sábado, 31 de agosto de 2013

Trailer da 4ª Temporada de Downton Abbey


Hoje saiu o trailer da 4ª temporada de Downton Abbey, seriado da TV britânica ITV que faz sucesso no mundo inteiro.  Durante a semana já havia sido liberada a nova foto de elenco, que não traz surpresa alguma para quem assistiu a 3ª temporada, e eu decidi usá-la no post.  Assim, fora a cena diálogo entre a Condessa Viúva e a Mary e esta chorando no ombro do mordomo, Mr. Carson, achei o trailer fraquinho.  muita choradeira, muita gente rindo, e nada a acrescentar.  Aliás, eu não consegui gostar da 3ª temporada, daí, talvez não ter conseguido resenhá-la ainda... Tsc... Tsc... mas como a série volta dia 22 de setembro, preciso correr.  


Outro ponto interessante, Edith pode virar de lagarta à borboleta completa nessa temporada, viram a aparição dela?  A saída do Dan Stevens foi péssima, mas minha vingança é que ele não vai se criar em Hollywood e não vai nem poder fazer o fantasminha em Downton, tipo a moça da novela das nove da Globo... É isso!  Vamos esperar pela nova temporada.

Sob o Domínio das Colegiais: o Poder das Adolescentes Japonesas



Fazia tempo que eu não traduzia um artigo para o Shoujo Café. No entanto, esse sobre o poder de consumo e de ditar moda das colegiais japonesas parecia valer a pena. Agora, vocês poderão julgar se eu estou certa. O texto foi publicado no The Wall Street Journal, mantive os links da matéria, mas as imagens eu peguei na internet com base naquilo que a autora, Manamo Okazaki descreve.

Onde as Colegiais Japonesas Dominam

por Manami Okazaki

Colegial.  Para muitas meninas, é um tempo de embaraço e namoricos sem importância.  No Japão, entretanto, as colegiais são vistas como especialistas em estilo.  Um símbolo da liberdade da juventude, elas são amplamente celebradas como ícones da moda e da cultura pop, aparecendo em mangás tais como InuYasha, e animes como Sailor Moon e filmes feitos em Hollywood como Kill Bill.

Mas elas não são somente objeto de fascínio.  Elas também tem grande poder como consumidoras.  Graças em grande parte a seus pais, elas frequentemente controlam uma receita confortável, e tem uma extraordinária habilidade para estimular novas tendências.  



Até hoje, elas foram responsáveis pela moda dos pendentes de celular, meias frouxas,  pijamas do Pikachu (como roupa de passeio, nada menos que isso), cabines de fotografias purikura, câmeras instantâneas Cheki e uma infinidade de outros itens kawaii, só para citar alguns deles.  Na verdade, mesmo na Era Taisho (1912-1926), foram as colegiais as primeiras consumidoras de itens kawaii tais como estampas, cartões e sombrinhas adornadas com ilustrações femininas do designer Takehisa Yumeji.

Enquanto pesquisava para o meu livro sobre a cultura do kawaii no Japão, eu vi hordas de colegiais imaculadas de mentirinha nas ruas de Harajuku e na loja de departamentos 109 em Shibuya depois do horário escolar.  Toyoko Yokoyama, vice-´presidente da Conomi, uma marca com sede em Harajuku de “uniformes escolares fashion” para as garotas usarem nos fins de semana, me disse que “as colegiais japonesas são ícones porque são competentes em expressarem a si mesmas.  Elas sabem a força da marca que é ser uma colegial”.  Na verdade, um dos conselheiros da Conomi é Shizuka Fujioka, que viajou por lugares como a Tailândia no papel de “embaixadora do kawaii”. Vestida com um dos uniformes da Conomi, ela espalhou o evangelho da cultura japonesa do fofinho como parte de um projeto de um projeto de diplomacia baseada no soft-power idealizada pelo ministro de assuntos estrangeiros do Japão em 2009.



Em nenhum lugar o poder de consume das garotas japonesas é mais visível do que no show bianual chamado Tokyo Girls Collection, o maior evento de moda de Tokyo, que acontece este sábado.  Ele conta com um público de mais de 60 mil pessoas, que pagam entre 5.500 e 15 mil ienes pelo ingresso.  Neste final de semana estão previstos desfiles de moda, show com o grupo feminino HKT48, comediantes, o concurso de beleza Miss TGC, e uma palestra da diretora de moda (e ex-estilista de Lady Gaga) Nicola Formichetti.

A atmosfera carnavalesca é amplificada pelo frenesi entusiasmado de uma barulhenta audiência adolescente.  Ela está em oposição flagrante à tradicional Mercedes-Benz Fashion Week, em Tóquio, que conta em grande parte com a presença de consumidores com ar entediado e a imprensa.


A maioria das marcas no Tokyo Girls Collection são de moda casual como as hiper-femininas Cecil McBee e Jouetie. O invés de exibir as tendências da próxima estação, as marcas permitem que a audiência compre roupas que estão em uso em tempo real.  As garotas fazem suas compras através do celular no site do evento, que tem mais de meio milhão de assinantes e dois milhões de visitas únicas por mês, segundo os organizadores.  Os itens comprados são entregues na casa da menina no dia seguinte.  

Muitas das 80 ou mais modelos e celebridades desta estação são meio-asiáticas, tais como a cantora e atriz nipo-polonesa Anna Tsuchiya, e a modelo bengali-japonesa-russa Rola.  Ao invés das top models intimidantes que avançam pomposamente pela passarela nos eventos de modas ortodoxos, a aparência dominantes no Tokyo Girls Collection é decididamente kawaii – muitas das modelos não tem mais de 1,65 de altura, e entram na passarela vestidas como líderes de torcida, carregando imensos pirulitos ou exibindo laços de fita nos cabelos do tamanho dos usados pela Minnie Mouse.


Trata-se de um barulhento e extravagante evento de seis horas que pode ser francamente avassalador.  Mas não pode ser batido por permitir um olhar sobre a cultura das colegiais japonesas, em toda a sua deslumbrante glória.

Manami Okazaki escreve sobre os aspectos mais coloridos da cultura contemporânea japonesa. Ela é autora de cinco livros sobre a cultura pop japonesa, incluindo, mais recentemente, “Kawaii, the culture of Cute” (Prestel UK).

