domingo, 30 de novembro de 2014

Comentando a Primeira Parte de Mockinjay (Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1)


Segunda-feira passada assisti a primeira parte de Mockingjay, ou Jogos Vorazes: a Esperança em português.  Gostei do filme e não lamento que tenham partido o último livro em dois.  Vejam bem, não sou da turma do “quanto mais, melhor” a todo custo, mas é bom ter mais tempo para contar uma história que, efetivamente, teria que ser espremida em 2h30 ou em um filme ainda maior, mas o filme passou rápido e deixou aquele gostinho de quero mais.  

Jogos Vorazes é um marco, porque provou e continuará provando que é possível colocar no cinema uma heroína de ação, mais ainda, uma adolescente, que seja convincente e, como bônus, imperfeita, humana, cheia de dúvidas.  No momento, não consigo ver nenhuma outra personagem que preencha esses requisitos como Katniss.  Por isso mesmo, ainda que seja um produto altamente comercial, Jogos Vorazes, cujo original tem autoria feminina, já fez história.  


O filme começa com Katniss (Jennifer Lawrence) traumatizada e descobrindo que foi resgatada da Arena, mas que Peeta (Josh Hutcherson) está preso na Capital, lhe é explicado, também, o papel de Plutarch (Philip Seymour-Hoffman) e que o Distrito 13 não foi destruído e será seu novo lar.  Ela acusa Haymitch (Woody Harrelson) de traição.  No distrito 13, Katniss reencontra Gale (Liam Hemsworth), sua mãe e irmã (Willow Shields), e é apresentada à presidente Alma Coin (Julianne Moore) e as expectativas em relação a seu papel na revolução ou guerra de libertação em andamento.  Após conhecê-la, Coin não acredita que Katniss possa se tornar o rosto da revolução, o mockingjay.  Para amolecer Katniss e obrigá-la a se posicionar, é lhe mostrado a destruição promovida no Distrito 12.  Outro fato determinante é o uso de Peeta como arma contrarrevolucionária pela Capital.   Katniss deseja salvá-lo e, para isso, tem que ter o que barganhar com Coin... 

O forte de Mockinjay é mostrar o que o livro não pode mostrar, especialmente a revolução em andamento, o fraco do filme é mudar questões relevantes dos livros, especialmente, o investimento pesado no triângulo amoroso e no falso problema “com quem Katniss vai ficar”.  É preciso, no entanto, ressaltar que o triângulo amoroso teve muito menos relevância neste filme três do que no anterior.  É aguardar o final da saga para saber se o bom senso prevaleceu, ou querem crepusculizar a obra de ‎Suzanne Collins.


Foram realmente interessantes as cenas de confronto entre os oprimidos e os opressores, e a frase de Katniss "If we burn, you burn with us" (“Se nós queimamos, vocês queimam conosco”) na cena dos lenhadores foi empolgante.  Agora, é fato que a revolução – acho que revolta diminui o que é mostrado no filme – é bem suicida.  O povo dos distritos, acostumado à opressão, não se importa com a morte.  Tanto a cena da floresta, quanto a da hidrelétrica, mostraram uma assustadora disposição para a morte e uma grande falta de estratégia, também.

Já a seqüência do hospital no Distrito 8 foi angustiante.  Sei que o filme foi gravado antes do surto de Ebola na África, mas aquele hospital de campanha improvisado, com gente suja, faminta, ferida, e negra, em sua maioria, me remeteu às imagens da epidemia em Serra Leoa e outros países africanos.  Só que, ao contrário das duas seqüências que comentei nos parágrafos anteriores, esta nós tínhamos lido, afinal, Katniss estava lá.  


Para quem não entendeu, os livros são narrados em primeira pessoa.  Só vemos o que Katniss vê, do resto, ouvimos falar, e ponto final.  Daí, é muito bom ter, também, mais de Snow (Donald Sutherland) em cena.  Ele compôs um vilão frio, elegante, cruel, que confirma a sua relevância com o passar dos filmes.  Suas ordens, inclusive a da pena de morte para quem exibisse a imagem do mockinjay, são ótimas.  De cantinho, a neta dele escondendo o símbolo foi um detalhe delicioso.  Katniss é uma personagem midiática, foi assim tratada pela Capital e, bem, conquistou corações e mentes, ainda que não pelos mesmos motivos.

Algo que foi bem explorado no filme foi a ordália de Peeta.  A cada nova aparição na TV, sempre entrevistado por  Caesar Flickerman (Stanley Tucci) percebemos o seu definhar.  A maquiagem trabalhou muito bem e a atuação de Josh Hutcherson melhorou muito nos últimos dois filmes.  Ele foi um dos pontos baixos de Jogos Vorazes, agora, deixou de ser.  O confronto entre Peeta e Katniss, seu reencontro, rendeu uma ótima cena.  Aliás, foi o livro ganhando vida, cores e dor ali.  Acredito que, se o roteiro trabalhar a favor, a relação entre os dois, e não estou falando de nada amoroso aqui, vai ser uma das melhores coisas do último filme.  Apostando minhas fichas no talento de Lawrence e Hutcherson.


Com a entrada de Coin, que nos filmes tem cabelos longos, deram uma segurada no caráter maquiavélico que a personagem Plutarch Heavensbee tinha ganho no filme dois.  Em Mockingjay, a coisa está mais equilibrada, e Heavensbee é muito mais o homem da propaganda do que o sujeito das maquinações políticas, ou seja, mais próximo do livro.  Com a morte de Seymour-Hoffman não sei como vai ficar a personagem, não voltei a ler nada a respeito.  Tinham dito que não haveria uso de tecnologia digital para mantê-lo em cena.  


Falando em propaganda, Effie Trinket  (Elizabeth Banks) amei a participação dela no filme.  Se o livro fosse seguido, não teríamos Effie nesta primeira parte, ou ela não apareceria mesmo.  Outras personagens do livro, como Fulvia Cardew e o restante do Prep Team (*que cuidou da aparência de Katniss nos livros*), cederam espaço para que Effie pudesse continuar fazendo o papel de guia de Katniss pelos tortuosos caminhos da vida de celebridade.  Sei que o lamento de Effie pela perda de status, pela imposição do estilo de vida espartano do Distrito 13 foi meio clichê, mas foi divertido do mesmo jeito.  A reinvenção da sua imagem e a forma criativa com que enfrentou as restrições fashion foram excelentes.


E vamos à Boggs.  Braço direito de Coin e guarda-costas de Katniss, a personagem era branca (*fui confirmar, já que estava na dúvida*) e virou negra para o filme.  Aliás, mostraram uma diversidade étnica bem grande nos filmes, talvez, para compensar o fato de Katniss, Haymitch, Gale terem que ser interpretados por não brancos se os livros fossem seguidos.  Mahershala Ali está bem como Boggs, o ator tem um porte magnífico e causa um tremendo efeito quando está na tela, porém, o seu papel tornou-se o do sargento negro durão clichê.  Olhava para ele e só me vinha na cabeça o Louis Gossett Jr. em A Força de um Destino e Katniss nem começou o treinamento militar...  Não conhece esse filme?  Ah, dê uma procurada, você vai ver o quanto de citações a ele foram feitas em filmes posteriores e do como Gosset Jr. criou uma personagem tipo que se repete e se repete e se repete no cinema e na TV norte americanas.

