Acabei de descobrir que Tom Hiddlestone (Loki! Loki!) será um vampiro em um filme que estréia este ano. O nome do filme é Only Lovers Left Alive e foi dirigido por Jum Jarmusch. O que vazou de roteiro diz que a personagem de Hiddleston se chama Adam e é um músico underground. Ele mantém uma relação de longos séculos com Tilda Swinton, cuja personagem se chama Eve. Adão e Eva, OK... Só que o equilíbrio da relação entre os dois é rompida pela presença da violenta e incontrolável irmã de Eve, Ava (Mia Wasikowska). Pode não prestar, algo que vai ser difícil com esse elenco, mas vamos ver com certeza. ^__^ Ah, sim, só para constar, o papel de Hiddleston antes seria de Michael Fassbender.
O Comic Natalie, trouxe a informação de que a continuação do mangá Dear Tear (ディアティア), de Kazuma Kowo, será lançado no dia 31 de janeiro no Japão. Essa continuação chamada de Dear Tear 2 My Dear reúne material que foi publicado na edição especial digital da revista Rakuen Le Paradis.
Como achei o traço bonitinho, acabei lendo o volume #1 da série original. Dear Tear teve dois volumes, mas somente o primeiro tem scanlations em inglês. A história tem dois protagonistas, Kirigaya Chikako e Narita Akito, e é um romance escolar. Kirigaya Chikako é aluna do primeiro ano colegial e interpel um dos garotos mais populares da escola, Narita Akito, que está no segundo ano, perguntando por qual motivo ele rejeitou o amor da sua senpai no clube de arco e flecha. Na verdade, Kirigaya quer saber por que o rapaz dispensou o amor de várias garotas, entre elas, sua senpai e as melhor amiga. Ela não entende o que as meninas viram nele e se propõe a acompanhá-lo todos os dias até em casa para “estudá-lo”. A idéia, claro, não agrada ao rapaz, mas ele aceita.
O desdobramento da coisa, vocês podem imaginar. Kirigaya se apaixona por Narita. Na verdade, o garoto se percebe apaixonado primeiro e tenta se aproximar dela durante boa parte do volume. A menina começa a entender um pouco o rapaz quando descobre que ele, apesar de ser visto como “o príncipe da escola”, na verdade é uma pessoa triste. Narita tem um grande fardo a carregar. Seus pais são separados e sua mãe sofre de depressão profunda.
As cenas com a mãe em crise são bem dramáticas e realistas. É essa relação complicada com a mãe a origem da dificuldade do rapaz em lidar com as mulheres. Sua mãe é possessiva e dependente, e ele, desde muito jovem, teve que assumir a posição de ouvinte e quase responsável por uma adulta que espera que o marido retorne. Ele não se sente tranqüilo perto de mulheres que choram e Kirigaya lhe promete que nunca iria chorar perto dele. O título do mangá vem daí.
A timidez das personagens e sua inexperiência amorosa são duas questões que movem o primeiro volume. Apesar de apaixonado, Narita teme não ser compreendido e, mais ainda, tem receio de ofender Kirigaya. Já a menina, que não se vê como alguém especial, acha um absurdo que o garoto se interesse por ela e uma traidora caso aceite seu amor. Ao se ver apaixonada, Kirigaya começa a fugir de Narita e o rapaz conhece pela primeira vez o sentimento de rejeição e passa a refletir sobre o quanto, mesmo sendo educado, pode ter ferido os sentimentos das meninas que se declararam para ele.
A única personagem que tem relevância neste primeiro volume além dos protagonistas é a melhor amiga de Kirigaya, Hazuki. Ela ama Narita, e não tem coragem de se declarar. O rapaz foi a primeira pessoa a ser gentil com ela na escola e, posteriormente, a defendeu de um bully. A menina também admira muito Kirigaya, sua colega de classe, porque ela é bonita e assertiva, enquanto ela, Hazuki, é uma menina baixinha, sem graça (*na opinião dela, claro*) e de óculos. É Hazuki quem acaba fazendo com que Kirigaya aceit o amor de Narita. Quando fecha o volume, Kirigaya e Narita são namorados, ainda que a menina diga que não entende o que ele tem de tão especial aos olhos das outras garotas...
Dear Tear não é um mangá excepcional, mas é gostoso de ler e por ser curto não vai cansar ninguém com as indecisões dos protagonistas. Espero que no segundo volume a questão familiar de Narita seja aprofundada. O traço de Kazuma Kowo é bonito em alguns momentos, é funcional o tempo inteiro, mas nada que encha os olhos. Ela desenha poucos cenários e fundos e, boa parte do tempo, as personagens predominam em cena. Nsse caso, os dois protagonistas. Ainda não descobri se esse Dear Tear 2 My Dear é o segundo volume que fecha a série, ou algo extra mesmo. De qualquer forma, espero que façam as scanlations de tudo, porque gostaria de terminar a leitura.
Saiu o ranking da Oricon e foi uma semana com muitos shoujo entre os trinta mais vendidos. Kimi ni Todoke conseguiu subir para o primeiro lugar e deve ficar no top 10 por algum tempo. O último – ou penúltimo, talvez – volume de Mei-chan no Shitsuji aparece em sexto lugar e a outra novidade entre os dez mais vendidos é Hana ni Kedamono. Já Suki tte Ii na yo。Está indo melhor do que eu imaginava, pois está há várias semanas no top 10, enquanto seu parceiro de revista, Tonari no Kaibutsu-kun já começa a se despedir do ranking dos mais vendidos. De resto, a maioria são novidades, todas séries que sempre marcam presença no ranking da Oricon. E eu imagino que ainda vamos ter algum anime de Usotsuki Lily anunciado.
Na verdade, se entendi bem o Comic Natalie, não é sobre gatos, mas mangá-kas que desenham gatos ou mangás com gatos. O nome do especial é Manga-ka-san no Fan no Neko ( 漫画家さんのウチの猫), ou mangá-kas fans de gatos. A Comic Spica traz ensaios e, acredito, entrevistas ou perfil dos mangá-kas, além de algumas ilustrações ou mesmo quadrinhos. Participam desse apêndice: Ragawa Marimo, Watanabe Peko, Ochazuke Nori, Kadoi Aya, Nagao Kenichirou, Fumi Fumiko e Masumura Hiroshi. A revista da editora Gentosha foi lançada no dia 28 de janeiro.
O ANN (*Comic Natalie, também*) noticiou que Abe hiroshi vai voltar a encarnar Lucius, o arquiteto romano especializado em casas de banho, em uma continuação para o cinema do engraçadíssimo Thermae Romae (テルマエ・ロマエ), baseado no mangá homônimo de Mari Yamazaki. A previsão de estréia é na Golden Week, primavera japonesa de 2014. Segundo o site, dessa vez as filmagens serão na Bulgária e, não, na lendária Cinecittà em Roma. Thermae Romae será o primeiro filme japonês filmado nesse país. Parece que o elenco original retornará na continuação, inclusive, Aya Ueto. Segundo o ANN, o primeiro Thermae Romae, que estreou em 28 de abril de 2012, foi o Segundo filme mais lucrativo do Japão ano passado. Eu já vi o torrent do filme circulando por aí, mas acho que sem legendas. Alguém confirma se já saiu com legendas em inglês? Preciso muito assistir esse filme. E queria muito uma continuação do anime.
