Minako Narita está completando 40 anos de carreira. Um das grandes mangá-kas dos anos 1980, ela tem um estilo elegante e uma forma muito própria de contar histórias. Seja ficção científica ou uma série em uma legítima high school norte americana, a autora sempre conseguiu êxito. Para comemorar os 40 anos e o décimo sétimo volume de sua obra mais recente, Hana yori mo Hana no Gotoku (花よりも花の如く), haverá um sessão de autógrafos no dia 24 de setembro na Tokyo Sanseido Book Store Ikebukuro Main Store. O evento é para os 100 primeiros que comprarem o Minako Narita Art Works na loja a partir do dia 5 deste mês.
Já em 2018, em fevereiro, haverá uma peça de Hana yori mo Hana no Gotoku ao estilo do Teatro Noh, tema da série que é publicada na revista Melody. Segundo o Comic Natalie, mais detalhes serão dados, provavelmente, nos próximos números da Melody.
Hoje, pretendia escrever sobre amenidades, ou sobre o tema principal desse blog, shoujo, claro, mas, no caminho para o hospital (*foi uma vã tentativa de conseguir marcar uma consulta médica*), terminei ouvindo a coluna de uma das jornalistas da Band News FM. Já falei dela aqui, não lembro quando, mas, basicamente, sempre que ela tem alguma chance, ataca alguma feminista, ou as pautas feministas. O alvo dela desta vez? Clara Averbuck, outra jornalista que, esta semana, contou em um post do Facebook que havia sido estuprada por um motorista de Uber, mas que estava na dúvida se fazia, ou não o BO. Segundo a jornalista:
"Estão me pressionando para fazer denúncia na delegacia. Essa decisão é minha, não confio no sistema, já fui mil vezes na delegacia, já levei mulheres lá, já vi o tratamento que é dado. B.O. não é um documento mágico do Harry Potter que vai te defender. Não significa que vão prender o cara. (...) Violência sexual é crime que quem tem que provar é a vítima. Eu não tenho sêmen em mim, eu não tenho nada em mim. Eu tenho só essa marca de quando ele me derrubou no chão. Como é que eu vou provar alguma coisa? Não tem como.”
O estupro de Lucrezia.
A crítica da jornalista da Band não caminhou junto com a corriola que acusou Averbuck (*que admitiu estar bêbada ao pegar o carro*) de ser uma vagabunda, mentirosa, de ter prejudicado a vida de um “trabalhador”, já que a Uber, que já encarou outros casos semelhantes (*Exemplos: 1-2-3-4*), dispensou o suspeito (*viu? Sei usar a palavra.*), ela reclamou, assim como no caso da campanha do #primeiroassédio, da falta de objetividade de ações como a da Averbuck, isto é, escrever um texto na internet, acusou-a de querer atenção. A coluna está aqui (*31/08*). Podem ouvir. Enfim, fica parecendo que basta fazer um BO que o estuprador é preso e joga-se a chave fora, quando, na verdade, a vítima é que fica marcada, é alvo de suspeita, deboche, recriminações, muitas vezes correndo o risco de alguma retaliação por parte do agressor. Mas e se há testemunhas? Antecedentes?
Vamos ver, ontem, toda a mídia repercutiu, e imaginei que a coluna da jornalista sobre Clara Averbuck tivesse sido anterior, mas ela é de hoje mesmo, o caso do juiz que mandou libertar, com a conivência de outras instâncias, um sujeito que, havia assediado uma mulher em um ônibus lotado na Avenida Paulista. O que o moço fez? Intimidou, passou a mão em seus seios e ejaculou no pescoço da moça. E-JA-CU-LOU! Imaginaram isso? O cara quase foi linchado pelos outros passageiros, mas a polícia o salvou, a delegada checou a ficha do cara, que tem cinco acusações de ESTUPRO, e mandou prender. No entanto, 24 horas depois, a justiça mandou soltar o sujeito.
Outra versão de Susana e os Velhos.
Citando o G1, “(...) Na decisão, embora afirme que "o ato praticado é grave", e destaque o "histórico desse tipo de comportamento" do rapaz, o juiz diz não ver "constrangimento tampouco violência" e, por tal razão, defende que o crime "se amolda à contravenção e não estupro". Agora, as palavras do jovem magistrado: "Entendo que não houve constrangimento tampouco violência ou grave ameaça, pois a vítima estava sentada em um banco de ônibus, quando foi surpreendida pela ejaculação do indiciado". Virou piada na internet uma caricatura do juiz com um pênis ejaculando em seu rosto, mas não é piada, não, é somente o risco que nós, mulheres corremos. O primeiro, do abuso; o segundo, da justiça patriarcal que se solidariza com o estuprador, porque, bem, a classe dos homens se defende e sempre pode contar com as validadoras do sistema – mulheres, elas mesmas – para reforçar a claque. Lembrei do filme egípcio, o único que vi na vida, Cairo 678. A resenha está aqui.
Terminando, enquanto esperava chamarem a minha senha no hospital, fui ler a última edição da revista espanhola de História, Historia y Vida, que apareceu nas bancas de Brasília. Ela é do ano passado, e estavam comemorando os 100 anos da redescoberta do trabalho da pintora do Barroco italiano, Artemisia Gentileschi (1593-1656). Ela só ficara uns 300 aninhos na obscuridade, para uma mulher, seja artista, cientista, estadista, isso é quase nada... Mas, enfim, o que une Artemisia aos casos citados nesse post sombrio? Ela foi estuprada aos 18 anos por um artista, que era seu professor de perspectiva, o pintor Agostino Tassi. Um ano depois do ocorrido, provavelmente, porque o cidadão não quis “reparar” o erro casando-se com ela, o pai da moça, também pintor, o denunciou. Sabe o que aconteceu?
Judith dá cabo de Holofernes.
Artemisia fez um relato pungente de como o sujeito se aproveitou do fato dela estar sozinha em casa (*havia subornado uma vizinha para ser avisado quando o pai dela sairia*), para invadir a residência. A BBC traduziu parte do depoimento de Artemisia: "Trancou o quarto a chave e depois me jogou sobre a cama, imobilizando-me com uma mão sobre meu peito e colocando um dos joelhos entre minhas coxas para que não pudesse fechá-las. E levantou minhas roupas, algo que lhe deu muito trabalho. Pôs um pano em minha boca para que não gritasse. Eu arranhei seu rosto e arranquei seus cabelos." Na Historia y Vida estava completo, mas eu teria que traduzir, já basta isso.