Pontos baixos?  Finnick (Sam Claflin) participa muito pouco.  Acredito que compensem no próximo filme, mas ele era uma das personagens mais relevantes de Mockingjay, a cena dos segredos, por exemplo, teve um impacto muito menor do que eu esérava.  Já Beete (Jeffrey Wright), ao contrário, teve muito mais relevância no filme com boas cenas e falas.  Outro que aparece pouco é Haymitch, mas suas cena foram proporcionalmente mais importantes.  Acredito que de todas as personagens, incluso até Katniss, Haymitch é a personagem que melhor fez a sua transição dos livros para a tela grande.  Finnick faz parte da decoração de fundo do distrito 13.  Outra que aparece pouco, como nos livros, mas que se destaca bastante, é Prim.  Nos livros, a personagem também cresce de importância.  Aliás, a atriz, Willow Shields, rendeu um post ontem com sua percepção do que é importante de verdade em Jogos Vorazes.


Voltando para Katniss, e já caminhando para o fim desta resenha, apesar de algumas cenas reduzidas, como as da moça se escondendo nos armários, a força e a fragilidade da personagem foram muito bem apresentadas.  Katniss não é uma heroína, não vai atrás do perigo, ela é empurrada por circunstâncias, defender sua irmã, proteger Peeta, salvar Gale, etc. Ela não é igualmente uma personagem midiática, as cenas tentando gravar a propaganda com Katniss foram muito bem encaminhadas e Lawrence assenhorou-se do papel, que se não lhe exige grandes dotes dramáticos, não subestima as suas capacidades.  Imagino que a segunda parte do filme lhe exigirá um pouco mais, tanto na parte física quanto na expressão das emoções conflituosas da personagem.  Aguardemos.

Há, também, a desconfiança em relação à Coin, a palavra democracia não cai bem na boca da presidenta. Coin e Katniss tiveram pequenos embates neste filme, mas nada do que está por vir.  Julianne Moore estava muito bem no papel e a sua cena na sala de comando durante o ataque ao Distrito 13 foi a que melhor traduziu a sua capacidade de liderança.  Jogos Vorazes é uma série de mulheres fortes em situações limite.  O último filme terá que se centrar muito mais na ação, mas imagino como irão gerenciar as cenas realmente violentas.  Sim, quem leu o livro sabe que os livros são bem mais cruéis, e Katniss e Peeta sofrem horrores, do que os filmes.


Falando da relação Gale-Katniss, ela é mais estreita nesta primeira parte e isso coincide com os livros.  Aliás, é no livro três que se define com melhor precisão o caráter de Gale.  A terceira parte fez bem para a personagem.  O filme apresenta o Distrito 13 de forma competente, mas sem entrar em muitos detalhes de quão estrito e cheio de restrições era o dia-a-dia dos seus habitantes.  Senti falta de algumas questões, mas a associação com regimes ditatoriais está lá, a começar pelas roupas padronizadas.

Enfim, Gale, ao contrário de Katniss, consegue se encaixar perfeitamente e começa a adotar a cartilha de Coin, sua frieza, falta de paixão, objetividade, sacrifício pelo bem comum.  Há algo do velho Gale ainda lá, vide a cena, a melhor do par Katniss-Gale, em que o rapaz lamenta que ela só olhe para ele de verdade quando o vê sofrendo, mas é somente um lampejo, o rapaz é cada vez mais um sujeito competente.  Liam Hemsworth também cresceu um pouquinho em sua atuação, menos que Hutcherson, mas eles estavam meio que empatados no primeiro filme.


Por fim, cabe confirmar que o filme cumpre sem problemas a Bedchel Rule.  Outra coisa importante, é que a mensagem política, de rebelião contra poderes opressivos, foi entendida.  A frase "If we burn, you burn" foi ouvida nos protestos de rua nos EUA resultantes do caso de Ferguson; os três dedos erguidos, sinal da rebelião, foram vistos na Hong Kong, onde os jovens protestam contra a repressão do governo chinês. Na Tailândia, jovens foram presos por levantarem seus três dedos contra o governo. Imagino que o filme deva ser proibido em vários países, ou ter seu circuito limitado.  

Para um filme adolescente, mexer com questões políticas é algo muito inesperado, o normal, o aceitável, é mostrar o sujeito ou sujeita olhando para dentro de si, Jogos Vorazes faz o duplo movimento.  Katniss olha para dentro de si, mas mal tem tempo de fazê-lo, porque o mundo está em mudança e ela é um agente fundamental para que as transformações aconteçam.  E, sim, todos nós somos agentes políticos, a forma de agir e os efeitos sobre nossa vida é que são diferenciados.



Para quem se interessar, outros textos aqui do blog sobre a série Jogos Vorazes são: resenha do primeiro filme, resenha do primeiro livro; resenhas 1 e 2 do segundo livro; resenha do segundo filme; resenha do terceiro livro.

sábado, 29 de novembro de 2014

Ainda não é a resenha de Mockingjay


Com essa história de assistir Catching Fire (Em Chamas) e a primeira parte de Mockingjay (*tordo????  Sério que as pessoas que leram em português chamam o mockingjay assim?*) voltei a dedicar algo do meu tempo a pensar sobre a trilogia de livros e tetralogia de filmes.  Escrevi que não gostei de como tentaram encaminhar o filme para um triângulo entre Peeta-Katniss-Gale como se o importante em Jogos Vorazes fosse isso.  Até a Anita Sarkeesian caiu nisso ao analisar Jogos Vorazes em seu canal do Youtube.  Quando fui ao cinema na segunda passada, um bando de adolescentes - os piores, acho, que já vi em uma sessão vazia de cinema, pois entraram atrasados, aos pouquinhos, eram barulhentos e desrespeitosos - fizeram inclusive a associação entre Jogos Vorazes e Crepúsulo em alguma das cenas entre Gale e Katniss... O objetivo de quem montou o filme era esse mesmo.  Leiam os livros, também, por favor.

Agora cedo me deparei com uma colagem de imagens de uma entrevista dada pela atriz Willow Shields, que interpreta Prim, a irmã de Katniss na série de filmes, e ela respondeu magnificamente para uma repórter imbecilizada que lhe perguntou se ela era "Time Peeta" ou "Tima Gale". E menina foi direto ao ponto "Eu sou time Katniss.  Todo mundo pensa que existe um triângulo amoroso e quando eu olho para isso, quando eu leio os livros com minha irmã, eu apenas penso mais em como Katniss se ofereceu para participar dos jogos por sua família.  Então, eu sou time Katniss".