Você sabia que hoje comemoramos o 8º Dia do Quadrinho Nacional? Como toda data comemorativa desse tipo, ela remete muito mais à carência, falta de atenção. Quem precisa de dia é quem não tem dia nenhum. Não pensem que isso é pessimismo, eu escrevi essas frases para ressaltar o quanto é importante dar visibilidade ao trabalho com quadrinhos feito por brasileiros e brasileiras. Sim, e isso nos importa muito, há mulheres quadrinistas – desenhistas e roteiristas – e, não raro, elas são ignoradas pelas matérias sobre quadrinhos no Brasil. Enfim, o que eu quero dizer é que há pouco espaço para os quadrinhos produzidos aqui em nossas bancas e livrarias. As editoras não demonstram interesse, o mercado é restrito, o risco de fracasso é real, e, é preciso escrever isso, também, às vezes, alguns artistas demonstram pouco profissionalismo. Enfim, profissão quadrinista no Brasil é muito difícil e, não raro, exercida em conjunto com outro trabalho que possa garantir o pagamento das contas do mês. São poucos aqueles e aquelas que podem, sim, viver da profissão. Viu como é importante uma data para lembrar disso? Para tocar nessas questões? Para lembrar desses profissionais?
O que eu quero dizer é que precisamos valorizar os quadrinhos nacionais para além do consolidado material produzido por Maurício de Sousa (Turma da Mônica tradicional e Jovem). Fora, claro, que para além do pessoal que é creditado nessas grandes revistas, há muitos operários e operárias dos quadrinhos que produzem as páginas que depois serão normatizadas por um arte-finalista. Esse pessoal certamente sonha em produzir seus próprios quadrinhos, com seu próprio traço. E há muitos bons trabalhos fora do circuito mais comercial. Cito como exemplo, Bando de Dois de Danilo Beyruth (*que espero que vire filme um dia*), ou a Turma do Xaxado de Cedraz. Nem preciso lembrar da qualidade de nossos cartunistas, como o magnífico Laerte cada vez mais engajado politicamente e inspirador, ou o falecido e brilhante Henfil. Há, também, o pessoal que luta publicando Webcomics inspiradíssimas, usando o espaço livre (*ou quase*) da internet para promover o seu trabalho. E isso, claro, sem entrar no universo dos artistas inspirados pelo mangá. Se vocês clicarem na etiqueta Studio Seasons verão o quanto já falei do trabalho dessas queridas artistas aqui. Meus parabéns para todos os artistas que lutam para que possamos ter quadrinhos de qualidade nesse país. Nominalmente cito o pessoal mais próximo do mangá: Marcelo Cassaro, Erica Awano, as artistas do Studio Seasons (Montserrat, Simone Beatriz, Sylvia Feer), Alexandre “Lancaster” Soares e o pessoal da Ação Magazine, Petra Leão, Roberta Pares. Destaque especial para as queridas companheiras de Shoujocast, a Tanko e a Tabby, ambas lutando para produzirem seus quadrinhos.
De qualquer forma, os eventos ligados ao Dia Nacional se multiplicam pelo país durante esta semana (*vários já aconteceram*). Por exemplo, em Recife, haverá toda uma programação na Livraria Cultura no dia sábado contando com a presença do Prof. Amaro Braga, autor de vários livros, e participante de projetos com quadrinhos históricos sobre a História de Pernambuco, particularmente a presença judaica no estado, e a graphic novel Afro HQ. O site Impulso HQ traz informação sobre um evento em Belo Horizonte e outro em Salvador. Em Uberlândia (MG), haverá oficina gratuita de quadrinhos hoje e amanhã. No Rio, encontrei dois eventos relacionados (*deve haver outros*), uma exposição na Biblioteca Popular Marques Rebelo, na Tijuca, que fica aberta até amanhã, e outro na cidade de Macaé, na Biblioteca Municipal Professora Tarsila Poiares Carneiro da Silva, no Parque Aeroporto. O site da Livraria Saraiva listou vários eventos, também. Em Brasília, procurei, mas não encontrei nada. O que não significa, obviamente, que a data não será comemorada de alguma forma.
É isso! Espero que 2013 comece abrindo mais portas para os artistas nacionais, assim como eventos acadêmicos para que possamos discutir e celebrar a Nona Arte.
Esses dias, assisti uma batelada de filmes em casa. E, bem, meu compromisso em resenhar todos eles está de pé. Resenhas pequenas, espero, mas vou comentar todos: Meu Malvado Favorito, Homens de Preto 3, o novo Homem Aranha e O Despertar. Fora isso, terminei de assistir a 3ª temporada de The Borgias e ler os quatro livros de Parade’s End. Enfim, dêem um tempo e tudo aparece aqui no blog. Mas vamos começar com O Despertar ou The Awakening, outro filme que descobri que fiz bem em não ver no cinema. Vamos lá, resumo da história:
Inglaterra, 1921, Florence Cathcart (Rebecca Hall) é uma cética famosa por desvendar fraudes ligadas ao mundo sobrenatural, expondo falsos fantasmas, médiuns e videntes. Um dia, um estranho, chamado Robert Mallory (Dominic West), aparece em sua porta e diz que foi enviado pelo diretor de uma escola preparatória para meninos em Cumbria para investigar a estranha morte de um dos alunos e a suposta presença de um fantasma na escola. Ele explica que antes que o prédio se tornasse uma escola, um menino morreu na casa e mostra uma seqüência de fotos anuais com os alunos nas quais um espectro de criança aparece repetidamente. Florence resiste, mas acaba aceitando o caso.
Na escola, Florence é recebida por Maud (Imelda Staunton), a governanta, que é sua fã, já leu seu livro várias vezes, e tem total confiança em seu trabalho. A resolução da morte do menino é relativamente fácil, mas a investigadora fica impressionada com a suposta presença de um fantasma na propriedade e prolonga sua estadia mesmo depois de desvendar as circunstâncias da morte do estudante. Começam as férias escolares e Florence fica na escola junto com Maud, Robert e um garoto, Tom (Isaac Hempstead Wright), cujos pais moram na Índia. A partir daí, a investigação toma rumos inesperados e todas as crenças de Florence são colocadas em teste.