A corte então a submeteu a um exame humilhante feito por duas parteiras diante de um juiz e deum escrivão. O estuprador subornou testemunhas, tentou difamar a pintora. Ela foi submetida à tortura, prática comum nos processos da época, mas que poderia ter deformado suas mãos. Ela manteve sua versão. O caso se arrastou por meses e o sujeito foi condenado. Ele podia escolher entre prisão por cinco anos e exílio de Roma. Preferiu deixar a cidade. Vitória da moça e seu pai que denunciaram a violência? Não se adiantem! Poucos meses depois, o cara estava de volta à cidade. Afinal, tinha bons amigos. Já Artemisia, para salvar a honra da família, foi obrigada a se casar com um pintor medíocre e deixar Roma definitivamente. Mesmo depois de sua morte, ainda circulavam histórias maledicentes a seu respeito.
Outra versão de Judith e Holofernes.
No entanto, embora sua vida não tenha sido fácil, a pintora, que hoje é celebrada graças ao minucioso trabalho de resgate feito por acadêmicas feministas, é lembrada por sua arte, onde a violência muitas vezes se faz presente, por ter sido a primeira mulher (*conhecida, vai saber*) a ser aceita na Academia de Belas Artes de Florença, além de dar nome ao prêmio anual para mulheres quadrinistas na França (*criado por mulheres*).
Ela poderia ter se calado, talvez tivesse tido uma carreira igualmente brilhante, mas o que eu quero dizer é que mulheres são desqualificadas quando se calam e quando denunciam, quando buscam a justiça, ou quando a fazem a sua moda, como Clara Averbuck. Simplesmente, como mulheres – velhas ou moças, virgens ou experientes, casadas (*desde que sem a companhia do homem nosso legítimo senhor e dono*) ou solteiras – podemos ser apropriadas a qualquer momento, porque o espaço público não deveria ser nosso lugar. Se o caso for à justiça, ainda corremos o risco de ouvir que um sujeito que ejacula em nossa cara não cometeu violência. E se fosse na cara de um homem? De qualquer forma, usem os casos acima para refletir sobre os motivos dos crimes de estupro serem sub-notificados e imaginem quantos nunca chegam nem às delegacias, nem ao Facebook.
Jael mata Sísera com um prego de sua tenda.
P.S.: Todas as ilustrações do texto são quadros de Artemisia. Observem a recorrência do tema estupro e vingança feminina, de inspiração clássica, ou bíblica, ainda que, e isso é importante, ela tenha pintado retratos, vários, aliás. Há uma lista de seus trabalhos aqui.
Ontem, fui ao cinema. Precisava. Estou cansada, com meu pé ainda lesionado, provas que não terminei de corrigir e, bem, assisti ao trailer de Doidas e Santas. Daí, pensei “É uma comediota que pode me fazer rir.” Lembrei de Minha Mãe é uma Peça 1 e 2, De Pernas para o Ar 1 e 2, Loucas para Casar e Os homens são de Marte e é pra lá que eu vou (*que não resenhei, mas que me fez rir muito*), era de algo assim que eu precisava, um amontoado estereótipos, aquele arzão de especial de TV, mas um dinheiro bem investido. Doidas e Santas não é nada disso. Não é comédia, não é drama, tampouco um mix inspirado das duas coisas, parece mesmo uma quase novela do Manuel Carlos em formato filme. E, bem, isso é bem desabonador. O final até me surpreendeu, mas não compensou a fraqueza do filme.
A trama básica da história é a seguinte, Beatriz (Maria Paula) é uma terapeuta e escritora de autoajuda sucesso. O tema de seus livros é sempre o mesmo: receitas para salvar seu casamento. Durante uma entrevista para a TV, ela descobre que apesar de cuidar da felicidade alheia, ela é profundamente infeliz. Seu marido (Marcelo Faria) é insensível e a trata com desdém. Sua filha adolescente (Luana Maia) é uma estranha para ela. Sua mãe (Nicete Bruno) é um peso que sua irmã caçula, a ativista pelos direitos dos animais, Berenice (Georgiana Goés), não quer dividir. Pressionada pelos prazos para entregar seu próximo livro, magoada com o marido, um dia, ela decide chutar o balde e recomeçar a vida, o problema é que ela não sabe por onde.
Pagodão na Mangueira.
Que eu digo de um filme como Doidas e Santas? Ele trabalha em cima de estereótipos como a irracionalidade feminina (*todas somos doidas*), da paixão dos homens por futebol, sem nenhuma inspiração. Infelizmente, Maria Paula não conseguiu tornar sua personagem nem engraçada, nem simpática, ela é uma chata e culpada por absolutamente todos os seus problemas. É um massacre, um horror e ela tem experiência em fazer comédia. O que aconteceu? Posso estar colocando muito peso na protagonista, o resenhista do site Adoro Cinema atribuiu muitos dos problemas ao diretor Paulo Thiago. E o filme não tem ritmo mesmo. Fazia tempo que não assistia um filme brasileiro com este defeito.
Olhando Beatriz, lembrei das dondocas das novelas do Manoel Carlos. Mulheres finas, superficiais, que tratam os serviçais e os suburbanos – vide a cena na Mangueira e o incidente com o funcionário da blitz do Detran – com desdém, superioridade não somente econômica, mas intelectual. Criaturas preconceituosas assim existem, claro, vide a legião de batedores de panelas que continuam a assombrar a internet. Só que a atitude não é somente dela, mas da personagem de Nicete Bruno. Vide a cena do vídeo na qual ela trata com altivez de sinhá a empregada negra e o porteiro nordestino. Triste aquilo.
No decorrer do filme, mãe e filha se reconciliam.
Falando em negros, há alguns no filme. Salvo pela orientadora, ou diretora, da escola da filha da protagonista, todos são absolutamente subalternos e, na maioria dos casos, hipersseualizados. Uma delas, sem rosto, como a bela mulher negra que desce as escadarias da Mangueira. O close da câmera, que acompanha a bunda da moça, louvada pela protagonista e sua irmã, é constrangedor. A piada, claro, é com as escadarias. Vantagens de ser pobre e favelada, subir e descer escadas é melhor que academia. Funcionou? Não comigo. Ri muito pouco. Os argentinos, homens, neste caso, também são sexualizados, todos são cortejadores, viris. O filme é uma coprodução, daí a viagem para Buenos Aires.
