sábado, 31 de dezembro de 2016

Adeus 2016, Feliz 2017!


E 2016 finalmente chega ao seu final.  Este post é para agradecer a todos/as aqueles/as que acompanharam os posts do Shoujo Café, que comentaram no blog e no Facebook, enfim, que de alguma forma apreciam o trabalho que eu faço aqui.  Sim, por mais que algumas pessoas acreditem que se trata de um blog coletivo, o Shoujo Café funciona enquanto a Valéria funcionar e foi um no particularmente difícil, não somente para mim, mas para boa parte dos brasileiros.

Se tivesse que pensar em termos de shoujo e josei mangá no Brasil, foi mais um ano magro, porém, na sua exiguidade, ele nos trouxe The Wedding Eve, Helter Skelter, Ore Monogatari!!, republicação de Card Captor Sakura, houve o encerramento de Orange.  De certa forma, foi um dos melhores anos para essas demografias em nosso país.   Não vejo o nosso mercado como capaz de absorver muita coisa, mesmo que material de qualidade.  É melhor termos poucos lançamentos, mas bons produtos, e termos a certeza de que eles terão espaço e não serão cancelados.  

Se pensarmos em anime, bem, nada chegou às nossas TVs, mas houve séries muito interessantes lançadas no Japão e que, mal ou bem, acabaram chegando para a gente através do trabalho dos fãs e por vias legais, também.  De qualquer forma, não vejo muito futuro para a animação japonesa nas nossas TVs.  Não por não existir material, Precure, por exemplo, tem uma série por ano e até a Júlia poderia assistir, mas não há interesse.

Falando no blog, acho que ele foi mais ativo que em 2015.  Tenho certeza que ao fazer a contabilidade das resenhas, terei muito mais coisa para listar do que em anos anteriores.  Fui mais ao cinema, voltei a assistir alguma coisa no computador, enfim, Júlia está crescendo, ou eu estou ajustando melhor meus horários. Sei lá... Em 2017, já sei que terei um número monstruoso de turmas, talvez não tenha tanto ânimo assim, vamos esperar!

Houve alguns posts sérios, sobre temas que considero relevantes. Evitei falar de golpes e coisas do gênero, porque sei que vocês já vêem isso em muito lugar, estejam do lado que estiverem.  Acredito que estamos todos/as exaustos nesta altura do campeonato.  Mas é preciso falar de feminismo, é preciso falar de violência é preciso falar de coisas boas e ruins que acontecem por aí.  O Shoujo Café é para isso, também.  Aliás, fiquei chocada de alguns alunos/as não terem percebido que sou feminista. Deve ser porque não tenho cabelos azuis e tatuagens... Ou será que devo me sentir culpada?  Fazer o quê...  

Desejos de Ano Novo?  A segunda temporada de Yuri!!! On ICE, por favor!!!!!!  E mais animes de esporte shoujo ou próximo disso, mais animes de patinação, há montes de mangá para adaptar.  Uma nova temporada de Kurage Hime, um revival de Hana Kimi com direito à anime.  Muito sucesso para os filmes de Haikara-san ga Toruh e que Riyoko Ikeda finalmente abra seu coração e permita uma animação da Rosa de Versalhes aos moldes do novo Yamato, quem sabe?  Em termos de mangá, que Ooku termine finalmente, porque a autora tinha prometido 12 volumes e eu não vejo muito motivo para ir muito além disso.


No Brasil?  Há tantos mangás para sonhar... Quem sabe finalmente alguém lança A Rosa de Versalhes em formato para livraria?  E que tal a JBC trazer os gaiden de Orange?  Isso seria ótimo!  Não consigo pensar em muito mais... Já seria ótimo só isso.

No mais, queria voltar o Shoujocast.  Sei que é difícil, praticamente impossível, mas fico pensando que programas espetaculares poderíamos fazer sobre Yuri!!! on ICE, por exemplo.  Queria, também, tomar coragem e escrever um livro de verdade.  Será que consigo?  Já me disseram para juntar textos e arrumar tudo, mas acredito que precisava fazer mais.  E falta tempo, e coragem, e organização.  Nesse último quesito, sou um fiasco mesmo.

De novo agradeço ao leitores do blog.  Alguns deles e delas já se tornaram amigos queridos.  Faço o blog por mim, como uma terapia, e faço o blog por vocês.  Obrigada, muito obrigada!  Que 2017 , o Ano do Galo, possa ser muito positivo para todos/as nós!



P.S.: Esse post quase não sai.  A minha conexão está indigente hoje.

Comentando Minha Mãe é uma Peça 2


Anteontem, estava me sentindo bem pra baixo (*o assalto do meu pai, umas bobagens que li sobre mim no Facebook*) e fui assistir Minha Mãe é uma Peça 2.  Tinha assistido ao primeiro filme (*resenha aqui*) e rido muito.  Tratava-se de uma comédia ligeira, trash e cheia daquelas coisas que a gente condena, mas que, bem, às vezes me fazem rir.  A continuação não é muito diferente, só parece ter um roteiro um pouco mais amarradinho, mas o primeiro continua sendo meu favorito.

Neste novo filme, protagonista, Dona Hemínia (Paulo Gustavo) continua às voltas com seus filhos, Juliano (Rodrigo Pandolfo) e Marcelina (Mariana Xavier), que continuam na casa da mãe neurótica, mas parecem prontos para voar.  Hermínia tem um programa de TV que discute problemas familiares, mas sente-se frustrada, porque, bem, sua própria família é uma bagunça.  Diante de tantos problemas, a saúde de Herminia parece fraquejar e ainda há o ex-marido (Herson Capri) que parece disposto a reconquistá-la... Fora isso o filme temos a doença da tia Zélia (Suely Franco) e as visitas do netinho que mora em Brasília, Pedrinho, e da irmã, Lúcia Helena (Patrícya Travassos).