Reiko Shimizu estréia novo mangá na revista Melody


Reiko Shimizu tem uma longa carreira na qual se destacam os títulos de ficção científica, como Kaguya Hime (輝夜姫) e Himitsu – Top Secret (秘密 -トップ・シークレット-).  Segundo o Comic Natalie (via MangaNews), o primeiro capítulo de Deep Water (Deep Water〈深淵〉), com 74 páginas, algumas coloridas, estreou na revista Melody no dia 28 de agosto.  O segundo capítulo sairá em outubro, ou seja, parece que ela deve manter uma periodicidade bimestral. Fazia 14 anos que a autora não começava uma nova série.  Aliás, no momento, ela está publicando, também, duas prequel de Himitsu uma chamada The Genesis  (秘密 Genesis 創世記) e outra Season 0 (秘密 season 0).  E, para comemorar o primeiro volume de Season 0, uma exposição ficará aberta entre os dias 26 de agosto e 5 de outubro, na SANSEIDO bookstore na estação de Chiba.


Voltando para Deep Water, o Manga News traz um resumo da história: Aki Kasuga assassinou seus pais quando tinha treze anos, por motivos desconhecidos.  Aki Kasuga é colocado em uma instituição de recuperação e recebe uma nova identidade, tornando-se Sei Kamihara.  Nos dias de hoje, seis anos depois, sua irmã caçula e um detetive, Tôru Takahira, retornam ao lugar do crime, o lago Ezu, na província de Kunamoto, em busca de respostas.  Um novo crime, com características semelhantes, acontece no mesmo lugar, dessa vez, o envolvido é uma garota.  Sobre ela (*imagino que seu corpo*) é encontrada uma nota onde se lê a palavra “batismo”.  Alguns dias depois, todos os animais do Zoo local aparecem mortos e dentro da boca de um deles, um macaco, um bilhete onde se pode ler “imoral”.  Takahira, então, decide interrogar Sei Kamihara e tentar descobrir o mistério por trás dos crimes.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Conheça Seul com Akiko Higashimura!


Quem conhece o anime ou o mangá de Kuragehime (海月姫) deve lembrar que a mãe idosa de uma das personagens, Chieko, que é otaku de quimonos e bonecas antigas, adora a Coréia do Sul e os artistas (*homens*) do país.  Pois é, parece que a autora do mangá também é, tanto que, segundo o Comic Natalie, Higashimura está organizando uma excursão de três dias e duas noites pelo país.  A viagem é exclusiva para mulheres e será no período de 26 a 28 de outubro.   O custo é de 86 mil ienes e são 80 vagas.  O nome da excursão é “Conheça Seul com Akiko Higashimura!”.  Imagino que esse negócio deva ser bem divertido... 


Publicado o último capítulo de 07-Ghost


O Comic Natalie noticiou que 07-Ghost (セブンゴースト) chegou ao seu final na edição da revista Comic Zero-Sum publicada ontem no Japão.  De autoria de Amemiya Yuki e Ichihara Yukino, a série começou a ser publicada em junho 2005 e teve uma série animada em 2009.  O último volume da série, o #17, será publicado no Japão em 25 de setembro.  Aqui, no Brasil, a Panini está publicando 07-Ghost. A edição da Comic Zero-Sum trouxe um quiz sobre a série e um pôster especial comemorativo.


Ranking da Oricon


Ontem saiu o ranking da Oricon e, ao contrário da semana passada, temos uma boa presença dos mangás shoujo entre os 30 mais vendidos.  Sim, nenhum josei apareceu.  No top 10, estão dosi mangás da Betsuma.  Temos também os últimos volumes de Tonari no kaibutsu-kun e Gakuen Alice.  Kami-sama Hajimemashita aparece bem posicionado e, fechando o grupo, Akatsuki no Yona.

4. Ao Haru Ride #8
7. Ore Monogatari!! #4
12. Kami-sama Hajimemashita #16
16. Gakuen Alice #30
23. Tonari no Kaibutsu-kun #12
24. Akatsuki no Yona  #12

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Shingeki no Kyoujin ganha um Spin-off shoujo


Segundo o ANN e o Comic Natalie, no dia 28 de setembro estréia na revista ARIA um gaiden spin-off de uma das séries shounen de maior sucesso no momento, Shingeki no Kyoujin (進撃の巨人).  O nome da nova série é Shingeki no Kyojin Gaiden: Kuinaki Sentaku Prologue ( 進撃の巨人 外伝 悔いなき選択) e será focada no passado de Levi e Erwin (*ou Irvin*), sim, não é um mangá centrado em uma figura feminina. A arte do manga será de Hikaru Suruga e o roteiro de Gan Sunaaku.  Este não é a primeira série derivada de Shingeki no Kyoujin, mas só de estar em uma revista shoujo já é um sinal do apelo que o mangá e anime derivados têm sobre a audiência feminina.  Pelo tipo de imagens – fanarts, em sua maioria – da dupla Levi/Erwin que eu vi, o mangá deve ter um apelo BL, sem dúvida.  

Mitsuba Takanashi na revista Cocohana


Mitsuba Takanashi tem vários sucesos na carreira, o mais destacado talvez seja Crimson Hero ou Beniiro Hero (べにいろヒーロー), o manga shoujo de esportes de maior destaque nos últimos anos.  Agora, o Comic Natalie, dá a notícia de que ela estreou uma nova série na revista Cocohana chamada Sumika Sumire (スミカスミレ).  Não consegui entender direito se é a menina ou o rapaz que é um colegial de 60 anos de idade... Feitiço, magia, maldição, deve ser algo do gênero... de qualquer forma, se a opção for pelo clichê, o enfeitiçado é o rapaz.  Vamos esperar por maiores informações.  Já na próxima edição da revista, Hinako Ashihara, de Sunadokei (砂時計) e Piece ~Kanojo no Kioku~ (Piece ~彼女の記憶~), estréia uma nova série chamada Bread & Butter.  Não há informação sobre o plot no CN.


terça-feira, 27 de agosto de 2013

Distrito no Japão bane Gen Pés Descalços das bibliotecas escolares


Eu cheguei a esta notícia através de um site em língua portuguesa, como queria ter mais detalhes, fui atrás de outras fontes e cheguei a duas notas no jornal Japan Times.  Pois bem, o comitê educacional de Matsue, distrito da prefeitura de Shimane, decidiu banir das bibliotecas escolares o mangá Gen Pés Descalços ou Hadashi no Gen (はだしのゲン). Segundo os membros do comitê, o mangá traria cenas de violência inadequadas para um público tão jovem.  No entanto, segundo o Japan Times, desconfia-se que a medida tenha a ver com a tentativa de esconder os crimes de guerra japoneses relatados de forma muito crítica no mangá de Keiji Nakazawa, que não se resume a falar da bomba atômica, que tirou a vida de seu pai e vários irmãos, como muita gente pensa, mas passa a limpo coisas que são omitidas nos livros de História japoneses, como o Estupro de Nanquim (*imagem abaixo*):


