome do livro é Olive Girls & Boys (オリーブ Girls & Boys), a capa vocês podem ver aí em cima.

Japoneses fazem dorama sobre o Twitter



A notinha estava no ANN hoje, e mais uma vez os japoneses saem na frente ao transformar o Twitter em centro de um drama (*dorama/novela*) para a TV. Segundo a notícia a história focará em cinco amigos que se conhecem pelo Twitter e usam a ferramenta para se manterem em contato. Eu gosto do Twitter, daria uma olhadinha com certeza. E me preguntam sempre se eu vejo doramas, mas o que eu tenho é uma preguiça danada de ficar procurando arquivos e legendas que casem. Às vezes, nem legenda tem do que eu quero ver, como no caso de Haken no Oscar, dorama baseado em um dos capítulos do mangá Shojo Mangá. Enfim, os protagonistas da série serão Juri Ueno, a Nodame de Nodame Cantabile, e o ator Eita. Além dos dois estão no elenco Tetsuji Tamayama e Megumi Seki. Falta um dos amigos. A estréia é em abril. Graças à notinha descobri que Juri Ueno estava no dorama de Warau Michael... que eu nem sabia que tinham feito! :(

MTV usa Lei do Audiovisual para financiar animação


Se a lei existe, se existem as verbas, por que não recorrer a elas para incentivar a animação nacional? A notinah estava na Folha de São Paulo. Segue o texto:

MTV usa Lei do Audiovisual para financiar animação

A MTV e a Agência Nacional do Cinema (Ancine) firmaram parceria inédita para financiar aprodução de uma série de animação destinada à TVaberta. Trata-se de umprojeto de R$ 1,5 milhão formatado sob as regras de compensação fiscal previstas na Lei do Audiovisual.

O acordo foi oficializado na sexta-feira, na capital paulista, em almoço que reuniu o presidente da Ancine, Manoel Rangel, e o diretor-geral da MTV, André Mantovani. Sob coordenação da emissora e fiscalização da agência, um concurso vai selecionar a melhor animação entre as inscritas por meio do site da MTV, a partir de data ainda a definir.

Numa primeira triagem, uma comissão julgadora escolherá três finalistas, que terão suas histórias transformadas em programas pilotos (testes) exibidos pela emissora. A vencedora irá ao ar em 13 capítulos. "A animação precisa se desenvolver no Brasil. Temos talentos que só são reconhecidos lá fora", diz o diretor da emissora, que já iniciou os contatos para captação de recursos entre os anunciantes da casa.

Conforme a lei, as empresas podem destinar ao financiamento do audiovisual até 4% do valor que deveriamrecolher como Imposto de Renda. Em 2009, parceria semelhante permitiu à MTV produzir sua primeira ficção. "Descolados"contou a vida de três jovens que saíram da casa dos pais e foram morar juntos.

Comentando Um Olhar do Paraíso


Como não sei quando vou gravar o podcast, decidi comentar O Olhar do Paraíso (Lovely Bones) aqui, pois preciso fazer algumas considerações. A primeira delas é que os trailers enganam e muito. Para quem não conhece a história, um resumo rápido. Susie Salmon é uma adolescente feliz, com uma família muito carinhosa, com um pai que a adora, e vivendo o seu primeiro amor. Mas ela não sabe que é observada pelo vizinho e que um dia, na volta da escola, seria enganada, estuprada e morta por ele. Morta, Susie Salmon se descobre presa no limbo entre o mundo dos vivos e o céu, observando seu assassino sair impune e sua família se destruindo por causa da dor. Ela parece ter uma missão a cumprir antes que sua alma possa se libertar. A partir daqui, pode haver algum spoiler, prossiga por sua conta e risco.

Gostei do elenco. Todos interpretaram bem os papéis. A menina Saoirse Ronan defende muito bem a sua Susie nos momentos de alegria e de dor (*e nós sofremos com ela, sentimos pena dela*), Susan Sarandon fazendo a avó amalucada que tenta ajudar a fechar as feridas, Mark Wahlberg como o pai obcecado e amoroso, Stanley Tucci que faz um assassino que dá frio na espinha (*entendi a indicação ao Oscar de ator coadjuvante e virei fã dele, pois como ele está diferente do marido gracinha de Julie & Julia*), Rose McIver que cresce na tela como a filha que se alia ao pai na obsessiva investigação do assassinato da irmã. Só Rachel Weisz me pareceu um pouco apagada como a mãe de Susie, el atua bem, mas o papel estava aquém de suas capacidades. De qualquer forma, se alguma coisa ainda fez valer o filme foi o elenco, o drama familiar, e o mergulho na vida do assassino. O resto deixa muito a desejar.


A idéia da alma presa entre dois mundos não me é desagradável, muito pelo contrário. Me parece muito mais interessante que tramas com reencarnação. No entanto, e desculpem se parece um spoiler, o filme nos engana, pois parece que o motivo para a alma da menina estar presa é resolver o seu assassinato, quando, na verdade, é algo muito diferente. Também são raros os momentos em que a menina faz alguma forma de contato com os vivos. E quando ela incorpora na colega de escola com poderes mediúnicos não é para ajudar a resolver o crime, mas para beijar o garoto que ama... Olha, fazia tempo que eu não via um filme ser erodido de forma tão magnífica, especialmente nos seus momentos finais.

Outro problema do filme é a temporalidade. Susie foi morta em 1973, e isso é dito no trailer. O pai leva 24 meses revelando os filmes que a menina tinha feito com a máquina que ganho de presente. Ele faz isso porque tinha prometido e é uma forma de prolongar a presença da menina. No entanto, os recortes de jornal do assassino, que passa a vigiar a irmã de Susie, têm data de 1977. Quatro anos! Só que o irmãozinho de Susie continua interpretado pelo mesmo ator e eu pelo menos não senti a passagem do tempo.


