quinta-feira, 31 de março de 2022

Mangá-ka condenado por pedofilia tem sua pena de prisão suspensa

Kenya Suzuki, autor da série Oshiete! Galko-chan (おしえて!ギャル子ちゃん), ficou em maus lençóis por ter importado material com pornografia infantil da Alemanha.  Por conta disso, o mangá-ka teve que se explicar com a polícia e a série citada foi tirada de circulação.  Quando o caso foi divulgado, parecia que o que mais prejudicou o artista foi o fato de ter importado os tais álbuns, tentando burlar a lei japonesa, do que o seu conteúdo, isto é, crianças sendo abusadas.  De qualquer forma, a pena para o crime do sujeito era de até 1 ano de prisão e/ou multa.  Só que, como ele tinha infringido a lei alfandegária, parece que poderia receber uma condenação de até três anos.  

Muito bem, o Sora News trouxe a informação de que a pena de prisão foi suspensa, segundo o juiz, o mangá-ka já tinha sofrido muitas "penas sociais", seja lá o que isso signifique.  O SN acrescentou também mais uma informação sobre os crimes do sujeito, além dos álbuns vindos da Alemanha e retratando crianças que não são japonesas, ele tinha material com meninas de seu país.  Só que o mangá-ka alegou que tinha comprado os álbuns em um leilão e que eles tinham sido publicados antes de mudanças na lei japonesa que os colocavam fora de lei.  Enfim, o blá-blá-blá foi acolhido pelo juiz.  E o mangá-ka divulgou nota em várias línguas explicando que o material pedófilo que tinha em seu poder era para uso pessoal, isto é, como referência para seus desenhos, e que nunca os divulgou.   Ele promete, também, se policiar para o futuro.  Bem, bem, esse tipo de crime realmente compensa, porque o sujeito normalmente não é punido. Daqui a pouco, está publicando tranquilamente e, talvez, outro mangá seu vire anime.

Manga sobre William Cecil recebe recomendação de Riyoko Ikeda

Acabou de ser lançado no Japão o primeiro volume do mangá Cecil no Joou  (セシルの女王) de Ai Kozaki, que é publicado na revista Big Comic Spirits.  A série se propõe a contar a história de William Cecil (1520-1598), o principal conselheiro da Rainha Elizabeth I e uma das figuras políticas mais importantes do seu tempo. A depender da fonte, ou da abordagem, Cecil pode ser apresentado como uo maior apoiador de Elizabeth, seu braço direito e amigo, de uma certa maneira, ou uma figura sinistra que fazia de tudo para garantir o poder de sua soberana e que poderia até tutelá-la, como no infeliz Duas Rainhas.  Em A Discovery of Witches ele aparece como um político capaz de todas as crueldades para proteger Elizabeth. Agora, talvez, acabem juntando o Cecil com outra figura muito importante da corte de Elizabeth, Francis Walsingham (1532 -1590), secretário pessoal da rainha durante boa parte de seu reinado e seu mestre dos espiões.  Este, sim, já foi apresentado no cinema, nos filmes com Cate Blanchett, como sua sombra e defendido muito bem por Geoffrey Rush.  Segundo o Comic Natalie, a série começa com a chegada de Cecil à corte em 1533, seu desejo de servir a Rainha Ana Bolena, por quem termina encantado, e seu juramento de proteger e servir a criança que está em seu ventre, neste caso, a futura Elizabeth I.

O CN destaca que Riyoko Ikeda, autora da Rosa de Versalhes (ベルサイユのばら), fez o texto do obi, aquele cinto de papel que envolve o encadernado, recomendando a série.  Ao que parece, pelo menos no mangá, a relação de Cecil com Elizabeth lembra a de André com Oscar, ele seria sua sombra, seu protetor.  Ai Kozaki fez alguns mangás antes de Cecil no Joou, sendo o mais importante a série de esportes Asahinagu  (あさひなぐ).  Só um detalhe a mais, Riyoko Ikeda fez um mangá biográfico de Elizabeth I, eu tentei comprar a edição italiana, mas não consegui.

quarta-feira, 30 de março de 2022

Chantal Montellier: Uma das maiores quadrinistas francesas será publicada no Brasil pela Comix Zone

Chantal Montellier é pertence à primeira geração de quadrinistas francesas e foi uma das responsáveis pela revista Ah!  Nana, uma revista comercial pioneira feita por mulheres e que foi interrompida pela censura governamental francesa (a revista foi acusada de pornografia), ela também foi uma das criadoras do Prêmio Artemisia, em homenagem à pintora  Artemisia Gentileschi, que é concedido no dia 9 de janeiro, aniversário de Simone de Beauvoir, aos melhores quadrinhos feitos por mulheres.  Enfim, Chantal é feminista e socialista, também.  

Seu álbum chamado Social Fiction foi anunciado pela Comix Zone e está em pré-venda.  Ele reúne uma série de histórias feitas pela autora, uma delas, Shelter, vem em duas versões, a primeira, dos anos 1970, critica o totalitarismo comunista, a segunda, feita já neste século, mostra a mesma história, mas em uma ditadura de extrema-direita.  Outro clássico da autora, Odile et les Crocodiles está no volume, também. O que Chantal faz é ficção científica social, um campo no qual as mulheres se firmaram tanto na literatura, quanto nos quadrinhos.  Trata-se de imaginar futuros para questionar a sociedade e os papéis sociais.  O bônus dessa edição é uma introdução da minha amiga Natania Nogueira.  Ela defendeu este mês uma tese de doutorado sobre a Ah!  Nana e é amiga da Chantal Montellier.  Imagino que a edição deve estar muito bonita como é a regra do material da Comix Zone.  Para quem quiser, o link para compra no Amazon  é este aqui.

terça-feira, 29 de março de 2022

Depois de Maus, agora é a vez de Persepolis ser banido de currículo de escola nos EUA

Em janeiro, virou notícia o fato de escolas de um distrito do Tennessee banirem Maus dos currículos, agora, é a vez de Persepolis, autobiografia de Marjane Satrapi, que tinha dez anos quando da Revolução Islâmica do Irã, em 1979.  Alguns pais do Distrito Escolar de Franklin, Pensilvânia, ou seja, não é nenhum rincão do Bible Belt, reclamaram da linguagem (palavrões, provavelmente) e da violência presentes na obra, que era recomendada para as turmas de 9º Ano, isto é, adolescentes de 14, 15 anos, na média.  Uma das mães acusou Persepolis de “Empurrar um idealismo liberal que não pertence à nossa escola.”  

