O ANN anunciou ontem (*no Comic Natalie veio somente hoje*) que teremos um mangá gaiden de Chihayafuru estreando na próxima edição da revista Be Love. O roteiro é baseado na novel (*romance curto*) de Yui Tokiumi sobre os anos de ginásio de Chihaya e Taichi, já a arte é Oto Touda. O nome do mangá é Chihayafuru Chuugakusei-hen (ちはやふる 中学生編), em referência ao ginasial. A estréia é no dia 13 de outubro.
Chihayafuru é um sucesso e tirou Yuki Suetsugu do inferno para o estrelato. Vamos ver como esse novo mangá no mesmo universo da série que encantou tanta gente se sai.
Todo mundo que vem aqui no Shoujo Café deve saber que estou acompanhando com atenção os arranjos da próxima novela das seis da Globo. Orgulho e Paixão será inspirada em Orgulho e Preconceito de Jane Austen e mais dois de seus livros, Northanger Abbey e Razão e Sensibilidade. Fonte de inspiração não quer dizer que a coisa será seguida à risca, aliás, todo mundo sabe que não será, OK? Qual a notícia agora? Vamos lá!
Alessandra Negrini está sendo apresentada como vilã da novela. Uma criada que fará o possível para roubar a fortuna de sua patroa, Julieta, interpretada por Gabriela Duarte. Primeira coisa, Negrini é ótima atriz. Segunda coisa, ela sempre fica melhor como vilã do que mocinha. Terceira coisa, ainda bem que Gabriela Duarte não será uma das irmãs Bennet, a última informação apontava para isso. Quarta coisa, isso aí não veio de Jane Austen mesmo!
Enfim, vilões de uma novela inspirada nessas três obras teriam que ser a tia de Darcy, Miss Bingley, o senhor de Northanger Abbey, e a cunhada cruel (*e seus satélites*) das irmãs Dashwood. Nada apareceu sinalizando quem seriam essas personagens, ou se elas estarão na trama. De resto, para quem não sabe, a versão Mr. Darcy global será Thiago Lacerda e Nathalia Dill será Elizabeth. Reforço que continuo achando que Thiago Lacerda passou da idade. Ricardo Tozzi é o vilão, mas não será Wickham, porque foi apresentado como rival de Malvino Salvador e, não, de Thiago Lacerda... Não vi quando o anunciaram como vilão. Não vi mesmo. Agora, estou confusa...
Ichirei Shite, Kiss (一礼して、キス), de Yakko Kaga, estreia em 11 de novembro de 2017 nos cinemas. Publiquei o trailer anterior aqui. O mangá, que foi publicado na Betsucomi, gira em torno de um clube de arco e flecha e do romance entre a presidente do clube, insatisfeita com seu próprio desempenho, e seu kouhai, que se apaixona primeiro e toma a iniciativa. Elaiza Ikeda faz a protagonista An Kishimoto, e Masaki Nakao é o kouhai, Youta Mikami. O novo trailer traz a música tema "think of you" do grupo lol. As informações estão no Comic Natalie.
P to JK (PとJK), de Miyoshi Maki, teve filme para o cinema e venceu o 41º Kodansha Manga Award na categoria shoujo este ano. A série conta o romance entre uma colegial e um policial. Kako, a protagonista, conhece o moço quando vai a uma festa fingindo ter 22 anos, na verdade, ela tem somente 16.
A coletânea Love to JK (LOVEとJK) traz histórias curtas anteriores à série e outros materiais relacionados.
No mesmo dia, 13 de setembro (*a matéria está atrasada*), saiu o volume #10 do mangá, que continua sendo publicado na Betsufure. As informações estão no Comic Natalie.
O primeiro filme de Haikara-san ganhou novo trailer, dessa vez longo e mostrando praticamente todas as personagens. Haikara-san ga Tooru ~Benio, Hana no 17-sai~ (劇場版 はいからさんが通る 前編 ~紅緒、花の17歳~) estreia no dia 11 de novembro. O videozinho indica que a história vá avançar muito nesse primeiro filme, agora, senti falta, muita mesmo, dos avós de Ijuin, o noivo de Benio. Eles são importantes no mangá, a avó dele, especialmente, e eles não aparecem nem no vídeo, nem nos desenhos de personagens que estão no Comic Natalie. Deem uma olhada no trailer:
De resto, até Tousei, o dono do jornal onde Benio vai trabalhar e que tem alergia às mulheres, está no vídeo. Pensei que ele entraria somente no segundo filme. Ele só aparece quase na metade do mangá. Ele consegue conviver com Benio sem passar mal, porque, bem, ela não é feminina o suficiente. Foi o único visual atualizado que não me agradou. Realmente, não gostei. O resto ficou muito bonito.
Tousei é o moço de perfil.
Agora, o vídeo adiantou a história toda e a falta dos avós é estranha mesmo. Afinal, Benio é obrigada a ir morar com a família do noivo para aprender os costumes da família dele. Primeiro, ela quer que eles a devolvam, apronta todas, obriga seu amigo Ramaru a se vestir de maid e arrumar um emprego lá. Com o tempo, ela passa a se afeiçoar pelos avós do moço e é na casa dele que acontece a cena mais emocionante do mangá, os funerais, com Benio usando seu quimono de casamento e cortando os cabelos... Enfim, sem os avós, a história perde a força.
Esta será uma resenha curta, ou assim, eu espero. Assisti My Cousin Rachel, a versão de 2017, segunda-feira. Ainda estou meio de cara, aliás, se efetivamente o título nacional for Eu Te Matarei, Querida. Não me surpreende que ele tenha estreado nos cinemas e eu nem tenha percebido, apesar de estar esperando o filme. Enfim, baixei o filme e ele foi um dos mais fracos que assisti este ano. Muito decepcionante a atuação do Sam Claflin, esperava mais dele. No entanto, difícil saber se a responsabilidade é somente dele, ou do roteiro como um todo.