Apesar de todo o sucesso da série, que fez muito dinheiro e tem uma heroína de ação, ainda há muita gente que deseja reduzir Katniss a somente isso, a mocinha dividida entre dois "gatinhos lindos", ou levar a discussão para isso, "time Peeta ou Gale?".  O que eu espero é que Katniss, eu espero, se torne uma heroína modelar, no meio de uma mídia, o cinema, tão pouco generoso com as mulheres em filmes de ação, para toda uma geração de meninas.  Uma garota normal, jogada em uma situação limite por amor a sua irmã (*uma outra mulher, como ela*), que erra, que acerta, que sofre, que ama, mas que não se deixa tutelar ou se reduzir à donzela em perigo.  É isso.  Queria dividir com vocês essa montagem.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Ranking da Oricon


Mais uma vez, meio que sem perceber, fiquei três semanas sem postar o ranking da Oricon.  O do Comic List, nem lembro mais.  Lamento que o blog esteja tão defasado, mas não estou dando conta de manter as atualizações como antes, esta é a verdade.  Enfim, das três semanas sem postar, a mais antiga foi a mais fraca para os mangás femininos, só uma série entre as 30 mais vendidas, Toshokan Sensō: Love & War.  Mesmo sendo top 5, é muito pouco.  A semana foi dominada pela série Seven Deadly Sins.  

Já a semana de 10-16/11 foi uma festa; dois shoujo e um josei no top 5.  O anúncio do anime de Ore Monogatari!! jogou a série, que já vendia bem, lá no topo do ranking.  De resto, ainda temos Ane no Kekkon e L DK.  Saindo do top 10, destaco o primeiro volume de Nanatsuya: Shinobu no Hōseki-bako, nova série da autora de Nodame Cantabile para a revista Kiss, e Couverture, que é da autora de Chihayafuru.  O último ranking só trouxe de novo Love so Life.  Ore Monogatari!!  continua no top 10, mas está se despedindo, talvez, nem apareça entre os 30 da próxima semana.  É isso.

8. Ore Monogatari!! #7
15. L DK #16
16. Love so Life #15
28. Ane no Kekkon #8

1. Ore Monogatari!! #7
3. Ane no Kekkon #8
5. L DK #16
11. Toshokan Sensō: Love & War 14
16. Nanatsuya: Shinobu no Hōseki-bako #1
19. Couverture #2
29. Sugar Soldier #8

5. Toshokan Sensō: Love & War #14

P.S.: Coloquei os links para o ANN, porque com a mudança na página do ranking da Oricon, preciso recorrer a um outro site para recortar e colar.  Antes, ia direto no da Oricon, agora, seria um trabalho doido.  Continuo consultando, porque olho as capinhas para confirmar se é shoujo/josei quando tenho dúvidas.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Revista japonesa traz especial sobre Yuri


O Comic Natalie trouxe uma matéria falando da edição especial da revista Eureka de dezembro com artigos, ensaios, quadrinhos, entrevistas, sobre a cultura yuri no Japão.  A capa é da badalada mangá-ka Takako Shimura, de Aoi Hana (青い花).  O objetivo da edição é abordar a diversidade do gênero sob diferentes perspectivas.  O CN postou o índice da revista que abre com uma matéria sobre as novels (*e provavelmente o resto*) de Maria-sama ga Miteru (マリア様がみてる).  Queria muito traduzir o conteúdo do índice, mas isso daria muito trabalho e demandaria tempo, fora, claro, que eu poderia transliterar alguma coisa errada.  Enfim, material muito bom para quem se interessa pelo tema e lê japonês.

Começou a enxurrada de produtos de Rayearth


O aniversário de 20 anos de lançamento de Guerreiras Mágicas de Rayearth (魔法騎士レイアース) foi ano passado e não recebeu muita atenção, ao que parece.  Pouco produtos, falava-se muito de Sailor Moon, mas este ano comemora-se os 25 anos de carreira do grupo CLAMP e estamos prestes a celebrar 20 anos de Card Captor Sakura (カードキャプターさくら).  Os produtos de Rayearth começaram a aparecer.  Pois bem, segundo o Comic Natalie (*via Rocket News 24*), os designers do site fashion SuperGroupies lançaram uma linha de sapatos inspirados em cada uma das guerreiras.  Por 21.384 ienes você pode ter um sapato inspirado em Hikaru Shidou (Lucy), Fuu Hououji (Anne), ou Umi Ryuuzaki (Marine).  Fotos aí embaixo.


Se ainda quiser mais, o mesmo site fez uma linha de jóias.  Colar de Hikaru, brincos de Umi ou bracelete de Fuu, todos com um pingente com o Mokona.  Muito bonitos. E, claro, esperem mais, muito mais!


Há mais fotos no RN24 e muito mais no Comic Natalie, especialmente de modelos usando as jóias.  Vale a visita.  Só para lembrar, Rayearth e Sakura foram republicados recentemente pela JBC.  Se você perdeu a primeira edição, ou quer substituí-la por uma de melhor qualidade, não perca a chance.

Mangá de Osamu Tezuka sobre Beethoven vira peça de teatro


A obra de Osamu Tezuka é enorme e não é raro, pelo menos para mim, descobrir algo novo do grande mestre.  Este é o caso da biografia criativa que Tezuka fez da vida de Beetohoven chamada Ludwig B  (ルードウィヒ・B).  Trata-se de um mangá de 1 volume publicado na revista Comic Tom (*que deve ser defunta*) em 1987.  Pois bem, o Comic Natalie trouxe uma matéria falando da apresentação musical ocorrida em 26 de novembro no Tokyo International Forum Hall C.  Os atores Ryosuke Hashimoto (Beethoven) e Fumito Kawai (Mozart) se apresentaram tocando piano.


Segundo o CN, nenhum dos dois é pianista, para incorporarem os dois músicos, eles estão se dedicando a treinos intensivos.  Segundo entendi, a peça estará em cartaz do dia 27 de novembro até o dia 11 de dezembro no Tokyo International Forum Hall C.  A página oficial da peça é esta aqui.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Continuação de Please Save My Earth chega ao final e autora anuncia que teremos mais uma seqüência


Segundo o ANN (*primeiro a noticiar*) e o Comic Natalie, Saki Hiwatari encerrou a continuação de seu mangá Boku wo Tsutsumu Tsuki no Hikari (ボクを包む月の光), continuação de sua série mais famosa e aclamada, Please Save My Earth ou Boku no Chikyū wo Mamotte (ぼくの地球を守って).  Boku wo Tsutsumu Tsuki no Hikari sempre aparece na lista dos mais vendidos na primeira e, às vezes, segunda semana de seu lançamento.  A série encerra com 15 volumes e o último capítulo está na Betsuhana de janeiro, que saiu, agora, em novembro.


Hiwatari, no entanto, já anunciou que continuará a história com uma segunda sequência, Boku wa Chikyū to Utau (ぼくは地球と歌う).  Tanto o primeiro capítulo da nova trama, quanto o último volume da anterior serão lançados em março de 2015.  Segundo o CN, a autora vai publicar entre fevereiro e abril uma série de ilustrações como bônus para as leitoras.  