Voltando para Beatriz, sempre sisuda, sempre julgando, sempre analisando, temos a sua vizinha Valéria (Flávia Alessandra), uma mulher liberada (*periguete seria o termo*) e até leviana, que reclama o tempo inteiro do marido tão atencioso. Ela queria um homem “normal”, que não lhe enchesse de mimos, carinhos, que a trocasse pelo futebol e pela cerveja, que a traísse com outras mulheres. E, bem, quando conhecemos Alex, na pele do Thiago Fragoso, lindo como eu nunca vi, a gente começa a pensar muito mal da vizinha prestativa. Da mesma forma que Beatriz começa a ser revelada como péssima mãe, esposa e filha.
O novo livro com temática diferente.
No final das contas, a coisa poderia até caminhar para a gente imaginar que as grosserias da personagem de Marcelo Faria eram fruto da imaginação de Beatriz. Afinal, todas as mulheres são loucas, não é mesmo? Descobrimos que ele é um bom pai, um genro prestativo e mesmo um bom marido, Beatriz, a megera workaholic, que ignora a filha e reprime a mãe idosa de uma forma doentia, é que não consegue ver isso. As mulheres é que são culpadas pelo seu sofrimento. Mulheres que colocam a profissão acima da família especialmente. Bom que Beatriz tenha a possibilidade de largar parte das atividades estressantes para passar mais tempo com a filha e se divertir, não é mesmo? Gente da classe social dela, pelo menos em filmes, pode fazer isso.
Terminando, porque o filme não vale tantas palavras. O filme cumpre a Bechdel Rule tranquilamente, afinal, boa parte do elenco é feminino e fala dos problemas de Beatriz. As piadas são fracas. A protagonista é doentia e nem tira umas lasquinhas do Thiago Fragoso, que tinha sido chutado por Valéria, a vizinha fogosa. A sequência dos dois é de uma artificialidade tremenda. Só serviu mesmo para me fazer pensar que ele ficaria ótimo como o Mr. Darcy da versão novela de Orgulho & Preconceito que sairá no ano que vem. Pena que não achei nenhuma foto decente dele no filme para colocar aqui. E mais, há sites dizendo que ele é protagonista, só que o ator mal aparece em cena.
Isso aqui deve ser de uma cena pós-créditos.
De resto, o final, que não vou mentir que me surpreendeu, pode parecer empoderador para as mulheres, mas se quiserem uma sugestão, corram atrás de um clássico como Recruta Benjamin que tem problemas, também, mas oferece um final parecido e realmente inspirador para as mulheres. Isso, claro, se não houver alguma cena pós-créditos, basta olhar a foto do casal na beira da praia. É o vestido (*lindo, aliás*) que a protagonista está usando na última cena. De repente, havia algo mais, só que todo mundo que estava na sessão levantou e saiu.
Cabe comentar que o filme é baseado em um livro de mesmo nome escrito por Martha Medeiros e que se tornou famoso como peça de teatro estrelada por Cissa Guimarães. Não sei a peça, se é melhor, mais interessante, mas Doidas e Santas é um Manoel Carlos ruim para o cinema, cheio de clichês de gênero, classismo e racismo, que não conseguem ser diluídos em boas piadas rasteiras que me fazem rir, ainda que me sentindo culpada.
Ontem, Júlia me pediu para ver Piu Piu e Frajola. O clássico. Era um episódio no qual a Vovó e Piu-Piu estavam indo para o Oeste. Frajola era um índio. Desta vez, havia vários gatos e suas montarias eram gatos gigantes (*estranho, mas de Pluto e Pateta são cachorros, tá valendo*). Os gatos querem comer o Piu-Piu e pegaar o escalpo da velhinha.
Vovó e Piu-Piu encontram um forte abandonado e (*sorte*) cheio de armas. A dupla sorridente se encastela no forte e dizima os gatos-índios que eram os vilões. Pense na História dos EUA, da Marcha para o Oeste e de como isso é complicado, mas, enfim, na época era somente um desenho infantil fofinho. As personagens são dos anos 1940, Piu-Piu (Tweety) foi inventado em 1942 e Frajola (Syvester), em 1941. Não sei de qual ano é o episódio, mas há uma lista dos clássicos aqui.
Este é um desenho educativo de verdade.
Não me lembrava de quão sádico era esse desenho. Não lembrava mesmo. Não sei se foi um episódio específico mais agressivo, agora, fez o Pica-Pau parecer bonzinho em certos momentos. Eu ri de nervoso e me sentindo meio culpada. Ela cansou no segundo, queria a versão nova higienizada. Essa não presta nem para rir, enfim. Na casa dos avós, ela é mais indulgente e senta para a assistir Tom e Jerry com o meu pai. Ele gosta, ela sabe disso, e senta para ver com ele e fazer bagunça. Em casa, ela prefere mudar para outra animação, as facilidades do Youtube.
Quando o povo fala que "os desenhos de antigamente" eram melhores. Especialmente, gente velha como eu, ou mais velha, que foi bombardeada com Piu-Piu, Papá-Léguas, Pica-Pau, Pernalonga, enfim, essa pessoa está operando por pura nostalgia, sem nenhuma reflexão crítica, ou pedagógica. A sequência de desenhos da manhã da TVE é muito superior em termos educativos e mesmo de roteiro.
Um único episódio e um monte de brinquedos para comprar como resultado.
Agora, obviamente, se a gente pega um Patrulha Canina, que Júlia ama, coisa feita para vender brinquedos, a coisa empalidece em narrativa e roteiro. Sobra algo de educativo, muito pouco, verdade, que não consegue esconder o objetivo geral da coisa que é capaz de criar toda uma série especial dos cachorrinhos para vender em um único episódio. Sim, vendo Patrulha Canina meu nervosismo é outro...
Em 2015, o RocketNes 24, agora, Sora News, fez uma matéria sobre os mangás do Christ Weekly, ou Christ Shimbun, um semanário com mais de 70 anos destinado à comunidade cristã japonesa, que antropomorfizavam denominações cristãs. O foco era a colegial Pyuri-tan, uma representação do puritanismo. OK. Agora, a editora que publica o jornal quer investir em light novels (*romances curtos*) juntando a Bíblia e a cultura otaku. "Estamos à procura de obras que os leitores possam desfrutar ao aprofundar a sua compreensão [do cristianismo]", dizem os organizadores do concurso.