Peguei este filme por causa de Rebecca Hall. Gosto de vê-la atuando, ela fica linda naquele figurino de transição para os loucos anos 20, e ela não decepciona como Florence Cathcart. O problema do filme não é com ela ou com o resto do elenco, mas com o roteiro mesmo. No início, Florence é uma personagem segura de si e que coloca o sua inteligência a serviço da ciência. Há muito de Sherlock Holmes nela, aliás. A primeira seqüência do filme, que seguiu uma explicação sobre as perdas geradas pela I Guerra e a Gripe Espanhola, foi bem impressionante com a investigadora expondo uma fraude na qual falsos médiuns tentavam enganar uma senhora rica. A mulher, no entanto, não fica grata à Florence, pois ela queria, sim, poder falar com sua filha morta.
Parecia que o filme seria sobre isso, como muitas pessoas desejam ser enganadas porque isso é mais confortável do que confrontar a perda de entes queridos e a dor. Até poderia aceitar que a personagem de Rebecca Hall acabasse realmente encontrando com um fantasma de verdade na escola sinistra. Nada tenho contra filmes bons filmes com temática sobrenatural. O problema é que a investigadora, uma mulher cética, inteligente e racional, rapidamente se desmonta emocionalmente ao ser confrontada com os estranhos eventos que acontecem na escola. A partir daí, o filme mais parece aquelas novelas espiritualistas do horário das seis da Globo, do tipo que elimina qualquer possibilidade de explicação fora do campo espiritual.
Sim, o fantasma existe, o problema é a forma obscurantista como a questão da existência desses seres sobrenaturais é colocada na história e a destruição emocional da personagem. Fora, claro, que as reviravoltas do roteiro são bem forçadas e absurdas, um dos exemplos menores é o motivo da culpa da protagonista em relação à morte do noivo. Mas o que mais me incomodou foi não explicarem a origem das lembranças que a protagonista tinha da África, assim como da fajutíssima cicatriz que ela tinha no corpo. E o final, claro! Não tenho nada contra finais estranhos ou dúbios, ou não seria fã do anime de Utena, mas o roteiro precisa dar suporte para que a dúvida se sustente. Nesse caso, a grande questão é se a protagonista morreu, ou não morreu.
De resto, temos a fofura que é o menino Isaac Hempstead Wright, bonitinho com aquele uniforme parece saído de um mangá como o Coração de Thomas ou Kaze to Ki no Uta. Imelda Staunton, uma das grandes damas da dramaturgia inglesa, está muito bem como estranha governanta, personagem fundamental para a história. Por fim, ainda temos Dominic West desfilando sua beleza rústica pela tela, com direito a cena de nu e tudo mais. Só que isso não é suficiente. Aliás, há uma boa química entre ele e Hall, fora que boa parte da tensão das duas personagens parecia sugerir que sexo seria o melhor remédio para os dois. Podem acreditar, não estou sendo reducionista, nem exagerando, não.
Como história o filme é bem fraco, mas é bem sucedido em uma coisa. Boa parte dos homens jovens do filme são traumatizados de guerra. Uma das questões que consegue ser razoavelmente trabalhada são os efeitos da I Guerra sobre a população. Há um professor absolutamente desequilibrado e que tortura os alunos para fazê-los fortes. A personagem de West tenta manter a linha, mas é cheio de tiques que remetem aos anos na trincheira, além de se mutilar em segredo. O zelador da escola é desprezado porque mentiu doença para não ir para o front. E, por fim, Florence Cathcart perdeu o noivo na guerra e nunca conseguiu superar a morte do amado.
Não há muito mais o que dizer. O filme carece de uma trama coerente para conseguir assustar ou pelo menos deixar uma tensão no ar. A paisagem desoladora e a escola ao mesmo tempo claustrofóbica e espaçosa conseguem maior efeito do que o roteiro em si. Depois de uma abertura muito inspirada, ele erode a personagem principal e a transforma em uma desequilibrada. Cathcart até poderia se deixar abalar e minar, mas tudo foi muito rápido dada a solidez que ela passava no primeiro quarto do filme. Mesmo cumprindo a Bechdel Rule fácil e tendo uma protagonista mulher, O Despertar é bem decepcionante. Recomendado para os fãs de Rebecca Hall e pela boa apresentação que faz dos traumas deixados pela Primeira Grande Guerra. De resto, é um filme esquecível, apesar do selo da BBC.
Não comentei nada sobre as últimas premiações, tampouco sobre as indicações para o Oscar. Não sei, mas estava desanimada, ainda continuo um pouco... Essa onda de “já ganhou” para Lincoln me irrita um pouco, ainda que já tenha vivido o suficiente para ver (pré)vencedores caírem aos montes. Só que os triunfos seguidos de Argo, um filme que gostei bastante, me obrigam a alguns comentários.
Achei uma bruta sacanagem não indicarem o Ben Affleck para o prêmio de melhor diretor. Aliás, acho complicadíssimo indicarem o filme e não o seu diretor. Mas Affleck não foi indicado e isso fez com que os apostadores desviassem totalmente a atenção de Argo. Eu não vi nenhum dos filmes cujos diretores foram indicados ainda. Tentarei ver Amor, ainda que tenha medo dos resultados sobre o meu humor depois disso, devo assistir O lado bom da vida antes da entrega do Oscar. Os Miseráveis, assisto na estréia sem falta. Então, não vi muita coisa... Mas, até o momento, torço por Argo.
De qualquer forma, o filme de Ben Affleck tem triunfado em todas as premiações. Levou o Globo de Ouro por melhor drama. Como o prêmio é dividido, Os Miseráveis levou comédia/musical. Argo ganhou o prêmio dos produtores (PGA) e o do sindicato dos atores (SAG). Eu acho legal o prêmio do sindicato, porque premia “melhor elenco” e, bem, o elenco trabalha muito bem em Argo, sem grandes estrelas se destacando muito das demais, o forte é o trabalho de equipe. Só comentando, em TV levou Downton Abbey (*fotinho aí em cima*), que teve uma terceira temporada de altos e baixos (*ainda não terminei de ver*), mas tem um trabalho de elenco fabuloso.
Como o texto da Folha de São Paulo bem ressalta, isso não garante vitória, só que dá um tremendo fôlego para disputar o Oscar. E eu, até o momento, torço por Argo. Parece, pelo menos, que há prêmios que estão certos, como o de melhor ator para Daniel Day-Lewis. Mas voz do povo, não é voz de Deus nesses casos e já vi interpretações incríveis, como a de Colin Firth em A Single Man, serem deixadas de lado. Já melhor atriz... Eu acho que melhor atriz só tem duas competidoras realmente sérias, Jessica Chastain ("A hora mais escura"), que era a favorita, e
Jennifer Lawrence ("O lado bom da vida"), que tornou-se favorita com as últimas premiações. Eu acho Chastain muito boa, mas tomei asco do cinema de Kathryn Bigelow, especialmente, depois que ela recebeu o oscar de melhor direção que já poderia ter ido para mulheres diretoras muito melhores. Estou torcendo pela Jennifer Lawrence, tão novinha, mas em sua segunda indicação. É isso, vamos esperar. Não sei se vou fazer postas este ano.