Ainda segundo o Japan Times, até hoje a Prefeitura de Shimane mantém disputa em relação as ilhotas Dokdo, com a Coréia do Sul.  Os japoneses chamam as ilhas de Takeshima e mantém uma celebração anual em memória da sua perda.  Ou seja, a coisa não está resolvida MESMO, basta ver a insistente negativa em reconhecer, por exemplo, que mulheres chinesas, filipinas, coreanas, e outras, foram submetidas pelas tropas japonesas à escravidão sexual durante a guerra, eram as tais "mulheres do conforto".  A moda, aliás, desde que os nacionalistas voltaram ao poder, é negar a existência dos tais bordéis com mulheres escravizadas para atender as tropas japonesas ou tentar enfatizar que as coreanas, em especial, se prostituíam quase que por vocação natural, os bonzinhos até admitem, mas dizem que foi tudo necessário.  Um nojo!  Enfim, o pedido original de banimento do mangá foi feito por um cidadão do distrito de Matsue em 2012, na mesma época da morte do autor, mas a prefeitura negou.  Posteriormente, o conselho de educação do distrito acatou o pedido com a desculpa que descrevi acima, mas o escândalo foi tão grande, fora a recusa de 44 dos 49 diretores de escola em cumprir a ordem, que o conselho voltou atrás, segundo a notícia de 22 de agosto do Japan Times.


O que eu posso acrescentar?  Negar a história, deixar de avaliar as atrocidades e erros do passado, só abre possibilidade para que coisas piores aconteçam.  História não se repete, mas podemos viver momentos bem piores quando nos negamos a aprender com aquilo que nossos ancestrais fizeram, especialmente, quando cegos por orgulho nacionalista ou interesse de facção.  E, sim, leiam Gen Pés Descalços, trata-se de uma obra fundamental e que deveria estar, também, em todas as nossas bibliotecas escolares.  Gen sai no Brasil pela editora Conrad.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Mais um manga que termina: Kokoro Button


Segundo o Pro Shoujo Spain, foi anunciado o final do mangá Kokoro Button (ココロ・ボタン), de Maki Usami.  A série é publicada na revista Betsucomi e terminará na edição de novembro, que será lançada em 12 de outubro.  Segundo o PSS, a série, que vende bem no Japão, será encerrada com 11 volumes.  Kokoro Button é publicada na Françapela Soleil e na Itália pela Flashbook.  Nestes últimos meses séries importantes da Betsucomi vem terminando ou estão por terminar, caso de Black Bird (ブラックバード) e Dengeki Daisy (電撃デイジー).

Shojo Beat e seus novos e velhos títulos em papel e formato digital

A VIZ, através de seu selo Shojo Beat, fez uma série de anúncios muito legais na Japan Expo no último domingo.  De títulos novos teremos Majo no Biyaku (魔女の媚薬), de Tomu Ohmi, será lançado com o título de Spell of Desire nos EUA.  E, mais legal ainda, mês que vem começa a sair Midnight Secretary (ミッドナイト・セクレタリ).  Devo pedir junto com Ōoku (大奥)  cujo volume #8 sai em setembro, também.  Outro dos lançamentos da VIZ é a edição 3 em 1 de High School Debut (高校デビュー/Koukou Debut0, delicioso mangá que, no original, teve 13 volumes.  Imagino que a VIZ lance os gaiden, porque seriam mais dois volumes e a edição em formato leve 3 e pague 1 ficaria com 5 tomos.  O outro título novo é Kamikaze Kaitō Jeanne (神風怪盗ジャンヌ), de Arina Tanemura.  Esse título já foi publicado nos EUA pela CMX.  Isso me eu alguma esperança de que a VIZ possa pegar outros títulos de editoras extintas, e estou pensando principalmente em Ema de Kaoru Mori, que eu nunca consegui fechar. :(

Agora, algo que me deixou contente foi ver que estão nos planos da editora relançamentos em formato digital, dentre eles, Basara (バサラ) e Hana Yori Dango (花より男子).  São títulos que eu nunca completei e, como estou querendo economizar espaço, será muito bom tê-los no tablet e computador.  Isso, claro, se o dólar não desembestar mesmo e impedir que a gente possa continuar consumindo mangás publicados nos EUA.  Será uma lástima, porque fãs de shoujo e josei têm pouco a esperar de nossas editoras brasileiras.

Novela é obra aberta e o telespectador tem, sim, o direito de opinar!



Ontem, foi publicado um texto na Folha de São Paulo chamado Principal alvo da nova censura moralista é a telenovela, ele veio em seguida a uma matéria com o Carlos Lombardi que, agora na Record, é conhecido por criticar o sistema brasileiro que dá mais poder ao diretor do que ao autor da novela, por criticar a classificação indicativa como castradora da criatividade, e por encher suas tramas de homens descamisados e atrizes boazudas.  A autora do texto, Renata Pallottini, é professora emérita da USP, e está criticando a suposta censura imposta pelos anunciantes e pela audiência.  Vou citar um trecho do texto da autora:
As empresas que podem vir a subvencionar a produção se afastam quando o conteúdo da sinopse não lhes agrada; a sociedade reduz a audiência e provoca a necessidade de mudanças, de acordo com a sensibilidade da emissora ao seu desagrado. Se nos reportarmos à telenovela de maior audiência no momento, "Amor à Vida", vemos reações de público e grupos organizados que configuram o repúdio àquilo que, segundo eles, representa o perigo de formar estereótipos: associações médicas se rebelam contra o fato de doutores, na história, serem adúlteros e pouco dedicados ao trabalho; grupos de obesos se solidarizam com a personagem Perséfone, enquanto grupos ligados à questão de gênero lamentam a personalidade do vilão Félix (um dos maiores acertos da novela). Nossa sociedade atual, sobretudo a que assiste à novela, é, em boa parte, moralista. Defende que, na obra de ficção, se apresentem modelos de boa conduta --nem sempre seguidos na vida real. Despreza, deliberadamente ou por ignorância, o fato de que a ficção é uma história inventada, baseada, sim, na realidade, mas que não está obrigada a nos apresentar exemplos de pureza moral e bons costumes.
Eu já critiquei aqui no blog várias vezes a classificação indicativa, pois, na maioria das vezes, ela é burra, castradora e moralista, sim.  Já critiquei, também, os pais e mães que, incapazes de controlar os filhos ou temerosos de ferir-lhes os sentimentos ao dizer "vai dormir" ou "não", querem transferir para o Estado a função de censurar programas adultos em horários em que crianças deveriam estar dormindo.  Já falei do comportamento ridículo e carregado de preconceito de certos telespectadores. Isso não quer dizer que eu concorde com os argumentos da autora do texto que deseja tirar qualquer poder de reação ou intervenção das mãos da audiência.