O filme é muito bonito, as cenas do limbo são um deleite, a angústia da menina é palpável, assim como sua alegria, o drama familiar é intenso e é o melhor do filme. Perder um filho ou filha pode acabar com um casamento feliz, pode abrir velhas feridas, pode causar alienação. E imagina quando nem sequer encontramos o corpo? Só que é no final que o filme erra a mão, perde a tensão, que a reconciliação familiar passa a ser mais importante que pegar o assassino. E, caramba, acho que quem estava assistindo queria que o assassino fosse preso. Não adianta matarem o cara por providência divina, ele precisava ser punido mesmo, pela justiça terrena, especialmente depois que ficamos sabendo quantas pessoas ele matou.

Por mais terrível que o assassino fosse, ele me pareceu incoerente em um ponto, e se alguém souber mais sobre psicopatas serial killers pode me ajudar aqui. Eu sempre imaginei que um psicopata escolhesse o mesmo tipo de vítima ou usasse o mesmo modus operandi. O criminoso do filme sempre mata mulheres, mas podem ser de qualquer idade e a forma de agir não é a mesma. Ele tem perfil de pedófilo, mas não mata somente meninas. Não sei, ficou estranho. Como não li o livro, não sei se lá a coisa é diferente. Eu até gostaria de ler Uma Vida Interrompida: Memórias de um Anjo Assassinado, pois parece que o livro de Alice Sebold saiu com este nome por aqui, para confirmar se o livro é tão problemático como o filme, ou foi problema de roteiro.


E para terminar, algo que me incomodou muito foi a domesticidade das mulheres e como isso é reforçado. Quando Susie é criança, sua mãe lia Camus. Muda a cena, mesmo lugar, close nos livros, e, quando ela é adolescente, os livros de cabeceira da mãe são sobre culinária e criação de filhos. A família é tudo e ela é uma dona de casa. Já a irmã de Susie é atleta (*ela semrpe está treinando*), inteligente, vigorosa. Os recortes do assassino sempre falam de “aluna brilhante”, “melhor da escola”, dos prêmios que ela recebeu. Só que quando seu futuro e mostrado, lá está ela gravidinha e com o marido/namorado. Não poderia ser sua formatura na faculdade? Ou participação em uma Olimpíada? Não, o destino é a maternidade. E Susie, quando tem a chance de ferrar com seu assassino, incorpora para beijar o garoto que ama e isso é o que a liberta. Lindo, não é? Só a avó - vista como doida - é que "parece" uma mulher dos anos 70.

E eu termino com cara de paisagem, Ghost é muito mais profundo e tocante e olha que eu não gosto desse filme. Fora que nos anos 70, auge do feminismo nos EUA, nos vem empurrar um modelo de mulher totalmente conservador e ultrapassado. Tá bom, me engana! Mas agora, é definitivo filme do Peter Jackson não me leva mais ao cinema, talvez, só em DVD e olhe lá!

Resultado do Bafta: Kathryn Bigelow, Carey Mulligan e Colin Firth premiados



O Bafta é o “oscar” do cinema inglês. Há várias categorias e o melhor filme acabou indo para Guerra ao Terror (The Hurt Locker) e diretora para Kathryn Bigelow. Eu realmente não consigo levar esse tipo de escolha a sério, mas, enfim, já escrevi aqui que o “oscar” de melhor diretor deve ir para ela, já melhor filme, enfim... Mas estou escrevendo para registrar que Carey Mulligan (*detestei o cabelo dela*) levou o prêmio de melhor atriz por Educação (An Education) , eu acho justo pelo desempenho da moça, não pelo filme como um todo. Não acredito que isso se repita no Oscar. Já melhor ator, e o prêmio é inglês, lembrem-se disso, foi para Colin Firth por A Single Man. O filme não estreou no Brasil ainda, mas terá o título horroroso de Direito de Amar. Também acho que Colin Firth é carta fora do baralho no Oscar.

Falando no Colin Firth, ele deu uma entrevista recente para o International Business Times comentando A Single Man e reclamando de todo mundo lembrar dele por causa do papel de Mr. Darcy. Acho que ele está sofrendo da mesma síndrome de “Não sou Spock” da qual sofreu Leonard Nimoy. Com um agravante, Colin Firth vive aceitando papéis que parodiam de alguma forma o seu Mr. Darcy, especialmente a cena da camisa molhada. Como é que ele quer que as pessoas esqueçam? Aliás, quem consegue esquecer?

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Nova série de Kokoro ni Hoshi no Kagayaki o



Kokoro ni Hoshi no Kagayaki o é a série mais conhecida de Hiro Matsuba. Além da série original, já houve uma prequel e, agora, segundo o Comic Natalie, haverá uma continuação. O primeiro volume de Zoku Kokoro ni Hoshi no Kagayaki o (続 心に星の輝きを) chega às lojas japonesas no dia 10 de março e haverá uma sessão de autógrafos na Shibuya Tsutaya no dia 13. Parece, se entendi bem, que este mangá está sendo distribuído em formato digital para celular e está disponível no site da editora, a Mag Garden. 100 ingressos serão distribuídos para a sessão de autógrafos.

Revista Flowers passa por renovação



Segundo o Comic Natalie, a edição que chegou às lojas da revista Flowers anuncia uma série de mudanças com várias estréias de novas séries para os próximos meses. Como algumas séries não estão registradas no Manga-Updates (*ou pelo menos eu não as encontrei*), uma (比留ヶ谷) ficará faltando, assim como o nome de uma das autoras (有留杏一). Fora isso, três clear files ilustrados por Hagio Moto vem com esta edição. Eles podem ser vistos no Comic Natalie. São bem bonitos, para quem gosta do traço da Hagio Moto, claro.