Uma das questões sobre as mulheres que volta e meia aparece na imprensa é a baixa participação das mulheres no mercado de trabalho (*produtivo e remunerado*) em vários países asiáticos, assim como as limitações impostas por questões de ordem cultural e religiosa. Pois bem, o Comic Natalie noticiou que o canal NHK BS1 fará uma série de programas sobre mulheres nas mais diferentes profissões, começando pela mangá-ka Mari Yamazaki, conhecida pelo seu mangá Thermae Romae (テルマエ・ロマエ), e que já morou em Portugal, na Itália e, hoje, reside em Chicago. O programa com Yamazaki vai ao ar no dia 9 de fevereiro e é o primeiro de cinco. Se entendi bem o CN, haverá um programa sobre uma guia turística em balão na turquia (*Salve Jorge? Viu, não precisa ser homem*), sobre dançarinas tradicionais no Camboja, uma profissional de marketing e propaganda em Hong Kong, e uma gerente de restaurantes nas Filipinas. Não sei se essas profissionais são japonesas ou locais. De qualquer forma, é bem interessante.
Segundo o Comic Natalie, o mangá Gozen 3-ji no Muhouchitai (午前3時の無法地帯), de Nemu Youko, vai virar dorama. Serão 12 episódios exibidos a partir de 20 de março pela Bee TV. Se entendi bem, a Bee TV é uma televisão via internet. O dorama será protagonizado por Joe Odagiri e Tsubasa Honda. Parece que é o primeiro dorama de Honda como protagonista. Gozen 3-ji no Muhouchitai teve três volumes e foi publicado em 2008 e 2009 na revista Feel Young. O primeiro volume do novo mangá da autora, Trap Hole (トラップホール) sai no dia 8 de fevereiro.
Segundo o Pro Shoujo Spain, foi anunciado no último número da revista LaLa que Vampire Knight (ヴァンパイア騎士) entrou no seu arco final. Acredita-se que esta última parte da história deve se estender por 3 ou 4 volumes e a série deve fechar com 20 ou 21 encadernados. Vampire Knight começou a ser publicado em 2005 e alcançou muito sucesso, virando anime para a TV. Seu licenciamento pelo mundo foi rápido e, aqui, no Brasil, a série sai pela Panini. Alguns podem achar que a série está caminhando devagar, mas é preciso lembrar que a autora, Matsuri Hino, colocou a série em hiato por alguns meses.
Hoje, 28 de janeiro, um dos romances mais importantes da história da Literatura completa 200 anos de sua publicação. Orgulho & Preconceito (Pride & Prejudice), de Jane Austen, é o romance mais popular em língua inglesa, um dos mais homenageados e citados por outros autores e autoras, adaptados para as mais diversas mídias. Falar em Orgulho & Preconceito é evocar gerações de leitoras (principalmente) e leitores que acompanharam com curiosidade e emoção o romance entre Elizabeth Bennet e Mr. Darcy através de afiados diálogos; as indiscrições e armações a Sr.ª Bennet para ver todas as suas filhas bem casadas; a sabedoria conformada de Charlotte que acredita que é melhor um casamento qualquer, do que permanecer solteirona e como um estorvo para os seus; e, sim, ninguém consegue escrever sobre o afeto entre irmãs como Austen. Além disso, apesar de nunca ter se casado, como eles eram feitos, e entendia como ninguém os meandros do seu grupo social, as limitações impostas às mulheres de sua classe, o intrincado jogo dos casamentos, os sentimentos que ajudavam a forjar a rede de relacionamentos entre as pessoas.
Em Orgulho & Preconceito, a trama central é construída a partir de um mal entendido, de pré-julgamentos, de avaliações baseadas em pré-conceitos. Conforme as personagens vão se conhecendo, no caso Darcy e Elizabeth, ambos percebem o quanto julgaram mal um ao outro. Ela, por pré-conceitos, ele, por orgulho fruto de uma superioridade econômica. Ambos erram feio, ainda que acabemos simpatizando ou tendo pena de Darcy, não podemos esquecer que ele quase acabou com o relacionamento entre Bingley e Jane. E, por mais que sua carta para Elizabeth ofereça bons motivos, ele não tinha o direito de intervir, ou a competência para avaliar os sentimentos da irmã da protagonista. Já Lizzie, nossa adorável heroína, se deixa enganar pelas aparências, mas ninguém me venha dizer que ela tinha que aceitar Darcy naquele primeiro pedido, não... Ele precisava, sim, aprender a ser um pouquinho mais humilde e, claro, cavalheiro. Além disso, com tão poucas chances de conversarem e, principalmente, nenhuma possibilidade de ficarem sozinhos, como poderiam se entender mais rápido?
Eu poderia escrever sobre Orgulho & Peconceito, adaptações, influências, minha paixão por Mr. Darcy (*ainda que meu favorito seja o Mr. Rochester*), mas queria marcar – apesar da minha seqüência frustrada de posts – que é preciso lembrar dessa obra, pela importância que ela tem para a literatura e para a cultura popular feminina, também. Eu não sei bem quando ouvi falar pela primeira vez de Jane Austen. Há quem ache que faz muito tempo, mas suspeito que travei conhecimento com a obra em 2004/2005. Eu tinha visto a propaganda da versão adaptada de Orgulho & Preconceito na Coleção Elefante da Ediouro, mas, na época, o resumo não me chamou a atenção. Assisti o primeiro Bridget Jones absolutamente inocente das piadas referenciais da obra. Acho que foi Lendo Lolita em Teerã – um livro sobre livros e o prazer de lê-los – que me fez querer ler Orgulho & Preconceito. No livro, a professora coloca Mr. Darcy em julgamento. Daí, veio o filme de 2005 e eu li o livro pela primeira vez.
A graça é que um monte de gente ficou insistindo – e não lembro direito quem das minhas amigas de internet sugeriu primeiro – que eu visse a minissérie da BBC com o Colin Firth, que ele era o Mr. Darcy definitivo. Ele é, pelo menos para mim. E perdi a conta de quantas vezes já assisti e reassisti. E, não, a cena da camisa molhada não é minha favorita. Fui atrás de tudo o que podia relacionado à Orgulho & Preconceito. Queria muito poder assistir a minissérie da BBC de 1967, mas essa deve ter sumido dos arquivos da emissora, ou teriam relançado... Quem sabe este ano? Como ponderei nos dois Shoujocast (*parte 1 & 2*) sobre Orgulho & Preconceito, não tenho dúvida de quem é o melhor Darcy, mas comparando principalmente as versões de 1995 e 1980, tenho dúvidas de quem encarnou melhor Elizabeth Bennet e outras personagens. Mas a produção da minissérie de 1995 é imbatível como um todo. Acho lamentável que tanta gente fique restrita ao filme de 2005, ainda que ache muito válido usá-lo como percurso para chegar à produções melhores ou ao próprio livro.