Please Save My Earth começou a ser publicado em 1987 e teve 21 volumes, além de uma série de OAVs com seis episódios.  Emborao anime seja um grande resumão, ainda assim merece ser assistido.  Já o mangá original, figura na lista dos obrigatórios para os fãs de shoujo mangá e ficção científica japonesa feita por mulheres.  Para quem não conhece a história, ela tem como protagonista uma garota, Alice, que é muito tímida e atormentada por seu vizinho de 8 ou 9 anos, não lembro bem.  A garota tem sonhos freqüentes nos quais é outra pessoa e mora na lua... Ela acaba descobrindo que outros de seus colegas têm sonhos semelhantes.  Eles decidem tentar investigar o passado.  Descobrem que são cientistas extraterrestres reencarnados.  eles moravam em uma estação de observação no nosso satélite.  Pois bem, o mecanismo de reencarnação não se liga muito em sexo, um casal hetero reencarnou como dois rapazes, só que todos têm a mesma idade, isto é, morreram na mesma época e a coisa não parece ter acontecido de forma natural... O problema é que o vizinho de Alice é um dos reencarnados e ele é muito mais jovem que o grupo... Motivo?  Ele diz que reencarnou, mas morreu em um acidente e retornou novamente... Obviamente, isso não é verdade e, claro, há algo de sinistro envolvendo o menino, a morte do grupo de cientistas e  a destruição da estação espacial.  Gostou? Há scanlations e o anime, com legendas em inglês, está no Youtube.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Comentando Catching Fire, o Segundo filme da Série Jogos Vorazes



Sexta-feira passada consegui finalmente assistir Catching Fire (Em chamas), o segundo filme da trilogia – ou tetralogia, já que serão quatro filmes – de Jogos Vorazes.  Sim, demorei muito, mas meu último ano não foi fácil.  Aliás, eu, lá no final da minha gravidez, imaginei que o primeiro filme que assistiria no cinema depois do nascimento de Júlia seria este... Tsc... Tsc... Gostei do filme, ele poderia ter mantido algumas das cenas do livro, mas, no geral, foi uma boa continuação e um típico filme de transição; não tem começo; não tem final.  Conclusão?  Desaconselhável para quem não tem conhecimento prévio do que se trata a obra.

Catching Fire começa com Katniss (Jennifer Lawrence), como não poderia deixar de ser.  A moça está caçando, mas carrega as seqüelas da Arena, traumas de quem teve que matar outros seres humanos, deveria morrer, mas sobreviveu.  Ela e Gale (Liam Hemsworth) continuam caçando, mas o rapaz tem pouco tempo agora, já que está trabalhando nas minas.  O sentimento entre os dois está cada vez mais evidente, mas a farsa de que Katniss e Peeta (Josh Hutcherson) são um casal deve ser mantida.  O presidente de Panem (Donald Sutherland) em pessoa vem até o Distrito 12 ameaçar Katniss.  Durante o tour dos vencedores pelos distritos, ela precisa manter a farsa ou...


A viagem pelos diferentes distritos de Panem só deixa em evidência que há uma revolta em andamento.   Haymitch (Woody Harrelson), mentor de Katniss e Peeta, tenta proteger seus pupilos, reforçando que eles se mantenham a margem das manifestações e tentem mostrar a todos que estão apaixonados, mas é tudo em vão.  Os 75º jogos seriam um Quarter Quell, isto é, um evento especial comemorado a cada 25 anos.  Normalmente, a capital fazia questão nesses momentos de lembrar quão infrutífera foi a revolta dos Distritos.  Desta feita, os tributos seriam antigos vencedores.  Como o Distrito 13 só teve três, Haymitch, Katniss e Peeta.  O objetivo de Snow é evidente, matar Katniss.  Condenada à morte, a moça combina com Haymitch que iriam, pelo menos, tentar salvar Peeta.  

Gosto muito do segundo livro de Jogos Vorazes, tanto que fiz dois posts sobre ele aqui no blog, um sobre o mundo de Panem e outro sobre a história em si.  No geral, não me decepcionei com o filme.  A trama se desenvolveu bem, a apresentação das novas personagens – Finnick Odair (Sam Claflin), Plutarch Heavensbee (Philip Seymour Hoffman), Johanna Mason (Jena Malone), Beetee Latier (Jeffrey Wright), etc. – foi bem executada.  Aliás, o elenco novo conseguiu encarnar bem as personagens, ficaram ótimos, eu diria.  O que me deixou um pouco incomodada foi a dimensão que deram ao Plutarch, transformando-o em uma espécie de grilo falante do mal do Snow.  Sim, sim, tinham que aproveitar o Philip Seymour Hoffman, não se coloca um homem desses em um elenco para fazer figuração de luxo, mas, ainda assim, deram-lhe uma dimensão muito maquiavélica.  Os fins – a revolução – justificam os meios – uso do terror contra os civis, destruição em massa.


Falando dessa nova dimensão do Plutarch, uma das coisas que o filme pode acrescentar ao livro é fugir da narrativa em primeira pessoa.  Para quem não leu a trilogia, tudo, absolutamente tudo, é narrado por Katniss.  Por conta disso, ficamos nas sombras em relação a muita coisa.  Lá no último livro, por exemplo, é dito que Snow tem uma neta.  A menina aparece já neste filme dois.  Ela é fã de Katniss.  No caso de Plutarch, ele era o mestre do jogo e agia em nome da revolução sem que Snow, ou qualquer um, desconfiasse.  O filme o transforma em um manipulador capaz de qualquer coisa, não somente um homem adepto do espetáculo midiático, mas alguém capaz de qualquer coisa para atingir seus objetivos.  

Além dessa nova dimensão dada ao mestre do jogo, lamentei que algumas mudanças tenham sido feitas em relação ao livro.  Vejam bem, não estou pedindo fidelidade ou mera transcrição, simplesmente queria ver algumas questões apresentadas com mais clareza e uma ou duas mudanças realmente me desagradaram.  Senti falta do encontro de Katniss com as duas personagens que estavam fugindo para o Distrito 13.  A protagonista as encontrava na floresta e elas lançavam a dúvida sobre se o Distrito 13 tinha de fato sido destruído ou era mais uma das mentiras da Capital.  Outra coisa que as personagens fazem é colocar Katniss a par da revolta em alguns distritos e do significado do Mockinjay.  Isso se perdeu.  Também houve silêncio sobre os Avox, a condição deles nem sequer é mencionada, assim como o passado trágico de Haymitch... 


A cena em que Peeta e Katniss se beijam (*e quase mais que isso*) no trem é suprimida, em contrapartida, o filme dá muita ênfase a uma intimidade entre a moça e Gale, beijos e carícias inexistentes.  A tentativa é intensificar a idéia de que existe um triângulo e fazer com que a audiência torça por um ou por outro dos rapazes.  Quem é o mais gatinho?  Com quem a Katniss deve ficar?  Por favor... Katniss e Gale se beijam, sim, mas é um beijo só (*sem contar com o do Gale desmaiado...*) e isso rende-lhes problemas com Snow, mas o filme não deixa isso claro.  Outra coisa que ficou sem explicação, o filme três enta consertar, é verdade, mas deveria estar claro desde o começo, é o motivo de Katniss e Peeta estarem dividindo a cama.  Fica parecendo que faz parte da encenação e não era.  Katniss sofria com pesadelos, Peeta lhe dava suporte.  Não se diz nada sobre isso no filme dois.  