Em primeiro lugar, é comum que as emissoras, a Globo faz isso em diversos momentos das tramas, criem grupos de opinião com representantes do público alvo.  A pressão é mais intensa quando um produto vai mal, tem baixa audiência.  Nem sempre, a resposta do público é aquilo que eu gostaria, mas é uma consulta válida, e serve para que autores e autoras possam pensar e repensar os rumos de suas obras.  Não deveriam ser determinantes, mas não podem ser jogadas fora.

Pelo discurso da autora, fica parecendo que é fascista escrever para a emissora, para o autor, sugerir desfechos ou reclamar de algo que, sim, está errado, é ofensivo.  Querem ver?  Já houve vários casos de racismo em telenovelas.  Alguns passaram batidos, outros foram motivo de reação de grupos do movimento negro e mesmo de pessoas comuns.  O paraíso branco de A Viagem ficou um pouco "colorido" graças á pressão dos telespectadores.  Isso, quase vinte anos atrás, bem antes dessa suposta onda de moralismo que parece campear por aí...  Hoje, apesar das novelas da Globo terem ficado brancas de novo, há todo um cuidado com a forma como homens e mulheres negros são retratados.  Será que em nome da liberdade criativa a audiência deveria se calar e engolir qualquer coisa?  Será que devemos endossar tramas racistas, sexistas, detratoras de certos grupos?  Será que uma empresa é "malvada" por não querer ver seu nome associado a uma produção que deprecia a sua marca?  Em outros países, este tipo de pressão acontece o tempo inteiro e, em boa parte das vezes, com resultados satisfatórios.


A autora do texto cita Amor à Vida, essa novelinha que merece, mas não recebe 1/5 das pedradas de Salve Jorge, para sustentar seus argumentos.  Ora, o autor ridiculariza sem parar uma personagem gorda; ela sofre toda sorte de humilhações.  Parte da audiência argumenta que em uma sociedade na qual obesidade está cada vez mais associada à doença (*ainda que nem todos os obesos sejam doentes*), preguiça e desleixo, trata-se de uma crueldade, reforço do preconceito.  Todos os médicos da trama - todos, sem exceção - são criminosos ou negligentes ou canalhas.  Diz a autora, "(...) a ficção é uma história inventada, baseada, sim, na realidade, mas que não está obrigada a nos apresentar exemplos de pureza moral e bons costumes".  Ora, bolas!  Será que TODOS os médicos e médicas são canalhas na vida real?  Não são.   Será que não deveria ser compromisso da ficção temperar as coisas? E teve a grávida hipertensa que no país das cesarianas nunca iria ser colocada para ter parto normal (*se morreu, culpa do parto normal, vocês sabem...*) e a mocinha, agora transformada por vingança em noiva fantasma, que morreu de um dos tumores com maior possibilidades de cura.   Isso é semear desesperança e desinformação.  O autor se defende ofendido, claro, assim como o fez em outros casos ou, por estar blindado, simplesmente dá de ombros.  No entanto, quando convém, diz que retrata a realidade em suas tramas...  Sei... Sei...  Está bom para fazer par com o Manoel Carlos.

Até acredito que haja gente, não acadêmicos estudiosos das telenovelas, que acredite que a audiência deve ficar caladinha, mas este texto me parece mais matéria paga ou algo do gênero.  Será que nem desligar a TV a gente pode em respeito à liberdade criativa do autor?  TV neste país é concessão pública, ou não é?  Olha, a gente só muda uma situação - e nem estou entrando no mérito do pior ou melhor - se não se posicionar.  As novelas brasileiras representam muito mal os não-brancos, os pobres, os LBGTs, as questões de gênero, os evangélicos, e tantos outros grupos.  O vilão não precisa perder no final, como se isso fosse nos consolar, mas devem existir várias vozes dentro da trama, ainda que o autor ou autora tome suas posições, algo que é plenamente aceitável.  Uma só voz, um só discurso, estereótipos sem fim, preconceitos despejados de forma anacrônica e a-crítica não são marcas de uma boa trama, mas da indigência criativa e/ou arrogância dos autores de telenovela, isso, sim.

domingo, 25 de agosto de 2013

Comentando Círculo de Fogo (Pacific Rim, 2013)



Ontem fui assistir Círculo de Fogo junto com meu marido.  A sessão era normal, sem 3D, e legendada.  Como foi no geral uma tarde agradável, não tenho motivos para reclamar de ter que me deslocar para o Pier 21, shopping muito acolhedor, mas que fica relativamente longe de casa.  Obviamente, deveria ter seguido o meu primeiro feeling e escolhido outro filme ou ficado em casa, mas estava incomodada pelo zum-zum-zum em torno da personagem Mako Mori, de um texto que me mandaram que reputava Pacific Rim como um “filme feminista” (*Há!*) e a tal história de que as lutas dos robôs eram espetaculares assim como seu design.  Bem, tudo balela.  Círculo de Fogo não é ruim, deixo esse rótulo para Prometheus, mas é um filme fraco, cheio de clichês e que aproveita muito mal seu grande chamariz, os mechas.  Eu não troco meus velhos Spectreman e Ultramen por Círculo de Fogo com toda a sua tecnologia, porque falta algo muito importante ali: alma e coração.

Círculo de Fogo começa explicando dois termos: kaiju, monstro em japonês, nome dado às criaturas que apareceram de repente e atormentam a humanidade; e jaeger, caçador em alemão e nome dados aos robôs que os combatem.  Em 2013, várias cidades às margens do Oceano Pacífico são atacadas por monstros.  Eles promovem destruição em massa e seu sangue e fezes contaminam o ambiente.  Governos da região decidem se juntar e patrocinar o Projeto Jaeger: robôs gigantes são construídos e controlados por duplas de pilotos em conexão neural.  Após os primeiros reveses, os pilotos de jaeger começam a derrotar regularmente os kaiju, tornando-se verdadeiros heróis. 