Será uma resenha curta, até por que não há muito o que destrinchar, que não tenha sido dito na minha resenha do primeiro filme.  Hermínia, mesmo sendo profissionalmente bem sucedida neste segundo filme, continua dependente da relação doentia com os filhos.  Há menos gordofobia?  Sim, mas Marcelina aparece muito menos, eu diria.  Mesmo  assim, amoça cresceu bastante, especialmente, depois de sair da casa da mãe e parece resolver parte de seus problemas de auto-estima.  A angústia maior de Hermínia parece ser a descoberta de que seu filho não é gay, mas bi.  

Há várias piadas com a dificuldade de Dona Hermínia – e que deve ser de muita gente – em compreender que a bissexualidade existe.  Para ela, o filho está fazendo isso para enlouquece-la.  Só que Dona Hermínia não leva desaforo para casa e termina impedindo que o moço se relacione com garotas.  O filho de Hermínia parece bem diferente neste filme.  Mais maduro? Não necessariamente, mas o ator me pareceu mais bonito.  Já Herson Capri me pareceu menos galã e bem envelhecido.  De qualquer forma, a interação entre Paulo Gustavo, Rodrigo Pandolfo e Herson Capri é muito boa.


Outra questão do filme é o abandono do ninho.  Dona Hermínia já tem um filho fora de casa, Garib (Bruno Bebianno), mas teme que os outros dois a abandonem.  Ambos terminam indo trabalhar em São Paulo com o apoio do pai.  Dona Herminia quase enlouquece e passa a se medicar ainda mais.  As cenas são boas e a síndrome do ninho vazio é mostrada com humor.  Quantas mulheres caem em depressão quando percebem que os filhos cresceram e precisam partir? Se a maternidade é sua razão de existir (*e toda propaganda patriarcal vai nesse linha*) o que fazer quando não se pode mais maternar em tempo integral?  Herminia precisa aprender e sofre, como tantas mulheres.

Algo legal de se ver foi a interação entre as irmãs, Hermínia, Iesa (Alexandra Richter) e Lúcia Helena, a que vive em Nova York.  Elas se amam, elas se odeiam, elas se amam ainda mais.  As duas atrizes e Paulo Gustavo conseguiram uma interação muito boa.  E, ainda falando de família, há um tratamento muito terno e digno, mesmo que pontuado com humor, dos problemas da velhice.  Tia Zélia é um amor e a atriz, Suely Franco, conseguiu passa a melancolia e leveza necessária ao papel da idosa que está esquecendo das coisas e, talvez, se encaminhando para o fim da vida.  Só por este parágrafo, vocês já sabem que se cumpre a Bechdel Rule.


Que mais dizer?  Acho que a empregada doméstica no primeiro filme estava melhor que neste.  Adorei a piada repetida com o elevador de serviço e o síndico.  A parte do check-up de Hermínia também foi delicioso.  Raio X com bobes na cabeça... E as visitas a São Paulo?  As comparações com Niterói?  Impagável.  O papo da hereditariedade da homossexualidade foi alucinado, mas divertido.  Será que no terceiro filme (*sim, ele acontecerá*) Lúcia Helena vai admitir que é lésbica confirmando a teoria de Hermínia de que orientação sexual é algo geneticamente determinado?

De resto, nunca vi um filme com tantas sessões.  Parece que a Globo Filmes quer bater o recorde de Os Dez Mandamentos.  No cinema onde assisti, havia sessão de meia em meia hora.  Acredito que eram três ou quatro salas exibindo.  Um exagero. Agora, o fato é que o filme parece que já bateu um recorde e teve mais de 2 milhões de expectadores na primeira semana.  Enfim, vale o ingresso?  Sim e não.  Acho complicado ver o filme sem ter assistido ao primeiro.  É fácil entender Hermínia, mas seria interessante conhecer o passado de seus filhos e marido.  Recomendo, também, assistir acompanhado, acho que a gente ri com mais gosto com alguém do lado.   Fora isso, o primeiro filme me pareceu mais engraçado.  Talvez, eu reveja para confirmar.

Comentando os volumes 1, 2 e 3 de Ore Monogatari!


Fazia tempo que estava devendo uma resenha dos volumes brasileiros de Ore Monogatari!! (俺物語!!), elogiadíssima série de Kazune Kawahara (roteirista) e Aruko (desenhista).  O mangá que foi publicado pela Betsuma fez tanto sucesso que terminou adaptado para animação e o cinema, ampliando ainda mais a sua base de fãs.  Muita gente recebeu Ore Monogatari!!, que tem “Minha História” como título nacional, com grande empolgação por ser um shoujo “diferente”.  Isso é e não é verdade, o que em nada impacta o fato da história de Takeo Gouda ser muito, muito interessante e engraçada. 

A história de Ore Monogatari!! tem como protagonista Takeo Gouda, um adolescente peculiar, porque tem 15 nos, dois metros e 120 quilos.  Musculoso, com um rosto ameaçador, ele tem um coração gentil e é incapaz de negar ajuda a qualquer pessoa.  Expansivo, ele tem muitos amigos e admiradores, mas pode despertar medo e desconfiança em desconhecidos.  Takeo tem um melhor amigo Makoto Sunakawa, um rapaz silencioso e sério, quase o oposto de Takeo.  Suna, como ele é chamado, acaba sendo o oposto de Takeo e durante os vários anos de amizade, todas as garotas por quem o protagonista se interessou sempre preferiram Suna.  O rapaz, no entanto, nunca se interessou por menina alguma e dispensava sem dó nem piedade todas as garotas que se declaravam para ele.  Até Yamato entrar na vida de Takeo...