Segundo o SN, as regras para a publicação dos romances estão no site da editora. Temática cristã, claro, trabalhos originais, autores devem submeter um resumo de pelo menos 10 mil caracteres enviado com antecedência no aplicativo do próprio site. O vencedor, parece que é um concurso, publicará o seu livro em capítulos no Kirisuto Shimbun e, posteriormente, encadernado. Quanto às compensações financeiras, elas serão combinadas entre a editora e o/a autor/a. Inscrições entre 1 de setembro e 31 de dezembro.
Ashita no Joe (あしたのジョー) é uma das séries mais espetaculares que o Japão já produziu. Publicada entre 1968 e 1973, acompanha o jovem Joe, um adolescente delinquente de sua vida sem rumo até se tornar um dos maiores boxeadores de todos os tempos. Reunindo todas as virtudes dos shounen mangá, a série termina com uma grande luta e a dúvida que acompanhou os fãs: Joe morreu no final, ou não? Enfim, o Manga Mag trouxe uma matéria comentando que nem Tetsuya Chiba, o desenhista da série sabe até hoje se Joe sobreviveu. Não havia indicação no roteiro do já falecido Ikki Kajiwara. Enfim, a revelação foi feita em uma nota manuscrita do próprio Chiba enviada para o programa Shouwa vs Heisei Anime & Tokusatsu & Manga Heroes – Heroines Top 20.
Agora, o que mais me deixou curiosa é saber que lista de heróis e heroínas mais importantes da Era Shouwa (1926-1989) e Heisei (1989-até hoje) saiu desse programa. Foram milhares de votos. Na página do programa não há nada, ou o que há está em formato imagem, o que dificulta a tradução para mim. O Manga Mag só publicou o top 5 Shouwa: 1) Son Goku (Dragon Ball), 2) Lupin (Lupin III), 3) Ultraman (Ultraman), 4) Doraemon (Doraemon) e 5) Joe YABUKI (Ashita no Joe). SSe alguém souber de um site que tenha a lista discriminada em japonês ou tenha traduzido, eu agradeço.
Já tinha comentado sobre o dorama baseado no mangá Ayame-kun no Nonbiri Nikushoku Nisshi (アヤメくんののんびり肉食日誌), de Mai Machi. O Comic Natalie trouxe o primeiro trailer, o anterior era um teaser curto, da série que estréia no dia 7 de outubro. A série é protagonizada por dois cientistas, o Ayame (Mario Kuroba) do título, que estudou no exterior e passa por um período de difícil re-adaptação ao Japão, e Tsubaki, sua colega mais velha, especialista em esqueletos de pássaros e dinossauros. No trailer é possível ver a ex-namorada do sujeito vindo ao Japão tomar satisfações com Tsubaki e um outro cientista que disputa com Ayame a atenção dela. É um trailer divertido.
Esta semana, o Takarazuka - teatro musical feminino japonês - anunciou que irá fazer uma montagem de Anatolia Story ou Sora wa Akai Kawa no Hotori (天は赤い河のほとり), de Chie Shinohara. O Igor, meu consultor para assuntos do Takarazuka, me passou algumas informações sobre a montagem. Enfim, a diretora dapeça será Koyanagi Naoko, que é também a diretora da montagem de Haikara-san ga Toru (はいからさんが通る).
Makaze Suzuho
Hoshikaze Madoka
A peça será a estréia de duas novas top stars, Makaze Suzuho e Hoshikaze Madoka, além disso, será uma peça comemorativa dos 20 anos da trupe mais nova da Revue, a Soragumi. Enfim, será coisa grande! Vamos esperar, porque são 28 volumes para adaptar. Essas informações todas estão na página do Takarazuka.
Entre os dias 22 e 25 de agosto, estive em São Paulo participando das 4as Jornadas Internacionais em Histórias em Quadrinhos, promovido pelo Observatório de Histórias em Quadrinhos e pela Escola de Comunicação (ECA) da USP, trata-se do maior evento acadêmico da área da América Latina. Um dos maiores do mundo, sem dúvida. Aliás, uma das coisas que muita gente não sabe é que o Brasil é um dos pioneiros dos estudos com quadrinhos no mundo. A primeira exposição internacional foi promovida aqui, organizada por um jovem chamado Álvaro de Moya em 1951, no auge da perseguição aos quadrinhos. Em nosso país, um dos grandes opositores era o “Corvo”, Carlos Lacerda, um inimigo terrível, para dizer o mínimo. O livro, Shazam (1970), de Álvaro de Moya, é um marco nos estudos acadêmicos com quadrinhos e republicado até hoje. A primeira tese acadêmica sobre mangá, foi defendida em São Paulo por Sônia Bybe Luyten.
Álvaro de Moya iria lançar um livro (Eisner/Moya - Memórias de Dois Grandes Nomes da Arte Sequencial) nas Jornadas e seu falecimento recente, em 14 de agosto de 2017, gerou grande comoção e uma singela homenagem ao profissional multimídia – jornalista, desenhista, roteirista, acadêmico etc. – que alavancou os estudos teóricos com quadrinhos foi feita durante a abertura do evento.
O jovem Álvaro de Moya
Outro homenageado no primeiro dia das Jornadas foi o professor Waldomiro Vergueiro, um dos organizadores do evento, e outro grande responsável pelo desenvolvimento dos estudos com quadrinhos no Brasil e pela criação, junto com Moya, do Observatório de Histórias em Quadrinhos da USP. A história de como os professores Nobu Chinen e Paulo Ramos publicaram um livro do Waldomiro sem que ele soubesse vai se tornar lenda... Sim, é uma história fantástica e que envolveu várias pessoas e muitas mentiras.
Randy Duncan
O conferencista da primeira noite foi o professor norte americano Randy Duncan. Essencialmente, ele discutiu como os quadrinhos passaram a ser objeto de estudos acadêmicos e as transformações no perfil dos pesquisadores, em um primeiro momento, a maioria eram eles e elas fãs de quadrinhos, introduzidos em sua leitura em uma tenra idade, hoje, aumenta o número de pesquisadores e pesquisadoras que descobrem os quadrinhos adultos, muitas vezes na faculdade, e se interessa academicamente por temas como racismo, estudos de gênero, entre outros. Esse novo tipo de pesquisador traz um olhar diferenciado e mostra a forma dinâmica e plural como nos relacionamos com quadrinhos. Me pergunto que tipo de pesquisadora sou eu... Enfim, foi uma conferência muito interessante.