Por fim, a cena de Plutarch dançando com Katniss ficou longuíssima, mas a dica dada por ele de que ele era um aliado, foi omitida.  Tanto o relógio com o mockinjay, quanto a frase “tudo começa a meia noite”, foram cortadas.  Por qual motivo?  Imagino que para lançar a cortina de fumaça em torno da personalidade do mestre do jogo, já que ele apareceria várias vezes instigando Snow a praticar mil violências.  Foi uma escolha de roteiro, mas eu não gostei dela.  De novo, repito, filme e livro são coisas diferentes.  O filme precisou omitir muita coisa e modificar outras tantas, mas tudo são escolhas.  Algumas acertadas, como mostrar o que os livros não mostram, outras me pareceram derrapadas, como a cena da dança e o excesso de afeto entre Gale e Katniss.


O nível de violência do filme está aquém dos livros ainda que algumas cenas das revoltas, o suplício de Gale e de Cinna (*sinto saudades dele*) tenham sido bem fortes.  O figurino, aliás, é um dos pontos altos do filme, especialmente, os vestidos de Katniss.  O Caeser de Stanley Tucci também continua sendo um dos pontos altos do filme.  Ele dá ao apresentador fofoqueiro uma dignidade, apesar do caráter cômico, que é fantástica.  A Arena ocupou menos tempo do filme do que eu gostaria.  Queria mais de Finnick e da interação entre os tributos.  E queria mais Peeta, também.  Só que ficou claro desde o início que ele teria menos tempo em cena neste filme para que Gale tivesse mais espaço...

De resto, o filme cumpriu bem a Bechdel Rule com várias personagens femininas com nomes, que conversam entre si e falam de coisas diversas.  A Katniss de Jennifer Lawrence, apesar da melação com Gale, continua sendo uma personagem forte, inteligente, capaz e que passa para as meninas uma imagem positiva.  As outras mulheres da trama mostram que não existe um papel feminino único.  Cientistas, guerreiras, mães, mestres, capazes de expressar ternura ou raiva, elas jogam por terra aquela imagem monolítica de mulher, elas apontam para a pluralidade.  Eu amei a Mags, muito mesmo. :) Jogos Vorazes não é uma série brilhante, mas ninguém pode acusá-la, para além do óbvio de que Katniss deveria ser uma moça morena e de verdade, de não respeitar e celebrar a diversidade.  Trata-se de um filme feminista, assim como a série de livros.


Para concluir, e se tiver tempo a resenha do filme três virá amanhã, trata-se de um típico filme de transição, do tipo que só serve para quem ou conhece a história, ou viu o filme anterior.  Filmes de transição tendem a ser os melhores das adaptações, pelo menos é assim que eu vejo em outras séries, começando com O Império Contra-Ataca.   É isso.  Sinto-me feliz de poder resenhar um filme que desejava assistir fazia tanto tempo.  Este ano a parte de resenhas do blog vai ser fraquíssima, mas tenho fé que em 2015 tudo será melhor.

Japonesas escolhem o seu mangá favorito da CLAMP


O site My Navi Woman volta e meia faz alguma pesquisa com suas leitoras - geralmente mulheres adultas, entre 22 e 34 anos - relacionada a algum tema de mangá ou anime.  Destavez, para comemorar os 25 anos de carreira do grupo CLAMP, o site queria saber quais os mangás favoritos das leitoras.  Foram somente 248 entrevistadas, mas imagino que, nesse caso, o resultado seria o mesmo se feito com dez vezes mais mulheres.  Olhem só:

●1. Cardcaptor Sakura (カードキャプターさくら)……29.4%
○2. Magic Knight Rayearth (魔法騎士レイアース)……26.2%
●3. XXXHolic (XXXHOLiC)……5.2%
○4. X (X-エックス-) ……4.4%
●5. Clover (CLOVER) ……3.2%
○6. Tokyo Babylon (東京BABYLON) ……2.8%
●7.  Seiden ~ RG Veda (聖伝 ~RG VEDA~) ……2.4%
○8. Watashi no Suki wa Hito (わたしのすきなひと)……1.6%
●8. Wish (Wish) ……1.6%
○8. Tsubasa RESERVoir CHRoNiCLE  (ツバサ~RESERVoir CHRoNiCLE~)……1.6%

Quem acompanha pesquisas japonesas, sabe que o único mangá da CLAMP que aparece com freqüência é Sakura.  aliás, é curioso que os dois mangás mais infantis do grupo - ainda que com camadas - sejam os mais populares.  De qualquer forma, outra curiosidade é ver que dos 10 listados somente dois não saíram no Brasil, Wish e Clover.  A preferência das editoras nacionais pelo grupo, e não falo somente da JBC, garante que estejamos sempre em dia com os lançamentos das autoras.  Outro detalhe, dos 10 listados, oito são shoujo.  Sim, preciso escrever isso ainda que acredite que a CLAMP está além do rótulo.  

P.S.: A minha fonte foi o ANN, mas vários sites já publicaram o resultado desta pesquisa.

domingo, 23 de novembro de 2014

All About That Bass: Comentando uma música chiclete que nada tem de feminista


Quem freqüenta o blog sabe que sou um zero à esquerda quando o assunto é música, especialmente, em suas vertentes mais contemporâneas.  Sei pouco, não tenho nenhuma vontade em saber mais e fico pasma com as sugestões que o Facebook me dá... OK. Estava eu na academia e tropecei no clip All About That Bass, de Meghan Trainor.  Chamou minha atenção, a música é chiclete, gruda no fundo do cérebro e não sai mais, o visual é bem anos 1960 fake, tudo muito colorido, com boa representatividade étnica e tal.  Fui procurar informações sobre a cantora e a música e me deparei com uma grande polêmica em torno do caráter feminista de All About That Bass.  Oh, boy... 

Pelo título, vocês já sabem o que eu penso, All About That Bass nada tem de feminista.  Colocar moças – e um rapaz – fora dos padrões de magreza em um clip não torna o material feminista, ainda que seja de grande alento para quem se vê diminuído e mal representado todos os dias.  A maioria dos que participam do clip são plus size e para ser enquadrado como tal, basta vestir 40.  Percebem o quanto isso é triste e limitador, além de pouco saudável?  É uma forma de empoderamento, sem dúvida, a letra é clara em relação a isso “No, I'm just playing I know you think you're fat/But I'm here to tell you that/Every inch of you is perfect from the bottom to the top” (Não, estou brincando, sei que você se acha gorda/Mas estou aqui para te dizer que/Cada pedacinho de você é perfeito, da cabeça até os pés), tudo que uma menina (*e menino*) gordinho às vezes deseja ouvir é que é perfeita do jeito que é, no entanto, há uma distância entre o que vi em All About That Bass e discussões feministas.   