Rinko Yamato é uma menina que Takeo e Suna conhecem por acaso no trem.  Um tarado a estava assediando e Takeo intervém.  A menina fica grata e se apaixona por Takeo, mas ele crê que o alvo dos afetos da menina seja seu amigo, Suna.  Por conta disso, Takeo faz o possível para juntar os dois, sem sequer perceber que todos os mimos, presentes e atenções da moça são para ele.  Pior ainda, Suna elogia Yamato para o amigo, o que reforça nele a certeza de que precisa unir o casal de apaixonados.  Só mesmo quando Suna decide agir, é que as coisas se desenrolam e Takeo percebe que, pela primeira vez, a menina está interessada nele e, não, em seu perfeito amigo.

Se você pegar o primeiro volume de Ore Monogatari!! irá perceber que há uma história completa e fechada até a página 105 (*edição da Panini*).  As personagens são apresentadas e muito bem delineadas, conhecemos o trio principal, Takeo, Yamato e Suna, e, ao término dessa pequena história autoconclusiva, temos um final feliz provisório, pois nosso herói começa a namorar com a ajuda do amigo discreto. As autoras poderiam parar aí.  Pergunto-me mesmo se não foi uma espécie de teste.  Se funcionasse, e a roteirista já tinha uma série em andamento (Aozora Yell), Ore Monogatari!! seguiria adiante.  Será que foi assim?  E é uma historinha gostosa de se ler, as personagens são simpáticas e, bem, dá vontade de continuar lendo.  


O volume #1 continua introduzindo a irmã mais velha de Suna, Ai, e sugerindo que teríamos um confronto entre ela e Yamato por Takeo.  Lembro quando a personagem apareceu nas cenas do próximo episódio do anime e algumas pessoas comentaram, “Ah, lá vem clichê!”.  Só que as autoras mais uma vez surpreendem e fazem com que a personagem seja tomada por simpatia por Yamato, dissolvendo qualquer sombra de competição.  Através da irmã de Suna discutem-se, também, bullyng e padrões de beleza.  

Takeo é o anti-galã de shoujo, grandão e aparentemente truculento, mas assim como o protagonista de Otomen, ele tem um coração terno.  Ela se apaixona por ela, porque, quando pequeno Takeo viu beleza nela, enquanto todos os outros debochavam por ela ser alta demais.  A irmã de Suna simplesmente não se declarou por ser mais velha e por acreditar que nenhuma mulher iria amar Takeo.  Yamato é uma surpresa, portanto.  Aliás, pelo menos até o momento, Yamato com seu excesso de açúcar deveria parecer intragável, mas ela é tão simpática que é difícil não gostar dela.


Ao tentar descobrir um ponto fraco em Yamato, Ai termina ajudando a moça.  Yamato tinha um segredo.  Ela dizia para si mesma que não era tão “pura” quanto Takeo imaginava... Um, o que seria isso?  Havia quem temesse que fosse algo do tipo ela se sente suja por não ser mais virgem.  Nada disso, abrindo uma discreta discussão de gênero, o que temos é uma moça que deseja demais o namorado e queria mais contato físico com ele.  Não houve beijo até o terceiro volume, mas não foi por culpa de Yamato, ou por uma mãozinha de Suna.  Na verdade, ambos – Takeo e Yamato – sentem desejo um pelo outro, mas os dois são por demais inoc

entes e não conseguem destravar a relação em certos aspectos.  O inovador e subversivo está, no entanto, no fato de Yamato, a menina, ser muito mais consciente e explicita em relação ao seu desejo.  O que a irmã de Suna lhe aconselha é a não sentir culpa e ser mais clara com Takeo.  O fato é que Takeo é mais inocente que Yamato em seus desejos, assim como a moça é mais ciumenta, ainda que contida e compreensiva.  Ela ama Takeo do jeito que ele é e exatamente por isso Yamato intervém quando o rapaz  decide não ajudar mais outras moças para que ela não se ofenda.  Ora, o Takeo que ela adora é exatamente o sujeito capaz de ajudar todo mundo, mesmo a custa de algum dano pessoal.   

É interessante como as autoras trabalham com clichês, negociando com eles e subvertendo-os.  A relação de Yamato e Takeo é marcada pela comicidade, a começar pela desproporção entre eles.  Takeo parece um monstro, ou a fera da Bela e a Fera”, ou de uma personagem que poderia estar no mais violento e cômico dos shounen mangá, no entanto, ele é o protagonista de um dos shoujo mangá mais elogiados e premiados dos últimos anos.  Afinal, conseguiu ficar com o primeiro lugar no guia Kono Manga ga Sugoi! de 2013.  Normalmente, no topo da lista só há josei, mas a série é tão divertida e inteligente no seu humor e na forma como trabalha os clichês que é quase impossível ignorá-la.

A arte de Aruko não é nada brilhante, é meio rascunhada até, Kawahara desenha melhor, mas ela consegue dar conta do recado e criou personagens bonitas, elegantes e, também, engraçadas.  A família de Takeo com sua mãe ex-lutadora de luta livre e seu pai galã grandalhão é uma perfeição.  O pai de Takeo (*imagem aí embaixo*) sempre parece estar brilhando, com um sorriso impecável.  A mãe é só vitalidade, limpando e fazendo toda sorte de trabalhos pesados, mesmo grávida... Será que o bebê nasce antes do fim da série? Acho que, sim, afinal, são treze volumes.


Os volumes #2 e #3 são marcados por capítulos simpáticos, eu diria que Ore Monogatari!! é uma série para desanuviar, se sentir leve, rir, e outros com algum drama, mas sem exageros.  Temos o mistério de Suna, por exemplo, que permite testar a amizade de Takeo e, agora, de Yamato por ele.  Suna é o melhor amigo que alguém pode desejar, apesar de passar aquela imagem de garoto inacessível, frio e inteligente.  Ele é um perfeito príncipe, mas o mangá não é sobre um príncipe e, sim, sobre um ogro.  