No segundo dia, a conferência foi com Nick Sousanis, matemático e quadrinistas, foi a primeira pessoa no mundo a publicar uma tese de doutorado em quadrinhos. Sim, em quadrinhos. Pelo que depreendi da coisa toda, seu trabalho é na área de filosofia da educação, Unflattening é o nome da obra. E eu fiquei ouvindo o homem falar e vendo seus desenhos projetados e pensando somente em como ele é inteligente. Não tenho palavras para qualificar. Fico grata pelo evento ter trazido Sousanis, meu chefe ter me liberado para o evento (*sim, eu trabalho, precisei de autoriação*), por ter recursos para vir, e, detalhe importante, o livro de Sousanis foi lançado no Brasil. O nome é Desaplanar. Está à venda na Amazon por 50 reais. Nas outras livrarias, custa mais de 80 reais.
Exemplo da arte de Nick Sousanis.
Não pude assistir as conferências de quinta (José Marques de Melo e Waldomiro Vergueiro) e sexta (Daniele Barbieri). Quinta, fui encontrar a Lina, precisava rever essa amiga querida, companheira de Shoujocast. Já na sexta, bem, voltei para o Rio (*filhinha ficou com os avós*) pela manhã. Se tivesse que tecer uma crítica ao evento, que foi extremamente organizado, seria o fato de nenhum dos conferencistas ser mulher. Sim, 100% de homens. Não pensaram em uma especialista que pudesse vir? Nenhuma aceitou? Da vez anterior, tivemos Trina Robbins. Precisamos mostrar que há diversidade na área. Aliás, ela estava muito bem marcada nas sessões de comunicações. Aproximadamente 200 trabalhos em quatro dias.
Prof. Waldomiro Vergueiro.
Minha mesa de comunicações foi no primeiro dia e na terça e na quarta procurei assistir uma mesa de cada horário – 14h e 16h – pelo menos. Tudo começou no horário certinho, 15 minutos para cada comunicação, então, qualquer atraso era fatal. Resultado, quando cheguei no primeiro dia, já estava no final da segunda comunicação. No segundo, como saltei no ponto errado, só assisti a última comunicação das 14h. As mesas que assisti, ou pelo menos tentei, foram as seguintes (*vocês podem acessar a programação completa aqui*):
Sala 201 – 14h – Terça-feira – Coordenadora: Giulia Crippa – Protagonismo Feminino nos Quadrinhos: Representação, Feminismo e Super-Herois (Beatriz Farias de Miranda e Otoniel Oliveira); Mulheres nos Quadrinhos: Invisibilidade e Resistência (Carolina Ito Messias e Giulia Crippa); Mônica e Mafalda: Reflexos e Construção da Memória do Feminismo (Débora do Nascimento); Público e Privado em Quadrinhos de Autoria Feminina entre Tradição Literária e Inovação de Linguagem (Giulia Crippa)
Dykes to Watch out for, onde se criou a chamada Bechdel Rule
Basicamente, pelo que depreendi, o trabalho da Carolina Ito (*ela estava apresentando*) era relacionado ao Lady’s Comics, eu a conheci no evento de Minas, aliás; o da Beatriz Farias de Miranda era um trabalho de graduação, parecia bem no início ainda, sobre representação feminina nos Comics; já o trabalho de Giulia Crippa comparou várias autoras, como Marjane Satrapi (Persepólis, Bordados) e Alison Bechdel (Dykes to Watch out for). O problema maior eram os tais 15 minutos. No primeiro dia marcaram em cima desse aspecto, sem direito a minutinhos extras.
Sala 202 – 16h – Terça-feira – Coordenadora: Valéria Fernandes da Silva (*Eu*) – Segunda Guerra Mundial em Mangá: Ícone, Memória e História (Janaína de Paula do Espírito Santo); Relatos de Vida: o Vínculo Com a Natureza e o Essencial Invisível aos Olhos no Mangá (Kamilla Medeiros do Nascimento); Os Ainu e a Cultura Pop Japonesa (Luana Bueno Cyriaco); Construindo a Verdadeira Mulher: Quando a Cultura do Estupro se Traveste de Romance nos Shoujo Mangá (Valéria Fernandes da Silva)
Na minha mesa, e não vou comentar meu trabalho, havia uma ausência, a Kamilla Medeiros do Nascimento, faltou, ainda assim, o monitor marcou o tempo para que ninguém ultrapassasse os 15 minutos. Lembro que nas Jornadas passadas, algumas mesas se estenderam demais e prejudicaram o andamento das atividades que vinham em seguida. Isso deve ter pesado este ano. O trabalho da Luana, que é de Brasília, discutia a imagem dos ainu nos mangás, especialmente, em Shaman King. Os ainu são um povo autóctone do Japão que sofreu muita perseguição ao longo de séculos. Daí, interessante discutir como, nos últimos anos eles estão sendo retratados em mangás e outras mídias. É um trabalho inicial ainda. Já o trabalho da Janaína, que estava passando mal da coluna, muito mal mesmo, mas apresentou bravamente, trata da representação da Segunda Guerra dentro de uma série de mangás, como esse conhecimento de um evento histórico que uniu Ocidente e Oriente é reproduzido em mangás tão diferentes como Zero Eterno, 1945, Hetalia, entre outros. Trata-se de um trabalho de doutorado,algo bem mais elaborado, portanto.
Zero Eterno e o deslize da JBC.
Algo muito importante que a Janaína trouxe, foi a informação de que Zero Eterno, publicado em cinco volumes da JBC, causou grande controvérsia internacional e foi proibido na Coréia do Sul e China, acusado de apologia às ações japonesas na Segunda Guerra, mais especificamente, de uma divisão de kamikaze, considerada terrorista. Para Janaína, o mangá é fascista na sua perspectiva da II Guerra. Confesso que deixei passar esse mangá, nem lembrava dele, mas suspeito que a JBC lançou a coisa na surdina. O fato é que a série deriva de um livro, um dos mais vendidos no Japão na última década, escrito por um membro do partido conservador e amigo do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, virou filme de grande sucesso e tudo mais. A JBC deveria ter lançado o material com uma introdução crítica por questão de responsabilidade e poderia até lucrar com a controvérsia internacional. Nada disso foi feito.