Ou seja, uma série que faz usa o humor, inclusive, para fazer crítica limitações impostas às mulheres pelo regime de Teerã, que fala das hipocrisias, das formas de burlar o sistema, de choque entre culturas (em dado momento Marjane vai estudar na Europa), do absurdo da guerra etc. é um problema para esses pais. O fato é que o material pode não estar nas recomendações didáticas no ano que vem.  Nem sei o que dizer, mas Persepolis é uma obra que todos deveriam ler e, não, ser escondida dos adolescentes, que poderiam refletir sobre muitas coisas com a leitura da obra.  E não pensem que coisas assim não acontecem no Brasil, porque havia pais que queriam banir a versão em quadrinhos do Diário de Anne Frank da escola (*e quase conseguiram isso*), inclusive a minha, porque em dado momento uma menina de 13 anos fala alguma coisa relacionada à sexualidade.  Uma menina de 13 anos que viveu nos anos 1930 e 1940, uma menina morta em um campo de concentração.  Percebem o buraco em que estamos?

Revelado o primeiro cartaz da Grande Exposição da Obra de Ai Yazawa

O Comic Natalie trouxe o cartaz, ou, pelo menos, o primeiro dos cartazes anunciando a ALL TIME BEST Ai Yazawa Exhibition.  A exposição será realizada em Shinjuku Takashimaya, Tóquio, de 20 de julho a 8 de agosto, Osaka Takashimaya de 24 de agosto a 12 de setembro e Kanagawa Yokohama Takashimaya de 21 de setembro a 10 de outubro.  A exposição trará mais de 100 ilustrações originais e o primeiro cartaz traz Nana Osaki de NANA e Akira Sudo de Tenshi Nanka Ja Nai (天使なんかじゃない), duas das obras mais importantes da autora.  Desde 2009, Ai Yazawa diminuiu o ritmo de sua carreira e interrompeu o seu mangá de maior sucesso, NANA.  Sempre ficamos com a esperança de que ela irá retornar.

segunda-feira, 28 de março de 2022

Ranking Oricon - Semana 14-20/03


Eis o ranking da Oricon desta semana e não temos nenhum mangá feminino no top 10. Há três que estão fora do topo da lista, dois josei e um shoujo. Yubisaki to Renren já estava na semana passada, achei que iria subir para o top 10. Namaikizakari colocou sua edição especial no ranking, o que é curioso, trata-se do último encadernado da série. Já Nanatsuya Shinobu no Hosekibako é a autora de Nodame Cantabile e as capas dessa série dela são sempre muito bonitas e elegantes. É isso, enfim. 

1. Sousou no Frieren #7
2. Tensei Shitara Slime Datta Ken #
3. Kaguya-sama wa Kokurasetai ~Tensai Tachi no Renai Zuno Se~ #25
4. Blue Lock #18
5. Shuumatsu no Walküre #14
6. Diamond no A act2 #30
7. Kaiju Nº8 #6
8. Enen no Shouboutai #33
9. Takopi no Genzai #1
10. Kakkou no Iinazuke #11
12. Yubisaki to Renren #6
17. Namaikizakari 23 [Special Edition] #23
26. Nanatsuya Shinobu no Hosekibako #16

domingo, 27 de março de 2022

Waru: Mangá Josei clássico sobre o mundo corporativo ganha nova versão dorama

Estava passando pelo Twitter da revista Be Love e vi que estavam anunciando um dorama novo, fui pesquisar qual era o mangá e vi que era Akujo (Waru) (悪女(わる)), de Fukami Jun, uma série que começou a ser publicada em 1988 e teve singelos 37 volumes. O mangá ganhou o 15º Kodansha Manga Award em 1991 na categoria GERAL, imagino que tenha sido o primeiro josei a conseguir isso, preciso checar [1], e ainda empatado com  Kachou Shima Kousaku (課長島耕作), o mais importante seinen sobre o mundo do trabalho nas grandes empresas japonesas, aliás, Waru é, de certa forma, um mangá corporativo, também.

Eu não conhecia a série, nem tem scanlations, mas o resumo no Bakaupdates é um primor: "Conheça Tanaka Maririn, recém-formada na faculdade e começando sua vida no mercado de trabalho… no degrau mais baixo. Não se espera que ela saiba muito (e ela não sabe) e não se espera que dure muito na empresa, mas poucos estão cientes de que ela não apenas tem uma atitude otimista, mas uma veia sarcástica e um destemor sem limites para combinar. Às vezes, ela usa calças compridas em vez de saias, como é o esperado. Ela VAI ter sucesso e VAI encontrar aquele homem bonito que ela viu apenas brevemente em seu primeiro dia de trabalho após sua semana de orientação.  Nem pense que você pode impedi-la..."

A série teve um dorama em 1992 e o resumo My Drama List acrescenta algumas informações, a mocinha se formou em uma universidade de terceira categoria e só conseguiu o emprego em uma grande companhia de comércio por causa da influência de sua família.  Como uma forma de compensar, ela é colocada em uma seção na qual estão somente funcionários fracassados, que não tem nenhuma expectativa de promoção.   Akujo (悪女), que é parte do título do mangá original, quer dizer algo como "mulher má", e isso tem a ver com a atitude da protagonista, a foto dela na capa das VHS do dorama original, aliás, sugere bem essa atitude, que seria o oposto da boa moça.  

o resumo da nova série, que estreia em 13 de abril mantém a informação sobre a faculdade sem importância, mas trata-se de uma empresa de TI.  Diferentemente, da série original e, talvez, do mangá, não tenho como confirmar, ela encontra na sua chefe de seção,  Minegishi Yuki, que não é mais a dos fracassados, claro, alguém que lhe pergunta se ela quer subir na empresa e decide se tornar sua mentora em um ambiente que é hostil para com as mulheres.

Hikari Ishida, que fez a Maririn original faz o papel da chefe de departamento.  Já a protagonista será interpretada por Mio Imada.  Não se fala do homem misterioso, parece que o foco da nova versão é a questão das mulheres começando de baixo em uma companhia.  A série será exibida pela NTV e tem um subtítulo muito interessante Akujo: Hataraku no ga Kakkowarui Nante Dare ga Itta? (悪女: 働くのがカッコ悪いなんて誰が言った?), algo como "Mulher Má: Quem disse que não é legal trabalhar?".  Há mais informações sobre a série no Comic Natalie (*1 - 2*)

sábado, 26 de março de 2022

Comentando Os Caras Malvados (EUA, 2022): Animação muito bobinha que nem deveria ter ido para os cinemas.