Agora, o que pode acontecer, já que o romance de Yamato e Takeo já está resolvido no volume #1, é a série cair na apatia e as situações começarem a se repetir.  Nos primeiros volumes, isso não é possível, afinal, Takeo vai conhecer as amigas de Yamato, que o rejeitam, no início, há a interação entre as meninas e os amigos do protagonista, os desafios esportivos, a tentativa de Takeo de se equiparar à Yamato nos estudos para que possam ir juntos para a universidade... Será que ao longo da série as personagens irão amadurecer no processo? Será que Suna irá ganhar uma namorada? Quando sai o beijo entre Takeo e Yamato?  Haverá mais que isso?  


Enfim, há muito o que falar, mas não é nada que exija tantos volumes.  Tudo dependerá do talento das autoras.  Eu sei que adorei o último capítulo do volume #3, com Takeo estudando para entrar na universidade que Yamato deseja e Suna dizendo que aquela escola não era para ele, que estava além de suas possibilidades.  Takeo, no entanto, não se dá por vencido e a piada, no final é fantástica.  Não darei spoiler, mas há, também um gancho.  O olhar triste de Suna significaria alguma coisa?

Ore Monogatari!! é um mangá inovador até certo ponto, mas nào é revolucionário, ele somente se diverte em surpreender os leitores subvertendo a ordem “natural” da maioria dos romances escolares shoujo.   Ele não é um mangá feminista, na medida que ele não questiona papéis de gênero, no entanto, ele não reforça representações negativas sobre as mulheres, o caso da irmã de Suna é exemplar neste aspecto.  No fim das contas, a gente até reflete um pouquinho, mas, de novo, trata-se de um mangá para você ler e se sentir bem, rir um pouquinho e amar as personagens.


Já encerrando, além da indicação no Kono Manga ga Sugoi! 2013, a série ganhou o 37º Kodansha Manga Awards e o 61º Shogakukan Manga Awards, ambos na categoria shoujo.  Além disso, a série foi indicada ao 6º Manga Taishō Award e ao 18º Annual Tezuka Osamu Cultural Prize.  Em 2015, Ore Monogatari!! teve anime para a TV com 24 episódios e um filme live action para o cinema.  A série de mangá foi publicada pela Betsuma entre 2011 e 2016, com ótimas vendagens.  

Agora, estou esperando o volume #4, espero poder comprar e ler ainda durante as minhas férias.  Deveria ter lido esses três volumes faz tempo, mas o trabalho sempre me faz protelar.  Certamente, não diria que foi o melhor shoujo que li publicado no Brasil este ano, porque há Orange e esta série está em outro nível de discussão, mas, certamente, Ore Monogatari!! foi muito divertida de se ler.  Takeo é um fofo, Suna é um cara legal e Yamato é um doce. Adoro os três.  Ah, sim!  O volume #3 brasileiro veio com um capítulo especial crossover de Ore Monogatari!! e Ao Haru Ride ( アオハライド).  Ficou engraçadinho.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Cidade usa Yuri!!! On Ice para promover o turismo


Já fiz um ou outro post para Shoujo Café sobre turismo relacionado à anime e mangá.  É um mercado em expansão, por assim dizer, e os governantes do Japão e de suas prefeituras estão atentos ao potencial desse nicho.  Por conta disso, a prefeitura de Saga que abriga a fictícia vila do protagonista, Yuri Katsuki, Hasetsu, que, se entendi bem, na verdade se chama Karatsu.  Segundo o Rocket News 24, produtos locais e temáticos de Yuri!!! on ICE (ユーリ!!! on ICE) serão vendidos.  É o Sagaprise! Project.


Castelo Karatsu.
No site oficial do projeto, há fotos da cidade real comparadas com as imagens do anime e outras informações.  A idéia é potencializar o turismo, ainda mais com a possibilidade de uma continuação da série, algo claramente sugerido pelo “See You NEXT LEVEL”, no último episódio.



Estação Karatsu
A verdadeira cidade de Hasetsu (Karatsu) fica no noroeste do Japão, na ilha mais ao sul do país, Kyushu.  Em virtude da proximidade com a Coréia e China, Karatsu foi um importante entreposto comercial desde a antiguidade.  O ponto turístico mais importante da cidade é o Castelo Karatsu e um festival, o Karatsu Kunchi, acontece todos os anos.



 Ponte Maizuru
A notícia estava no Comic Natalie, mas eu fiquei com preguiça de tentar traduzir, mas o RN24 ajudou bastante.

Kyōmachi Shopping Arcade
P.S.:A conexão ruim não permitiu que eu carregasse imagens.  Elas virão mais tarde.

Ranking da Oricon: O Último do Ano


Este é o último ranking da Oricon do ano e cobre de 19-25 de dezembro.  Foi uma semana interessante para os shoujo e josei com nove títulos no top 30.  Como peguei do ANN, a página da Oricon só atualizou agora, pude ver os top 50, havia muitos shoujo e josei entre o 31º e o 40º  lugar.  Enfim, como esperado, Otaku ni Koi wa Muzukashii está no top 5, provavelmente estará por muito tempo no top 50, pena que o ranking de josei nào seja mais publiado separadamente por ninguém... Akatsuki no Yona e Tsubaki-chou Lonely Planet fecham a participação dos shoujo no top 10.  P to JK, que estava no top 10 n semana passada continua bem colocado, mas Fukumenkei Noise  não estreou bem, afinal, teve anime anunciado.  Vamos ver na próxima semana. 