É isso. Não acredito que Austen tivesse a capacidade de imaginar o quanto o seu livro, inicialmente chamado de Primeiras Impressões (First Impressions), ainda no final do século XVIII, o livro demorou mais de 10 anos para ganhar suas feições definitivas e ser publicado. Austen não foi a primeira novelista inglesa, mas enfrentou todas as dificuldades que uma mulher, especialmente de “boa família”, tinha para desenvolver qualquer atividade economicamente ativa e criativa. Ela foi bem sucedida, teve uma família que lhe apoiou, mas pensem em quantos Orgulho & Preconceito podem não ter sido publicados simplesmente porque, bem, mulheres não eram estimuladas a escrever e encontravam as piores dificuldades para publicar, ainda mais em seu próprio nome. Austen, mesmo, poderia ter produzido muito mais, sua condição de mulher naquela sociedade, foi um obstáculo. Enfim, Jane Austen foi admirável pelas obras que criou, mas não pela sua singularidade como mulher escritora ou pela condescendência dos críticos. Seus livros foram publicados e, mais do que isso, sobreviveram, porque eram bons e por conseguirem, ainda hoje, falar conosco, as leituras. É isso. Queria produzir mais nessa semana de comemorações, mas não sou senhora de todo o meu tempo e minhas condições de produção não eram as melhores. :)
Amanhã é o aniversário do lançamento de Orgulho & Preconceito e, bem, essa história de posts comemorativos não deu certo mesmo. Esse é só o terceiro e minha intenção era lançar um por dia... Nem revi os filmes e minisséries. Para piorar, claro, não pude ir ao Encontro Nacional em Belo Horizonte comemorando o Bicentenário. Não fui, mas fiz o trabalho. Esse post é para isso, caso vocês queiram podem ver os slides da minha apresentação. Está aí embaixo:
O título da minha comunicação era Releituras de Jane Austen nos Mangás Femininos Japoneses. Não é nada complexo, não, só uma primeira aproximação. De qualquer forma, para quem queira, é possível até me ouvir explicando o trabalho. Eu tinha preparado e enviado para a Adriana Zardini... Mas a semana foi de azar e ficou tudo na intenção mesmo. Para baixar o áudio é só clicar aqui.
Não tenho muito a dizer sobre o acontecido em Santa Maria, só sei que estou muito triste pelas vítimas e seus familiares. Continuo temendo, também, que algum ex-aluno ou aluna esteja entre as vítimas. Para quem não entende a preocupação, explico que no Colégio Militar de Brasília temos muitos alunos que são do Rio Grande do Sul e que há um contingente do Exército em Santa Maria, além de um Colégio Militar da mesma rede que a nossa. Mas me dói de qualquer jeito, ver tantos jovens tendo suas vidas ceifadas. Sei que muita gente que quer esquecer isso, mas há coisas que fogem ao nosso controle e sempre há riscos relacionados a lugares cheios e aglomerados humanos, a gente assume por prazer ou dever se colocar em situações assim. Grandes eventos de massa - religiosos, festas, passeatas, jogos de futebol - reúnem as condições para que certas tragédias aconteçam. Mas elas não são freqüentes e, por isso mesmo, quando acontecem, ficamos em choque.
Agora, o que é necessário apurar direitinho é por qual motivo os seguranças não deixaram o povo sair, se realmente os extintores estavam vazios, se havia excesso de lotação, se o alvará estava em dia, e por aí vai. Esses cuidados minimizam as tragédias que, não raro, são inevitáveis mesmo. No mais, meus sentimentos às famílias das vítimas e aos enlutados, minhas orações e desejo que todos os feridos se salvem com o mínimo de sofrimento possível. A imagem aí embaixo veio do Facebook. Acredito que o telefone seja real e tudo mais, já que foi passada por gente idônea e residente em Santa Maria. Então, se você estiver no Rio Grande, principalmente, e puder e quiser ajudar é uma oportunidade.
ATUALIZAÇÃO 28/01: Estava assistindo agora o telejornal matutino da Record e o comandante dos bombeiros em Santa Maria estava dando entrevista. A parte cruel e desnecessária foi fazer o homem chorar. Ele tem duas filhas de 18 e 20 anos e não as deixou ir à festa. Elas poderiam estar entre as vítimas. Fora isso, ele explicou que, ao contrário do que se tem veiculado, a boate atendia todas as normas de segurança exigidas por lei (*Olhem o tópico "Boate preenchia requisitos de segurança"dessa matéria*). Nesse aspecto, os donos da Kiss estão limpos. Ele ressaltou que, para o Corpo de Bombeiros, a legislação atual é obsoleta, mas que eles não podem exigir mais do que a lei permite. Enfim, outras tragédias do gênero podem acontecer. Atualizar a legislação de segurança é urgente.
A Juliana, que faz parte da equipe editorial do Projeto Inverno, me enviou um e-mail sobre um concurso muito interessante que está acontecendo é o Defrosting Women. O concurso é uma parceria com a revista canadense Wave e o objetivo é promover quadrinhos feitos por mulheres. A idéia, e vocês podem ler sobre o concurso AQUI é dar visibilidade às mulheres que fazem quadrinhos e mostrar que é possível, sim, no Ocidente, ter mais mulheres nesse meio que é dominado por homens. Mais mulheres produzindo quadrinho refletiria, também, um interesse maior do público feminino em relação à mídia. Na página do concurso há, também, uma entrevista com a Paula Mastroberti, editora do Projeto Inverna.
Vejam que são Tirinhas FEMININAS, não necessariamente FEMINISTAS. O que quer dizer que o ponto de partida é a autoria feminina e, sim, que trate de temas de interesse das mulheres. "Pode ser abertamente feminista?" Claro! Eu particularmente acho bom que seja, mas não é condição obrigatória. Nem tudo que é feminino é, por princípio, feminista e há quem confunda isso. “Ah, mas só mulheres?” Sim, já que o objetivo é dar visibilidade às mulheres quadrinistas.
O “defrosting” é uma referência ao “women in refrigerators” (mulheres em geladeiras), termo criado nos anos 1990 pela roteirista americana Gail Simone para se referir a todas as personagens femininas que perderam seus poderes, foram estupradas, tiveram sua vida destruída ou foram mortas simplesmente para promover linhas de roteiro (*fracas em sua maioria*) para promover histórias que valorizassem o herói ou protagonista masculino. Um... Mudou muito, não...