My Cousin Rachel é baseado em um romance de Daphne Du Maurier, escrito em 1951 e adaptado rapidamente uma primeira vez em 1952. Não é dito a data da história no filme atual, mas o anterior se passava em 1938. Analisando o figurino, deve ser por aí mesmo. A trama gira em torno de Philip (Sam Clafin), um jovem orfão acolhido muito pequeno por um primo solteirão e dono de muitas terras na Cornualha chamado Ambrose. O primo-pai sofre de alguma moléstia que o obriga a passar temporadas em terras mais quentes, no Sul da Europa, mas, durante o resto do tempo, sua vida gira em torno de Philip e da propriedade. Um dia, ao voltar da faculdade, Philip recebe uma carta de Ambrose, que está na Itália, comunicando seu casamento com uma prima viúva chamada Rachel (Rachel Weisz). As cartas se sucedem e parecem todas felizes, até que o jovem recebe uma missiva em tom muito alterado do primo que diz que Rachel quer matá-lo, que o está envenenando, e pedindo socorro.
Já saindo do luto. Rachel é excelente amazona.
O jovem mostra a carta ao seu tutor, Nick Kendall (Iain Glen) e sua filha Louisie (Holliday Grainger). Não tarda a chegar uma carta comunicando a morte de Ambrose. Philip parte para a Itália em busca de explicações e vingança, mas só encontra o advogado do primo, Enrico Rainaldi (Pierfrancesco Favino), que conta que Ambrose morreu devido a um tumor no cérebro e que sofreu de alucinações em suas últimas semanas. Philip não acredita e passa a ser consumido pelo ódio. Ele quer se vingar e parece que sua chance aparece quando a viúva de Ambrose, a prima Rachel, chega a propriedade. No entanto, o rapaz se deixa encantar e passa a alimentar a dúvida. Ela matou Ambrose? Ela é uma vítima? Ela é confiável?
Olha, se Sam Clafin passasse alguma dúvida, ou resistência, o filme poderia ganhar um pouco de densidade. O problema é que, desde o primeiro momento, ele fica absolutamente fascinado por Rachel. E, bem, anulou-se a tensão, a dúvida e vemos o moço se desfazer aos pés dela. Assim, em alguns momentos do filme a atuação dele, o roteiro medíocre, fazem com que o filme chegue quase ao insuportável. Só não o é por causa de Rachel Weisz, mas em ela pode salvar a história de ficar abaixo do medíocre.
A viúva. Assassina? Vítima?
Não tenho como analisar o filme tomando como ponto de partida o livro. Eu não li, nem me sinto inclinada a fazê-lo. Sei que Daphne Du Maurier (1907-1989) tem uma carreira sólida e vendia muito bem. Não vou entrar na discussão sobre o plágio de Rebecca em relação ao livro brasileiro A Sucessora, de Carolina Nabuco, porque, bem, sou cada vez mais inclinada a pensar que houve coincidência e uso de estruturas narrativas mais que comuns. De qualquer forma, também não tenho como analisar o filme de 1952, não o assisti, mas ele recebeu várias indicações ao Oscar, rendeu um Globo de Ouro de revelação para Robert Richard Burton e elogios para Olivia de Havilland. O que posso dizer é que esse filme de 2017 tem um roteiro muito limitado.
Se eu for para a personagem mais enigmática, Rachel, o que eu posso dizer? Ela é viúva duas vezes e ainda é jovem e bonita. Há em torno dela a sedução de ser estrangeira, em alguns poucos momentos, é trazida à tona uma certa passionalidade latina, um certo mundanismo e sensualidade contida (*ela está com roupas de luto o tempo inteiro*), afinal, o primeiro sorriso que ela arranca de Philip é com uma piada de duplo sentido. É muito claro para mim que é para fazer contraste com Louisie, a moça inglesa sensata, inteligente, contida, mas firme, que todos esperam que se case com Philip. Louisie sempre está com roupas claras, práticas, mas bonitas, e Holliday Grainger parece mais branca do que já é. Contraste perfeito com a morena Rachel. Mas Philip cai por Rachel de imediato, sem disfarces, e mal enxerga a amiga apaixonada.
O ódio e vontade de Philip não duraram um minutinho diante de Rachel.
Rachel era uma assassina? Interesseira? Sedutora? Não sei. Ela me parece ser, além de ter uma vida pregressa um tanto dissoluta, como bem levantou o pai de Louisie. Ela gasta demais. Ela manda dinheiro – da pensão que Philip decide lhe dar – para o exterior. Para quem seria? Qual a relação dela com o italiano Rainaldi? Seria seu amante? No entanto, ela parece ser uma boa pessoa. Em alguns momentos, ela parece ter caráter, querer simplesmente gerir sua vida sem a tutela de um homem. Como foi seu primeiro casamento?
Em dado momento, Rachel chega a dizer que gostaria de trabalhar, poderia dar aulas de italiano para se sustentar. Um blefe, talvez, mas que é a reação de Philip? Mulheres como ela não trabalham. Viúvas se casam de novo. Trabalho é para mulheres pobres, sem homem, sem protetor, sem apelo sexual. Ela reafirma sua vontade, ele diz que não permitiria em memória do primo. Seria uma vergonha. Daí, fiquei pensando e se Rachel tiver, sim, seus pecados, mas for, também, uma mulher vítima de uma sociedade patriarcal?
O jovem dá tudo para Rachel, inclusive o colar que era de sua mãe.
Fiz a ponte com a versão ruim de Os Três Mosqueteiros (1993) que transformou convincentemente Milady (Rebecca De Mornay) em vítima. Ninguém nunca quis ouvi-la. Todos a acusaram. Ela seduziu o padre, ou foi violentada? Ela foi usada pelo irmão, ou o usou? A versão dela ninguém ouviu e quando Athos, o homem que ela amou, descobriu a marca dos ladrões em seu ombro, tentou matá-la. Ela se tornou uma assassina, uma espiã, mas que opção ela teve? O Cardeal Richelieu foi o único que a acolheu. E se a narradora da história fosse ela, será que não seria diferente? Na época, eu fiquei furiosa. Com o passar do tempo, meu olhar sobre o filme mudou.