2020, os irmãos Becket pilotam Gipsy Danger em mais uma missão, eles são uma das melhores duplas de pilotos jaeger.  No entanto, o monstro desta vez é maior do que de costume e a tragédia acontece, o robô é destruído e um dos irmãos morto.  Raleigh (Charlie Hunnam), o sobrevivente, decide se retirar do serviço.  Cinco anos depois, a ameaça kaiju parece maior do que nunca, mas os governos do Pacífico decidem extinguir o Projeto Jaeger e investir em grandes (*e ineficientes*) barreiras de contenção.  O que sobrou dos jaeger – somente quatro robôs – está em Hong Kong e o Marechal Stacker Pentecost (Idris Elba) tem poucos meses para mostrar que eles ainda são importantes e que seu plano de destruir a fenda de onde saem os monstros é válida.  Nesse intuito, ele decide ir atrás de Raleigh e convencê-lo a pilotar novamente.  Concomitantemente, sua filha de criação, Mako Mori (Rinko Kikuchi), precisa convencer o Marechal de que ela é a melhor escolha para pilotar Gipsy Danger junto com Raleigh.

O filme Círculo de Fogo é cheio de referências aos tokusatsu, seriados live action japoneses, e aos animes.  Quando é dito que a poluição e as transformações climáticas tornaram o ambiente terrestre novamente aceitável para os monstros, trata-se de um elo direto com Spectreman, meu seriado japonês favorito, só para citar um exemplo.  É possível ver referências a Godzilla, Evangelion, Robô Gigante, aos animes clássicos de robôs de Go Nagai, aos seriados com patotinha – como Changemen, mas que os novinhos devem identificar aos Power Ranger, e por aí vai.  Eu certamente perdi uma parte considerável das menções carinhosas, pois efetivamente, não me interesso por tokusatsu faz muito tempo e os animes do Go Nagai com seus robôs impossíveis e trilhas sonoras espetaculares, morreram quando o primeiro Gundam impôs uma nova tendência para o gênero.  Só que eu sei reconhecer uma boa luta de robôs, um bom drama e isso Pacific Rim não tem.


Toda primeira parte do filme é quase perdida com muita falação e temos somente duas lutas completas durante mais de duas horas de filme.  Se eu contar com a primeira, curta e trágica, já que o irmão do protagonista morre, temos três.  Eu fui para o cinema querendo ver os robôs e lutas dramáticas, já que houve toda a falação sobre a homenagem aos clássicos japoneses, só que tudo foi previsível, sem emoção, com frases clichê, como Mako sacando a espada do robô – até então desconhecida – e berrando “Pela minha família!” e matando o monstro.  Mas tudo muito sem sal, corrido, sem aquele dramalhão que os japoneses sabem colocar neste tipo de seqüência. Mas voltarei para Mako daqui a pouco.  Achei uma verdadeira ofensa a forma como os jaeger chinês e russo foram destruídos.   Eles não lutaram, foram simplesmente destroçados.  Se os russos – pilotados de um casal que parecia saído dos filmes de gangue ou bárbaros dos anos 1980 – eram os mais experientes em serviço, dessem a eles um fim digno.  Se os chineses que eram o único caso de pilotagem tripla – sintonia fina entre trigêmeos –, se eram tão geniais, que mostrassem a que vieram.  Nada disso, tudo foi rápido e sem nenhuma emoção.  Pá-Pum!  E sobrou somente o jaeger australiano, mesmo assim, incapacitado.

Enquanto isso, comendo o tempo que poderia ser investido em lutas de robô, um tempão do filme foi perdido com a exibição de testosterona e pouco cérebro do piloto australiano Chuck Hansen (Robert Kazinsky).  E nesse ponto, justiça seja feita ao herói, Raleigh não é o machão típico, não entra gratuitamente na pilha e consegue ser simpático.  Já Hansen-filho – o pai pilota junto com ele – incorpora todos os clichês do machinho revoltado que os americanos adoram inserir em seus filmes.  Outro clichê – dessa vez compartilhado pelo herói – é o do piloto que quebra as regras.  Ninguém nesses filmes americanos consegue ser herói e disciplinado e profissional ao mesmo tempo.  


Outro clichê que já se tornou irritante é o chefe negro. Gosto do Idris Elba, ótimo ator, bonitão, com uma voz espetacular, mas vamos combinar que chefe negro é algo que os americanos colocaram em seus filmes lá nos anos 1980, especialmente o chefe de polícia negro, dentro daquela coisa das cotas, e arrastam até hoje.  Por que não colocar um oriental?  Um latino?  Uma mulher? Ou, melhor, porque não deixar o chefe caucasiano e colocar o piloto-protagonista negro (*ou latino, ou oriental, ou...*)?  Claro que não!  Aí não pode!  Já basta a japonesa pilotando a robô protagonista.  Sim, se vocês prestarem atenção, Gipsy Danger é a única robô-menina do grupo de quatro, garantindo as cotas.    

Voltando ao design dos robôs, antes de passar para assuntos mais indigestos, eu mal consegui vê-los.  Os japoneses em seus seriados gostavam de colocar as lutas em plena luz do dia, mesmo nos animes é assim.  Você via os robôs, os golpes, conseguia observar os detalhes muito bem.  Já em Círculo de Fogo tudo é muito, muito escuro e as lutas são frenéticas, rápidas, mas sem a dramaticidade que os japoneses conseguem imprimir.  Vemos os robôs, especialmente o russo e o chinês, de relance, nunca de uma forma detalhista.  E eu fico imaginando como conseguiram apreciar tanto o design mecânico.  Fotos de produção?  Só assim mesmo.  Meu marido, que achou Círculo de Fogo um lixo quase completo, ficou pontuando as incoerências físicas do filme, do guarda-chuva de Mako, que não balançava quando perto do helicóptero grandão pousando, até o reator nuclear, passando pelo navio usado como maça e que não se partiu.  Sou muito menos exigente, e o que mais me ofendeu foi colocarem meia dúzia de micro-helicópteros para carregarem os robozões.  Se os Evas precisavam de um grande avião, imagina os jaeger?  Na dúvida, olhem só o infográfico abaixo.


Fora isso, temos o clichê básico dos cientistas geniais e doidos.  Ambos brancos (*claro*), com sobrenomes alemães ou judaicos (*Gottlieb e Geiszler*), e sempre com picuinhas entre si.  Coisa velha, já vista, batida e pisada.  Todo cientista (*ou nerd*) é doidinho, se veste mal, fala engraçado... Ai... Ai... Devo celebrar Pacific Rim por causa disso????   Até houve uma boa sacada em relação às teorias dos dois.  A união neural com o cérebro do kaiju e o que se seguiu, com uma seqüência em Hong Kong, que me lembrou a história do Profeta Jonas, e não falo da personagem de Ron Perlman ser engolida, mas de todo mundo pagando o pato por causa do “pecado” de um homem só, foi bem razoável.  Não posso entregar as teorias dos dois cientistas, já que isso seria um spoiler grande demais, mas foi meio absurdo que ambos, ou um deles, não morresse no processo de união neural com a criatura.  Falando em união neural, se um piloto lia o pensamento do outro, devo considerar que a vocalização dos golpes deva ser referência carinhosa aos animes e live actions nos quais as personagens costumam gritar os golpes ou foi falha de roteiro mesmo? Vou dar um desconto e ficar com a primeira opção... 