Sala 201 – 14h – Quarta-feira – Coordenador: Rozinaldo Miani – Imagens Sequenciadas como Estratégia Crítica Presente nas Caricaturas dos Ex-Presidentes FHC e Lula (Lígia Carla Gabrielli Berto e Marilda Queluz); Brasil, 2016: Humor Político e Resistência nos Quadrinhos (Regina Maria Rodrigues Behar); Laerte e o Pós-Impeachment: uma Análise da Arte de Laerte Sobre o Governo Temer (Fernanda Alcântara Pestana Bazan); Uma Análise das Charges de Carlos Latuff sobre a Alca: Crítica à proposta de Integração Continental Subordinada (Rozinaldo Miani)
Cheguei atrasada para essa mesa que periga ter sido uma das mais interessantes do evento. Queria muito ver o trabalho sobre Laerte e só consegui ver o sobre Latuff e a ALCA (Área de Livre Comércio das Américas). Enfim, o professor Rozinaldo Miani mostrou um domínio fantástico tanto da teoria, quanto do material do chargista e do tempo de apresentação. Em menos de 15 minutos, acho que ele usou 13, apresentou seu objeto muito bem. Confesso que não lembro do trabalho de Latuff da época da rejeição da adesão a ALCA, mas considero o chargista um dos mais competentes na sua área e isso independe de concordar com ele em tudo. Algo curioso é que Latuff não cobra nada pelas charges relacionadas a questão palestina, aliás, ele é conhecido mundialmente por elas.
Exemplo da arte de Latuff
Enfim, a discussão foi muito rica, trouxeram a baila perguntas sobre a forma como Latuff representa os negros. O autor disse que nunca conversou com Latuff sobre isso, mas que a questão das acusações de machismo foram tratadas pelo autor em uma das conversas. Não se tocou no caso que eu cheguei a comentar no blog, quando ele cismou de separar as boas e a más feministas, mas em outro relacionado, que não acompanhei. Latuff, aliás, parece ter se saído bem, ele disse que nunca afirmou não ser machista, porque ele foi formado em uma sociedade machista. De resto, as autoras presentes e o coordenador mostraram um domínio muito bom dos seus respectivos objetos e a coisa rendeu bastante. Se eu não tivesse descido no ponto errado... Mas foi recomendação do cobrador e eu acatei.
Sala 205 – 16h – Quarta-feira – Coordenadora: Renata Mancini – O Cânone Literário Segundo os Quadrinhos no Brasil (Renata Farhat de Azevedo Borges); Estratégias Semióticas na Adaptação de Grande Sertão: Veredas Para Quadrinhos (Renata Mancini); Dom Casmurro: Impasses Machadianos nos Quadrinhos (Gleica Helena Sampaio Machado Macedo e José Carlos Felix); Quadrinho Maneirista - Imagens Labirínticas em Patrulha Do Destino E Corporação Batman de Grant Morrisson (Raimundo Clemente Lima Neto e Selma Regina Nunes Oliveira)
A última mesa que assisti foi sobre literatura, com um trabalho sobre Batman sobrando, por assim dizer. Independentemente de sua qualidade, e a professora Selma, que orienta o Lima – ele é dono da Kingdom, que foi, durante anos, a mais importante gibiteria de Brasília – foi orientanda de doutorado da minha orientadora, então, é gente que conheço, ele não casava com o que se estava discutindo, ou, talvez, eu tenha uma percepção muito limitada da coisa. Havia uma mesa sobre mangá no mesmo horário com três trabalhos, eu mandaria o Batman para lá, mas eu não sou organização, então... Como vi desde o começo, pude aproveitar tudo.
José de Alencar, um dos mais adaptados no século XX.
De todos os trabalhos da mesa, o menos teórico, por assim dizer, foi o de Renata Farhat de Azevedo Borges. Como perdi o iniciozinho, não perdi a apresentação da autora, mas ela disse várias vezes que não era propriamente acadêmica, mas alguém da área editorial. O fato é que em seu trabalho, e pretendo ir atrás da sua tese de doutorado, discutiu a existência de um cânone literário relacionado aos quadrinhos no Brasil, isto é, em primeiro lugar, houve o uso das adaptações da literatura para as HQs como uma forma de legitimar a nona arte, em seguida, detectar quem eram os mais adaptados dos séculos XX e do século XXI até agora. Quem merece ser lido? Quem merece ser traduzido para quadrinhos? Mais recentemente, quem vai para as bibliotecas escolares. Não sei se a pesquisa dela fechou em 2013, porque ela falou em inclusões constantes de materiais que foram esquecidos, mas ela esqueceu Helena do Studio Seasons. Eu ia questionar isso, mas ela não ficou para a discussão.
De qualquer forma, na correria, porque o tempo era aquele dos terríveis 15 minutos, anotei que os mais quadrinizados no Brasil no século XX foram Monteiro Lobato, Alexandre Dumas e José de Alencar. Aliás, a primeira adaptação sabida de literatura para quadrinhos em nosso país, em 1934, foi O Guarani. Já no século XXI, temos Shakespeare, Machado de Assis (*com a repetição de Cartomante, O Alienista e Dom Casmurro em excesso*) e Julio Verne. E ela marcou bem que em nosso século – e eu falei sobre isso no meu trabalho na ANPUH, também – o dinheiro do MEC, a possibilidade de inclusão de títulos no PNBE (Programa Nacional Biblioteca na Escola), tem impulsionado as editoras a adaptarem literatura para quadrinhos. Com o nosso novo (des)governo, ninguém sabe como vai ficar.