Se entendi bem, parece que Fuwa Fuwa Police (ふわふわポリス 比留ヶ谷駅前交番始末記) já encerrou, mas terá um oneshot em breve. Será que é isso mesmo ou ela vai produzir um oneshot (*provavelmente de比留ヶ谷*) enquanto continua FuwaFuwa? A capa da revista, aliás, é desse mangá. Está bem psicodélico com as duas policiais vestidas de rosa (*o uniforme é azul, na verdade*). Falando nas estréias, Machiko Kyou vai iniciar a série Girls Bijutsu (ガールズ美術) em agosto. Outra estréia é Piano Doctor (ピアノドクター) e parece que Kusama Sakae e Murako Kinuta vão estrear novos mangás. Murako Kinuta no momento publica Sansukumi (さんすくみ) na revista, então pode ter sido confusão minha ou um oneshot. Ficou confuso, eu sei. Seria mais fácil dizer só que a Flowers daria brindes de Hagio Moto. ^_^


Promo do live action de Moyashimon on line



A adaptação de Moyashimon (もやしもん), de Masayuki Ishikawa, será o primeiro live action do bloco Noitanima. Domingo, foi postado o primeiro vídeo promocional da série no site oficial do programa. Para assistir, basta clicar na bactéria cor de rosa na base da página. As outras também dão entrada para áreas do site e informações. E, venhamos e convenhamos, só a abertura do site já é uma gracinha. Eu adoro as bactérias e como o Masayuki Ishikawa deve ganhar dinheiro com elas. Falando nisso, Moyashimon já teve anime. Vale a pena assistir. A notícia estava no ANN.

Emma já tem data de lançamento no Brasil



Passando pelo site Jane Austen Sociedade do Brasil, vi que ela comentou que Emma da BBC já tem data de lançamento: 26 de fevereiro. O DVD será duplo custando R$49,90. Há um pequeno vídeo da série nosite da Log On, responsável pelo lançamento que é exclusividade da Livraria Cultura. Outra boa notícia é uma nova tiragem do DVD de Orgulho & Preconceito, sinal de que as vendas foram boas, certo? Isso me deixou feliz. Espero que Emma tenha melhor qualidade que O&P, e venha com dublagem nacional (*coisa que eu duvido*) que deveria ser obrigatória para todo DVD lançado no Brasil. Agora é esperar por Razão & Sensibilidade 2008. :)

Ranking da Taiyosha



Dessa vez, ao que parece, além de sair pontualmente, o ranking da Taiyosha de shoujo e josei não trouxe erros. Skip Beat! é o único shoujo no top 10 geral, ocupando o 5º lugar. Trata-se de uma série muito popular e que sempre aparece entre os dez mais vendidos. Em shoujo, mangás que tinham estreado semana passada permanecem no ranking e mesmo sobem de posição, caso de Yamato Nadeshiko Shichihenge. Novidades sao poucas, como Otomen e Silver Diamond que é publicado por uma editora pequena.

Em josei, temos o último volume de Pride e o novo volume de Real Clothes deslocando os primeiros colocados da semana passada. Saem os Harlequin e Nodame retorna, já Chihayafuru está asente. Além dos dois mangás que lideram o ranking, a única estréia é Heavenly Kiss. O resto é dança das cadeiras.

SHOUJO
1. Skip Beat! #24
2. Otomen #10
3. Boku wo Tsutsumu Tsuki no Hikari #8
4. Yamato Nadeshiko Shichihenge #25
5. Tonari no Kaibutsu-kun #4
6. Cosplay☆Animal #13
7. Kinkyori Renai #6
8. Silver Diamond #19
9. Umimachi Diary #3
10. Kimi ni Todoke #10

JOSEI
1. Pride #12
2. Real Clothes #9
3. Kiss & Never Cry #7
4. Usagi Drop #7
5. Heavenly Kiss #5
6. Happy! #32
7. Oi, Pitan!! #12
8. Seinaru Hanayome no Hanran #5
9. Oi Kuro Tan!! #1
10. Nodame Cantabile #23

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Especial da Betsucomi traz clássicos da revista



Segundo o Pro Shoujo Spain, a revistaBetsucomi, que chega às lojas em 13 de março, trará um apêndice especial com o primeiro capítulo de grandes clássicos da revista. Trata-se de mais um evento comemorativo dos 40 anos da publicação. Dentre as séries que aparecerão neste especial serão Poe no Ichizoku (ポーの一族) de Hagio Moto (*uma das séries de vampiros *mais famosa dos mangás), The B.B.B. de Wakuni Akisato, Hajime-chan ga Ichiban! (はじめちゃんが一番!) de Taeko Watanabe, Seikimatsu Teppen BOY (世紀末てっぺんBOY) de Kazumi Ohya, Basara (バサラ) de Yumi Tamura, e Hot Gimmick (ホットギミック) de Miki Aihara. Será que a Fonomag aceita encomendas dessa edição? Preciso confirmar isso.

Vídeo do jogo de Kaikan♡Phrase



Em outubro passado, eu comentei sobre o game de Kaikan♡Phrase para Nintendo DS. Agora, o Missión Tokyo colocou on line o vídeo de abertura do jogo que se chama Datenshi no Amai Yûwaku & Kaikan♡Phrase (堕天使の甘い誘惑×快感♡フレーズ). O jogo terá o esquema de uma novela visual (visual novel) com vários mini-jogos musicais, as personagens poderão ser tocadas e ouvidas. Apesar das temáticas do jogo (*vocês conhecem o trabalho de Shinjo Mayu, não é?*), a recomendação é para meninas a partir dos 12 anos. A abertura se chama Midnight Cinderella e é cantado pelo seiyuu Tatsuhisa Suzuki, a OST sai no dia 24 de março.