E chegamos ao ponto principal do texto.  Eu fui assistir Círculo de Fogo, principalmente, porque um leitor do blog me enviou o link para o texto The Mako Mori Test: 'Pacific Rim' inspires a Bechdel Test alternative.  Enfim, ao que parece, e isso para mim só se explica por carência mesmo, criou-se a partir do Tumblr a proposta do Mako Mori Test como um índice de feminismo em um filme quase em oposição ao Bechdel Test, que eu uso sempre neste blog para estabelecer o índice de representatividade feminina em um filme.  O tal “Mako Mori Test” compreenderia três critérios: a) pelo menos uma personagem feminina; b) que tivesse seu próprio arco; c) que não seja para suportar a história de um homem (*normalmente o herói*).  A autora do texto, Aja Romano, parece não considerar nem o Bechdel Test, nem o Mako Mori Test como indicativos de que um filme é, ou não, feminista. Entretanto, parece que outras pessoas não pensam assim.


A Bechdel Rule não foi proposta para medir se um filme era feminista, mas, simplesmente, e dentro de um contexto satírico (*quadrinho aqui*), apontar que boa parte dos filmes produzidos em Hollywood não tinha nenhum compromisso em representar minimamente as mulheres (*vide video da Anita Sarkeesian sobre a questão*).  E há filmes que cumprem a Bechdel Rule e são indesculpavelmente machistas.  Indo para Círculo de Fogo, além dos estereótipos raciais variados, a película não preenche Bechdel Rule.  Temos um número enorme de figurantes mulheres.  E são somente isso, figurantes.  A piloto russa, mal fala, e quando o faz é na cena de sua morte.  Se houvesse algum interesse em promover mínima representatividade, ela teria maior destaque ou um dos cientistas poderia ser uma mulher... Não, acho que, não, porque mulheres cientistas normalmente ou são sexy bombs com decotões e roupas justas (*vide Wolverine, que não resenhei ainda*) ou a caricatura da feminista mal humorada, prestando-se pouco às piadinhas rasteiras que o filme promove com os dois homens da ciência.  O japonês do controle poderia ser uma mulher, basta lembrar das produções japonesas live action e animadas, mas não é.  Ser um oriental com peso na história, já cumpre a sua cota.  Estabelecidos os pontos, é Mako Mori que está no filme para cumprir todos os possíveis papéis femininos dentro do filme.  Querem ver?

Ela é a filha do chefe durão; ela é o tênue interesse amoroso do herói (*olhares, cena da camisa, e por aí vai*); ela faz as vezes de secretária/braço direito competente do chefe durão; e, sim, ele é a mulher que consegue mostrar que pode, apesar de emocionalmente instável, pilotar o jaeger.    Eu entendo a fascinação pela personagem, dada a indigência de papéis femininos com alguma representatividade em filmes de ação hollywoodianos, mas não posso endossar as opiniões que superestimam a importância da personagem para além do próprio produto, tornando-a quase um ícone feminista.  Em Círculo de Fogo, Mori acaba sendo uma personagem que carrega um peso enorme e é, também, um estereótipo racial.  Sua modéstia, seus olhos baixos, seu excesso de cortesia, a aparição com o guarda-chuva, tudo me remete aquela imagem submissa das mulheres japonesas que o Ocidente adora perpetuar.  


Junte-se a isso que, ainda que ela tenha sua própria linha de história, ela quer ser um piloto para vingar sua família. Um homem poderia agir assim, também, no entanto, o herói não parece muito interessado em vingar seu irmão, mas em cumprir a missão e salvar a Terra. Sabemos que Mori é capaz, ainda que aquela cena de luta tenha sido mais uma das enrolações e competente, mas será mesmo que ela age por interesse próprio?  Não me pareceu.  Fora isso, ela se mostra vulnerável e frágil, precisando ser salva pelo herói.  E o mais curioso é ver gente achando o máximo que não tenha rolado beijo no fim, como se isso fosse destruir a personagem, como se ser assexuado fosse sintoma de força.  Olha, depois de toda aquela seqüência final, que pedia o sacrifício do herói, o mais lógico seria que os dois se beijassem.  Ou será que sugerir que a mocinha tenha sexualidade ou sinta tesão pelo herói e vice-versa deporia contra a sua capacidade como piloto?  Por favor...

Não quero cair na necessidade da personagem feminina forte (*Strong Female Characters/SFC*) ter o dever de ser feita de aço, perfeita, só quero pontuar que Mako Mori estar sendo supervalorizada com base neste modelo, quando não o preenche.  Pior ainda, a meu ver, é quererem estabelecer um Mako Mori Test para medir o quão feminista um filme que só tem uma personagem feminina – normalmente um SFC – em um elenco quase que integralmente masculino.  Acho que precisamos exigir mais do que isso e sugiro como leitura o excelente artigo I hate Strong Female Characters.  


O que quero dizer é que é possível gostar de Mako Mori sem tentar superestimar sua importância para além do Círculo de Fogo.  Só não venham cair nessa balela de testes para medir feminismo em filmes; o Bechdel Test não serve para isso, o Mako Mori Test, muito menos. Achar o filme em si legal e vibrar com ele, também, é direito seu.  Eu esperava um tiquinho mais de Guilhermo Del Toro a julgar pelo frisson que o filme causou em certos grupos de fãs.  Aliás, teria sido melhor contratar uns japoneses para cuidarem das cenas de lutas com robôs, eles fariam melhor, aliás, já fazem muito melhor com menos recursos faz quatro décadas.  Sei que não era o público alvo de um filme como Círculo de Fogo, mas não vi reações apaixonadas dentro de uma sala de cinema cheia de adolescentes e homens.  O filme poderia ser muito melhor e até serve de alívio que as platéias norte americanas não tenham dado o retorno que os produtores esperavam, pois ou não teremos continuação, seja prequel ou seqüência, ou os envolvidos farão uma autocrítica em relação à produção.  É isso.  Da próxima vez, sigo meu impulso inicial e não deixo a curiosidade me pegar.

sábado, 24 de agosto de 2013

Atenção, Pesquisadores de Histórias de Quadrinho do Brasil!