Exemplo de Grande Sertões Veredas
O segundo trabalho, que foi da coordenadora da mesa, mostrou um equilíbrio entre a teoria e a análise do objeto. A professora Renata Mancini, que é da UFF, fez toda a discussão sobre os quadrinhos serem uma tradução da obra literária e de todos os obstáculos e possibilidades envolvidos. Ela faz parte de um grupo de pesquisa que discute exatamente as adaptações/traduções de uma mídia para outra, como literatura/quadrinhos, cinema/quadrinhos, literatura/cinema etc. Ela percebe os quadrinhos como um texto, um ato enunciativo, e analisa as múltiplas estratégias de textualização da obra original nesse novo texto. Daí, ao analisar Grandes Sertões Veredas, esse monumento da literatura nacional, ela discutiu como Rodrigo Rosa e Eloar Guazzelli conseguiram traduzir Guimarães Rosa. Por exemplo, quando Riobaldo era narrador, usava-se travessão, quando ele era personagem, o balão. Um trabalho bem interessante mesmo.
Um dos Dom Casmurro analisados.
O trabalho da Gleica Helena Sampaio Machado Macedo, ela apresentou e acredito que seja parte de sua dissertação de mestrado, trabalhou com três edições de Dom Casmurro em quadrinhos. Discutiu a intermidialidade, isto é, como o material foi transposto da literatura para quadrinhos, como cada desenhista/roteirista resolveu algumas questões, individualizou as personagens. Eu fui olhar o resumo do trabalho e não encontrei o nome dos autores das adaptações de Dom Casmurro, seria importante para que eu comentasse algumas coisas. De qualquer forma, nos curtos 15 minutos, ela trabalhou com três pontos a representação de Capitu (*seus olhos, especialmente*), como Bentinho era apresentado visualmente nas múltiplas fases de sua vida, e como o filho dos dois, que Bentinho supõe ser de Escobar foi desenhado. Enfim, em uma das adaptações, o rosto do menino nunca é mostrado. Houve um dos desenhistas que disse querer ver Capitu através dos olhos de Bentinho, portanto, tomar partido, mas não consegui anotar quem era...
Na discussão, levantaram-se várias questões sobre como nem sempre a obra escolhida pelo MEC é a melhor. Como a criatividade faz diferença em uma adaptação/tradução. Havia gente trazendo experiências de orientação com trabalhos usando quadrinhos/filmes/livros. De qualquer forma, e já terminando, é legal ver a evolução – nesse sentido mesmo, para melhor, para o mais diverso, criativo, teoricamente estruturado – dos estudos da área no Brasil. Espero poder evoluir junto, crescer, também. Minha impressão é de que o que eu faço não caminha junto como que há de melhor da produção acadêmica da área no Brasil. É isso.
P.S.: Imagens só quando eu voltar para casa e estiver com uma conexão decente.
Segundo o Comic Natalie, embora eu tenha visto a notícia no ANN, o mangá Omiai Aite wa Oshiego, Tsuyoki na, Mondaiji。(お見合い相手は教え子、強気な、問題児。), de Torai Sigma, vai virar anime. Assim como aconteceu com a série Souryo to Majiwaru Shikiyoku no Yoru ni... (僧侶と交わる色欲の夜に…), haverá uma versão para a TV, a Tokyo MX, censurada e outra para distribuição on line integral. A história do mangá gira em torno do romance entre um estudante do colegial e sua tímida professora. Se entendi bem, o mangá foi publicado primeiramente direto encadernado, posteriormente, passou a ser lançado em capítulos na revista on line Comic Festa. O capítulo 18 foi lançado no dia 4 de agosto e a animação estreia em primeiro de outubro. A página do anime é está aqui.
Minha etapa em São Paulo termina agora pela manhã. Volto para o Rio e, depois, no sábado, sigo para casa em Brasília. Filhinha ficou na casa da vovó e do vovô, por isso, esse desvio.
Espero postar um resumo do que vi nas Jornadas Internacionais. De resto, ontem pude rever a Lina, minha amiga e parceira de Shoujocast. Bons tempos... Não sei se voltarão.
O Comic Natalie e o ANN publicaram mais informações sobre o dorama de Tokyo Alice (東京アリス), baseado no mangá de Toriko Chiya. A série, que foi publicada com muito sucesso na revista Kiss, gira em torno da consumista Fuu Arisugawa (Mizuki Yamamoto), que não vê o amor com grande seriedade, até começar a descobrir que pode estar apaixonada por seu chefe Shinji Okuzono (Ryohei Otani).
O live action de Tokyo Alice é uma produção da Amazon Prime Video e o Twitter da empresa liberou dois trailers, um com 60 segundos e o outro com 90 segundos, em ambos é possível ouvir os temas de abertura (Koi wa Adventure) encerramento (Koi no Hajimari wa Totsuzen ni) da cantora chay.
A estreia da série é sexra-feira e somente para os assinantes do serviço, claro. A direção da série é de Natsuki Seta e Takeo Kikuchi. Tokyo Alice foi publicado entre 2006 e 2015, terminando com 15 volumes. O mangá recebeu o Kodansha Manga Award na categoria shoujo em 2014 e teve um filme live action nesse mesmo ano. Uma continuação do mangá irá estrear também na sexta-feira.
O Comic Natalie anunciou, mas eu vi no ANN, que o clássico do shoujo mangá de Wataru Yoshizumi, Marmalade Boy (ママレード・ボーイ) vai para o cinema em 2018. O elenco principal, direção e roteiro estão definidos. Hinako Sakurai e Ryo Yoshizawa serão Miki e Yuu. Quem não lembra do por básico de Marmalade Boy, tudo começa com um troca-troca de casais, a mãe de Miki e o pai de Yuu decidem ficar juntos e o mesmo acontece com seus respectivos cônjuges. Eles tinham tido romances prévios aos seus matrimônios e decidem retomar a relação, mas há outro detalhe louco, todo mundo vai morar na mesma casa. Miki e Yuu terão que ser "como irmãos", eles se bicam no começo, não se suportam, mas terminam (*claro*) se descobrindo apaixonados. Problema? Eles podem ser meio-irmãos e o drama do incesto paira sobre suas cabeças. Complexo?
Enfim, mas é uma dramédia, saiu na Ribon, não há nada gráfico, sexualmente gritante, mas questões sérias apareceram no mangá, que foi um dos garantidores da fase áurea da revista da Shueisha. Ryuuchi Hiroki (*Strobe Edge*) será o diretor e o roteiro será de Taeko Asano. Marmelade Boy foi publicado entre 1992 e 1995, contando com uma animação para a TV em 1994-95. Um filme animado saiu em 1995 e uma adaptação live action foi feita em Taiwan em 2001. No Brasil, o mangá foi publicado pela Panihi. Uma continuação da série, Marmelade Boy Little (ママレード・ボーイ little) é publicado desde 2013 na revista josei Cocohana. Imagino que esse filme vai alavancar as vendas tanto do mangá original, um dos shoujo mais vendidos de todos os tempos, provavelmente quanto da continuação.