Júlia me pediu para levá-la ao cinema para assistir Os Caras Malvados (The Bad Guys) e eu acabei indo.  Clichê total, alguma escatologia, poucas piadas funcionando, uma vergonha ver um troço desse chegando aos cinemas e um Red indo direto para o streaming.  Não vou fazer resenha longa, ainda estou devendo a de Red e dos Eternos, porque não vale o esforço.  É ruim mesmo, mesmo que as crianças presentes possam ter gostado, há filmes infantis muito melhores.  Resumo do Adoro Cinema logo abaixo:

"Baseado nos quadrinhos de Aaron Blabey, Os Caras Malvados segue um grupo de animais ladrões e suas travessuras. Sr. Lobo, Srta. Tarântula, Sr. Tubarão, Sr. Piranha e Sr. Cobra sempre foram vistos como maus, desajustados e que assustam todo mundo que os vê. Eles têm uma longa história criminal, roubando tudo o que eles querem e como eles querem. Em um de seus planos de assalto em um evento de gala, Sr. Lobo percebe que eles podem ser bons, ou melhor, que pessoas podem ver eles como bons animais. Sendo pegos pela polícia após um plano malsucedido, o grupo de ladrões decidem se passarem de bonzinhos para que a polícia não fique na cola deles e para não serem mandados para a prisão. Eles acabam aceitando a proposta do Professor Marmelada para ajudá-lo a recuperar porquinhos-da-índia que estão sendo usados para testes em uma empresa. Será que a farsa do grupo se manterá? Ou eles vão finalmente serem os bonzinhos da história?"

O filme me perdeu logo no começo, quando somente os protagonistas e o vilão são animais em um mundo de humanos e no qual os outros animais, inclusive da espécie dos que estão no centro da história, não são antropomorfizados.  Posso não achar Zootopia nenhuma beleza, mas ter um mundo consistente é o mínimo que a gente pede.  Poderia ser um mundo de humanos e animais antropomorfizados convivendo, a ideia do Lobo Mau poderia ser usada para dizer que era um mundo derivado dos contos de fada, talvez, enfim.  Fora isso, a resolução do problema final, quando o vilão é derrotado, também é muito chutada, sem nenhuma preocupação em oferecer um desenlace minimamente coerente.  É mais visual mesmo.  E temos referências aos filmes de Quentin Tarantino, eu reconheci dois - Kill Bill e Pulp Fiction - mas pode ter mais coisa, não sou especialista nas obras do diretor, nem fã de sua filmografia, aliás.

De resto, a animação usando 2D e 3D está em alta, o visual é interessante em alguns momentos, a animação tem qualidades.  O filme até cumpre a Bechdel Rule, porque tem três personagens femininas com nomes e que conversam entre si em algum momento.  Eu diria que o único ponto positivo é que os "caras malvados" do título decidem fazer o que é certo, ajudam a salvar a cidade, claro, e, ainda assim, pagam um ano de cadeia por crimes cometidos.  O filme termina com eles saindo da cadeia regenerados.  Isso é uma novidade nesse tipo de história, eu diria, e algo que tem uma função moralizadora de alguma forma, além de vir junto com um forte elogio à amizade.

sexta-feira, 25 de março de 2022

Comentando os quatro primeiros capítulos da segunda temporada de Bridgerton: Até agora, continua tudo bem divertido!

Usei meu tempo livre para começar a assistir a segunda temporada de Bridgerton, que estreou hoje na Netflix.  Vi quatro episódios dos oito e vou escrever algumas palavrinhas rápidas, mas prometo fazer pelo menos mais um texto, ao terminar de assistir.  A primeira temporada da série (*Textos sobre ela: 1 - 2 - 3 - 4*) baseada nos livros de Julia Quinn foi um sucesso na plataforma de streaming no final de 2020 e a pandemia deve ter pesado no atraso da segunda temporada, que é baseada no livro O Visconde que Me Amava, como comecei a ler o volume, já é possível dizer que foi inspirado e não muito mais que isso, pois as liberdades tomadas são muitas.

Nesta temporada, Anthony (Jonathan Bailey), Visconde de Bridgerton  decide que precisa se casar para cumprir com seu dever para com a sua família.  Ele tem medo de amar e ser amado, por causa do trauma da perda do pai (Rupert Evans) e do efeito devastador sobre ele e sua mãe (Ruth Gemmell).  O episodio #3 trouxe vários  flashbacks da morte de Edmund Bridgerton e, bem, carregaram no drama.  No livro, a coisa foi bem menos exagerada, por assim dizer, e Anthony não presenciou a morte do pai, ele chega depois.  Aliás, um monte de gente em cima do moço de 18 anos, que presenciou a morte do pai, perguntando coisas e exigindo que ele se posicionasse sobre várias questões em um momento de dor.  


Podem ser as memórias alteradas da personagem, mas foi bem exagerado mesmo, de qualquer forma, era para deixar bem claro que o moço carrega um belo de um trauma.  A condição de Anthony se presta a associá-lo com a biografia de Mr. Darcy, ele, também, ficou órfão de pai, a mãe tinha morrido antes, no fim da adolescência, ao que parece, e assumiu as responsabilidades de senhor e chefe de família, uma bem menor, verdade. Aliás, para enfatizar o preço sobre os ombros da protagonista, parece que ele não conta nem com um administrador, coisa que todos grande senhor tinha, era seu braço direito.  Seria esse funcionário que iria dar apoio ao jovem, poupando-lhe de tudo aquilo que vimos na tela.

Se Anthony precisa casar, o mesmo vale para Miss Edwina Sharma (Charithra Chandran), que veio da Índia junto com a mãe (Shelley Conn) e a irmã mais velha, Kate (Simone Ashley). Aqui, também, mexeram muito nas personagens originais e não estou falando do fato delas serem indianas, nesta série que mostra um início do século XIX multirracial e inclusivo, estou pensando na dinâmica da família mesmo.  As irmãs Sheffield, no original, tinham perdido o pai e viviam em condições econômicas limitadas para seu grupo social.  Sim, ecos de Jane Austen, aqui.  Por isso, Kate teve que esperar para debutar junto com a irmã caçula, porque seria menos dispendioso.  

Na série, Kate é uma conformada solteirona de 26 anos que quer ver a irmã bem casada, porque é a única forma de ver sua madrasta, mãe de Edwina, perdoada por sua família e receber o suporte financeiro que elas tanto precisavam.  Inventaram que o pai das moças era de condição inferior e a mãe de Edwina caiu em desgraça ao fugir com ele para a Índia.  Se assim fosse, dificilmente Lady Mary Sharma (*ela é filha de conde, acho, então é "lady" independentemente de com quem se casasse*) iria ser recebida pela alta sociedade, mesmo que alguns lhe torçam o nariz.  Sem recursos, ela ficaria no ostracismo.  Outro dramão, por assim dizer, mas que se presta a colocar Kate em uma situação de chefe de família tal e qual Anthony, porque ambos têm mães frágeis e incapazes de cuidar daquilo que realmente importa com racionalidade.  Gostei disso?  Não.  A história está cheia de viúvas que assumem a rédea de suas famílias e propriedades, ou são um braço forte para seus filhos e filhas.  Não é o caso aqui.  Se vocês lembram da primeira temporada, nem para situar a filha sobre o que aconteceria mais ou menos em sua noite de núpcias, ou como filhos são gerados, Violet Bridgerton serviu.