Ambrose tinha um tumor, no filme fica um tanto no ar que a coisa pode ser hereditária e Philip também sofra do mesmo problema. Quando ele e Rachel passam a noite juntos (*e não há nenhuma nudez, nada, nada*), depois que o jovem atinge a maioridade e passa todos os seus bens para ela, ele é tomado de ciúme e sentimento de posse. Imaturidade, poderia ser dito. Criado em um ambiente masculino e ausente de mulheres, ele não sabe tratá-las, talvez seja mesmo virgem.
Pode parecer uma cena romântica, mas minha opinião é outra.
O sexo é um visível rito de passagem para ele. As sequências antes e depois (*banho de mar, única cena de nudez do filme*), são as mais emocionais da personagem. Ele parece sair do seu modo bobão, mas é coisa rápida. Só que quando Rachel recusa o seu corpo, diz não, ele é violento. Rachel cede uma vez. O que vemos em seu rosto? É nojo? Repulsa? Ou a face fria de uma mulher interesseira. A partir daí, ela se defende, ela diz que não é propriedade de ninguém, que não aceitará mais a violência de um homem.
Rachel poderia ser uma assassina? Interesseira? Certamente. No entanto, se Rachel casasse com Philip ela perderia tudo, os bens voltariam para ele. Agora, se ela casasse com o jovem, ela perderia a liberdade. As leis a colocariam sob sua tutela. Ela não deseja isso. A recusa é por esse motivo? É por causa do escândalo? É porque ela efetivamente queria todos os bens de Ambrose? Quem sabe? As ações de Rachel sempre deixam dúvidas, seu caráter não é transparente. E, por fim, quem narra a história é Philip e ele, por ser machista, por ser imaturo, por sentir-se rejeitado é tudo, menos confiável.
Dois tipos de mulheres. Uma é confiável, a outra, não é.
Terminando, repito, Sam Claflin está mal no filme. Não sei se foi apagão, ou o que foi, mas não funcionou. Ele me lembrou o príncipe de Encantada solto em uma propriedade inglesa ao estilo Jane Austen. Um ator com uma postura cênica, mais dúbia, mais rústica, poderia fazer diferença, criar a tensão sexual que falta ao filme. Como Rachel diz em um momento do filme, ele parece um filhotinho de cachorro pronto querendo colo. Enfim, não li o original, não assisti o filme de 1952, mas a história seria melhor com um Philip diferente. Assistam o filme por sua conta e risco. As locações são muito bonitas, o figurino é charmoso. Rachel Weisz está bem, ela leva o filme nas costas e se há algum interesse nele é ver a atuação da atriz. Ian Glen sempre me parece charmoso. Já o resto do elenco não se destaca. Não há como, aliás. Bechdel Rule é cumprida? Sim, é. Filme feminista? Bem, posso ver Rachel como uma protofeminista, uma mulher que quer sair da prisão, mas só com o malabarismo interpretativo que eu fiz. De cinco estrelas somente duas. Talvez, tente dar uma olhadinha na primeira adaptação, a própria autora não gostou, vai que é melhor que este?
Please Save My Earth, em japonês Boku no Chikyuu o Mamotte (ぼくの地球を守って), de Saki Hawatari, é um clássico do shoujo de ficção científica. Um grupo de extraterrestres observa a Terra de uma base na Lua. Por uma série de acontecimentos trágicos, eles morrem e reencarnam em nosso planeta. Aqui, os seis jovens reencarnados, com destaque para a protagonista, Alice Sakaguchi, terminam se reunindo, e fragmentos de memória começam a retornar. Um deles, Rin Kobayashi, no entanto, é bem mais jovem, o que desperta certas suspeitas. E, bem, há uma razão para isso, e nosso planeta está correndo perigo. Há OAVs baseados no mangá, mas eles não cobrem toda a série. Uma novíssima série de TV seria muito bem vinda.
Agora, segundo o Comic Natalie, um caderninho de notas comemorativo publicado em 1989 foi relançado para marcar os 30 anos da série, que foi lançada em 1986. Ele é o brinde da revista Betsuhana. Enfim, eu recomendo muito Please Save My Earth e as mudanças da arte da autora foram bem grandes entre o volume #1 e o #21. O mangá teve uma sequência chamada Boku o Tsutsumu Tsuki no Hikari (ボクを包む月の光 -ぼく地球(タマ)次世代編-) com 15 volumes, além de um spin-off que está em publicação.
Fiz um post dias atrás sobre a terrível quinzena de acontecimentos que abriu setembro, pois bem, ela se desdobrou em um mês inteiro. De que estou falando? Ora, ontem, o STF - que tem prerrogativa em questões constitucionais - deliberou (*6 votos a 5*) que aulas de educação religiosa confessionais são absolutamente legais. O que isso significa em termos práticos? Que crianças poderão e serão catequizadas e evangelizadas nas escolas públicas. É preciso dizer que se trata do ato final de um ataque ao Estado Laico, pelo menos nesse aspecto, porque a partir do momento que o STF autorizou é game over.
Ora, as bases para o ensino religioso em escolas públicas, nas particulares religiosas a coisa é plenamente legal e não é questionada, se assenta na Constituição. O artigo 210 diz: “o ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental”. Nada é dito que ela deveria ser confessional, mas está aberto o caminho. A LDB, que é de 1996, vai além na questão no seu artigo 33: "O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo.".