Pais querem classificação indicativa mais rígida para TV



Essa notinha saiu na Folha de São Paulo de hoje. Achei muito pertinente a postura do secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, que aponta para um problema da nossa sociedade hoje: os pais não querem dizer “não” aos seus filhos e filhas, pois isso gera tensão, angústia, então, delegue-se ao Estado (*ou à escola, ou às redes de TV*) o dever de educar as crianças e adolescentes. Tornar a classificação indicativa significaria o quê? Mais mutilação? Colocar censura dez anos até meia noite, porque crianças de 5 anos continuam acordadas? E eu preciso esclarecer uma coisa, acredito que precisemos de regras, e toda regra é uma forma de censura, gostem disso, ou não, mas é preciso proteger a liberdade criativa e de expressão (*não de opressão ou de ofensa gratuita*), ao Estado cabe regulamentar, não assumir funções paternas e maternas.

Eu fico triste de ver que Escrava Isaura de 1976, com censura e governo militar e tudo mais, não passaria hoje, tenho medo de um remake de O Direito de Amar por causa disso. E eu nem quero imaginar os animes, que passavam sem censura na Manchete dos anos 80. Só que duas da tarde vemos uma série de barbaridades sem ligar para quem assiste... Bem, há gente dentro do estado brasileiro que adoraria ter mais poder, controle sobre a mídia e nossas vidas, esse tipo de pesquisa é um prato cheio. De qualquer forma, espero que prevaleça o bom senso. Segue o texto.

Pais querem classificação indicativa mais rígida para TV

Pesquisa encomendada pelo Ministério da Justiça revela que 74,2% dos pais e responsáveis entrevistados são favoráveis à classificação indicativa da programação das TVs. Desses, 38,3% entendem que as regras adotadas para a análise do conteúdo exibido pelas emissoras devem ser mais rígidas. No levantamento, realizado pelo ministério para conhecer o que os cidadãos pensam sobre a classificação, foram entrevistadas 4.400 pessoas – metade pais e responsáveis e metade crianças e adolescentes.

Segundo o secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, a busca por mais rigidez na classificação dos programas veiculados é um sinal de que pais e mães querem de alguma maneira transferir para o Estado sua responsabilidade na educação dos filhos. "Se o ministério e as emissoras estão cumprindo sua parte e os pais têm essa queixa, o que entendemos é que eles não estão assumindo o papel que têm", diz Tuma Júnior.

Com base no estudo, feito em 2008 e ainda inédito, a Justiça lançou uma campanha focada na importância de conhecer a fundo o que as crianças assistem. A idéia é prevenir os desavisados contra a aparência ingênua que alguns programas apresentam à primeira vista. "O Estado auxilia, mas os pais é que devem decidir o que os filhos vão ver ou não." Foram distribuídas 540 mil cartilhas explicativas. Os filmes da campanha serão exibidos em salas de cinema e nas TVs.

Reeditando textos antigos: “A César o que é de César!” - O Shoujo Mangá visita a Itália



Como falei esta semana do encerramento de Cantarella (カンタレラ), decidi postar a matéria que fiz para a Neotokyo tempos atrás. Aliás, não lembro bem para qual edição, mas foi antes da edição 20, agora, já está para sair a 50. Não fiz alterações no corpo do texto, só retirei uma parte que falava da Rosa de Versalhes (ベルサイユのばら). Na época, não havia scanlations traduzidas do mangá Cesare (チェーザレ) de Fuyumi Souryou, por isso, ele não está incluído. E Bronze no Tenshi (ブロンズの天使) não é mais o mangá atual de Chiho Saito, mas, sim, Ice Forest. (アイス フォレスト). Também mudei de idéia em relação ao Falco quando avancei na leitura do mangá. Ele é um bobão... mas não vou comentar isso. Para um filme sobre Alexandre VI, recomendo O Conclave. Segue a matéria.

“A César o que é de César!” - O Shoujo Mangá visita a Itália

Desde a Rosa de Versalhes, em 1974, muitos mangás para garotas têm usado a História como pano de fundo. Pode ser algo local, como a Revolução Meiji e o Shinsegumi, no recente Kaze Hikaru, pode ser o Antigo Oriente Médio como em Anatolia Story (*ver Neo Tokyo 4*), ou ainda a Rússia do século XIX, em Bronze no Tenshi. Qualquer cenário parece oferecer possibilidades para uma autora com imaginação. Assim, nos últimos tempos, a Itália Renascentista serviu de pano de fundo para dois mangás muito diferentes: Kakan no Madonna (花冠のマドンナ) de Chiho Saito, autora de Shoujo Kakumei Utena (*Neo Tokyo 5*), e Cantarella de You Higuri.

Agora uma explicação, o César do título não é o imperador – Tibério César – citado na Bíblia, mas César Bórgia, personagem histórica do Renascimento italiano e presença marcante em ambos os mangás. Vilão da primeira série e herói da segunda. Confuso? Não se levarmos em conta a sua trajetória trágica e ao mesmo tempo apaixonada.

Kakan no Madonna: Alguma História e Muita Imaginação


Kakan no Madonna que em português poderia ser traduzido como "A Madonna Coroada (*de flores*)" é um mangá composto de sete volumes originais, quatro reencadernados, e começou a ser publicado no ano de 1992 na revista Petit Flowers, seguindo até 1994. É a série longa de Chiho Saito anterior a Shoujo Kakumei Utena (少女革命ウテナ). Madonna foi mais uma incursão da autora no campo dos mangás históricos, inspirada claramente por Riyoko Ikeda e sua Rosa de Versalhes.