Na Inglaterra, elas ficam sob a proteção de Lady Danbury (Adjoa Andoh) que termina manobrando a rainha (Golda Rosheuvel), ainda obcecada por Lady Whistledown, a escolher Edwina como o diamante da temporada de 1814.  Anthony termina atraído por Edwina, ela parece a esposa perfeita, treinada para agradar um marido nobre e, ainda assim, com um charme especial.  O problema é que seu caminho cruza com o de Kate e eles se apaixonam, mas ficam tentando se enganar até o capítulo #4.  Eles tentam fingir que se odeiam.  Kate não quer sua irmã com Anthony, mas Lady Danbury e a mãe do rapaz decidem unir os dois.  Quando Anthony e Kate descobrem seus sentimentos, ele decide tomar uma atitude, que é a errada.  Até o momento em que estou, a dinâmica de Anthony e Kate é visivelmente inspirada em Orgulho & Preconceito de Jane Austen, não somente o livro, mas as duas adaptações mais influentes (*1995 e 2005*).  Já a forma como Kate e Edwina se relacionam, são visivelmente inspiradas nas relações entre irmãs que Austen construiu tão bem em seus livros.

Algo que salta aos olhos nessa temporada é que temos muita tensão sexual entre Kate e Anthony, o que eu acho ótimo. Os dois têm química e gosto mesmo desse sofrimento, dessa angústia, que deve ser mantida pelo tempo necessário para que a gente torça para que as personagens cheguem aos finalmentes.  Por outro lado, a segunda temporada está sendo econômica com nudez e sexo, ainda que, logo no primeiro capítulo, Jonathan Bailey apareça pelado, ou meio pelado, umas três vezes, mas não temos nada daquele fogo da temporada #1.  Não acho que está fazendo falta mesmo, assim como o duque e espero que Regé-Jean Page se arrependa de não ter retornado para a segunda temporada.  O fato é que, até aqui, capítulo #4, tudo está funcionando bem.

Para além do triângulo principal, temos muito destaque para Penelope (Nicola Coughlan), que agora sabemos ser Lady Whistledown, a autora dos panfletos contando as fofocas sobre as outras personagens.  Penelope precisa manter sua identidade segura e, ao mesmo tempo, tenta ser notada pelo chato do Colin (Luke Newton).  Sim, é o Bridgerton que eu menos gosto e não achei graça de terem colocado o moço indo atrás de Marina (Ruby Barker), agora, Lady Crane.  É o tipo de trama que a gente não quer ver sendo esticada, ainda que o ator que faz o marido dela, Sir Philip (Chris Fulton), parece ser bem fofinho e é maltratado, coitadinho!  Penelope é muito legal para o Colin, salvo se ele melhorar muito.  Até Benedict (Luke Newton) está melhor do que ele nesta temporada.  As cenas dele sob o efeito de drogas, o que foi aquilo?  Ficou ótimo. 😁 Fora isso, as Featherington recebem o herdeiro de seu pai (Rupert Young) e a mãe das moças, Portia (Polly Walker), faz o possível para garantir seu futuro usando de todos os meios e, ao que parece, fracassando parcialmente em seus intentos.

Já a pobre Eloise (Claudia Jessie), que aparece com o cabelo solto e bem feio em várias de suas cenas, está vivendo o seu inferno como debutante da temporada.  Empurrada pela mãe, e eu não consigo ter simpatia por Lady Bridgerton, os flashbacks aliás pesaram contra ela, a moça vive de pequenas rebeliões contra o sistema.  Não quer ser comparada com a irmã perfeita, Daphne (Phoebe Dynevor), quer ter direito as suas próprias ideias. Por conta disso, a série está trazendo várias discussões feministas.  Algumas funcionam bem, a maioria, aliás, outras, são um fiasco, caso da história da caça.

No episódio #4, em uma tentativa de aproximar a irmã de Anthony, Edwina meio que obriga o rapaz a levar Kate junto com o grupo de caçadores.  Anthony afirma que damas não caçam.  Kate emenda que é porque não lhes é permitido caçar.  Poderiam usar outro exemplo para ilustrar as restrições impostas às mulheres, porque, bem, damas caçavam, sim, ainda que algumas não o fizessem, tal e qual certos homens também não caçavam.  A ideia, claro, é mostrar que Kate não é uma mulher como as outras, ela é diferente, e, claro, trata-se de um recurso machista de roteiro.  "Veja como essa mulher é especial!", pode ser a Bela de A Bela e a Fera, uma intelectual, ou uma mulher cheia de personalidade, como Kate.  Elas não são como as outras, elas valem a pena, desde que SEMPRE sejam bonitas dentro dos padrões do momento em que a produção é feita.😉 E eu acabei encontrando uma página cheia de retratos de damas caçando, ou vestidas para a caça e portando armas.  Aliás, algumas, pelo menos no século XVIII, às vezes eram representadas com roupas bem masculinas enquanto praticavam a atividade.  

Por hoje, acredito que é só.  Escrevo mais coisas em outro texto, especialmente, o figurino, por exemplo, parece menos interessante que o da primeira temporada. Ah, antes que eu esqueça, talvez o interesse romântico de Eloise esteja sendo introduzido já nessa temporada.  Aliás, eu torço para que Bridgerton só tenha as quatro temporadas confirmadas mesmo, que não seja uma para cada livro, porque é muita coisa e pouca coisa, ao mesmo tempo, além de eu não ter paciência para séries muito longas.  Fora isso, as crianças crescem e os Bridgertons mais novos já parecem ter muito mais idade do que deveriam dado o atraso da segunda temporada.

E, sim, algo que queria marcar é que é muito bom ver um ator abertamente gay sendo o protagonista, o galã de uma série romântica, porque durante muito tempo, um ator não poderia jamais assumir sua sexualidade sem pagar um preço e, mesmo hoje, parece que há aqueles que acreditam que a orientação sexual, ou a identidade de gênero, de um ator, ou atriz deveria pautar as escalações de cinema e TV. Eu discordo, mas entendo quando alguns grupos cobram representatividade, porque é sabido que os LGBTAQIA+ são preteridos mesmo para interpretar personagens pertencentes a esse grupo.