O que estaria previsto, então? História das religiões? Valores? Minha mãe, e somos evangélicos/protestantes, muito antes da LDB e da Constituição de 1988, deu aulas de educação religiosa em escola pública. Ela tinha uma coleção de livros católicos que falavam inclusive da teoria da evolução de forma muito didática. Eu devo ter pego para ler quando estava com uns 10, 11 anos. Só que os tempos mudaram e não mudaram pouco. Duvido que aquela coleção do início dos anos 1980 que primava por valores, ainda que assentados em premissas cristãs, fosse aceita hoje, com nossa onda de obscurantismo e anti-intelectualismo. Du-vi-do!
E, agora, segue minha experiência como minoria religiosa (*porque, sim, os evangélicos/protestantes já foram minoria*) na escola, especialmente na pré-escola e ensino fundamental poderia ter sido traumática. Isso, claro, se eu fosse uma criatura de me estressar com certas coisas... Nunca tive educação religiosa na escola, nem pública, nem privada, mas a fé de alguns professores/as transbordava em nós. Aos 5 anos passei por uma humilhação pública quando a nova professora queria terminar nossas aulas rezando a Ave Maria. A criatura (*EU*) abriu o bocão e perguntou o que era isso. Uma coleguinha muito católica foi particularmente rude. Ela disse que eu era herege (*foi a primeira vez que ouvi a palavra*) e ia queimar no inferno.
Cheguei em casa e relatei para mamãe. No outro dia, ela estava lá para conversar com a professora. Chegaram a um acordo, passamos a "rezar" o pai nosso. Havia coleguinhas, pelo menos dois, praticantes do Candomblé na sala. Ninguém se preocupou com eles que, aliás, eram alvo de chacota. Aliás, para eles, melhor rezar e tentar se misturar com o resto do grupo... Na 1ª série, um colega espírita kardecista também sofria com humilhações. Era erroneamente chamado de "macumbeiro". Xingamento, claro, mas para as boas crianças cristãs - evangélicos incluídos - umbandistas, candomblecistas e kardecistas eram todos macumbeiros.
Eu era ensinada em casa e na igreja, não na escola, a ver todas essas práticas religiosas como execráveis. Mas era, também ensinada a ver imagens como receptáculos de demônios (1Co-10:14-22) e uma vez entrei em pânico na missa de dia das mães da escola (*que não era religiosa, repito*), acho que tinha uns 6 ou 7 anos. E, claro, houve a vez que me perguntaram pelos meus padrinhos de batismo. Eu não tinha, nem sabia o que era, aliás, estava na 3ª série, e um coleguinha me perguntou "E quem dá presentes para você?". Mesma resposta para Papai Noel:meu pai, minha mãe. De novo, aquilo não me estressou, mas meu nível de sensibilidade para certas coisas era muito baixo. Ser minoria nunca é fácil, mas poucas minorias aprendem sobre tolerância (*é o mínimo*) e praticam as mesmas coisas quando deixam de ser. E que fique claro que, nós, evangélicos, nunca fomos um bloco homogêneo.
Batistas, eu era e sou batista, discriminavam sistematicamente os pentecostais e outras confissões religiosas - presbiterianos, metodistas - pelos mais diferentes motivos. Só que, agora, todo mundo tende a se juntar, mesmo certas linhas do catolicismo em algumas questões, em torno de bandeiras comuns: cura gay, proibição do aborto, ensino religioso confessional etc. Somos um país cristão, não é mesmo? Enfim, voltando ao ponto, se até a LDB a questão da educação religiosa não estava caracterizada como confessional, veio o acordo com o Vaticano durante o governo Lula, em 2009. E, sim, nesse caso, a culpa é dele, vejam só o Artigo 11:
"A República Federativa do Brasil, em observância ao direito de liberdade religiosa, da diversidade cultural e da pluralidade confessional do País, respeita a importância do ensino religioso em vista da formação integral da pessoa. §1º. O ensino religioso, católico e de outras confissões religiosas, de matrícula facultativa, constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, em conformidade com a Constituição e as outras leis vigentes, sem qualquer forma de discriminação."
Foi em cima disso aí que se criou a brecha para esse salseiro que vimos nos últimos dias. Infelizmente, antevejo muito constrangimento, muita angústia da parte de certas crianças, e muito proselitismo rasgado nas escolas. Neste caso, a Escola Sem Partido não vai se pronunciar. Os únicos partidos que não podem estar na escola são os de esquerda, todos os outros, inclusive os religiosos, podem. Uma amiga que deu aula na rede estadual do Rio, onde, na prática, o ensino confessional vigora desde o último governo Garotinho, dizia que as aulas facultativas terminavam se tornando obrigatórias na medida que não havia outras.
As crianças não terão escolha, seja porque a escola não tem estrutura para oferecer alternativas, seja porque os pais não irão permitir. Religião é sempre algo bom? Não sei, especialmente, quando olho o Rio de Janeiro, hoje, onde existe até a categoria "traficante evangélico" (*artigo acadêmico de 2008*) que destroem terreiros das religiões afro em nome de deus. E coloco em minúsculo, porque não sei a qual deus estão venerando. Não é o mesmo no qual eu creio. O que quero frisar é que a tolerância com o crime - violências de todo o tipo, tráfico de drogas, assassinatos, estupros, etc. - não deveria fazer parte do dia-a-dia das igrejas, de nenhuma delas, mas, hoje, faz. Existe uma cruzada moral [1] que não considera criminosos esses traficantes que, em certos casos, parecem agir como braço armado de alguns (pretensos)pastores.
Mas é aquilo, quando o Estado se ausenta, lava as mãos, outros poderes se afirmam. Os cidadãos se tornam reféns e não tem em quem confiar, alianças estratégicas podem se firmar em casos assim, mas isso, claro, nada tem a ver com cristianismo. De resto, enquanto faltam professores das mais diferentes matérias em nossas escolas, especialmente, os de exatas, quando se impõe uma reforma do ensino médio que permitirá ao estudante (*Duvido que haja escolha, mas seria assunto para outro post.*) escolher se quer estudar Biologia, Química, Física, História, Geografia, parece-me estranho que a preocupação seja em garantir o Ensino Religioso confessional.