4. Otaku ni Koi wa Muzukashii #3
8. Akatsuki no Yona #22
9. Tsubaki-chou Lonely Planet #6
13. Nijiiro Days #14
18. P to JK #8
20. Life So Happy #1
26. Ashi-Girl #8
27. Sensei Kunshu #11
29. Fukumenkei Noise #11

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Sobre a morte de Debbie Reynolds


Queria deixar algumas palavrinhas sobre a morte da atriz Debbie Reynolds não por ser particularmente fã de seu trabalho, seria mentira se dissesse que sou.  A questão não é essa, mas o aspecto trágico da sua morte.  Ela já tinha 84 anos. Nessa idade, a maioria de nós não se surpreenderia com uma morte, mesmo de uma pessoa saudável.  Não sei se ela estava doente, o fato é que não há como não associar a sua partida, ela foi vítima de um derrame ontem, à morte de sua filha, Carrie Fisher, a eterna Princesa Leia.  Resumindo, nenhum pai ou mãe, que faça jus ao nome, espera partir depois de seus filhos.  


Acredito que mesmo se a relação for atribulada, a grande maioria se  imagina indo embora e deixando filhos e netos para trás. Os velhos devem ir antes.  Eu tenho uma menininha de três anos e carrego algumas angústias.  Preciso vê-la crescer, zelar por ela até que ela tenha condições de cuidar de si.  Por isso, preciso cuidar de minha saúde, pois a dela pode depender da minha.  Também não consigo me imaginar vendo minha menina partir antes de mim.  Sou contra noções de natureza aplicadas às relações  humanas, mas o que vem na minha mente é "isso não é natural".


Enfim, eu imagino a dor da mãe que perde a/o filha/o.  Minha avó passou por isso.  Nós passamos por isso.  Foi de repente, foi dolorido, não foi tão rápido com Carrie Fisher, que teve um ataque cardíaco no dia 23 e faleceu no dia 27, mas depois que começou, o tempo voou.  Eu acredito que o coração de Reynolds não suportou a perda, o corpo não resistiu e ela se foi.  Ficamos com suas imagens, sua dança, seu encanto.

Dislexia é tema de mangá da revista Be Love


O Comic Natalie noticiou que a mangá-ka Mizuho Aimoto estreou um mangá na revista Be Love sobre um jovem que sempre teve dificuldade para ler e escrever.  Isso sempre foi motivo de vergonha e ele terminou abandonando a escola, apesar do seu desejo de estudar.  Um dia, no entanto, alguém lhe conta sobre uma doença chamada "dislexia" e que é possível lidar com ela e estudar apesar das dificuldades.  Enfim, pode ser um mangá lindo, dificilmente terá scanlations, mas, se fizer sucesso, tem grandes possibilidades de virar filme ou live action.  E, bem, mangá é legal por causa disso, todos os assuntos são possíveis.  O nome da série é Boku no Subarashii Jinsei (ぼくの素晴らしい人生).

Kazune Kawahara estréia josei na revista Cocohana


Sei que já falei de Lucky Girl (ラッキーガール), mangá josei de Kazune Kawahara, roteirista de Ore Monogatari!! (俺物語!!).  Acredito ser a primeira incursão dela na demografia.  de qualquer forma, Lucky Girl não será uma série (*se fizer sucesso, quem sabe?*), mas um one shot em duas partes.  A primeira, segundo o Comic Natalie, está na edição atual da revista Cocohana.  A protagonista, se entendi bem, é uma moça azarada, mas que tenta ver o lado positivo da vida.  Um dia, ela vai a uma entrevista de emprego e encontra um cara... 

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Garotas Mágicas e Feminismo são tema de disciplina em universidade dos EUA


O Rocket New 24 publicou uma matéria sobre uma disciplina que deve ser o sonho de muitos fãs de anime e mangá (feministas): “Reading and Writing About Magical Girls”.  A tradução seria algo como “Lendo e Escrevendo sobre Garotas Mágicas”.  A disciplina foi oferecida pela Universidade da Carolina do Sul dentro do curso de Inglês com o código 101.  O pessoal do RN24 resumiu os objetivos da disciplina, que estão explicados  na sua plenitude pelo professor da matéria no Reddit.  São eles:
Compreender os tropes básicos e metodologias do gênero garotas mágicas. Usar o gênero para introduzir os fundamentos do feminismo. (No Reddit, o professor diz que um dos eixos principais da disciplina é a representação das mulheres na mídia.) 
 
Questionar se os interesses de nicho como o anime podem se desdobrar em questões teóricas de estética versus política de uma forma significativa.
Conectar o gênero garotas mágicas com questões mais amplas de importância política. 
Ensinar os alunos a escrever (isto é, afinal, um curso de inglês de nível introdutório).
Parece ser interessante e divertido.  O RN24 citou episódios de várias  séries que foram utilizados como material de análise, como os nomes estavam em inglês, vou citar somente o seriado mesmo: Little Witch Academia, Sailor Moon, Card Captor Sakura, Shoujo Kakumei Utena, Bakemonogatari, Puella Magi Madoka Magica (*toda a série*), The Powerpuff Girls e Steven Universe.  Mas tem leitura, também!   E imagino que muitas!  Algumas das citadas são: “Beyond Bodice-Rippers: How Romance Novels Came to Embrace Feminism” (*parece ser um livro, há uma review aqui*) e “The Cuteness of the Avant-garde” (*Texto completo para download aqui*).

Há uma das aulas do professor no Youtube, o título é “Grace v. Glamour: The Duality of Sailor Moon”.  Para assistir, é só clicar.  É, ou não é, um curso dos mais estimulantes?