E, para quem quiser, recomendo a matéria Galã de 'Bridgerton' diz que escondeu a homossexualidade para ter trabalhos. Ela fala de todas as dificuldades e angústias de  Jonathan Bailey e da coragem que ele teve que arrancar de dentro de si para se assumir. E eu sou velha e lembro de quando o Richard Chamberlain assumiu sua homossexualidade, um cara que era galã desde os anos 1960, e os comentários que li por aí "Ah, ele sempre pareceu fingir nas cenas de amor e/ou sexo.", "Ele nunca me convenceu.", "Ele parece que não gosta do que está fazendo.". Um cara desejadíssimo, de repente, se torna abjeto por causa da homofobia. Um horror! O próprio ator disse em uma entrevista de 2010 que "Eu não aconselharia um ator de grandes papéis masculinos a sair do armário.". Bridgerton sinaliza que já é possível fazer diferente, ou, pelo menos, tentar e, sim, está dando muito certo.

quinta-feira, 24 de março de 2022

Mangá de Asumiko Nakamura terá dorama em breve


Quando vi o anúncio de que Utsubora (ウツボラ) de Asumiko Nakamura vai virar dorama, fui buscar no Shoujo Café, porque lembrava dessa série ter aparecido no guia Kono Manga ga Sugoi! com os melhores do ano. Achei, apesar de ter dois volumes, Utsubora apareceu em 2013 e 2011, estranhamento, não em 2012.  Enfim, Nakamura é uma mangá-ka muito elogiada, faz principalmente BL e Utsubora é uma série meio diferente do que ela costuma fazer.  Infelizmente, parece não ter scanlations, ou, pelo menos, eu nunca encontrei.  Mas e a história?  Segue o resumo da editora Vertical, que publicou a série nos EUA:

A jovem autora Aki Fujino parecia pronta para se tornar grande no mundo editorial. Seu título de estreia, Utsobora, estava sendo enviado para vários editores e pelo menos um deles sentiu que estava pronto para impulsioná-la ao estrelato. No entanto, antes que ela pudesse publicar seu livro, a jovem foi encontrada morta. Alguns acreditam que foi um suicídio, mas aqueles próximos a ela sentem que há algo mais sinistro envolvido na morte desse jovem talento.  A morte de Aki se tornou algo saído de um mistério. Muito parecido com a história por trás de Utsubora, há algo mais em Aki, Sakura, sua irmã gêmea, e seu relacionamento com um autor chamado Misoro do que aparenta. E é possível que a única maneira de resolver esse mistério seja descobrir todos os seus segredos.

Segundo o Comic Natalie (*via ANN*), a atriz Atsuko Maeda interpretará as duas gêmeas Aki e Sakura.  Hiroto Hara dirigirá a série, os roteiros serão de Kazuhisa Kodera e Kiko Inoue.  A produção é da TV WOWOW.  Agora, é esperar mais detalhes.

17 Anos!!!!! Mais um aniversário do Shoujo Café.

Sim!  Mais um aniversário do Shoujo Café.  Sim!  Ainda estou por aqui e continuarei enquanto acreditar que vale a pena.  E tem valido, recebi vários comentários de pessoas que descobriram o blog no ano passado, sei que muita gente acompanha o Shoujo Café faz vários anos, outras pessoas que deixaram de visitar e voltaram depois de muito tempo e ficam felizes de verem que o site está funcionando.  Até inimigos novos arrumei no ano passado, gente que andou, inclusive, pegando textos daqui e publicando como se seus fossem por aí.  Enfim, é só uma mostra de que o que a gente vem fazendo vale a pena, não é mesmo?  Ainda que as pessoas reconheçam dessa forma enviesada e criminosa, porque plágio é crime.  De qualquer forma, enquanto o blog for útil, enquanto for divertido de fazer, ele permanecerá aberto.  Só lamento estar tão cheia de tarefas que não consiga postar mais, fazer resenhas com mais frequência.  Nem posso prometer que será diferente, só prometo que continuarei publicando.  

Acho que é isso!  É o que eu consigo escrever por hoje.  Estou muito cansada, acreditem.  Estou com muitas turmas no trabalho e morando mais longe do que antes, fora isso, acabou qualquer forma de homeoffice.  Enfim, será que ano que vem a pandemia terá passado, Bolsonaro terá passado, a Terceira Guerra Mundial não terá estourado e a gente terá mais coisas para comemorar?  Tomara que sim.  Muito obrigada pelas visitas e por estarem comigo.  Obrigada por me ajudarem a fazer o Shoujo Café.  E, bem, na verdade, o aniversário foi ontem, mas, por algum motivo, eu acabei me confundindo... Acontece, há muita coisa na  minha cabeça esses dias.

quarta-feira, 23 de março de 2022

Mangá sobre mulher que transforma a realidade ao seu redor com seu pensamento positivo terá dorama

 

O Comic Natalie deu destaque ao dorama baseado no mangá Mental Tsuyome Bijo Shirakawa-san  (メンタル強め美女白川さん) da mangá-ka Shishi.  O resumo da série que encontrei no Asian Wiki é o seguinte: Momono Shirakawa (Hiroe Igeta) trabalha no departamento de vendas de uma empresa. Ela faz o trabalho de escritório e apoia as pessoas encarregadas de vendas. Ela tem uma atitude forte e positiva e gosta de sorrir. Ela não fica envergonhada por coisas como ciúme e assédio. Momono Shirakawa muda as mulheres ao seu redor, que sofrem de complexos, com sua mentalidade positiva.  No CN, está escrito que ela tem como lema "Eu sou bonita e forte."

Pode ser legal?  Pode, claro, só que não consegui deixar de pensar em positividade tóxica depois de ler o resumo.  Sabe, aquelas pessoas gratiluz que se esforçam para ver sempre o lado bom de tudo, mesmo quando ele não existe?  Então... A série de mangá sai na revista Comic Bridge, que eu não conheço, e está listado como josei no Bakaupdates.  Achei o Twitter da revista fácil, fácil. Imagino que seja uma revista on line.  O mangá tem somente dois volumes e está em andamento ainda.  A série estreia no Paravi, um serviço de streaming, imagino, em 30 de março, e na TV Tokyo em 6 de abril.

terça-feira, 22 de março de 2022

Quais os melhores mangás da revista Ribon de todos os tempos? Os japoneses respondem.


Separei algumas pesquisas do Gooranking que poderiam interessar ao Shoujo Café e esta aqui é a mais importante, porque é a votação dos melhores mangás da revista Ribon de todos os tempos.  A Ribon foi criada em 1955 e nos anos 1990, época dos seus maiores sucessos de público, ela chegou a vender 5 milhões de exemplares ao mês, a revista era quinzenal.   O pico foi edição de fevereiro de 1994, lançada no final do ano anterior, que atingiu 2 milhões 550 mil exemplares vendidos.  Hoje, as vendas são muito mais modestas.  Enfim, segue a lista dos mangás que receberam pelo menos 1 voto dos 985.  Há clássicos dos anos 1970 e 1980, séries de Yukari Ichijo, principalmente; há os grandes títulos da Era de Ouro, como Maramalade Boy e Tokimeki Tonight, e material recente, também, claro.