Antes que o ranking vire novamente (*e já virou mesmo*), eis os mais vendidos do Comic List. Entre os 30 mais vendidos temos seis shoujo. No top 10, Kimi ni Todoke estreou em segundo lugar, espero que suba para primeiro na próxima semana. Imagino que apareça em primeiro no ranking da Oricon. É uma semana com dois últimos volumes, também. Hajimari no Niina e Otomen encerraram seu ciclo. Segue o ranking da semana de 19-25 de janeiro:
2. Kimi ni Todoke #18
14. Suki tte Ii na yo。 #10
18. Itsudemo Otenki Kibun #6
22. Tonari no Kaibutsu-kun #11
24. Hajimari no Niina #4
28. Otomen #18
No top 15 de shoujo temos duas séries que aparecem com dois volumes, Otomen e Ore Monogatari!!, curiosamente, vejo as duas séries como aparentadas, já que são protagonizadas por garotos que não conseguem se enquadrar. Otomen, sempre é bom lembrar, começou a sair no Brasil pela Panini, está parado faz mais de um ano e a editora nos enrolando. Nem assume que cancelou, nem decide retornar com a série. Nessa lista temos mais um mangá que está fechando, Sakura Hime Kaden de Arina Tanemura. Shitsuren Chocolatier, cujo volume 6 vem se saindo muito bem no ranking, não é shoujo, é josei.
SHOUJO
1. Kimi ni Todoke #18
2. Suki tte Ii na yo。 #10
3. Itsudemo Otenki Kibun #6
4. Tonari no Kaibutsu-kun #11
5. Hajimari no Niina #4
6. Otomen #18
7. Otomen #17
8. Natsume Yuujinchou #15
9. Sakura Hime Kaden #12
10. Boukyaku no Kubi to Hime #1
11. Barairo Guardian #4
12. Ore Monogatari!! #2
13. Ore Monogatari!! #1
14. Ao Haru Ride #6
15. Shitsuren Chocolatier #6
Em josei, temos vários BL na lista e as capas são bonitas. Há uma capa estranhíssima, a de Yuri Danshi, com um sujeito musculoso em posição de luta. Nem sei se isso está no lugar certo, mas a série parece ter vindo de uma antologia yuri memos, assim como a amarelinha com duas meninas e uma na coleira, enfim... Chihayafuru não deslanchou ainda. Ojikoi sai na Hana to Yume On Line e deveria estar em shoujo, assim como Brothers Conflict 2nd Season 1, que é da Sylph.
Segundo o Manga News, o obi (*aquela tirinha que envolve alguns volumes de mangá*) do volume #21 de Switch Girl!! (スイッチガール!!) trouxe a informação de que o mangá está em seu arco final. A série é publicada na revista Margaret desde 2006 e já teve duas temporadas de dorama protagonizadas por Mariya Nishiuchi e Renn Kiriyama. Switch Girl!! é uma comédia assumida na qual a protagonista, Nika, tem duas personalidades a real – relaxada, comilona, desbocada – e a garota perfeita do colegial, ditando moda, sempre arrumada e admirada pelos colegas. A sua vida se complica quando Arata Kamiyama se muda para sua vizinhança e passa a fazer parte de sua turma na escolar. Arata descobre o segredo de Nika e os dois passam a mantaer um estranho relacionamento... Mais da parte de Nika, claro, mas é melhor ler do que comentar... O dorama, aliás, ficou muito divertido.
Depois de um bom tempo, alguma notícia da mangá-ka Ai Yazawa foi divulgada e estou tomando por base o que está no MangaNews (o Comic Natalie noticiou depois). Em 19 de março serão lançados no Japão dois bunkos do manga Kagen no Tsuki ―Last Quarter― ( 下弦の月 ―Last Quarter―) e acredita-se que a autora desenhará novas capas. Agora, o mais importante é que a autora desenhou uma história especial do Bar da Junko intitulado Junko no Bushitsu (Clube da Junko) para comemorar o 100º capítulo do Yazawa Island. Explicando, Bar da Junko era uma série de histórias alternativas que vinham em alguns volumes de Nana (ナナ).
Yazawa Island, eu sinceramente não sei o que é... Uma coisa que o Manga News comenta é que ninguém sabe ao certo quando essas duas páginas foram desenhadas, se são novas mesmo ou de algum arquivo da autora, mas o importante é que na próxima edição da Cookie, que sai no dia 26 de março, tem mais. Enfim, para quem fica espalhando que Ai Yazawa morreu, não há nada que indique isso. Obviamente, os fãs de Nana esperam que a autora volte o mais rápido possível e termine o mangá. Agora, um comentário alarmista de minha parte, Suzue Miuchi manteve Glass Mask (ガラスの仮面) parado por quase 10 anos, o caso Yazawa tem precedentes. A diferença é que Suzue Miuchi se mantinha ativa e visível produzindo outras coisas. Aqui, no Brasil, Nana é publicado pela JBC e não é culpa da editora o mangá estar parado. Há gente que confunde as coisas.
Terça-feira fui assistir Django Livre (Django Unchained) com meu marido e um amigo comum, e, embora muita gente possa achar absurdo, foi o primeiro filme de Tarantino que eu assisti. Isso, claro, se eu descontar um dos episódios do fraquíssimo filme Grande Hotel (Four Rooms, 1995) dirigido por ele. Desenvolvi uma espécie de aversão por Tarantino por conta de algumas de suas entrevistas e as temáticas dos filmes dele nunca me atraíram muito, especialmente, a temática da vingança que domina alguns dos seus últimos filmes. Vingança não me leva ao cinema, só que gostei do trailer de Django, porque ele evocou os velhos faroestes que costumava ver com meu pai. No geral, achei o filme bem divertido e, por mais que eu tenha algumas críticas, o espetáculo foi bem satisfatório.
A história do filme nada tem de complicada, em linhas gerais é isso aqui: Sul dos Estados Unidos, 1858, Django (Jamie Foxx) é comprado por um alemão, o Dr. King Schultz (Christoph Waltz) que é um caçador de recompensas. Schultz quer que Django o ajude a reconhecer os Irmãos Brittle. Depois de cumprido o trato, Schultz libertaria Django que receberia um cavalo e 75 dólares. Só que Schultz acaba tomado de simpatia por Django e seu desejo de libertar sua esposa, Broomhilda (Kerry Washington), uma escrava que fala alemão, e que foi revendida depois de uma fuga mal sucedida. Schultz se propõe a ajudá-lo desde que ele o ajude no seu trabalho durante o inverno. Assim, Django aprende o ofício, se torna exímio atirador, e juntos Django e Schultz descobrem que Broomhilda foi comprada por Calvin Candie (Leonardo DiCaprio), um riquíssimo plantador. Para se aproximar de Candie e poder chegar até Broomhilda, eles bolam um plano que envolve uma proposta irrecusável de comprar um dos escravos de Candie, na verdade, não qualquer escravo, mas um que fosse um excelente lutador de Mandingo, um “esporte” brutal no qual homens negros eram colocados por seus donos para lutar até a morte.