Enfatizo isso, porque toda a letra da música – e ela pode ser encontrada aqui com tradução – exalta o “corpo violão” ou com “curvas”, pois é isso que os rapazes querem, ainda que a propaganda photoshopada venda outra coisa.  Em uma determinada parte do vídeo, a cantora aparece servindo um rapazinho que está sentado a mesa.  Assim, típica cena anos 1950.  E o cara parece fugido daquele filme a Vingança dos Nerds, todo arrumadinho e engomadinho.  A letra não deixa dúvidas: “Yeah it's pretty clear, I ain't no size two/ But I can shake it, shake it like I'm supposed to do/Cause I got that boom boom that all the boys chase/All the right junk in all the right places” (É, está bem claro, não visto 38/Mas posso rebolar, rebolar, rebolar, como devo fazer/Pois tenho aquela performance que os meninos querem/Todas as gostosuras nos lugares certos) e “Yeah, my momma she told me don't worry about your size/She says, boys they like a little more booty to hold at night” (É, minha mãe me disse "não se preocupe com seu peso"/Ela diz "meninos gostam de ter o que apertar à noite").  Os corpos fora dos padrões de magreza são sexualizados ao extremo, ainda que todo o clima do clipe seja contido e juvenil.  A letra é clara nesse aspecto.

O corpo acima do peso é desejável e o uso de palavras que remetem à comida, reforça que ele, o corpo das gordinhas, pode ser consumido, que há quem deseje consumi-lo, basta que a menina saiba “vender o peixe”.  Diria que a música ao mesmo tempo que parece empoderar as mulheres acima do peso, ela as objetifica, pois, no final das contas, o que importa é agradar o olhar masculino.  All About That Bass ensaia algo interessante quando coloca que se o moço deseja um corpo palito, photoshopado e siliconado, que vá pastar.  Há a certeza de que não faltará quem goste de ter algo para apertar.  É aí que começa o que eu considero a parte mais perigosa da música, desqualificar um tipo de mulher para exaltar outro.



Voltemos para a letra, “I'm bringing booty back/Go ahead and tell them skinny bitches Hey” (Estou trazendo as bundas de volta/Vá e diga a essas vadias magrelas 'e aí').  As “vadias magrelas” não são as culpadas pelo padrão de beleza opressor, são vítimas, também.  A música, ao traçar esta divisão, entre as moças de corpo violão que vão trazer as curvas de volta a moda, que são o sonho dos rapazes, e as outras, ossudas, varapaus, magrelas, photoshopadas, e, pior, vadias, joga mulheres umas contra as outras.  Afinal, qual o objetivo de toda mulher?  Conseguir um homem que lhe chame de sua.  Lembram da abertura do Casamento do Meu Melhor Amigo?  Pois é, até o visual é parecido com o clip de All About That Bass.

Se eu não aceito como positivo e aceitável a gordofobia (*ou lipofobia*) ou ainda que mulheres normais e saudáveis sejam humilhadas por comentários agressivos, propagandas excludentes, venda de produtos de caráter duvidoso, não vai ser desqualificando as mulheres magras ou magérrimas que o problema será resolvido.  É perder de vista que o sistema oprime e as pessoas aderem a ele de forma mais ou menos alienada, assujeitada ou mesmo consciente.  



Finalizando, All About That Bass é uma musiquinha legal, o clipe é divertido, mas e examinamos a letra e sua mensagem explícita, não vamos achar nada de feminista.  As meninas fora dos padrões anoréxicos podem até se sentir representadas no clipe, mas nele elas são produtos na vitrine, que podem encontrar o seu nicho, e só tem significado quando desejadas pelo olhar masculino.  Além disso, joga mulheres contra mulheres.  Se as magrelas são “vadias”, o que são as gordinhas?  Moças “pra casar”?  Vale a pena refletir sobre isso.

sábado, 22 de novembro de 2014

Lançado o primeiro trailer de Tsukuroi Tatsu Hito


Tsukuroi Tatsu Hito (繕い裁つ人), de Aoi Ikebe, é um mangá josei que provavelmente nunca terá scanlations, ou será licenciado fora do Japão... Talvez na França, talvez... Quando vejo as ilustrações com aquele traço simples, quase esboçado, só consigo pensar “que lindo e a história deve ser muito interessante!”.  Pois bem, já tinha comentado que haverá um filme para o cinema – aliás, eis a esperança de scanlations por causa disso – e o primeiro trailer acabou de ser lançado, e está no Comic Natalie, com grande destaque para a música tema, "Kitte no Nai Okurimono" (A Present with No Stamp) de Ken Hirai.

No mangá original, uma jovem mulher, Ichie (Miki Nakatani), herda o negócio da avó, uma costureira especializada em roupas ocidentais.  No primeiro capítulo do mangá, Ichie, ela mesma uma habilidosa costureira, está fazendo o vestido de noiva de uma amiga.  Ichie, então, relembra a avó, Yukino, que abriu a loja para fazer o vestido de noiva de sua filha, Hiroe.  Aliás, isso não faz sentido... Ela não precisava de uma loja para fazer o vestido... Talvez seja erro na tradução do resumo.  Hoje, os vestidos feitos pela avó – alguns deles, imagino – estão em exposição na loja.  

No elenco do filme estão Takahiro Miura, Hairi Katagiri, Haru Kuroki, Hana Sugisaki, Mie Nakao, Masatō Ibu, e Kimiko Yo. A diretora do filme é Yukiko Mishima.  Foi anunciado na última edição da Hatsukiss (*o ANN fala Kiss Plus, mas a revista foi substituída*) que o mangá termina em 13 de dezembro.  Já o filme estréia em 31 de janeiro.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Capítulo especial de Hanakimi na última edição da Hana to Yume


Para comemorar s vinte anos de carreira de Hisaya Nakajo, a autora publicou na revista Hana to Yume um capítulo especial de Hanazakari no Kimitachi he (花ざかりの君たちへ), HanaKimi para os íntimos. :D  trata-se de um especial de 28 páginas contando uma visita de Mizuki ao Japão – por motivos não revelados – e seu reencontro com os antigos colegas de colégio.  O Comic Natalie acrescenta que além do capítulo há uma cronologia do trabalho da autora, artigo com ilustrações em cores e comentários de Nakajo, além de participação dos atores que participaram das duas adaptações live action com comentários e elogios.  Falando em HanaKimi, a série completa 20 anos em 2016.  Acredito que alguma coisa, ou várias, vão aparecer para nos lembrar da data.  Ainda torço por um anime.  HanaKimi é uma série muito legal, com altos e baixos, mas inesquecível.


quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Minha Contribuição no dia da Consciência Negra


Preciso fazer um post sobre o Dia da Consciência Negra, que é comemorado hoje, no dia 20 de novembro.  Acredito que não escrevi nada nos dois últimos anos (*mais até*), mas não deixarei em branco hoje.  Primeiramente, acredito que o termo correto não seria comemorar, o Dia da Consciência Negra é mais uma daquelas datas estabelecidas para nos lembrar de que é negado a um determinado tipo de cidadão – negros, mulheres, LGBTs, indígenas, etc. – os plenos direitos que esta própria cidadania deveria trazer no pacote.  Ter uma data como esta não é privilégio, é motivo de lamento.  Espero que você, leitor ou leitora, tenha compreendido o ponto.  Falar em Dia da Consciência Humana, como muitos gostam de levantar para desqualificar o 20 de novembro, não vai nos tornar mais iguais, vai servir, sim, de cortina de fumaça para tentar encobrir desigualdades e violências.  Denunciá-las, encarar nosso racismo estrutural de frente pode, sim, nos ajudar a superá-lo.