1. Tokimeki Tonight (Koi Ikeno)
2. Chibi Maruko-chan (Momoko Sakura)
3. Yuukan Club (Yukari Ichijo)
4. Marmalade Boy (Wataru Yoshizumi)
5. Honey Lemon Soda (Mayu Murata)
6. Tenshi Nanka ja Nai (Ai Yazawa)
7. Hoshi no Hitomi no Silhouette (Aoi Hiragi)
8. Kodomo no Omocha (Miho Obana)
9. Kamikaze Kaitou Jeanne (Arina Tanemura)
10. Akazukin Chacha (Min Ayahana)
11.Hime-chan no Ribon (Megumi Mizusawa)
11. Otousan wa Shinpaishou (Aamin Okada)
13. Gokinjo Monogatari (Ai Yazawa)
14. Hatsu x Kon (Minori Kurosaki)
15. Yumeiro Pâtissière (Natsumi Matsumoto)
16. Tsuki no Yoru Hoshi no Asa (Keiko Honda)
17. Handsome na Kanojo (Wataru Yoshizumi)
17. Koitsura 100% Densetsu (Aamin Okada)
19. Aishiteruze Baby (Youko Maki)
19. Sayonara Miniskirt (Aoi Makino)
21. Zekkyou Gakkyuu (Emi Ishikawa)
22. GALS! (Mihona Fujii)
22. Full Moon o Sagashite (Arina Tanemura)
22. Suna no Shiro (Yukari Ichijo)
25. Hiyokoi (Moe Yukimaru)
26. Kagen no Tsuki (Ai Yazawa)
26. Lunatic Zatsugidan (Aamin Okada)
28. Mint na Bokura (Wataru Yoshizumi)
28. Neko Neko Gensoukyoku (Emi Takada)
30. HIGH SCORE (Chinami Tsuyama)
30. Good Morning Call (Yue Takasuka)
30. Animal Yokochou (Ryo Maekawa)
30. Furuya-sensei wa An-chan no Mono (Yuuko Kasumi)
34. Anata to Scandal (Ayumi Shiina)
34. Medaka no Gakkou (Yukie Mori)
36. Boku no Ie ni Oide (Nachi Yuuki)
36. Tsubasa to Hotaru (Nana Haruta)
36. Mata Ashita (Mayu Murata)
39. CRASH!(Yuka Fujiwara)
39. Sugar*Soldier (Mayu Sakai)
39. Baby★LOVE (Ayumi Shiina)
39. Stardust★Wink (Nana Haruta)
39. Nagareboshi Lens (Mayu Murata)
39. Toe Shoes (Megumi Mizusawa)
39. Partner (Miho Obana)
39. Marine Blue no Kaze ni Dakarete (Ai Yazawa)
39. Sei♥Dragon Girl (Natsumi Matsumoto)
48. Shinshi Doumei † (Arina Tanemura)
48. Romantica Clock (Youko Maki)
48. Giniro no Harmony (Aoi Hiiragi)
48.Mayumi! (Mayumi Tanabe)
48. Neko no Shima (Miho Obana)
48. Hatsukoi to Taiyou (Honoka Kinoshita)
54. Kirameki no Lion Boy (Youko Maki)
54. MOMO (Mayu Sakai)
54. Love Berrish! (Nana Haruta)
54. Onna Tomodachi (Yukari Ichijo)
54. Sakura Hime Kaden (Arina Tanemura)
54. Sara Supa! (Kanahei)
54. Kabushikigaisha Love-Cotton (Chan Kashinoki)

domingo, 20 de março de 2022

Quais os melhores mangás sobre o Bakumatsu? Os japoneses respondem.

O Bakumatsu foram os anos finais do período Edo (1603-1867), quando o xogunato Tokugawa colapsou finalmente. Entre 1853 e 1867, o Japão encerrou sua política externa isolacionista conhecida como sakoku e mudou de um governo militar, liderado pelo chefe do clã Tokugawa, para o império moderno do governo Meiji. A principal divisão político-ideológica durante este período foi entre os nacionalistas pró-imperiais chamados ishin shishi e as forças do xogunato, que incluíam os espadachins de elite shinsengumi.  Este período é um dos favoritos para os mangás de samurai, seriados, livros e games.  O Gooranking fez uma pesquisa com 795 pessoas, uma amostragem pequena para os padrões do site, perguntando quais os melhores mangás que se passam durante o Bakumatsu e a Revolução Meiji.  Como não pensei que encontraria um mangá feminino em destaque, mas há um no top 10, decidi traduzir parte da lista, mas aviso que não foram muito criteriosos, porque Azumi, por exemplo, é do início do Xogunato, a não ser que tenha algum gaiden ness eperíodo, e fora que há mangá que já são do século XX.  Achei interessante Jin aparecer em segundo e não sabia que o protagonsita do mangá era viajante do tempo, sabia que ele era médico e só.  Talvez valha a pena dar uma olhada.

1. Rurouni Kenshin
2. Jin
3. Oi! Ryouma
4. Azumi
5. Chiruran: Shinsengumi Chinkonka
6. Kaze Hikaru
7. Haguregumo
8. Peace Maker
9. Segodon
10. Hidamari no Ki
16. Hokusou Shinsengumi
16. Asunaro Zaka
41. Baiou Ryouran - Choushuu Bakumatsu Kyousoukyoku


Acredito que encontrei todos os shoujo e josei da lista, que tem 42 posições, mas muita gente empatada.  Kaze Hikaru (風光る) está no top 10, é um josei com 45 volumes de autoria de Taeko Watanabe.  Tenho o início do mangá e ele aparentemente é muito bom, mas o traço bonitinho parece não combinar com o peso da história e é muito longo, eu fujo dessas coisas.  Na série, a protagonista é de uma família de médicos, sujeitos pró restauração Meiji matam o pai da garota e outros parentes e ela jura vingança.  Corta o cabelo, se finge de homem e entra para o Mibu-Roshi (*grupo inspirado no Shinsengumi*).  Problema é que ela não é essa bad ass toda, não sabe mais que rudimentos de esgrima e se mete em uma furada logo no primeiro volume, mas eis que há um rapaz muito prestativo, guerreiro dos melhores, que a salva e torna-se guardião do seu segredo.  


Hokusou Shinsengumi (北走新撰组)  é o mangá histórico de Aya Kanno imediatamente anterior a Baraou no Souretsu (薔薇王の葬列) tem como protagonistas samurais e é focada no final do Bakumatsu e na guerra Boshin (1868-1869), quando os últimos samurai são são derrotados.  Tragédia, enfim.


Asunaro Zaka (あすなろ坂) é uma série iniciada em 1977 de Machiko Satonaka, uma das mais importantes autoras de shoujo mangá de sua geração.  Tenho uns dois volumes da série em casa, porque comprei em um sebo, mas não li.  Segue o resumo:  "Fumi Arima teve um filho bastardo de seu amigo de infância Shingo Obi, apesar de ser amada por seu marido Takeshi Arima. No dia em que a esposa tem a criança, ele comete um erro com sua emprgada (*suponho que desse "erro" resulte uma criança, também*). Os dois constroem a família Arima enquanto cuidam e criam seus filhos. A história cobre os anos turbulentos das eras Meiji, Taisho e Showa." Acredito que ela comece no Bakumatsu, mas seja uma saga de família mesmo que se estende por várias gerações.  Novelão, provavelmente, e com o belíssimo traço de Satonaka.