Primeiro Teaser Trailer de Fukumenkei Noise


O anime baseado no mangá  Fukumenkei Noise (覆面系ノイズ), de Fukuyama Ryouko, estréia em abril de 2017.  O primeiro teaser trailer com música  de SADESPER RECORD (NARASAKI / WATCHMAN) foi lançado hoje e postado no Comic Natalie.  Você podem vê-lo aí embaixo:

Vamos chamar o Chase, da Patrulha Canina!


Ontem, assaltaram meu pai por volta das 15h no Centro de São João de Meriti. Ele está bem, tinha acabado de deixar mamãe na igreja, mas colocaram arma na cabeça, o revistaram, enfim, e levaram o carro. Ao chegar em casa com mamãe, achei que tinha morrido alguém.  Mamãe estava bem impactada.  Aí, entra Júlia na história: “Cadê o carro do vovô?” “Levaram o carro dele”, diz minha mãe e começa a chorar.  “Ah, vovô, mamãe empresta o carro dela para você!” Todos se entreolham, meu carro está em Brasília.  “Se preocupa não, vovô.  Vamos lá buscar o Chase (*um dos cães da Patrulha Canina*), ele vai atrás dos bandidos e vai buscar o seu carro.”.  Todos riem.  Júlia conseguiu dar leveza a uma situação tão trágica, não pelo carro em si, mas pela violência mesmo.

Júlia foi pegar o cofrinho para dar para o vovô, ele poderia ajudar na compra de um carro novo, não poderia?  Mais tarde, ela ficou sabendo que sua cadeirinha e CDs tinham ido junto.  Quase chorou, mas para cada um que ligava para casa ela falava ao fundo “Levaram o carro do vovô, e minha cadeirinha e meus discos”.  Enfim, Júlia teve medo e pesadelos, mas, também, tiradas muito legais. Foi um dia ruim, com alguns pontos a se lembrar com carinho.  Filhinha estava lá para conferir certa ternura a uma cena tão desagradável, para dizer o mínimo.

Enfim, se você avistar um Grand Siena Vermelho, placa LSV6252, avisem a polícia. Se não retirarem, haverá uma cadeirinha preta e vermelha nele. Ainda temos esperança, mas o seguro foi acionado.  O carro foi o primeiro Zero Km que meu pai, mecânico, comprou na vida.  Estava quitado, pelo menos isso.

Ranking da Oricon – Penúltimo do ano


Estou postando o ranking da Oricon da semana de 12 à 18 de dezembro.  É o penúltimo do ano.  Dois shoujo no top 10 e uma boa representação de shoujo e josei entre os 30 mais vendidos.  Os três títulos mais bem sucedidos estrearam no ranking.  P to Jk está com filme prestes a estrear no cinema. Já L♥DK me surpreende pela longevidade e força no ranking.  De resto, Toshokan Sensou e Card Captor Sakur resistiram por mais uma semana e Yume no Shizuku, Ougon no Torikago subiu uma posição em relação à semana passada.

7. P to JK #8
9. Haru Matsu Bokura #6
13. L♥DK #22
15. Yume no Shizuku, Ougon no Torikago #9
21. Toshokan Sensou ~Love & War~ Bessatsu Hen #3
25. Cardcaptor Sakura ~Clear Card Hen~   #1
29. Ouke no Monshou #62

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

E a Princesa Leia nos deixou


O dia foi difícil para mim aqui, a conexão está horrorosa, mas eu preciso fazer um post que marcasse a perda de Carrie Fisher, a eterna Princesa Leia.  A atriz, nascida em 1956, sofreu um ataque cardíaco em um vôo de Londres para Los Angeles no dia 23  de dezembro.  Desde então, ela estava na UTI e não se recuperou.  Alçada ao estrelato em 1977, com o primeiro Guerra nas Estrelas, a atriz tinha pais famosos (*o cantor Eddie Fisher e a atriz Debbie Reynolds) e uma carreira bem expressiva, mas tal e qual outras atrizes e atores (*como Vivien Leigh e Scarlet O'Hara,  por exemplo*), ela ficou prisioneira de uma personagem.  


Não sei se isso a incomodou, mas sei que, para muita gente, ela ficou reduzida - e essa palavra não é boa neste caso - à sua atuação como Leia.  Fisher foi atriz de cinema e TV, roteirista, consultora de roteiros, escritora, entre outras ocupações.  Não estar na frente das câmeras não quer dizer que ela não estivesse lá.  Ela estava.  De qualquer forma, é por Leia, que ela será mais lembrada.  Uma personagem simples e difícil, afinal, tinha que ser a donzela em perigo e, ao mesmo tempo, uma mulher forte e com liderança.  Princesa e general, você pode escolher, ou ficar com as duas.  Ela conseguiu.  E nós a amamos e ela ainda será vista no próximo filme de Star Wars.  O que virá depois, não sabemos.

P.S.: Não fechem as listas dos que foram para outro plano ainda, porque 2016 não acabou, segue até o sábado.

Kanouso terá dorama coreano


Segundo o ANN, o volume #21 de Kanojo wa Uso o Ai Shisugiteru Shoujo (カノジョは嘘を愛しすぎてる), de Aoi Kotomi, lançado na segunda-feira, trouxe a informação de que a série terá um dorama coreano.  A série terá seu último capítulo publicado na revista Cheese em 24 de fevereiro (*edição de abril*).  Além do dorama, um evento comemorará o lançamento do último capítulo.  Já o último volume do mangá, o #22, será lançado em 26 de abril.  Kanouso estreou em 2009 na revista Cheese e teve um filme live action japonês estreando no cinema em dezembro 2013.  Além disso, contou com um dorama prequel com 10 episódios lançado no mesmo mês.  Não me surpreenderia se tivéssemos outro dorama anunciado nos próximos meses.