Este ano foi criada a Associação de Pesquisadores em Arte Sequencial (ASPAS).  Com sede na cidade de Leopoldina, Minas Gerais, é uma associação de pesquisadores que ensejam a pesquisa e o desenvolvimento científico e pedagógico acerca da arte sequencial, com ênfase nas histórias em quadrinhos.  O site da entidade está no ar e é possível se associar.  Alguns eventos já foram organizados (*os deste ano estão fora dos meus planos por causa da gravidez*) e outros estão previstos.  Utilizei o logo do primeiro para ilustrar o post.

O campo de pesquisa em Histórias de Quadrinhos está em expansão e é importante que os interessados, os pesquisadores solitários, saibam que existem outras pessoas por este Brasil trabalhando com o material e, ás vezes, temas que a gente curte.  Se estiver interessad@, a página é esta aqui.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Sailor Mars já está em pré-venda



O site Plastkitty publicou fotos da S.H.Figuarts de Sailor Mars pintada.  Ficou bonita e entra em pré-venda no dia 2 de setembro.  


Outra foto circulando é esta com todas as inner senshi pintadas.  Estão umas gracinhas e eu  tenho esperança de que todas as outras sailors - Urano, Netuno, Plutão e Saturno - também irão sair.  Tuxedo Mask seria bem-vindo, mas as Stars e a Chibiusa, eu dispenso.


Para quem lê inglês, a entrevista que Naoko Takeuchi deu para a revisa Rola foi traduzida e pode ser lida aqui.


CLAMP e Chica Umino homenageiam Aa! Megami-sama!


Aa! Megami-sama! (ああっ女神さまっ) ou Oh! My Goddess!, de Fujishima Kosuke, completou 24 anos de publicação, 46 volumes e 300 capítulos.  Para comemorar esta marca, ilustrações especiais de vários mangá-kas, que já foram publicadas entre 2009 e 2011 na revista Afternoon, serão lançadas amanhã em um artbook.  O autor da série também colabora com a antologia.  O Comic Natalie diz que há uma promoção – não sei se via revista, realmente não entendi, que premiará 300 sortudos com produtos da série.  Aa! Megami-sama! teve várias animações e é conhecida por ter um autor que saiu do traço indigente e horroroso para o deslumbrante em tempo recorde.  


Bem, participam da edição os seguintes mangá-kas: Oh Great!, Chica Umino, Clamp, Kozue Amano, Minari Endou, Akemi Takada, Soda Masahito, Noiji Itou, Soumatou, Akahito Yoshiichi, Endou Okito, Ishiki, Ningen, Nylon, Kumakura Takatoshi, Kashiwabara Mami, Inu, Ayamine Rando, Takeuchi Motoki, Minato Saki, Nino, Kunori Fumio, Shinobu Arazu, Suzumoto Tetsuya, Sakano Uenosora, Wada Yoriko, Hoshino Futa, Houjou Akira, Terada Nyankofu, Meiji Kanako, Miyazaki Maya, Niwa Niwa, Ochiai Nikki.


P.S.: Alguns mangá-kas não estão listados no Mangaupdates e tive dificuldades para transliterar seus nomes.

Comentando Anna Karenina (2012)


Domingo passado, assisti a última filmagem de Anna Karenina – um dos livros campeões de adaptação para o cinema – dirigida por Joe Wright (Orgulho e Preconceito, Desejo e Reparação) com roteiro de Tom Stoppard (Shakespeare Apaixonado, Parade’s End).  Eu queria ter visto no cinema, mas não consegui.  Infelizmente, a locadora não comprou o Bluray, mas o DVD simples, porque, bem, não é um filme para todo mundo... Sei... Sei... Enfim, mais uma vez, Joe Wright escalou Keira Knightley, sua musa, para o papel da protagonista.  E, bem, ainda não me decidi sobre quem estava mais fora do lugar, se ela, ou Jude Law, que deveria ser e parecer um ancião.  De qualquer forma, o filme é lindo de se ver e Joe Wright se mostra cada vez mais competente na composição do espetáculo visual, mas superficial e sem a densidade dramática que Anna Karenina exigia.  Enfim, vamos lá:

Anna Karenina é considerado por muitos o melhor romance de Tolstoi, por outros, o melhor romance do realismo russo, e há ainda especialistas que o reputam como o maior romance do gênero já escrito no mundo.  Daí, vocês já tiram o peso da obra dentro da literatura mundial.  Na tentativa de resumir um livro gigantesco, há duas histórias que correm paralelas no filme, a mais importante conta como Anna Karenina (Keira Knightley), mulher de seus trinta anos, moralmente inatacável, e casada com um homem vinte anos mais velho (Jude Law), cai em desgraça ao se apaixonar pelo jovem oficial Vronsky (Aaron Taylor-Johnson) e decidir assumir publicamente seu romance.  A outra história fala sobre o amor do virtuoso Levin (Domhnall Gleeson), amigo do irmão de Karenina, Stiva (Matthew Macfadyen), pela jovem Kitty (Alicia Vikander), no início da história apaixonada por Vronsky, e os percalços enfrentados por ambos até que finalmente conseguem ser felizes juntos.


Primeira conclusão óbvia: é impossível adaptar razoavelmente um livro como Anna Karenina em duas horas, ainda mais tentando costurar as duas tramas principais ao mesmo tempo.  Segunda coisa, podem me chamar de (pre)conceituosa, mas Keira Knightley com seu riso fácil, seu jeito coquete e abusado com o marido, não consegue convencer como uma mulher virtuosa e séria em nenhum momento, ela sempre me soa falsa, fora do lugar, da mesma forma que me pareceu em Orgulho e Preconceito.  Não a considero uma má atriz, mas ela é tão superestimada, que é difícil vê-la produzindo uma interpretação convincente, especialmente, em filmes de época.  Terceiro, Jude Law nem com a maquiagem consegue convencer como um homem vinte anos mais velho que Keira Knightley.  Deveriam ter escalado um ator mais velho, ou fazê-la parecer, também, mais jovem.  Sinceramente?  Não funcionou.

Onde o filme pontua alto é no visual.  É bonito, é elegante, e a opção por tentar fazer parecer que tudo se passava dentro de um palco, com cenários se montando e desmontando, com as cenas se desdobrando uma das outras, ficou muito legal.  Só que, a partir de um determinado momento, parece que a idéia foi abandonada ou negligenciada.  Será que não prestei atenção?  O recurso do palco é usado durante toda a primeira parte, mas, depois, vai se perdendo.  Houve também o uso de certas estratégias já vistas em outros filmes do diretor, como o casal apaixonado que parece aos nossos olhos dançar sozinho no salão.  Outro recurso, este usado à exaustão, é o do congelamento do elenco em passagens mais densas, com somente os protagonistas se mexendo.  É uma idéia que me agrada, mas deve ser usada com parcimônia.