E, por fim, temos Baiou Ryouran - Choushuu Bakumatsu Kyousoukyoku  (梅鶯撩亂 長州幕末狂騷曲) de Kaoru Aida.  Eu achei o seguinte resumo: "No distrito da luz vermelha, Sakaiya Ouno, embora desajeitada, atrai a atenção do público através de sua habilidade de tocar shamisen. Takasugi Shinsaku do Kiheitai e Ouno são atraídos um pelo outro quando o país começa a entrar em guerra."  Deve ser outra tragédia, com os dois sujeitos apaixonados por ela ocupando campos diferentes do espectro político.

Ainda sobre a compra da JBC pela Companhia das Letras e a teoria de que a editora não publica títulos importantes faz tempo

Esta semana, tal e qual uma bomba, anunciou-se que 70% da JBC tinha sido comprada pela editora Cia das Letras, uma das maiores do mercado nacional.  Vi muita gente por aí comentando que a JBC estaria em crise, o que deve ser verdade, ou não teria sido vendida, isso é meio óbvio, para mim.  Aliás, até imagino que certas escolhas de publicação da editora possam ter pesado nisso, como a elitização dos lançamentos, com a opção de itens de colecionador que custam muito caro e, nem sempre, como no caso de Fruits Basket, fazem justiça ao que custam.  Mas isso é uma teoria minha, coisa que já coloquei em textos e em vídeos, porque me parece muito estranho que em um momento de crise econômica, aliás, prolongada, esses volumes caríssimos sejam uma opção segura.  

Informações detalhadas não tenho, por isso mesmo, estou aqui jogando palavras ao vento, não tomem como verdade.  Agora, o argumento de que a JBC estaria publicando material que ninguém quer, mangás que não se justificam, ah, isso não se sustenta MESMO.  Fui até a página da editora na página da Biblioteca Brasileira de Mangás para confirmar o que a editora está lançando agora de séries de ponta, isto é, que aparecem SEMPRE entre os mais vendidos do Japão e que são publicados em vários países com ótima aceitação.  O que já escrevi mais de uma vez, é que muita gente toma seu gosto pessoal como medida para o sucesso e esquece que o mundo não gira em torno do seu próprio umbigo e que as editoras precisam ter lucro.  

Muita bem, neste momento, a JBC publica três títulos muito fortes: Haikyu!!, My Hero Academy e Tokyo Revengers.  Esses três são sucessos inquestionáveis.  Outro título importante é Card Captor Sakura ~Clear Card-hen~.  Faz sucesso e sendo CLAMP, deve vender.  My Broken Mariko foi disputado pelas editoras e a JBC deve ter tido a preferência, talvez, por contratos anteriores. Só esses títulos já são evidência de que a JBC não está excluída, ou se excluindo, de disputar e publicar grandes títulos, coisa que deveria dar dinheiro. That Time I Got Reincarnated As A Slime é outro título forte no momento e está em primeiro lugar do ranking dos mais vendidos do Japão esta semana. Eu publico essas coisas exatamente para saber o que está vendendo bem no Japão.  Agora, as nossas editoras de mangá são ruins de propaganda, sempre foram e não parecem interessadas em melhorar isso.

Em seguida, com menos peso por motivos diversos, temos: Blue Exorcist é um título forte, também, ainda que não com tanta repercussão neste momento.  Silver Spoon talvez tenha sido lançado tarde demais, mas é Hiromu Arakawa e é shounen, teve anime, e tudo mais.  Outro que veio com atraso foi Chi’s Sweet Home, ainda com um preço trabalhando contra ele. Fruits Basket veio no timing certo, mas com um preço alto e sem nova tradução, ou correção no que tinha sido feito errado na primeira edição.  Dededededestruction é Inio Asano e vem bem credenciado pela crítica.  Meu marido compra as duas edições, a americana e a da JBC e adora a série, mas não deve ser campeão de vendas.  O resto em publicação, são títulos, salvo por ignorância minha, de menor destaque, ou coisa voltada para o fã que tem dinheiro para gastar.  Por exemplo, Hokuto no Ken, ou mesmo Hunter x Hunter.  Agora, há coisas que não se explicam mesmo, como quando a JBC lançou a continuação de Gunsmith Cats, que continua sendo um mangá interessante, sem ter lançado o original.  Mas essas gafes são exceções e, não, regra.

Enfim, lamento que a JBC precise se associar a outra editora, uma que não tem experiência com mangás, para sobreviver, porque, não se enganem, é disso que se trata.  Agora, a JBC publica títulos de ponta e não são poucos, ainda mais levando-se em conta o mercado brasileiro.  Onde foi o erro, se nessas publicações de luxo, na elitização dos mangás em geral, excluindo boa parte dos fãs interessados (*falta dinheiro, falta emprego, adolescente não tem como consumir, normalmente, Turma da Mônica é mais barato que qualquer mangá etc.*), se nas republicações ao gosto dos editores (*talvez*), se na falta de propaganda direcionada (*que poderia ser feita até de graça, como foi no caso de Haikyu!! durante as Olimpíadas*), nunca saberemos.  Espero, claro, que o casamento entre JBC e Cia das Letras garanta a continuidade da publicação dos títulos que já estão no mercado e que outros continuem chegando.  E, repito, o fato de eu não consumir a maioria das coisas que a JBC publica, não quer dizer que o material não faz sucesso, ou é bom, só não é para mim.  

Lançado o teaser de anime sobre grupo de idols de meia idade

A premissa da série de TV Eikyuu Shounen Eternal Boys(永久少年 Eternal Boys) é mostrar a formação e o dia-a-dia de um grupo de idols de meia idade.  A história gira em torno da agência Manpuku Geinō Production, responsável pelo Eikyuu Shounen (Eternal Boys), um grupo de sujeitos com cerca de 40 anos. Eles se esforçam para se tornarem ídols e superar barreiras como idade e condição física.  Ah, imagino que eles vão virar um sucesso entre as mulheres da mesma faixa etária e mais velhas.  O teaser-trailer está aí embaixo:

O post do Comic Natalie (*vi primeiro no ANN*), fala de cada uma das personagens e traz fotos dos rapazes.  Para se ter uma ideia, há o salary man que de repente ficou desempregado, porque sua firma faliu; um professor de ginásio; um jogador de futebol aposentado; um ex-astro infantil que virou cantor de enka; um ex-host disputadíssimo de um cabaré (*é o termo no ANN*); além do empresário do grupo, claro.

A série animada estreia na TV Fuji no outono japonês e o mangá e o mangá começará a ser publicado na revista josei Comic Gene em abril.  O site oficial do anime é este aqui.  Acho que pode ser uma série divertida.

sábado, 19 de março de 2022

Pesquisa aponta que 77,2% dos Mangá-kas são mulheres: Vamos conversar sobre isso.

O site japonês Mannavi fez uma pesquisa no final do ano passado com a ajuda de editores e a partir da sua conta no Twitter para ter um perfil dos mangá-kas em atividade no Japão atualmente.  Alguns resultados acabaram chamando a atenção e eu não tenho como destrinchar toda a pesquisa, porque todos os gráficos estão em formato imagem, então, a gente não tem como usar os tradutores.  A última pesquisa do gênero feita pelo Mannavi foi em 2017 e há link para ela e, na página original, eles fazem comparações.