Cabe, também, estabelecer que 20 de novembro marca a execução do quilombola Zumbi, em 1695.  Recentemente, virou moda tentar desqualificar a luta dos negros e negras de Palmares com frases do tipo “eles também tinham escravos”, tentando colocar no mesmo patamar o sistema escravista colonial, pré-capitalista, que visava o lucro dos senhores brancos (*ou que assim eram vistos e/ou tratados*) e da metrópole, e as práticas ancestrais trazidas da África.  Cada coisa em seu lugar.  E não pense que sou a favor da escravidão, mas, como historiadora, sei bem que a escravidão tem vários matizes e escolho, sim, qualificar que a sistêmica que tivemos no Brasil é muito pior do que a que porventura tenha existido em Palmares.  Lutar contra um sistema, recusar, como foi o caso de Zumbi, propostas indecorosas como o confisco da liberdade de alguns habitantes de Palmares, resistir a várias investidas dos senhores contra o quilombo, demandou coragem, força, mobilização.  Tentar diminuir isso é fruto ou da desinformação, ou da má fé.

Este post foi motivado por três questões, a primeira, a campanha da Anistia Internacional chamada de Jovem Negro Vivo.  Segundo o site da organização, “Em 2012, 56.000 pessoas foram assassinadas no Brasil. Destas, 30.000 são jovens entre 15 a 29 anos e, desse total, 77% são negros. A maioria dos homicídios é praticado por armas de fogo, e menos de 8% dos casos chegam a ser julgados.”.  Eu poderia focar na discussão de que a violência, por razões culturais, está muito mais associada ao masculino e que, portanto, isso ajuda a explicar o motivo pelo qual a maioria das vítimas de mortes violentas – e nem contabilizaram o trânsito – são homens, e que por serem jovens, mais vulneráveis ao meio e suas próprias pulsões, mas deixo isso para outro post.  Concentremo-nos somente no dado alarmante de que 77% dos mortos são negros.  Assista o vídeo abaixo, depois se pergunte se não se trata de um genocídio.


É sabido que há uma associação entre ser negro e ser um potencial criminoso. Volta e meia temos escândalos – e só é escândalo, porque há mobilização, denuncia – relacionados a diretrizes policiais para que homens negros sejam visados nas rondas.  Só poderemos falar em igualdade se a possibilidade de um jovem branco ser parado pela polícia, e muitos policiais são negros que introjetaram tais idéias, for a mesma que um negro.  O mesmo vale para ser seguido nas lojas, nos shoppings, ou parado em revista.  Ainda assim, há quem venha culpar a vítima e estabelecer que só há racismo, porque os negros se vitimizam, como se o racismo – atribuir características depreciativas a um determinado fenótipo, isto é, características físicas externas – e, não a raça, fossem uma ficção.

O segundo motivador do post foi uma notícia da Tribuna do Ceará.  Uma mulher, que se considera branca, teve seu carro apreendido pelo Detran.  Considerando-se a parte agredida, ela escreveu uma carta para o órgão reclamando do tratamento recebido e expressando todo o seu racismo:
Agora vou me referir ao da cor da noite sem estrelas, o que estava dirigindo o carro do reboque: hoje tu vive como gente, convivendo com gente, por causa da maldita princesa Isabel. Senão, hoje, tu viveria no tronco, com teus antepassados, levando chicotada nos lombos. Tem inveja de mim porque sou branca, né? Se tu tivesse vivendo na época dos meus bisavós (que eram senhores portugueses, donos de escravos) e dos teus antepassados, hoje tu estaria lambendo o chão que eu piso. Morre de inveja, né, desgraçado, amaldiçoado: tu nunca será como eu. Nunca estará à minha altura.
Será que é necessário comentar?  Alguns poderiam dizer que este pensamento seria exclusivo das elites econômicas brasileiras; duvido.  O racismo está disseminado culturalmente em todas as classes, entre homens e mulheres, e mesmo entre pessoas que podem vir a ser vítimas de racismo.  No entanto, é gritante que algumas pessoas considerem a cor de sua pele um privilégio, afinal, se analisarmos os dados da campanha da Anistia Internacional, é mesmo, não é?  Infelizmente, em algumas escolas, especialmente particulares ou públicas de elite (*concursos muito difíceis, restritas a determinados segmentos*), existe a falsa impressão de que a sociedade brasileira é mais branca do que realmente é.  Meninos e meninas que raramente vêem entre seus colegas de carteira ou até professores e outros profissionais qualificados, pessoas que não sejam socialmente brancas.  Eles e elas só identificam como negros os que se dedicam aos trabalhos mais humildes e desprezados, trata-se de uma continuidade do escravismo da colônia e império.  Por isso mesmo, alguns professores têm muita dificuldade para explicar como era a escravidão em Roma, na Grécia ou entre os povos islâmicos, afinal, escravidão tem cor no Brasil.  Pobreza extrema também tem e quando esses subalternos saem dos eu lugar... ah!  É um atentado à ordem, quando não uma agressão, uma violência aos privilégios legitimamente herdados.

O terceiro motivo para este post foi o comentário de uma pessoa querida, muito humana, também, mas não menos assujeitada a este racismo estrutural em um post do Facebook que repassei.  Ele falava do infeliz incidente no qual Sílvio Santos, durante o Teleton, perguntou para a atriz mirim Júlia Oliver o que ela queria ser quando crescer.  Sim, atores e atrizes mirins nem sempre seguem a carreira, só para explicar para os desavisados.  A menina respondeu que queria ser atriz ou cantora e ele perguntou: “Mas com esse cabelo?”. A menina não entendeu, perguntou: “Mas como assim?”. Ele mudou o assunto e ponto. O cabelo crespo e afro da menina seria um empecilho.  Racismo, ainda que o autor da façanha não consiga perceber isso.  A pessoa amiga, cujo comentário está aí embaixo, não entendeu, também.



Vou reproduzir, só para terminar este imenso post, a resposta que dei.  Estará entre aspas, porque veio direto do Facebook.

“Eu começo pedindo perdão, também, mas preciso comentar e será um comentário longo. Em primeiro lugar, acredito que o espaço ocupado por Sílvio Santos e sua idade não são escusas para expor uma criança ao ridículo. Imagine, e era o Teleton, se ele fizesse a mesma pergunta para uma criança cadeirante e ela dissesse que queria ser atleta, velocista, e ele respondesse “Como se você não anda?”. Não seria engraçado, seria ofensivo e um vexame.

Segundo, crianças negras, e pessoas negras em geral, são bombardeadas com imagens de beleza que pouco tem a ver com aquilo que, na média, são. Cabelo bonito é cabelo liso. Nariz bonito é nariz afinado. Pretos fedem, por isso, precisam de desodorantes mais potentes. Celebra-se quando um ou outro ator ou atriz negro consegue algum destaque. Celebra-se, porque são exceções. A regra é que negros, e negras em menor quantidade, apareçam nas páginas policiais, ou em papéis subalternos nas novelas e na vida.