A própria Saito, em um dos seus free-talks (*os bate-papos que vem nos cantinhos de alguns mangás*), comenta que ao escolher o país da sua história teria evitado a França porque esta já tinha a Rosa de Versalhes, não precisando de mais nenhum mangá. A autora bem que poderia ter criado a sua história francesa, mas teria que sofrer com as comparações inevitáveis. Nada mais sábio do que procurar outro país. Saito pensou na Inglaterra, mas disse que esta era muito fria (*clima?*povo?*), em Portugal e na Espanha, mas acabou escolhendo a Itália dos Bórgia, dinastia espanhola que até hoje surpreende muita gente com a sua trajetória. Em Kakan no Madonna, Chiho Saito, também discute mais uma vez – vide Shoujo Kakumei Utena e seu primeiro mangá, A Mademoiselle e a Espada – as questões de gênero, colocando em discussão os papéis femininos e masculinos através do drama da protagonista.

A Madonna Coroada é ambientada no Renascimento italiano e conta a história de Leonora, moça burguesa, pobre, que acaba sendo dada pelo pai em casamento ao irmão do governante da cidade de Pádua. O rapaz era seu companheiro de jogos, em especial de esgrima, especialidade da moça. O casamento arranjado não era algo incomum na época e Leonora se submete à autoridade paterna. Estranho, no entanto, era um moço rico e nobre aceitar casar com uma mulher que não tivesse um grande dote. Leonora pensa, portanto, que mesmo não amando, é amada.

No dia de seu casamento, um cavalo entra em disparada na cidade, ameaçando as pessoas. Leonora retira seu véu e o atira sobre os olhos do cavalo que assim é dominado. O belo cavaleiro então a reconhece e, para espanto da moça, a chama de "Madonna Coroada". Só que o cavaleiro é reconhecido como sendo o rei de Nápoles, que foi destituído de seu trono, e vaga pela Itália tentando retomar o que é seu por direito. Inimigo de Pádua, deveria, portanto ser preso. O rapaz foge, mas deixa Leonora impressionada.

Na sua noite de núpcias, a moça descobre que não era amada e, pior, é quase violentada por seu jovem marido, fato que deveria ser mais do que comum na época. O ato, entretanto é interrompido por um dos acessores do jovem noivo, Don Popolo. O rapaz acaba deixando a noiva sozinha, sob protesto, para resolver alguns problemas urgentes. Leonora sai na ponta dos pés e se põe a escutar atrás da porta. O que descobre é que a tal "A Madonna Coroada" seria um quadro de Leonardo da Vinci, pintado 20 anos antes, quando Leonora nem era nascida. Assim, Paolo confessa que se casara com uma moça de tão baixa posição porque ela era a própria Madonna e, de acordo com antiga lenda, traria em seu corpo a chave para encontrar uma lendária espada. Quem possuísse a arma mágica seria o rei da Itália e poderia reconstruir o Império Romano. Bem, Chiho Saito não economizou na imaginação.

Leonora, assustada, acaba caindo em uma câmara secreta onde se encontrava a própria “Madonna”. Decidida a descobrir o mistério e, quem sabe conseguir a espada, ela rouba o quadro e foge. No caminho, encontra um mercador a quem oferece seus preciosos cabelos cor de prata em troca de roupas masculinas e tintura para cabelo. Vestida de homem e com cabelos curtos e negros, ela se torna Leo e parte em busca de Leonardo da Vinci, o único que teria todas as respostas.

Em sua jornada acaba reencontrando o Rei de Nápoles, Falco, que está desfalecido e faminto na beira da estrada. Graças ao seu talento com a espada, conseguem juntos escapar dos guardas enviados por seu marido, já ciente do disfarce da moça. Ambos se tornam companheiros de viagem, já que Falco também tem a intenção de encontrar Da Vinci e tentar conseguir a espada restaurando a glória de seu reino. A partir daí começam a vagar juntos pela Itália, o Rei sente uma estranha atração pelo rapaz, algo que não consegue explicar, mas seu coração pertence à moça que encontrou na cidade de Pádua, a “Madonna”. Em seu caminho encontram várias personagens como Maquiavel, Rafael, Luís XII da França, e o próprio Leonardo Da Vinci, claro, pois é ele quem revela o segredo da Madonna... Não, eu não vou contar qual o segredo e estragar a surpresa. E se o mangá aparecer aqui no Brasil, ein? O fato é que graças a ajuda de Da Vinci que Leonora começa a cumprir as profecias.

É também por conta do segredo da Madonna, que a moça conhece os ambiciosos irmãos Bórgia, César e Lucrecia, filhos do Papa. César, interessado na espada lendária que lhe concederia um poder absoluto, reconhece de cara que Leo, além de mulher, é a Madonna e a seqüestra, não sem antes humilhar Falco por sua pobreza e por não ter descoberto o segredo de "seu companheiro" de viagem. Aliás, se nosso Falco tem algum defeito é a sua ingenuidade e vai pagar caro por isso. A partir daí temos muitas idas e vindas, com César tentando eliminar Falco mais de uma vez, numa delas usando um veneno de nome “cantarella”.

O César de Chiho Saito, o antagonista da história, é uma personagem cheia de sensualidade, um grande guerreiro, inteligente e com muita presença de espírito. César é capaz de fazer qualquer coisa pelo poder, mas realmente se sente atraído por Leonora, deseja tomá-la de Falco e possuí-la a todo custo, de corpo e alma. Aliás, pobre Falco, mesmo cheio de boas qualidades, é difícil dividir o quadrinho com alguém como César Bórgia! Além da Madonna, há mais alguém com quem César se preocupa, é sua irmã e amante Lucrécia. A tendência é que mesmo que César Bórgia apronte coisas terríveis, minta, faça chantagem, torture, mate, estupre e tudo mais que for preciso para conseguir o que quer, os leitores ainda sintam alguma simpatia por ele. E Chiho Saito faz de propósito, pois constrói um vilão fascinante.