Dos filmes que vi do Joe Wright, Anna Karenina é o mais bonito e chamativo, mas o melhor executado de longe é Desejo e Reparação.  Enfim, essa nova adaptação foi feita focando em um público jovem, bem mais jovem que eu, e reforça a idéia de que o visual deve prevalecer sobre a força da história e das interpretações.  Além disso, ao tentar combinar comédia – vejam a forma como Matthew Macfadyen interpreta Stiva – e tragédia, consegue se sair melhor no primeiro gênero do que no segundo, que daria o tom à história de Anna Karenina.

Fora isso, o filme apresenta muito bem a dupla moral que rege o patriarcado.  Ainda que tenhamos um Alexei Karenin – marido da protagonista – capaz de perdoar e esquecer, porque, bem, ele tem o direito de exercitar a sua magnanimidade e ama a esposa, Anna é impiedosamente condenada pela sociedade.  Anna e o irmão cometem o mesmo crime/pecado, afinal, tudo começa com Karenina tentando reconciliar Stiva e a esposa, Dolly, depois que esta descobre que ele a traiu com a governanta da casa.  Como “a família vem em primeiro lugar”, a esposa cede e termina se acomodando ao fato de Stiva continuar a traí-la em bases regulares.  Ele não consegue resistir, não se trata de paixão, é simplesmente uma expressão do seu privilégio de macho.  Já quando Karenina, arrastada pela paixão, decide viver com o amante, mesmo o irmão lhe fecha as portas de sua casa.  Não existe reciprocidade no tratamento.  Há inclusive uma (ex) amiga da protagonista que diz para Vronsky que se Karenina tivesse cometido um crime, as portas de sua casa estariam abertas para ela, mas ela feriu os costumes, isto é, saiu de casa para morar com o amante e acredita que pode continuar convivendo na boa sociedade.


Curiosamente, as portas das grandes famílias continuam abertas para Vronsky, ainda que sua mãe, a Condessa Vronskaya (Olivia Williams), lhe chame a atenção para o papel ridículo que está fazendo.  Afinal, é elegante que um rapaz complete sua educação tomando como amante uma mulher casada, mas, não, que decida transformá-la em companheira.  Está claro que, a partir do momento que ele abandonar Karenina, seu espaço na boa sociedade está garantido.  Falando em Vronsky, Aaron Taylor-Johnson está bem no papel e convence, mas o filme tira dele a carga trágica.  Por exemplo, sua tentativa de suicídio quando o marido de Karenina o perdoa é omitida.  Também existe um esforço de torná-lo um amante mais que dedicado, mesmo quando Karenina mergulha na paranóia de que está sendo traída e no vício pela morfina.  Enfim, o pior é assistir ao filme e ver que praticamente todos os atrizes e atores, mesmo os que estão em papéis minúsculos, como Holliday Grainger, que faz uma baronesa devassa anônima, convencem em sua interpretação, enquanto o calcanhar de Aquiles da produção parece ser Keira Knightley.  

Em nenhum momento, ela me passa dúvida quando tentada a trair, a atriz parece interpretar o papel sem a gravidade e tragicidade necessárias. Karenina parece sempre insolente e desprovida de qualquer remorso.  As afrontas que faz ao marido, a forma como ela decide ir ao teatro a despeito do pedido de Vronsky, tudo a torna muito antipática.  Lembro de uma das versões que vi criança, acredito que a com Vivien Leigh, mas não tenho certeza, fazia com que eu tivesse pena da protagonista, ainda que não gostasse dela, por ser privada de ver seu filho.  Me recordo da personagem batendo em vão nas portas fechadas e do suicídio dramático.  Afinal, ao romper com o marido, ela fizera uma escolha.  Neste novo Anna Karenina, mesmo esta questão parece de menor importância.  O chato é que Michelle Dockery (*Lady Mary de Downton Abbey*) ou Ruth Wilson (*Jane Eyre de 2006 com um terrível visual platinado*) com certeza fariam uma Anna Karenina muito mais competente que Keira Knightley, mas estão no filme somente para lhe servir de escada.   Falando em excelentes atrizes, Alicia Vikander, de A Royal Affair, consegue ser uma das melhores coisas do filme.  Ela tem futuro. 


Enfim, este Anna Karenina cumpre a Bechdel Rule?  Acho que não.  Temos várias personagens femininas com nomes e que conversam entre si, mas o teor dessas conversas sempre parece ser algum homem, filho, amante ou marido.  Talvez, eu esteja sendo injusta na avaliação, mas, no geral, foi um filme bem decepcionante.  Reforço que é difícil adaptar um livro tão grande para duas horas, ainda assim, Stoppard e Wright poderiam fazer melhor.  De qualquer forma, acho que agora achei um Karenina que me convença de verdade, pois, graças ao filme, fui atrás da minissérie da BBC de 1977.  Nicola Pagett é a primeira Karenina que me convence tanto como a mulher virtuosa, quanto como a pecadora.  Competente, elegante e bonita ao mesmo tempo.  Essa minissérie da BBC é considerada a melhor adaptação do livro, com a vantagem, claro, de ter dez episódios para contar a história.  É isso.   Assista Anna Karenina com Keira Knightley por sua conta e risco, pois o filme poderia, sim, ser muito melhor realizado.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Ranking da Oricon

Esta semana foi fraquíssima para os mangás femininos e só temos um título no top 30: o último volume de Tonari no Kaibutsu-kun (となりの怪物くん) em quinto lugar.  Agora, é esperar pela semana que vem.


Japoneses testam seus conhecimentos sobre A Rosa de Versalhes


O Comic Natalie trouxe hoje informações sobre o teste de proficiência que vai aferir os conhecimentos dos fãs sobre A Rosa de Versalhes, o Berusaiyu no Bara Kentei Koushiki Mondaishuu (ベルサイユのばら検定公式問題集).  Ele faz parte das comemorações dos 40 anos da série.  O exame para valer é presencial e acontecerá simultaneamente em Tokyo e Osaka no dia 24 de novembro.  Se entendi direito, há dois níveis de proficiência, e a pessoa pode fazer os dois ao mesmo tempo, e  não é barato, não!  4,900 ienes, 5,800 ienes e 9,700 ienes com desconto para estudantes que façam os dois.  O registro precisa ser feito on line na página oficial até 24 de outubro.  Um manual com informações e simulados está a venda e, parece que uma nova reedição do mangá, formato normal e bunko, sai este mês.  Para quem quiser fazer o teste, há simulado on line na página oficial do teste. :)  O número de certificados concedidos será limitado.  E o novo anime, nada!