Hana-Kimi terá episódio especial em janeiro


Segundo o ANN, a revista Betsuhana anunciou que Hanazakari no Kimitachi e (花ざかりの君たちへ), ou simplesmente  Hana-Kimi, terá um episódio especial em janeiro.  Mais que esperado, aliás, pois faz parte da promoção do jogo Hana Zakari no Kimi-tachi e ~Boys love you~ (花ざかりの君たちへ~Boys love you~) que já está com pré-inscrições abertas.


Enfim, parece que o capítulo especial será sobre Sano e Nakatsu, mas não há  maiores detalhes ainda.  Hanakimi começou a ser publicado em 1996, teve 23 volumes no total, contou com duas adaptações para live action em 2007 e 2011, fora o dorama coreano em 2006.  Ainda espero um anime, mas não me surpreenderia se tivéssemos mais um dorama ou mesmo um live action.

Notícias diversas: Glass Mask e Please Save My Earth


Post rápido com duas notinhas direto do Comic Natalie.  A primeira delas é que Suzue Miuchi decidiu lançar um livro de colorir para adultos de seu clássico Glass Mask (ガラスの仮面).  O livro sai nno dia 31, mas o site com vídeo especial (*para a gente se sentir maravilhada e humilhada,ao mesmo tempo*), já está on line.


A segunda notinha é sobre Boku no Chikyuu wo Mamotte ou Please Save My Earth, como é  conhecido, também, clássico de ficção científica romântica, trágica, reencarnacionista de Saki Hiwatari, completou 30 anos.  A série teve uma adaptação animada em seis episódios, mas merecia muito mais.  Fora isso, já teve/tem dois spin-off: Boku wo Tsutsumu Tsuki no Hikari -Bokutama Jisedai hen-  (ボクを包む月の光 -ぼく地球(タマ)次世代編-) e Kioku Senmei  (記憶鮮明).  Boku wo Tsutsumu Tsuki no Hikari sai na Betsuhana e a última edição trouxe um booklet comemorativo.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Comentando O Beco do Rosário – volume 1


Anteontem, concluí a leitura do volume 1 de O Beco do Rosário, premiada HQ da brasileira Ana Luiza Koehler.  Trata-se de um trabalho autoral que se desdobra página à página de forma artesanal, é como uma obra de arte que se destaca pelo apuro com os detalhes da arquitetura, do vestuário e das expressões faciais das personagens.  Beco do Rosário foi o vencedor do prêmio de Publicação Independente de Autor do último HQMix e certamente mereceu a sua estatueta.

Beco do Rosário acompanha a algumas personagens nos anos 1910 e 1920 do século XX (*não sei se a história se desdobrará por outras décadas de nosso século*).  Uma das personagens principais é Vitória, uma moça negra que sonha em ser jornalista, outra personagem central é Teo, um engenheiro, filho de alemães, que volta da Europa e termina contratado para participar dos projetos de remodelação de Porto Alegre.  E, sim, a cidade, com seus becos em extinção, suas sonhadas largas avenidas, é outra grande personagem da história.  Tudo acontece na cidade.  Tudo gira em torno da cidade.  É nesse espaço que as personagens ganham, vida.

Cidade sonhada, cidade real.
A autora de Beco do Rosário é arquiteta e ilustradora, dedica-se tanto ao desenho de quadrinhos como a trabalhos na área de arquitetura e arqueologia.  Sim, Ana Luiza Koehler se interessa por arqueologia urbana e o Beco do Rosário é sobre isso, também, as raízes de uma cidade, suas transformações, o redesenho da urbe para que ela ganhe feições mais modernas, na concepção dos gestores, mas carregada de (pre) conceitos sobre raça, classe, higiene, o lugar de cada um na Porto Alegre que se expande.  

Não conhecia o “bota-abaixo” de Porto Alegre, mas foi algo imitado do ocorrido no Rio de Janeiro no início do século.  Este,eu conheço bem, foi largamente documentada, dou aula disso todos os anos e foi central, por exemplo, na primeira fase da novela Lado à Lado, da Rede Globo, e em outra novela que me é muito amada, O Direito de Amar.  Os pobres moradores do centro, que habitavam seus becos e cortiços, tratados como marginais, como ameaças à saúde da cidade e dos seus moradores “de bem”, difamados e empurrados para os arrabaldes, no Rio, foram os subúrbios e favelas.  Sem moradias baratas e próximas de seus empregos, sua vida tornou-se mais difícil, mas a cidade renasceu moderna, espelhada em metrópoles europeias.  Largas avenidas, como a Rio Branco, no Rio, surgiram nesta época.  Alguns becos, como o do Rosário (*do Rio*) sobreviveram, mas na capital da República, até o grande Morro do Castelo desapareceu.

A arte de O Beco do Rosário.
A formação da autora e seus interesses transparecem na preocupação com os detalhes, com as minúcias históricas, as notas e uma introdução que parece feita para agradar historiadores, como eu, discutindo os meandros da história, o que é fato e ficção, como ambos se costuram.  A história de Vitória, a protagonista negra que sonha em ser jornalista, entrecruza raça, classe e gênero ao abordar as limitações impostas a uma mulher pobre e negra.  Vitória é talentosa, mas sempre subestimada.  Só que ela não se dobra e isso é importante para garantir sua independência e possibilidades de ação no social.

A questão das mulheres também começa a ser discutida através da personagem Frederica, amiga de infância de Vitória.  Moça rica, irmã de Teo, ela era pianista e concertista antes de casar e se sente triste por não poder continuar com a carreira depois de casada e lamenta isso.  Ninguém exige tal sacrifício de um homem.  Eles podem continuar com suas carreiras independente de um casamento.  Obviamente, há o recorte de classe.  Quais mulheres podem se dar ao luxo de não trabalhar?  Não as pobres como Vitória.  Aliás, será que Teo levará adiante os planos de infância de se casar com ela?  Seria um escândalo.