Amor e vingança movem o filme Django, que é embalado o tempo inteiro por uma trilha sonora das mais interessantes, pois mistura Enio Morricone, country music, baladas italianas e sons contemporâneos. Tudo sugere um saudosismo em relação aos westerns spaghetti, daí o empréstimo do nome do filme – referência a um filme de 1966 – e a presença do Django original, Franco Nero (*que foi o mais belo dos Lancelote*), fazendo uma ponta foi um momento bem legal. Outra homenagem é ao movimento cinematográfico dos anos 1970 chamado de Blaxploitation (*aprendi o termo lendo a resenha do Thiago Siqueira para o Cinema com Rapadura). Assim como assisti vários faroestes italianos na infância e adolescência, vi vários filmes do movimento Blaxploitation, também. O nome completo de Broomhilda que é “von Shaft” é uma homenagem a um dos grandes ícones desses filmes. E, bem, Samuel L. Jackson – que está em Django – participou de um filme homenagem à Shaft (*que eu assisti no cinema*). Essas duas referências são fortes e algo que, pelo que li, não é novidade na obra de Tarantino.
Django convence como diversão e isso eu não discuto. É muito fácil comprar a missão do herói, que é salvar a mocinha em apuros. Aliás, a função de Broomhilda se limita a isso mesmo: ser bonita, sorrir para o herói de forma encantadora, chorar, desmaiar e bater palmas para ele. Incomoda? Sim, eu achei todas as mulheres do filme uma nulidade. Meu marido que estava comigo (*a amou o filme*) ponderou que nos faroestes italianos, ao contrário do que acontecia nos filmes americanos, era raro uma personagem feminina ter algum destaque. O herói – que muitas vezes era um anti-herói – raramente tinha um interesse amoroso. Será que a intenção foi essa? Pode ser que sim, pode ser que não. O fato é que não preciso ter assistido nada de Tarantino para saber – e existem artigos acadêmicos feministas sobre isso – que o diretor sempre se preocupou em dar espaço privilegiado para as personagens femininas. Pode ser, portanto, que seja uma homenagem aos westerns spaghetti, mas volto a questão das mulheres no final do texto.
O filme se sai muito bem ao construir uma dupla que começa, sim, com o mentor branco, que ensina tudo para Django, desde que é questão de educação tirar o chapéu ao entrar em um recinto fechado, até ler e, claro, o ofício de caçador de recompensa. Essa situação de tutelado de Django, não dura muito e isso é importante para que o filme possa caminhar bem, o herói logo mostra que tem personalidade própria e a relação com Schultz deixa de ser a de mestre e discípulo. O próprio Schultz – um espetacular Christoph Waltz – percebe bem que não tem mais controle sobre a criatura, ainda que Django respeite o seu bom senso. Schultz nunca conseguiu ser duro como Django, já que o sofrimento da escravidão tornou o protagonista impermeável a uma série de sentimentos e capaz de grandes crueldades.
Todos estão falando da cena, e foi a minha seqüência favorita, que é a da proto-Ku Klux Klan e a discussão sem fim sobre usar ou não usar capuz. Foi a seqüência mais Monty Python sem ser do grupo de ingleses que eu já vi. “Ah, mas a KKK não existia!” Sim, ela foi criada depois da Guerra Civil, durante a chamada Reconstrução Radical (1865 -1877). Mas a tal KKK-fake é introduzida para colocar em evidência uma outra questão, mesmo que os tais Irmãos Brittle sejam criminosos, ter um negro matando um branco – e Django perde o controle em sua primeira missão – é inaceitável. Se um negro pode matar um branco e sair impune, outros negros podem se mirar no seu exemplo. E, bem, o que seria de Django sem a seqüência dos capuzes?
Outro detalhe ligado à morte dos Irmãos Brittle é bem interessante, também. Um deles é a crítica ao uso da religião – mais especificamente da Bíblia pelos protestantes sulistas – para justificar a escravidão. Um dos Irmãos Brittle usava folhas de Bíblia costuradas a sua roupa. Perceberam? Para o sulista padrão, importava muito mais a interpretação bíblica da maldição de Noé sobre seu filho Cão, ou da marca de Caim associada aos negros do que as explicações sobre frenologia dadas pela personagem de Leonardo DiCaprio lá pela metade do filme. Até hoje entre os grupos religiosos, a ciência só é convocada para reforçar a legitimidade dos discursos canônicos e na maioria dos casos, ela é somente um adereço.
Fala-se muito da violência dos filmes de Tarantino. Bem, ainda que eu não considere Django como um filme “para criança” – e havia uma na minha sessão com o pai ou o avô – trata-se de uma violência tão exagerada, tão falsa, um excesso de sangue tão digno de Cavaleiros do Zodíaco que é difícil levar aquilo a sério. Obviamente, um sujeito gargalhando atrás de mim em todas as cenas nas quais um tiroteio deixava um homem gritando no chão e sendo alvejado várias e várias vezes, era um pouco difícil de digerir, mas não dá para considerar a violência de Django algo impactante. É no jogo de palavras que o filme consegue ser mais efetivo. No uso da palavra “nigger”, considerada ofensiva em língua inglesa, para ressaltar (*talvez*), o quanto os Estados Unidos caminhou em termos de direitos civis. A tradução na legenda para “crioulo”, termo igualmente ofensivo em nossa língua, foi perfeita. O uso sutil – sim, pois fugia da violência exagerada da média das cenas – do vermelho sobre branco, como no caso do sangue sobre o algodão, também serviu para ilustrar bem que a riqueza daquela sociedade se assentava no sangue dos negros. Mas não é Django que alveja o feitor à cavalo que rende essa bela imagem brutal, é Schultz.
Django poderia ser mais curto. Deveria terminar no primeiro tiroteio em CandyLand, mas temos ainda uns vinte minutos de filme. Meu marido pontuou que a seqüência da prisão de Django e da dinamite é outra referência a um filme italiano, então, ainda que eu ache que ela não precisasse estar lá, ela tem uma função nostálgica e de homenagem a Sergio Leone. Obviamente, que Django encontrar Broomhilda “pelo cheiro” (*só podia ser*) foi bem exagerada. E a morte da irmã da personagem de Leonardo DiCaprio foi ridícula e covarde, para dizer o mínimo.
Agora, algumas ponderações necessárias. Filme, mesmo um como Django, não são mera diversão, eles passam mensagens e reforçam ou questionam representações sociais. A coisa se torna mais dramática ainda, pelo menos para mim, quando o diretor, no caso Tarantino, quer chamar para si um peso de seriedade que sua obra não tem. Em primeiro lugar, ele disse que seria uma vingança contra a escravidão. Vejam bem, em nenhum momento do filme, Django se apresenta como um vingador contra a escravidão como sistema de opressão. Aliás, a impressão que eu tive é que Django tem desprezo pelos outros escravos, porque eles são assujeitados. E, bem, Candie diz que Django é 1 em 10 mil (*ou algo assim*). Em nenhum momento o filme desmente isso, ele reforça. Quando na cena da fuga final de Django para resgatar a amada, pensei que ele teria alguma palavra de apoio para os outros três escravos que estavam em cena. Ele não tem nenhuma. E, bem, se ele foi hostil e cruel antes para manter uma personagem e enganar Candie e seus homens, ali não havia necessidade. Logo, a vingança de Django é pessoal, não compartilhada, sem simpatia pelos outros negros e negras que sofrem, é algo individualista do tipo os mais fortes sobrevivem. Eu particularmente não gosto disso.