De resto, como disse o Ciro Gomes em uma entrevista,[2] parece que abriram a sepultura do século do século XIX, e coisas nauseabundas estão emergindo de lá. Uma das melhores coisas que o Exército Brasileiro já fez foi transformar o Brasil em Estado Laico. Por isso, ainda que você possa considerar 1889 um golpe de estado, e trata-se de uma leitura válida, ao declarar-se laico, o Brasil se destacou de seus vizinhos, possibilitou, pelo menos aos protestantes, igualdade de direitos diante da lei. Mas, claro, essa separação, que foi traumática para a Igreja Católica como instituição, para o povo simples (*vide Canudos*) que cria do fundo de seu coração em sacramentos como batismo e casamento, durou pouco. Quando Getúlio Vargas assumiu, as relações promíscuas entre Estado e Religião já estavam avançando muito.
Parece, no entanto, que slogans como "Deus, Pátria, Família" voltaram á moda. Resta saber se você concorda com as mesmas noções que alguns estão gritando. Não será divertido, pelo menos para alguns, descobrir que o grupo mais forte tende a eliminar os inimigos e o aliado de ocasião hoje em uma cruzada moral pode ser o herege amanhã. E será.
De resto, não se enganem, nossos direitos vão sendo usurpados pouco a pouco. Se o STF legislou a favor do ensino confessional, amanhã poderá ter que decidir sobre a eliminação da possibilidade de aborto em qualquer situação. Sim, isto está em discussão no Congresso. Cria-se a cortina de fumaça de que grupos feministas, o PSOL, enfim, tem força para conseguir mexer na legislação sobre o aborto, descriminalizando-o, quando, na realidade, nosso Congresso discute reconhecer ao embrião os mesmos direitos que aos nascidos. Isso tudo, ao mesmo tempo, em que se discute redução de maioridade penal e se consagram cortes nas áreas de educação e saúde. Mas, para quem quiser acreditar em mim, a questão da vida é a que menos importa, o problema principalmente o controle dos corpos das mulheres.
Enfim, concluindo, hoje, 28 de setembro, é o dia de luta pela descriminalização do aborto na América Latina. Criado em 1990, na Argentina, durante o V Encontro Feminista Latino-Americano e do Caribe, ele visa lembrar que na maioria do nosso continente o direito a interrupção da gravidez é restrito, caso do Brasil que só admite em casos muito específicos (*estupro, risco de vida da mãe, extrema má formação fetal*), ou proibido com mulheres sendo punidas por abortos espontâneos. Hoje, os homens, porque são eles em sua maioria, da bancada religiosa (*evangélicos, em sua maioria, mas, também, católicos e kardecistas*) querem nos tirar até isso e nos jogar para o clube dos países mais atrasados em relação aos direitos das mulheres, não que já não estejamos mal, porque estamos.
Se nos calarmos, se continuarmos fingindo que não é conosco, periga regredirmos ainda mais. E as perdas foram grandes, enormes e há mais algumas por vir. E para dizer que não falei nada de positivo, a Arábia Saudita vai permitir que as mulheres dirijam automóveis a partir de junho do ano que vem. Decisão do rei, anteontem. Não se sabe se todas as mulheres poderão dirigir, nem quais serão os impedimentos. De qualquer forma, se a bancada religiosa conseguir o que deseja, os direitos de interrupção das sauditas serão maiores que os nossos, aqui, no Brasil. Elas, pelo menos, podem interromper a gravidez se sua vida ou sanidade mental está em risco.
[1] "O que está avançando no governo Temer é uma pauta mais moral. Não no sentido de ser contra a corrupção, mas de costumes", diz o deputado Flavinho (PSB-SP). Lembrei dessa citação.
E não será desenho, claro! Enfim, montes de sites, estou usando o Sora News, já falaram sobre isso. O SN começa ponderando sobre o apelo que o filme, que já periga ser o anime para o cinema mais rentável de todos os tempos, para as audiências fora do Japão e mesmo não-fãs de anime. Ele consegue tocar as pessoas, e eu preciso resenhar o anime, ainda não o fiz, por trabalhar com questões como tempo e espaço, separação, uma grande tragédia, enfim, é uma obra cheia de qualidades, ainda que esteja longe de ser meu filme de animação japonesa favorito.
E os olhos de Hollywood cresceram. Normal. Nem é algo muito trabalhoso de se adaptar. Não é mesmo. E você pode transferir para os Estados Unidos sem problema. Sim, eu não vejo com angústia que a história se passe em outro país e somente a essência da história, que tem o tal “apelo universal”, permaneça intacta. E quem está envolvido no tal projeto? J.J.Abrams. Bem, esse homem conseguiu me convencer que era possível fazer um reboot de Jornada nas Estrelas. Ele me fez chorar com a cena dos dois Spocks, então, independente de outras coisas que ele possa ter feito que não me agradaram ou agradaram tanto, eu não estou aqui para tacar pedras. Vou esperar e torcer. Por que não?
Ainda segundo a notícia, será uma co-produção da Toho, Paramount Pictures, e a Bad Robot Productions de J.J.Abrams. Envolvidos na produção estão, além de Abrams, Lindsey Weber e Genki Kawamura (produtor do anime de Your Name。). Eric Heisserer será o responsável pelo roteiro, ele ganhou o Oscar pelo elogiado A Chegada e tem muito mais coisa boa no currículo.
Olha, estou até torcendo que eles coloquem uma das protagonistas no Japão e outra nos EUA. Seria ousado. Quem viu o anime entenderá o que eu estou falando. Ainda sobre Your Name (君の名は。/Kimi no Na wa。), ele, o anime, estréia nos cinemas brasileiros no dia 5 de outubro. Não sei se somente em cópias dubladas, é possível, e eu temo pela melhor cena do filme (*atashi/watashi/boku/ore/etc.*), ou se haverá cópias legendadas.