Terceiro, e não digo que seja o seu caso, como estamos imersos em uma sociedade racista que nega sê-lo e tenta individualizar as atitudes racistas como ato pessoal, tendemos a querer diminuir o que é evidente. Quantos apresentadores de TV, top models, qual a porcentagem de negros e negras nas nossas novelas, nas revistas e todo mais? Correspondem à média da população brasileira que é quase meio a meio?

Não desprezo a dor individual de sua mãe, mas cabelo ruivo ou sardas não estão associados no nosso imaginário social à subalternidade, incapacidade intelectual, propensão ao crime. Cabelo ruivo é algo excepcional no Brasil, mas ninguém perguntaria para uma menina ou menino ruivo – salvo se sarará, com traços negroides evidentes ou o fenótipo nordestino estereotipado – se ela ou ele espera sucesso com “esse cabelo”. Marina Ruy Barbosa é sinônimo de sucesso, beleza, sexy appeal e seu cabelo é parte fundamental da composição do quadro.  Ser chamado de vanish, leite azedo, pode ofender uma criança; é bullying e como tal deve ser tratado, mas não é racismo reverso.

Crianças e pessoas brancas não são visadas pela polícia ou expulsas de shoppings ou revistadas por serem brancas, nem tem suas possibilidades de ascensão social colocadas em cheque ou questão. Ser negro – e eu não sou vista como negra o tempo inteiro, muito pelo contrário – é lutar contra o racismo todos os dias. Nossa sociedade prefere Cirilos (*de Carrossel*), que se pinta de branco para agradar Maria Joaquina, ou Pelé, que culpa os negros pelo racismo, já que acredita piamente que se pararmos de falar em racismo, ele acabará, do que Aranhas e esta menina aí. Invertem a equação para culpar a vítima pelo orgulho de ser como é.

Desculpe, não podia deixar passar. E recomendo o excelente documentário Good Hair do Chris Rock. Há um mercado que explora a baixa autoestima das pessoas negras, especialmente das mulheres, e garanto que a Jequiti deve ter um creme milagroso para domar o “cabelo ruim” de meninas como a Júlia Olliver, que deveriam sonhar com o cabelo da Marina Ruy Barbosa ou da Giselle Bündchen e, não, assumir seu cabelo crespo.”

Eis minha contribuição para as celebrações do Dia da Consciência Negra.  Desejo muito que, um dia, não precisemos mais desta data.  Que a lei que obriga o ensino de História e Cultura Africana seja cumprida nas escolas.  No momento, entretanto, ela se faz mais do que necessária.

Propaganda japonesa usa a Rosa de Versalhes e atriz do Takarazuka para fazer humor


Quando vi a chamada no Comic Natalie, pensei que era um anime paródia, do tipo que foi feito com Glass Mask, da Rosa de Versalhes (ベルサイユのばら), mas me enganei.  Não sei bem qual o negócio da tal Frogman, parece que é comida, coisa light, provavelmente, mas não consegui achar a página da companhia.  De qualquer forma, é a terceira vez que a Frogman brinca com animes famosos.  Da primeira vez foi com Ghost in the Shell (攻殻機動隊); da segunda, com  Nodame Cantabile (のだめカンタービレ); agora, com a Rosa de Versalhes.  O videozinho abaixo é o anúncio da animação com as personagens da empresa:


Enfim, o vídeo da Rosa é propaganda do Calorie Mate da Frogman e é um episódio rápido recontando o casamento de Maria Antonieta.  A princesa austríaca não quer se casar e acaba sendo substituída por uma marimo.  Não sabe o que é uma marimo?  Eu também não sabia, mas é um tipo de alga que cresce em formato de bola.  Algo raro, segundo a Wikipedia.  A pobre marimo termina decapitada.  


O legal do vídeo é que quem dubla Oscar é uma famosa ex-atriz do Takarazuka que fez a personagem na Revue, Mayo Suzukaze.  Ela tem uma belíssima voz, coloquei um vídeo dela cantando aí embaixo.  Já a dubladora de Antonieta é Sora Amamiya.


Para quem ficou curioso, segue o vídeo paródia de Nodame Cantabile. :)


P.S.1: Só consegui entender mais ou menos essa matéria do CN graças ao Crunchyroll.
P.S.2: Passando pelo ANN consegui outras informações.  Não será um episódio somente, mas a paródia da Rosa cobrirá toda a quarta temporada do seriado Channel 5.5... eu pensei que era o canal onde passava a propaganda... enfim, estou confusa.  Quantos episódios serão?????
P.S.3: Olhando a página do seriado - é seriado mesmo - vi que foram pelo menos tr~es episódios de Nodame.  É só clicar aqui.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Ao Haru Ride caminha para o seu final


Segundo o Manga News, a últma edição da Betsuma informou que Io Sakisaka pretende terminar Ao Haru Ride (アオハライド) em breve.  Não foi dada data, nem informação de que a série está na reta final, mas que o fim está próximo.  No momento, Ao Haru Ride conta com 11 volumes, o #12 sai em 12 de dezembro e o filme estréia, também, no último mês do ano.   Posso estar delirando, mas minha impressão é que Sakisaka vai anunciar o final de forma bem “surpresa”, tipo faltam três capítulos para o fim.  Já vi isso acontecer com outras séries famosas, fica aquela sensação de “Mas como...” e terminou.

Emma será republicado nos EUA


Sabe uma notícia que fez com que minha semana começar melhor?  Esta aí.  O mangá Emma (エマ), de Kaoru Mori, foi relicenciado nos EUA, a Yen Press comprou os direitos.  Lançado pela CMX – finado braço de mangás que da DC Comics – entre 2006-2009, era uma pena que a série só pudesse ser encontrada em sebos... e por um preço exorbitante.  Eu tenho parte edição da CMX garimpada, mas meu marido deixou os gatos mastigarem um dos volumes.  De todos os mangás que eu não colecionei em edição americana na hora certa, Emma era o que eu mais lamentava.  O re-lançamento será em maio de 2015 e o formato é capa dura com 500 páginas.  Imagino que os 10 volumes – um de gaiden – se transformem em três, no máximo quatro, se Shirley (シャーリー) for incluído como extra.  Por conta disso, o preço é salgado, 35 dólares.  Se até lá a moeda americana recuar, algo que deve acontecer, não será uma facada tão grande.


Para quem não conhece Emma, trata-se de uma história que se passa no final do período Vitoriano, na Inglaterra, e que gira em torno do romance impossível da protagonista com um jovem burguês, William.  Só que o pai do moço, que enriqueceu a custa do seu trabalho e é mal visto entre a nobreza, quer que o filho case com uma moça deste grupo social.  

Emma tem momentos emocionantes, singelos, e o traço de Kaoru Mori, que é lindo, ainda que não tão maduro como em Otoyomegatari (乙嫁語り).  Poderia ter mais drama – eu esticaria a parte de Emma nos EUA – e romance, mas não é shoujo, nem josei.  E a autora não tem muita noção do tamanho da miséria na Inglaterra da época, e deixa algumas pontinhas soltas... Mas quem se importa?  Emma é quase uma minissérie da BBC em formato mangá.  Eu fiz uma resenha geral de Emma, está aqui.  E, sim, Erika, obrigada por me avisar. :D