Estudo de cor.
A outra protagonista é Teo, um engenheiro filho de alemães e que estudou no país de seus ancestrais.  Teo combateu na I Guerra, foi amputado, e tem que conviver com as expectativas dos pais, que desejam que simplesmente assuma os negócios da família e se acomode, como se o diploma servisse somente para distinção social. Além disso, o rapaz passa a ser visto como um inválido. Ele, no entanto, quer ter sua própria carreira e recebe uma mãozinha do cunhado, casado com Frederica, para conseguir um emprego na prefeitura.  Jeitinho típico brasileiro, mas acho que o cunhado cobiça o lugar de Teo na fábrica do sogro.  Trabalhando no bota-abaixo, Teo sente simpatia pelos que serão desalojados, percebe a crueldade do projeto.  Mais cedo, ou mais tarde, seus caminhos vão se cruzar com os de Vivi.  Vamos ver como ele vai agir nos próximos capítulos.

E chegamos ao ponto que desgostei: O Beco do Rosário é muito curto.  Quando comecei a me empolgar muito com a leitura, acabou.  Pior, não há realmente uma previsão de lançamento do volume #2. O primeiro saiu em 2015, não houve lançamento este ano... Será que em 2017 teremos mais?  Assim espero.  É isso, trata-se de um quadrinho brasileiro de grande qualidade.  Para adquirir a obra, é só seguir as informações do site da autora.  O site oficial também tem desenhos de produção, estudos, enfim, muito material interessante.  Vale a visita, mesmo que você não se interesse pela obra.

"É Difícil Amar um Otaku"chega ao terceiro volume com direito à Drama CD


Wotaku ni Koi wa Muzukashii  (ヲタクに恋は難しい), algo como "É Difícil Amar um Otaku", é um sucesso que saiu do site pixiv e vem fazendo uma bela trajetória com seus volumes encadernados.  O terceiro chegou às lojas no dia 23 com direito à edição limitada com Drama CD e uma animação curta que será exibida em um evento em Shibuya, segundo o Comic Natalie.   Obviamente, ainda não é um anime para a TV, ou um OAD, mas já é alguma coisa.  Minha aposta, no entanto, é um dorama ou filme para o cinema.  De qualquer forma, o anime que será exibido em Shibuya, vai ser colocado no Youtube em um futuro próximo, segundo o CN.  De resto, a série conta a história de dois amigos de infância, dois otaku modelo, uma fujoshi e um fanático por games, que se reencontram no ambiente de trabalho depois de muitos anos separados.  Eles tentam esconder seus hobbies e serem pessoas comuns, mas... 


domingo, 25 de dezembro de 2016

Filme animado de Orange ganha versão mangá


O Comic Natalie anunciou que Orange ~Mirai~ (orange-未来-), a história original vista pelos olhos de Suna ganhou uma versão mangá.  Este mês terminou o gaiden sobre Suna e, no próximo mês, a Comic Action trará a quadrinização do filme, que estreou em novembro nos cinemas japoneses.  Espero que seja pelo menos em duas partes.  


Espero, também, que a JBC seja gentil conosco e publique este volume extra.  Orange foi o melhor mangá que li em 2015-16, mas ele abre mil possibilidades de gaiden com suas personagens.  Eu queria uma história extra de cada uma das protagonistas.  Pensei agora que a saída da Ichigo Takano da Betsuma pode ter sido ocasionada pela pressão para esticar uma história de sucesso.  Orange poderia ser forçado a esticar, especialmente, em uma revista tipo a Betsuma.  Estou especulando, enfim...

Fujiwara Hiro promove crossover entre Maid-sama e sua série atual


Segundo o Comic Natalie, a edição de fevereiro (*e que sai em dezembro*) da revista LaLa trouxe um crossover entre o mangá atual da autora, Yuki wa Jigoku ni Ochiru no ka  (ユキは地獄に堕ちるのか), e a do seu maior sucesso, Kaichou wa Maid-sama!  (会長はメイド様!).Se entendi corretamente a notícia, as personagens de Maid-sama serão lançadas no universo da outra série, que tem toques de sobrenatural e ficção científica.  Não li nada de Yuki wa Jigoku, então, não tenho como dar detalhes da trama (*conexão ruim não colabora*), mas pode ser interessante.  De resto, a edição traz brinde de Natsume no Natsume Yuujinchou (夏目友人帳).  

Maid-sama foi publicado no Brasil pela Panini e a série teve, também, adaptação para a animação, o que ajudou na sua popularidade.  A série atual da autora, entretanto, não conseguiu ainda destaque semelhante.

Kimi wa Petto terá novo dorama no ano que vem


Foi anunciado para o ano que vem um novo dorama de Kimi wa Petto (きみはペット), divertidíssima série de Yayoi Ogawa.  A nova versão estréia na TV Fuji no dia 6 de fevereiro e terá 10 episódios.  Iriyama Noriko será Sumire, a workaholic perto dos 30 anos e passando por problemas no trabalho que, voltando para casa, encontra um pobre bishounen em uma caixa de papelão.  Ela o leva para casa e dá-lhe abrigo.  Mais adiante, ela aceita que ele fique, desde que passe a ser o seu "pet" e lhe dá o nome de Momo, seu cachorro da infância.  Momo/Takeshi será interpretado por Shison Jun.  o trailer está aí embaixo:


Como disse a amiga  que me mandou a notícia, "Não precisava!".  A primeira versão para dorama é de 2003 e traz Matsumoto Jun e Koyuki nos papéis principais.  Trata-se de um dorama muito legal e Momo é simplesmente adorável, já esse novo...  Se for remake, poderíamos passar sem ele.