Shinigami (死神) são espíritos mitológicos que convidam seres humanos a morrer ou os induzem ao suicídio. Só que em Shachiku no Shinigami Tsuku Anken (社畜に死神が憑く案件), cujo primeiro volume acabou de sair no Japão, temos um Shinigami que quer evitar que uma mulher morra. Shiori é uma office-lady de 27 anos, viciada em trabalho. Ela parece condenada a morrer de tanto trabalhar, dorme pouco, come mal, não descansa. A questão overworking vem sendo discutida no Japão devido a uma série de mortes de funcionários no país. Trata-se de um problema visto como cultural e mesmo o Estado periga intervir para mudar os padrões de trabalho no país, ou amenizá-los. Enfim, o shinigami entra na vida de Shiori não para conduzi-la à morte, mas para evitar que ela altere seu destino, gerando confusão no além, e morra antes da sua hora. Ela resiste, claro! Deve ser divertido esse mangá e aposto que vá fazer sucesso.
O mangá é publicado na pixiv Gene, ou seja, começou na internet como web comic. O Mangaupdates o alocou como shoujo, mas eu acredito que seja josei mesmo. as informações sobre o lançamento do volume estão no Comic Natalie.
A notícia é da semana passada (*o teaser é do Comic Natalie*), acompanhei toda a emoção e sei que todos os sites já noticiaram. Como era Card Captor Sakura ~Clear Card Hen~ (カードキャプターさくら クリアカード編), não havia motivos para correr, ainda que o Shoujo Café precise publicar, também. Não falo isso somente por não ser grande fã da série, que eu sei que foi o primeiro anime de muita gente, mas porque não falta informação sobre Sakura e sobre a CLAMP. Ainda bem, não é? Enfim, o anime estréia no dia 7 de janeiro de 2018 e sei que vai ser uma festa danada. Character design novo é lindinho, os dubladores estão todos de volta e é sucesso garantido. Fico imaginando se as vendas da Nakayoshi vão subir, enfim...
Uma das notícias de ontem foi que uma adolescente de 13 anos, chamada Shion Sakamaki é uma das mais jovens mangá-kas a publicar em uma revista japonesa. Ela superou Ran Tokiwa, que venceu o prêmio para artistas estreantes da Shogakukan com 14 anos em 2015. Eu bateria palmas, aliás, bato, porque imagina o quanto o mercado japonês é competitivo. Só que essa menina não vai estrear com um mangá na Ciao, na Ribon, Nakayoshi, Margaret, Hana to Yume, Lala, enfim, nas revistas shoujo para meninas mais novas ou que tragam histórias que podem ter sexo além do romance, mas não tem a questão erótica e sexual como elemento dos mais importantes. Ela estreou na Cheese!
Quando comentei no grupo do Facebook, fiz até para corrigir a matéria brasileira em cima da notícia que apresentava a Cheese! como revista adulta. Não, ela não é. Trata-se de uma revista para adolescentes, espera-se mais velhas e jovens universitárias. É shoujo, suas heroínas, diferente da Petit Comic, que tem foco parecido, mas cujas protagonistas são normalmente jovens mulheres solteiras, são meninas de colegial. Resumindo, a Cheese! é uma revista shoujo apimentada, com romances que incluem sexo, e que tem nisso muito do seu chamativo. Miki Aihara, Aoki Kotomi, Ako Shimaki publicam lá, Shinjo Mayu já publicou nessa revista.
O que eu quero dizer é que é ótimo que uma menina de 13 anos se destaque e publique, que o mercado de quadrinhos é maravilhoso para as mulheres no Japão, mas que, bem, eu gostaria de ver meninas dessa idade produzindo outras coisas, enfim... Mas vamos lá, o nome do mangá de Sakamaki é Amaku Nigaku Mitashite (甘く苦く満たして) e conta a história de uma estudante do colegial chamada Shiori, de 17 anos de idade. Ela quer superar o seu primeiro amor e, então, ela decide arrumar um outro namorado, na verdade, se entendi bem, ela quer transar com um outro sujeito qualquer para esquecer o primeiro amor, não necessariamente engatar um romance. No entanto, o calor e a respiração do sujeito a cativam, e ela não consegue separar-se dele. Talvez, eles possam ser somente amigos (*friends with benefits*) e aproveitarem algumas vantagens disso... Também nessa edição da Cheese!, a de novembro, há uma entrevista com Aoki Kotomi, que também estreou adolescente, em 1998 (*ela nasceu em 1980*), mas não fazendo mangás com conteúdo sexual. Sakamaki é grande fã do trabalho dessa autora.
Foi um post um tanto, ou um muito, moralista, eu sei. No entanto, eu realmente acredito que há materiais adequados para faixa etárias e ainda que alguém possa ter gostos diferenciados, crianças não deveriam ter acesso à material com conteúdo sexual, ou violência, em bases regulares. E este é o caso, já que a Cheese! é uma revista mensal. De qualquer forma, a revista para meninas mais novas da Shogakukan, a Ciao, traz propagandas de suas irmãs mais velhas, como a Sho-Comi (*que já teve muito mais sexo nos anos 1990-2000*) e a Cheese!, além da Betsucomi, que é mais moderada. O esperado, mas que não é o que acontece, é que as meninas se graduem de uma revista e passem para outra. No entanto, muitas seguem suas mangá-kas favoritas que, normalmente, ou ficam em uma só revista, ou mudam para revistas mais maduras, e não falo só de sexo aqui, mas da forma como certas questões são abordadas, temas, idade das protagonistas etc. com o passar do tempo. Neste caso, incluo migrar para o josei, por exemplo.