A ambientação renascentista é um convite para que a autora mostre toda a fluência e beleza de seu traço, tudo é muito lindo, e a menos que você não curta “coisas bonitinhas”, irá gostar. Fora isso, a autora também explora ao máximo as dificuldades enfrentadas por Leonora para manter a sua identidade feminina em segredo e, claro, os percalços que ela e Falco enfrentam para terminarem juntos no final. A melhor definição para Madonna é que a série é um romance histórico no estilo capa-e-espada com muitas reviravoltas.

Se há algum defeito, e como é uma obra de ficção assumida isso não é problema a meu ver, é que a autora toma muitas liberdades com os fatos e personagens históricas. Não há nada do rigor mostrado por Riyoko Ikeda na Rosa de Versalhes ou Chie Shinohara em Anatolia Story. O fundo histórico é só um fundo mesmo, pintado nas cores brilhantes que Chiho Saito escolheu. Isso irritou profundamente alguns leitores e leitoras italianas, pelo que acompanhei nos fóruns de lá. Quer um exemplo dessas “liberdades”? Saito transforma Leonora em uma espécie de Papisa! Quem já ouviu falar da lenda medieval da Papisa Joana, pode imaginar que esta é a fonte remota de sua inspiração. Nada disso, entretanto, diminue a força e a beleza de sua Madona Coroada.

Cantarella: O Doce Veneno dos Bórgia


Depois da Madonna Coroada, eu não imaginava encontrar outro mangá ambientado no Renascimento tão cedo, só que acabei me deparando com Cantarella. Já tinha visto o pessoal comentando em alguns sites italianos e decidi arriscar. A principio, fiquei com a pulga atrás da orelha, porque o material estava rotulado como “yaoi”. Sei que alguns leitores já começaram a torcer o nariz aqui, mas a questão é, Cantarella não é BL, nem yaoi, mas, sim, esta é a especialidade de sua autora, You Higuri. Daí, muita gente rotular antes de ler.

Cantarella começa com o nascimento de César Bórgia. Sua mãe ouve uma voz sinistra e é atingida por um raio. O filho nasce prematuro e ambos passam bem, mas ela sabe que há algo sinistro envolvendo o acontecimento. O encontro com o pai da criança, o Cardeal Rodrigo, deixa claro que a alma de César foi “vendida ao demônio” por ele em troca de alguma coisa. A mulher tenta matar o próprio filho e livrá-lo da maldição, mas um estranho incêndio destrói tudo, só o bebezinho sobrevive.

César vai morar no palácio dos Bórgia e passa a ser cuidado pela atual amante do pai, a gentil Vannozza Catanei. Na infância César é mostrado como um menino, inteligente e esforçado, só que seu pai só tem olhos para Juan, filho de Catanei, uma criança mimada e cruel. Já Lucrécia, a menininha mais doce do mundo, sofre com as maldades de Juan. Além disso, depois, ainda será separada da mãe, que é obrigada a se casar para abafar comentários maldosos contra o Cardeal, e de César, seu irmão querido que sempre a protege, pois, para a nova governanta das crianças, o garoto é uma má influência.

O fato é que todos que cercam os Bórgia são interesseiros, mentirosos e, não raro, tem algum motivo para buscar vingança. No primeiro volume, César escapa de várias armadilhas e tem que aprender a se virar com a espada e o punhal. Logo vem a tona o desejo do pai de que ele siga carreira na Igreja, enquanto a Juan caberia um ducado, a carreira militar e um bom casamento. César se tornou realmente arcebispo aos 17 anos, cardeal aos 22, não por direito e competência, mas por influência do pai. Mas como fica evidente no mangá (e na História), ele não tinha nascido para isso.

O futuro da personagem, sempre atormentado por vozes demoníacas, começa a se delinear quando é enviado pelo pai ao seminário e alguns inimigos mandam um jovem assassino, Michelotto, atrás dele. Michelotto, braço direito e faz tudo de César, é uma personagem fundamental na trama do mangá, pois protege o Bórgia, retirando seus inimigos do caminho sempre que preciso. Ele foi construído a partir de uma personagem real, que aparece discretamente na Madonna Coroada.

Michelotto é um adolescente e seu pai está na prisão, se não matar César, ele morre. Só que César o derrota e eles se tornam amigos, embora fique sempre no ar que Michelotto pode tentar de novo a qualquer momento. Só que, efetivamente, Cesar exerce fascínio sobre ele. E pinta um clima homoerótico entre os dois, claro, afinal, vejam bem quem é a autora da história. Só que não passa disso.

Quando Michelotto ele conhece Lucrécia fica evidente que um forte sentimento nasce entre os dois. O que a autora vai montar ou não um triângulo, vocês descobrem lendo a obra. Só mais uma coisa: é Michelotto que descobre que Alexandre VI, quando ainda era o Cardeal, vendeu a alma do filho ao demônio em troca de poder, muito poder. Assim, nosso César é uma espécie de "Chonchu" (*Lembram do manhwa da Conrad?*), o pai não o quer por perto e, ao mesmo tempo, não poder se livrar dele, muito menos matá-lo.

O que vai ser de César quando ele descobrir qual a fonte de seu tormento? Como controlar os impulsos demoníacos dentro dele? Como manter alguma ponta de humanidade? O César de You Higuri é trágico, bem mais trágico que o de Chiho Saito. E sua história, embora carregada de fantasia, é muito mais pesada, realista, cruel, sem muitos floreios. A arte é linda, mas não tira o impacto do roteiro bem amarrado. Outra coisa a ser ressaltada é que a autora lança um olhar gentil e complacente sobre os dois Bórgia. Se César e Lucrecia pecam, se cometem violências, é porque tudo conspira contra eles e, claro, aqueles que os cercam são sempre piores, mais vis, mais desprezíveis.