Pois bem, nos dois primeiros gráficos, e há vários sites comentando esses dois dados, temos a informação de que, dentro das 723 respostas válidas (159 via editores, 564 via Twitter), 77,2% dos mangá-kas são mulheres e que 4,7% decidiram não se identificar.  Outro dado relevante seria que 47% dos mangá-kas estariam na casa dos 30 anos. Achei relevante, também, que 10,8% tem menos de 20 anos, ou seja, são adolescentes.  A pesquisa tinha como foco principal saber do uso de meios digitais e quais recursos esses profissionais usam (*programas, plataformas, se celular, computador, ou tablet etc*.) para fazer seus mangás.  Do que entendi: 90% usam meios digitais, sendo que 59,9% somente meios digitais.  Há os que se consideram mangá-kas somente por fazerem doujinshi (*fanzines*) e que 80% tiveram ou tem experiência fazendo doujinshi e que 34% dos que responderam ainda participam das convenções de doujinshi, mesmo produzindo suas próprias séries.

Os dois primeiros resultados chamaram bastante a atenção, mas é preciso considerar algumas coisas.  A primeira é que o universo dos respondentes é bem limitado, há milhares de mangá-kas no Japão.  O segundo ponto é que a maioria das respostas veio do Twitter, então podem ser pessoas que se autopublicam e, efetivamente, há muitas mulheres artistas que usam a internet como meio para o lançamento de seus materiais, porque não conseguem espaço nas editoras tradicionais, ou para lançar seus títulos em papel (*no Japão nem acredito que isso seja uma questão prioritária para quem está começando mesmo*).  Fora isso, a internet chega em (quase) todo lugar e permite maior liberdade de expressão.  Ainda assim, eu tenho uma lista no Twitter com 525 artistas, acredito que mais de 450, pelo menos, são mulheres que estão produzindo para revistas, ou selos de editoras, ou plataformas que publicam mangás profissionalmente e mantém perfis na internet.  Mulheres, ou que aparentemente são mulheres.  Só os artistas japoneses da minha lista já dá quase a amostragem deles no Twitter, mas eu não sigo artistas que só fazem shounen, ou seinen ou hentai, então, há todo um universo que a minha lista não contempla.

Por conta disso, por serem os respondentes em maioria voluntários no Twitter, acredito ser necessário ter cuidado em relação a uma afirmação sobre o mercado como um todo.  Eu até imagino que as mulheres sejam de fato a maioria, mas seria interessante ver quem está trabalhando para editoras, se autopublicando na internet, fazendo dojinshi, antes de começar a discutir, por exemplo, que como as mulheres são maioria, os salários devem ter sido achatados e por aí vai.  De qualquer forma, é interessante observar os resultados e espero que outras pesquisas do gênero possam ser feitas com amostragens mais amplas.

Ranking da Oricon - Mais Duas Semanas


Só fui lembrar de postar o Ranking na quinta-feira e, ontem, saiu o novo top 30.  Então, juntei tudo em um só.  Na semana que terminou no dia 06 de março, nenhum mangá feminino no top 10, mas alguns fora dele, três shoujo, um josei, nesse grupo, um quadrinho coreano, Who Made Me a Princess.  Esta última semana, de novo, nenhum mangá feminino no Brasil, mas temos a entrada de Yubisaki to Renren, que eu acredito ter começado a ser vendido quando o ranking já estava para fechar, ou estaria lá no primeiro pelotão, e um BL, Naka Made Aishite.  Falando em Yubisaki to Renren, acho que a série será anunciada em breve no Brasil e deve ter dorama, ou filme live action no Japão para 2023.  Talvez, até um anime.  

1. Tensei Shitara Slime Datta Ken #20
2. Kaiju Nº8 #6
3. Yurukyan △ #13
4. Grand Blue #18
5. Dr.STONE #25
6. WIND BREAKER #6
7. Gokushufudou #9
8. Mahou Tsukai no Yome #17
9. Uzaki-chan wa Asobitai! #8
10. Kawaii dake ja nai Shikimori-san #12
16. Yubisaki to Renren #6
30. Naka Made Aishite #2

1. Kaiju Nº8 #6
2. Aoashi #27
3. Jibaku Shounen Hanako-kun #17
4. Tokyo Revengers #26
5. Dr.STONE #25
6. BLUE GIANT EXPLORER #5
7. Kidou Senshi Gundam Thunderbolt #19
8. Bungou Stray Dogs #22
9. Kingdom #64
10. Dandadan #4
16. Mushikaburi-hime #6
17. Ashi-Girl #16
20. Coffee & Vanilla #19
23. Who Made Me a Princess #6

sexta-feira, 18 de março de 2022

Companhia das Letras anuncia compra de 70% da JBC

Fiquei meio chocada com essa notícia e vou reproduzir o que está na matéria do O Globo: "A Companhia das Letras adquiriu 70% do controle da JBC (Japan Brazil Communication), editora referência em mangás (quadrinhos japoneses) no Brasil. A empresa criada pelo imigrante japonês Masakazu Shoji começou suas atividades no Brasil em 1995, com a supervisão de suas filhas Luzia e Marina, que após a fusão continuarão a dirigir a JBC.  Com a aquisição, o Grupo Companhia das Letras passa a publicar 20 selos editoriais, entre adultos, juvenis e infantis.  Iniciando a publicação de mangás nos anos 2000, a JBC já publicou 200 títulos, entre eles sucessos como "Cavaleiros do Zodíaco", "Akira" e "Fullmetal Alchemist". A coleção de My Hero Academia, uma das mais populares no momento, já vendeu mais de 600 mil exemplares no Brasil.  Em nota divulgada nesta sexta-feira (18), o fundador e CEO da Companhia das Letras, Luiz Schwarcz, afirma que “os mangás têm uma presença cada vez mais forte na cultura contemporânea e a chegada da JBC, uma referência na categoria, aumenta a nossa diversidade literária”, lembrando que desde 2009 a Companhia possui o selo Quadrinhos na Cia”.   O mesmo texto inclui uma nota de Marina Shoji, diretora-geral da JBC: , afirma que “estamos vivendo uma fase muito positiva (...) e sentimos a necessidade de procurar alternativas que nos permitissem aproveitar essa oportunidade da melhor forma"."  Ainda segundo a matéria, a "(...)  seguirá sob comando de suas duas filhas; grupo agora possui 20 selos editoriais."

A Cia das Letras, até onde eu sei, é uma editora séria.  Pergunto-me se essa compra sinaliza que a JBC estava em crise e fico apreensiva sobre qual será o futuro da JBC e da mais importante editora brasileira de mangás.  Enfim, vamos esperar.  A nota integral está na matéria do JBOX.