Um autora que deseja discutir temas relacionados ao mercado de trabalho japonês, certos tipos de abuso, maternidade, pode fazê-lo sem problema em uma revista josei. Ela pode publicar em uma revista shoujo para meninas mais velhas, a Cookie, por exemplo? Pode, mas o mais comum é ir fazer josei, ou mesmo seinen. E isso vem acontecendo com cada vez mais frequência, especialmente, quando uma mangá-ka shoujo/josei consegue se projetar para além do seu público prioritário, que é feminino. Uma revista seinen tende a agregar mais público, mas ela pode passar por algum revés, vide o caso da Akiko Higashimura.
Algumas começam na Ciao, ou na Sho-Comi, e seguem até chegar na Flowers, por exemplo. Agora, não se enganem, mangás mais adocicados e inócuos podem aparecer em revistas mais adultas e materiais mais complexos podem aparecer em revistas mais infantis. Exemplo, Shoujo Kakumei Utena (少女革命ウテナ) foi publicado na Ciao. Verdade que o mangá é muito menos complexo que o anime, ainda assim, boa parte das discussões e temas espinhosas estão no mangá.
Ontem foi noticiado, está no Comic Natalie e no Goboiano, que a mangá-ka Yuu de Ookami Kodomo no Ame to Yuki (おおかみこどもの雨と雪), famoso pelo mundo como Wolf Children, e que virou filme para o cinema, faleceu de problemas cardíacos. A notícia foi dada no twitter por seu marido.
Doente fazia algum tempo, autora parece ter apressado o encerramento de sua última obra Gojikanme no Sensou (五時間目の戦争), que trata de adolescentes convocados sempre às 5 da tarde para lutar uma guerra de verdade sem que eles e elas saibam qual os motivos. Dado o sucesso de Wolf Children e a tragédia da morte prematura da autora, talvez esta série ganhe animação. P.S.: Uma colega disse que ela havia morrido em julho, e fui checar que morreu mesmo, está na Wikipedia japonesa. Curiosamente, a notícia só circulou agora.
Não me recordo de ter tido armas de fogo de brinquedo, nem meu irmão. Minha mãe era contra, apesar de serem muito comuns à época. Era contra para meninas e para meninos. Minha mãe nos comprava bonecos, meu irmão tinha uma família da coleção Mundo Feliz (*falei dela aqui*), assim como eu tinha. A diferença é que eu ganhei a casa cogumelo e ele parte do parque de diversões. Meu pai torcia o nariz, às vezes, mas minha mãe não se abalava com essas coisas. Lembro de crianças que iam brincar conosco e, eventualmente, quando diziam que meninos e meninas não brincavam juntos, terem que ouvir "Aqui, brincamos, sim, pode perguntar pra minha mãe, mas você pode brincar sozinho/a se quiser". Crescemos as criaturas mais heteronormativas possíveis, tanto ele, quanto eu.
O tempo passou, o mundo mudou. Existe uma histeria quanto aos papéis de gênero e à orientação sexual das pessoas. A doutrinação tornou-se severa e, não, ela não é feita pelas pessoas que defendem que a coisa seja vista de forma mais fluída, mas pelo conjunto da sociedade. A escola, que não é a única que educa. Há as lojas de roupas e brinquedos. Os desenhos e os filmes infantis. E as empresas participam do movimento, claro, e ganham muito dinheiro no processo.
Quinta-feira, esse walkie talkie tinha deixado Júlia furiosa.
E temos meninas de rosa e lilás, meninos com o resto do espectro de cores. Para muita gente, esta construção recente tornou-se tão natural quanto respirar, comer, dormir. Temos corredores de menina e menino nas lojas de brinquedo e as personagens femininas muitas vezes são excluídas dos brinquedos para eles, enquanto, se se trata de um grupo, elas aparecem sozinhas - normalmente são uma ou duas - no para elas. Eu sei do que estou falando, minha Júlia adora Patrulha Canina. E temos gente bem intencionada considerando comportamentos banais como possíveis indicativos de um transtorno de identidade de gênero, ou mesmo de transsexualidade, porque, bem, um menino não gosta de futebol, de máquinas e videogames.
Já entrei meio que em conflito com minha mãe quando ela disse para Júlia que tal corredor na loja de brinquedos era "de menino". Mamãe mudou. A mãe da minha infância, não costumava dividir os brinquedos dessa maneira, ou eu não teria ganho uma espada e não teria carrinhos. Aquilo doeu um pouquinho. Acho que faz mais ou menos um ano do ocorrido. Ontem, foi a vez de Júlia. Estávamos no corredor dos Nerf e outras pistolinhas. Havia uma d'água (XShot Nano Candide), a mais baratinha. O pai perguntou se ela queria. Ela recusou, disse que era "brinquedo de menino".
Esse aqui estava junto. Procure as meninas? Júlia ficou brava.
Ficamos perplexos por alguns segundos e fomos os dois tentar desconstruir o que está bem assentado na cabeça de nossa menina de quase 4 anos. Ela é menina, ela tem que gostar de algumas coisas, os meninos de outras. Armas são para meninos, meninas brincam com bonecas, ainda que ela prefira bichinhos e chegue reclamando das coleguinhas da creche. O pai quer culpar a escola, da mesma forma que o povo do Escola Sem Partido faria, eu reforço que as pessoas são educadas por vários meios, que a educação formal é parte e produto desse todo que compõe o social.
E eu, que já estava triste, me senti muito pior. Uma criança rejeitar um brinquedo por um motivo como esse, me dói o coração. Uma criança tão jovem e já se assujeitando aos papéis de gênero. Sei que não é tão assim, que ela - a Júlia - desliza para lá e para cá e reclama de não encontrar Sky junto com as outras personagens da Patrulha Canina nos brinquedos, mas o trabalho está feito. Nós que estudamos gênero, não trabalhamos ideologicamente, quem faz isso é o mundo e, bem, se existe "ideologia de gênero" ela está funcionando e reforçando um mundo binário que é cada vez mais codificado por cores e por papéis sociais rígidos.