Como não há personagens fictícios no centro da ação não é spoiler dizer que o final das protagonistas não será feliz. Basta fazer uma busca em uma boa enciclopédia para comprovar que possuído ou não, César foi muito mais um agente de guerra e destruição do que de paz; já sua irmã, Lucrecia, foi joguete nas mãos da família, de casamento em casamento, até morrer quase tão jovem quanto o irmão. Os Bórgia tiveram muito poder, mas ele foi curto, e até certo ponto, amargo.

Cantarella já conta com 10 tomos encadernados e continua, apesar de nenhum volume ter sido lançado desde junho de 2005 (*Estou escrevendo em setembro de 2006*). Ele sai na revista mensal Princess Gold, a mesma de Eroica, e começou a ser publicado em 2001. Só para constar, “cantarella” era o nome do veneno usado pelos Bórgia para eliminar seus oponentes. A receita se perdeu, mas o que se dizia na época é que a “cantarella” tinha um doce sabor, era inebriante e, claro, fatal. O veneno sempre foi visto pelos “nobres” como um recurso covarde, “arma de mulher”. Mas se é possível fazer a coisa sem grande alarde, porque arrumar uma grande encrenca e derramar sangue? Afinal, “os fins justificam os meios”.

Por que não no Brasil?

Tanto Kakan no Madonna quando Cantarella são mangás excelentes. Eles ilustram bem a diversidade do shoujo mangá e a possibilidade de tratar as mesmas personagens de forma diferenciada, visando mais ou menos o mesmo público e faixa etária. Ambos têm romance, ação, fantasia, violência, um pouco de magia e humor, tudo isso com uma arte magnífica. E Kakan no Madonna tem em Leonardo da Vinci uma das suas personagens centrais. Quer coisa mais na moda do que ele? Então, por que, não? As duas séries ainda fariam muita gente correr atrás de bons livros de História dos Bórgia e do Renascimento, de filmes, quadrinhos e romances sobre a época. Afinal, não foram as japonesas as primeiras a se interessar pela família Bórgia. Você sabia que a Conrad lançou recentemente aqui no Brasil dois volumes de quadrinhos sobre César, Lucrécia e o Papa de autoria de Alejandro Jodorowsky? Você pode até comparar a forma como autores de nacionalidades diferentes e escolas diferentes trabalham o tema. Pois é, será que alguma editora se interessa por algum desses mangás?

You Higuri

You Higuri, é uma autora especializada em mangás yaoi/BL. Nascida em Osaka, formada em design, ela já fez ilustrações de games, character design de anime, e mangás, muitos mangás. É uma das artistas de shoujo mangá da atualidade com o traço mais elaborado e bonito, e é possível ver o seu aperfeiçoamento comparando suas obras antigas e as mais recentes. São seus o famoso Seimaden; o insano e simpático Gakuen Heaven que foi recém transformado em série de tv; o mangá de época, Ludwig II. Esse, sim, bem explícito no conteúdo homoerótico, mas a autora nem precisou inventar muita coisa, já que a personagem histórica, primo da famosa Sissy, imperatriz da Áustria, era realmente homossexual e teve uma vida atormentada e uma morte trágica.

Cantarella é sua obra mais bem sucedida e está sendo publicada na França, na Alemanha e nos EUA. Mesmo sem concluir a história do atormentado César Bórgia, ela é responsável pela arte de Crown, que tem roteiro do veterano Shinji Wada, autor de Sukeban Deka e um dos poucos homens que ainda produz shoujo mangá; e publicou Tenshi no Hutsugi - Ave Maria na revista Gold.

Leonora, uma pré-Utena?


Leonora, a protagonista de Kakan no Madonna, tem que assumir uma dupla identidade. Corajosa, inconformada com os papéis impostos às mulheres, boa espadachim, Leonora é mais uma das heroínas de Chiho Saito e se aproxima, por suas características, de Utena, Oscar, e, principalmente, de Sarasa (*Neo Tokyo 9*), pois todas mantêm alguma forma de dupla identidade para poderem cumprir sua missão. No decorrer da história, irá descobrir que o segredo da Madonna pode mudar a história de toda a Cristandade e ficará dividida entre dois homens: o honrado rei de Nápoles, Falco, e César Borgia, belo e cruel filho do Papa, que usa de todos os truques sujos para possuir o segredo da Madonna e a própria Leonora.

Uma Família de Má Fama

Os Bórgia eram uma família de origem espanhola que, em um momento de intensa agitação política, cultural e religiosa, conseguiu ter muita influência na corte papal, elegendo dois papas, conseguindo para si vários cargos, privilégios e terras, além do direito de quebrar todas as leis e regulamentos que fossem obstáculo. Um dos papas Bórgia, Alexandre VI, teve várias amantes e filhos, reconhecendo todos eles e praticando um nepotismo sem limites. Com uma de suas amantes, Vannozza Catanei, Alexandre VI, na época cardeal e sobrinho do Papa Calixto III, teve cerca de dez filhos reconhecidos, entre eles Cesar (1475-1507), Lucrezia (1480-1519) e Juan, personagens de Cantarella. Sobre os Bórgia os contemporâneos dizem o pior: eram assassinos, chantagistas, conspiradores e incestuosos (*Cesar + Lucrezia, Alexandre VI + Lucrezia e outras possibilidades*). Enfim, sendo tudo verdade, ou parte invenção daqueles que derrotaram os Bórgia, o fato é que normalmente essa família é usada como material por quem deseja criticar a Igreja Católica, esquecendo muitas vezes de analisar todo o contexto e atores envolvidos nos acontecimentos.