Há quem queira ver em Schultz, e no seu nome “Dr. King” há uma referência/homenagem à Martin Luther King, um representante de uma Europa que virou as costas para a escravidão, que é culta e civilizada. De novo, cuidado! Schultz é, também, um ser único. O incômodo que sente em relação à escravidão, seu respeito e simpatia por Django, sua repulsa por Candie, não podem ser ampliadas para todos os alemães ou todos os europeus. Que havia muita gente contra a escravidão dos dois lados do Atlântico em 1858 é fato, mas a maioria das teorias racistas eram importadas da Europa. Mesmo entre os que eram contra a escravidão, eram poucos os que acreditavam em igualdade entre as “raças”, a maioria comprava tranqüilamente as teorias frenológicas, por exemplo, entre outras. E, como Django ressalta a singularidade do herói, é difícil ter certeza se o filme não concorda com elas.
Outro ponto que me incomodou deveras, e você pode pular estes dois parágrafos, pois pode ser spoiler, é o papel de Samuel L. Jackson no filme. Primeira coisa a pontuar é que o ator está espetacular como o velho escravo que é, na verdade, o senhor de CandyLand. Ele deveria ter sido indicado ao Oscar de Coadjuvante, trata-se de uma injustiça sem tamanho. Agora, em um filme no qual a passividade da massa de escravos é ressaltada, assim como a singularidade do herói, colocar um negro como o grande gênio por trás da riqueza e crueldade de Candie é bem perverso. Havia escravos que eram fiéis servidores e defensores de seus senhores? Sim. Houve revolta de escravos que foram denunciadas por escravos? Sim. Havia hierarquia entre os escravos, troca de favores? Sim. Mas mais cedo ou mais tarde, alguém lembrava a esse privilegiado seu verdadeiro lugar.
Podem tomar como exagero, mas parece aquela ladainha de que os culpados pela escravidão foram os próprios negros e que eles foram seus maiores beneficiários. E não convém comparar Samuel L. Jackson com a mammy, pois a personagem de E o Vento Levou queria que Scarlett se comportasse de acordo com as normas sociais mais estritas, a repreendia em público e tudo mais. Já a personagem de Samuel L. Jackson finge-se de submisso em público e, por trás dos panos, é ele quem controla o patrão, quem domina tudo, que dá ordem de torturar escravos e tudo mais. Não há um traço de submissão ao senhor no comportamento da personagem de Jackson. De novo, ver um filme que se vende como vingança contra a escravidão ter um negro como seu grande vilão é muito, muito incômodo. E mais, a personagem foi meio que escondida nos trailers. E, claro, já se tornou a personagem negra mais detestável do cinema e uma das mais brilhantes, também.
De resto, o filme não cumpre a Bechdel Rule. Temos várias personagens femininas com nomes. A maioria delas não conversa entre si, quando o faz, é sobre um homem. As personagens femininas são mais adereço, sem função ativa real. Há até uma escrava que parece vestida para atender em um Maid Café. Aliás, uma coisa que Django não faz é negar que as mulheres negras fossem alvo do assédio sexual dos homens brancos. Isso era real e concreto, coisa que, por exemplo, é ignorado em Histórias Cruzadas. Mesmo a irmã do fazendeiro não aparece fazendo nada que justificasse sua morte. Sua vilania tinha que ficar marcada, a não ser que a equação seja qualquer branco é vilão. Se vocês prestarem atenção, há pelo menos uma mulher entre os cidadãos armados na cena com o delegado logo no início do filme. Mais adiante, entre os empregados de Candie que participam da caçada ao escravo D’Artagnan, há uma mulher. Ela usa pano vermelho no rosto e só seus olhos ficam a mostra. Colocar uma mulher em um meio masculino e altamente brutalizado exigiria alguma função. Ela não tem nenhuma. Falando em D'Artagnan, aprendi alguma coisa vendo Django. Não sabia que Alexandre Dumas era neto de uma escrava e, portanto, tecnicamente negro para os sulistas na época.
Ah, sim, e Mandingo Fighting não é algo historicamente comprovado no Sul, ainda que Tarantino diga que existiram. Mandingo é o nome de um filme de 1975 sobre escravos “gladiadores” no Sul. O filme é baseado em um romance de 1957. Faltam fontes que apontem para um sistema organizado de lutas, ainda que isso pudesse ter acontecido pontualmente. Outra coisa que a tal história de Mandingo Fighting reforça é aquele mito que os americanos adoram sobre gladiadores de que as lutas seriam sempre “até a morte”. Não, um gladiador (*ou gladiadora*) era muito caro, lutas até a morte era raríssimas e quem as bancasse deveria pagar somas exorbitantes. Outra coisa que algumas pessoas levantaram é que não havia casamento entre escravos. Formalmente, papel passado, não havia, mas eram comuns os casamentos informais, por imposição dos patrões, ou por afeto, permitido, ou não. Aliás, a possibilidade de ter uma família, do patrão não separar esposos e filhos já rendia para muitos escravos a sensação de liberdade. Nem todos os escravos eram iguais, ainda que eu continue enfatizando que colocar um escravo como o vilão da trama é racismo, ainda que inconsciente.
É isso! Django no geral é um grande divertimento. Muita correria, muito sangue, diálogos espirituosos, a maravilhosa seqüência da Klan, um herói impenetrável e capaz de tudo. Não é um faroeste às antigas, mas uma boa homenagem. Jamie Foxx, Christoph Waltz e Samuel L. Jackson pagam o filme e ainda sobra. Poderia ser um tiquinho mais curto, mas ninguém vai se cansar vendo Django, acredito eu. Não é um filme politicamente engajado, nem crítica à escravidão como sistema, é uma peça que exalta ações individualistas. Nesse sentido, deveriam parar de querer vender o filme como algo que ele não é e ficar com a diversão. Não me fez ver Tarantino com melhores olhos, ou querer sair loucamente atrás de seus outros filmes. Aliás, a idéia de vingança como satisfação, ou catarse, não me toca e só me faz lembrar da barbárie que ainda habita dentro de muitos seres humanos. Mas é um filme legal e entrou para a categoria “filme para assistir com meu pai” e irei fazer isso nas próximas férias.
Segundo o Comic Natalie, Sugata Uri vai estreou um novo mangá na revista Dessert, a série irá se chamar Tsubame to Umi to Dolce (つばめと海とドルチェ). Em linhas gerais, a história tem como protagonista uma garota que gosta de música, mas ficou traumatizada por alguma experiência na escola quando era criança. No colegial, ela começa a descobrir que as coisas podem ser diferentes. A página do mangá é esta aqui.
Também nesse volume há um booklet de Suki-tte Ii na yo。(好きっていいなよ。) de brinde. A capa, aliás, é do mangá de Kanae Hazuki.