Vi no Facebook da Chie Shinohara, mas já está no Comic Natalie. Anatolia Story ou Sora wa Akai Kawa no Hotori (天は赤い河のほとり), série que Shinohara publicou na revista Sho-Comi entre 1995 e 2002 conta a história de uma adolescente Yuuri, que é transportada pela rainha Nakia dos Nítidas para ser sacrificada. Catorze séculos no passado, Yuuri pode ser morta a qualquer momento, mas ela termina sendo resgatada pelo príncipe Kail, enteado da vilã, e um dos alvos de suas maquinações.
Para quem pensa que Yuuri seria a donzela em perigo, ela logo descobre que é o avatar da deusa Ishtar e se torna líder militar de reconhecida coragem. Mas a história não é só essa, ela se arrasta por 28 volumes a maioria entre bom e muito bom. Enfim, Anatólia Story uma das séries do meu coração vai para os palcos do Takarazuka ano que vem entre março e junho. Aguardemos maiores informações. Eu estou muito, muito feliz e curiosa com o recorte que será feito. Será que Ramsés vai aparecer?
O Goboiano publicou o resultado de uma pesquisa do Goo Ranking perguntando quais as meninas mais cabeça de vento dos animes. Pelo menos, em inglês era o que estava escrito "airhead" como tradução para o termos "天然女子". Enfim, o que eu estranhei foi ver, por exemplo, Ami Mizuno de Sailor Moon na lista. Eu esperaria a própria Usagi, nunca a Sailor Mercury... O Goboiano publicou 15 nomes e eu estendi até a vigésima colocação. Se você não encontrar sua cabeça de vento favorita, lembra que o Goboiano sempre faz rankings de 50 nomes, foram 5,291 votos no total. Eu marquei as personagens de shoujo e josei anime.
O Comic Natalie noticiou que um brinde de One Piece veio com a última edição da revista Margaret. É um notepad (*um caderninho?*) para marcar os 20 anos de aniversário da série. Há dois modelos - imagino que isso obrigue as pessoas a comprarem duas edições inflacionando as vendas da revista - um comemorando os 86 volumes de One Piece e outro com a série shounen em um traço maisMargaret, por assim dizer.
Se entendi bem o CN, a próxima edição trará uma história especial de One Piece como brinde. Para quem se espanta, lembrem que praticamente metade dos consumidores da Shounen Jump, que public One Piece, são mulheres. Os japoneses sabem disso, reconhecem a popularidade do fenômeno One Piece.
O Comic Natalie noticiou que a última edição da revista Hana to Yume trouxe um drama CD de Akatsuki no Yona (暁のヨナ), uma série muito interessante e que teve animação com 24 episódios + 3 OAVs em 2014-15. A série acompanha as aventuras da princesa Yona, que cresceu protegida de todos os males pelo pai e parecia destinada a um casamento feliz e uma vida dentro dos padrões mais tradicionais. Só que uma grande traição (*o moço que ela ama mata o rei e dá um golpe de Estado*), Yona precisa fugir e aprender a lutar e mesmo matar.
Além do Drama CD, que é de graça, 200 fãs poderão solicitar um booklet especial. Instruções estão na revista.
Pessoal, esses dias (18-25/08) estou fora de casa. Primeiro, em um encontro de professores no Rio, o XI ESCIME (Encontro dos Servidores Civis das instituições de Ensino do ministério da Defesa, isto é, os colégios militares da Marinha, Exército e Força Aérea), e, a partir de segunda, em São Paulo, para as Jornadas Internacionais em Histórias em Quadrinhos na USP. Meu trabalho é na terça. Não esperem muitas postagens. Ontem, por exemplo, estava muito cansada para sequer abria o computador. Durante o dia, minha internet não funcionou, no lugar que eu estava parece que só pegava bem a Vivo e a TIM. A Oi piscava, a Claro estava morta. Enfim, podendo, eu posto, mas não estranhem o silêncio.
Como, ontem, foi o dia do/a historiador/a, deixo esta frase do Peter Burke para vocês. É um dos grandes historiadores britânicos e muitos de seus livros foram publicados no Brasil.
Volta e meia, aparecem notícias sobre o quanto são explorados (*jornadas de 11 horas, 6 dias por semana*) e mal pagos os animadores japoneses, especialmente, os iniciantes. O Goboiano trouxe duas matérias recentes, uma falando de duas ONGs que oferecem apoio e alojamento (*Sim, não dá para pagar aluguel em Tokyo*) para animadores, a Animator Dormitory e a AEYAC. Elas iniciaram uma campanha de levantamento de fundos para se sustentaram. Vaquinha, enfim. Agora, pensem na exploração do trabalho dos assalariados e nos lucros da indústria de animação japonesa como um todo. É absurdo que os animadores não recebam salários capazes de sustentá-los em Tokyo. Eles precisam contar com a caridade. A outra notícia traz fragmentos, logo, seleções, de uma entre vista com o crítico de cinema e roteirista, Tomohiro Machiyama. Ele começa com o básico, isto é, criticando os salários de fome que os estúdios pagam aos animadores no país, especialmente, os iniciantes. Em seguida, ele prevê que os padrões da indústria irão mudar agora que a Netflix anunciou que vai produzir animes. Sim, vários sites comentaram o remake de Cavaleiros do Zodíaco, mas não é só isso, eles parecem interessados em entrar neste mercado.
Machiyama comenta que só um capítulo de uma série da Netflix tem um orçamento maior que a de um longa metragem japonês. Que isso será o início de uma guerra no Japão e poderá obrigar os estúdios do país a se adaptarem ou eles podem perder a disputa. Mas como o Goboiano aponta, isso não significa que o canal vá investir os mesmos recursos em animação.
Fora isso, eu acrescentaria que o mercado de streaming está mudando, a Diseny anunciou que vai criar seu próprio serviço e retirar seus produtos do canal. Isso inclui os filmes da Marvel e de Guerra nas Estrelas, por exemplo. É uma perda e tanto. Espero que, pelo menos, algo mude, para melhor na vida dos animadores nipônicos. Pelo menos isso...