César Bórgia


O que torna esta personagem tão fascinante? O que fez com que duas autoras de mangá o escolhessem como personagem central de suas tramas? Bom, talvez sentimentos semelhantes aos que Maquiavel nutria por ele, afinal, acredita-se que foi em honra de César Bórgia que a obra-prima “O Príncipe” foi escrito. Se César se qualificava como o Príncipe perfeito e engenhoso descrito por Machiavel, nunca vamos saber, afinal, com o poder que os Bórgia possuíam, melhor desconfiar das fontes, as que falam mal e as que elogiam. Seus contemporâneos o descreviam como um homem belo, inteligente, ousado, grande cavaleiro, capaz de crueldades extremas, diplomata se necessário, líder competente, mais temido do que amado. Uma dessas vilanias foi bem explorada por You Higuri e é o assassinato do próprio irmão, Juan, que libertou César das obrigações eclesiásticas.

César, Duque de Valentinois, e da Romanha, Príncipe de Andria e de Venafro, Conde de Dyois, Senhor de Piombino, Camerino e Urbino, Gonfalonier e Capitão-Geral da Santa Madre Igreja, se meteu em todas os grandes conflitos que abalaram a Itália de seu tempo. Aliás, o país não existia e era na época uma colcha de retalhos, desunida e constantemente imersa em guerras movidas pela rivalidade entre as cidades, pelos interesses dos grandes senhores nobres, do Papado, do Sacro Império e até do Rei da França. Foi em uma dessas guerras que perdeu sua vida com pouco mais de 30 anos. Nada mais justo, afinal, nada alimenta mais a imaginação do que alguém que tem uma carreira meteórica e cheia de sucessos, não sobra tempo para fracassos, envelhecimento e esquecimento.

Koi Monogatari

Chiho Saito vai voltar a falar do casal, César e Lucrecia, na sua série de oneshots, chamada Koi Monogatari (恋物語), Histórias de Amor. São vários volumes com histórias autoconclusivas, na verdade, mangás curtos da autora que saem como uma coleção, há desde coisas dos anos 80, até material bem recente. O volume de César e Lucrecia é o número 10. A série Koi Monogatari está saindo na Itália, onde Chiho Saito tem muitas obras publicadas. Para quem não sabe, Chiho Saito tem uma produção enorme. Alguns mangás mais longos, como Kakan no Madonna, Kanon e Waltz wa shiroi dress de, e muita coisa em um volume. Sua obra longa mais recente é Bronze no Tenshi que narra a história do poeta russo Alexander Pushkin.

Papisa Joana

A lenda da Papisa Joana, que parece ter inspirado Chiho Saito na composição da trajetória de Leonora, apareceu por escrito no século XIII, mas ela teria vivido no século IX, talvez antes. Embora muita gente tenha considerado a história verídica no decorrer da História, trata-se de uma sátira com o objetivo de criticar o papado em um momento no qual Roma tentava impor o seu poder no Ocidente e até no Oriente.

De acordo com a história, Joana teria sido uma moça vinda do Império Bizantino, talvez da Grécia, e que se vestia com roupas masculinas para que pudesse circular com segurança e estudar. Passando por homem, se destacou por sua inteligência e adquiriu grandes conhecimentos em filosofia e teologia. Depois de vagar pela Europa – coisa comum antes das universidades, já que quem queria estudar deveria ir até os mestres que estavam dispersos – Joana chega a Roma. Lá, é examinada pelos clérigos melhor formados e todos a consideram brilhante. Com a morte de Leão IV, foi declarada João VIII.

Para apimentar a história e fechar a crítica à “depravação” da Igreja, Joana tem casos com vários homens e fica grávida. Esconde seu estado por muito tempo, mas acaba entrando em trabalho de parto durante uma procissão. Como há várias versões, em umas ela morreu de parto e seu filho foi assassinado em seguida, em outras foi apedrejada pela multidão. Isso quando não se acrescenta que os eclesiásticos gritaram “Milagre! Milagre!”, quando um “homem” deu a luz.

Dois Césares Muito Semelhantes

Os Césares de Higuri e de Saito são muito parecidos. Colocadas as imagens lado a lado, e descartadas as diferenças de estilo da arte das autoras, temos uma personagem de traços semelhantes. Morenos, cabelos negros semi-longos, olhos escuros, bonitos superando de longe a maioria das outras personagens. É um perfil muito recorrente dentro das personagens idealizadas em romances femininos, só que César não se qualifica como herói, nem vai encontrar a redenção nos braços da mocinha. Aliás, Chiho Saito geralmente faz personagens masculinas fortes, sensuais e ambíguas com cabelos escuros, vide o caso de Akio de Shoujo Kakumei Utena. De qualquer forma, são coincidências interessantes. Higuri se inspirou em Saito? Será que ambas se inspiraram nos retratos de época de César Bórgia? Será que ambas se inspiraram em romances femininos tipo Harlequin? Você decide!

O Príncipe

Obra maior de Maquiavel é um manual para aqueles que desejam conquistar e manter o poder, sendo que o objetivo disso, claro, seria promover o bem comum (!). O “espelho do príncipe” era um tipo de literatura comum desde a Idade Média, mas Maquiavel ao invés de dizer que o Príncipe precisa ser bom e virtuoso, deixa claro que ele até pode parecer ser, mas que para manter o poder, o buraco é mais embaixo... Se precisasse optar por ser temido ou amado pelo povo, a primeira opção seria a correta. Muitos crêem que O Príncipe seria César Bórgia, que é citado e elogiado por Maquiavel, só que sua morte prematura em batalha, fez com que a obra fosse dedicada a outro, Lourenço de Médici. O livro foi escrito por volta de 1513, mas só foi publicado em 1532. Foi banido pela Igreja por sua amoralidade e colocado na lista dos livros proibidos, o Index.