Passando pelo Japan Times, me deparei com uma matéria curtinha, mas que pareceu interessante para o blog. Aliás, me fez lembrar de Nigeru wa Haji da ga Yaku ni Tatsu (逃げるは恥だが役に立つ), cujas resenhas do mangá, eu estou devendo, mas o dorama serve. Enfim, dia desses vi uma matéria falando que algumas prefeituras japonesas estão criando programas de incentivo ao namoro e encontros entre solteiros, porque, bem, a natalidade no país é muito baixa. Vendo uma pesquisa como essa, lendo certos mangás, a gente entende o motivo e a necessidade. Enfim, segue o texto.
Maioria dos homens japoneses solteiros em seus 30 anos nunca tiveram um relacionamento sério: Pesquisa
Quase 2 em 3 homens solteiros na casa dos 30 anos que nunca se casaram não estiveram em um relacionamento que eles achavam que poderia levar a um compromisso sério, mostrou uma pesquisa online recente. Na pesquisa realizada pelo Meiji Yasuda Institute of Life and Wellness, 62,7% dos homens entrevistados e 39,4% das mulheres entrevistadas entre 25 e 34 anos disseram que nunca tiveram em relacionamentos sérios.
Nigehaji: Mangá
"Embora ainda seja a forma dominante de pensar que os homens devem se aproximar primeiro das mulheres, muitos homens são passivos em termos de relacionamentos românticos. Como resultado, eles têm problemas para iniciar relacionamentos sérios que levem ao casamento ", constatou a pesquisa. Perguntados na pesquisa por que eles não namoraram, a resposta mais comum entre todos os homens - e mulheres perto dos trinta anos - é que eles não sabem como começar um relacionamento.
Os resultados foram baseados em respostas de 3.296 homens e mulheres solteiros na faixa etária que se ofereceram para a pesquisa on-line realizada em março. Entre aqueles na faixa etária da sondagem que disseram que tiveram um relacionamento que pensaram que poderiam levar ao casamento, 24,7% disseram que ainda namoravam, enquanto 24,2% disseram que seus relacionamentos tinham terminado.
Nigehaji: Dorama
A pesquisa perguntou aos entrevistados sobre seus pensamentos sobre casamento. Descobriu que 32,0 por cento dos homens e 38,8 por cento das mulheres não tinham preferências ou impedimentos fortes quando se tratava de escolher um parceiro. Quase 31% dos homens e 25,9% das mulheres disseram que nunca queriam se casar ou queriam se casar, mas perderam a esperança. Apenas 10,8 por cento dos homens e 13,5 por cento das mulheres disseram que querem se casar depois de reduzir seus padrões para o parceiro ideal ou as condições que esperam de seu parceiro ideal.
Quase 88% das mulheres disseram que não se importam em manter seus empregos após o casamento, enquanto 77,2% dos entrevistados disseram que querem que seus cônjuges continuem trabalhando após o casamento. A idade média para um primeiro casamento no Japão é de 31,1 para homens e de 29,4 para mulheres, de acordo com dados de 2015.
Otaku ni Koi wa Muzukashii (ヲタクに恋は難しい), da mangá-ka Fujita, terá anime no ano que vem. É uma série que vem em evidência no Japão desde o primeiro volume e, este mês, foi eleita a melhor série de Web Manga do Japão. Passou pela primeira peneira com 1600 títulos, ficou entre os 50 e superou os adversários em muito, pois acumulou 79,366 pontos. O segundo colocado, um BL chamado Raijin to Riman (雷神とリーマン), teve 44,307 pontos. Segundo o ANN, o prêmio foi concedido pela Pixiv e pelo Nippon Shuppan Hanbai, Inc. O site do concurso é este aqui. Segue o top 10:
Otaku ni Koi wa Muzukashii (ヲタクに恋は難しい) de Fujita
Raijin to Riman (雷神とリーマン) de RENA
Sachi-iro no One Room (幸色のワンルーム) de Hakuri
Yuruo-senpai to Watashi (ゆるお先輩とわたし) de Megumu Murawa
Sasaki to Miyano (佐々木と宮野) de Shō Harusono
Yankee Shota to Otaku Onee-san (ヤンキーショタとオタクおねえさん) de Yumi Seikai
Foi anunciado no posfácio do segundo volume de Fruits Basket Another (フルーツバスケットanother) que a série irá terminar no terceiro volume. Natsuki Takaya retornou ao universo de seu maior sucesso, a ação se passa no colégio Kaibara, em 2015, quando a série estreou na revista Hana to Yume Online, depois rebatizada de Manga Park. Enfim, eu não me senti tentada a olhar o mangá, mas entendo que muitas autoras não consigam superar seus grandes sucessos. Caso de Takaya, Matsuri Hino, Hisaya Nakajo, Yoko Kamio etc. A notícia estava no site Manga Mag aberta aqui no meu computador faz vários dias, mas todo mundo já noticiou isso antes do Shoujo Café.
Dentro das comemorações do aniversário de 25 anos de Sailor Moon (美少女戦士セーラームーン) , uma loja foi inaugurada no distrito de Harajuku, em Tokyo, no último sábado. A loja, que fica no edifício Laforet, vende desde chaveiros e capas de celular até livros, roupas, acessórios e cosméticos. A loja foi inaugurada na mesma vizinhança onde está funcionando um café temático temporário da série.
A porta-voz da loja comentou com o Japan Times que o aniversário de 20 anos da série em 2012 gerou uma explosão de procura por produtos da série e que a loja tem como objetivo atender essa demanda que não diminuiu. Na fila de inauguração estavam cerca de 170 pessoas, algumas estrangeiras, como a professora uma professora de inglês norte americana, Sara Kissick-Skeel, que explicou para a reportagem o quanto era fá de Sailor Moon desde muito jovem e quão caro e difícil era encontrar produtos da série nos Estados Unidos. Algumas das fotos vieram do Comic Natalie.